Regina e eu estávamos semiparalisados pela droga chamada “Sopro do Diabo”. Ela olhava aterrorizada para mim.
Leon e Jones não estavam por perto, certamente também haviam sido capturados.
O Ritual que incluía um sacrifício humano e depois canibalismo seria esta noite, e já estava escurecendo.
Minhas roupas foram retiradas, eu estava nu como minha esposa. Fomos carregados em cadeiras até o Templo, onde ocorreria o ritual. Podíamos ver tudo, mas não conseguíamos falar ou nos mover.
Chegamos ao local do Ritual. Era uma área circular, com archotes para iluminar o local, em vez de cristais. Desta vez, eram dezenas de nativos que formavam um círculo em volta do local do sacrifício. Uma mesa de pedra estava bem ao centro.
Ao redor da mesa, um pouco afastados, fomos colocados, todos nus: Eu, Regina, Leon e Jones.
O ritual começou. Cânticos selvagens acompanhados de tambores, gestuais que, curiosamente, lembravam animais selvagens. Homens com máscaras de crocodilo dançavam ao nosso redor. Notei Guamá entre eles. Ele dançava, mas nos olhava de forma diferente. Não estávamos amarrados, afinal a “Burundanga” nos havia paralisado.
A seguir, o cacique deles se aproximou. Ele fazia agora gestos agressivos, apontando a lança para nós. Tinha sua razão de ser, na tradição eles capturavam inimigos para o sacrifício, e através do canibalismo adquiriam as habilidades do adversário.
Então veio o Pajé, o feiticeiro da tribo. Também fazendo aqueles gestos que me pareceram intermináveis , ele ficou nos rodeando várias vezes, até que , com o seu chocalho ritual, escolheu a vítima para o sacrifício... e era...
Regina! O Hierofante quase caiu da cadeira ao ver essa escolha.
Eu achava que não podia ser, mas o Pajé via Regina como uma rival para os poderes dele. Eu comecei a sentir meu corpo formigar, era o efeito da droga que estava passando, havíamos tomado apenas um gole. Os nativos levantaram minha esposa e a colocaram sobre a mesa de pedra. Hephaistos se levantou, e ficou ao lado do Pajé.
O Hierofante estava com os olhos marejados. Ele realmente havia se apaixonado por Regina.
O Pajé, com uma faca de osso, ficou fazendo desenhos no ar , sobre o corpo dela. Hephaistos, portando uma adaga de cabo dourado, também desenhava no ar. Eles haviam mesmo mesclado os rituais.
Fui me preparando para assumir a consciência ... mas de quem? Eram dois! Se um deles não cravasse a adaga nela, o outro cravaria.
Então, os dois se afastaram. O ritual ainda estava em andamento. Duas moças nuas trouxeram um frasco de óleo, e pelo aspecto era o mesmo óleo afrodisíaco da Irmandade! Elas foram passando aquele óleo dourado, e pressionando os pontos do prazer, exatamente como nos rituais anteriores. Regina, despertando também da paralisia , começou a estremecer e suspirar, sob os efeitos da droga, da massagem e do óleo. As moças continuaram massageando, dando especial atenção aos seios e mamilos. Depois, foram descendo, até a área genital, onde pressionaram aquele ponto entre a vagina e o ânus, arrancando suspiros dela. A seguir, uma delas colocou um dedo dentro da vagina de minha esposa, massageando o ponto G, enquanto a outra moça massageava o clitóris e beijava os lábios dela . Regina passou a tremer com mais intensidade, prenunciando um orgasmo.
Então, veio um guerreiro , com o caralho duro, e se aproximou dela. Com gestos rituais, foi lentamente introduzindo o cacete na bucetinha de Regina, que explodiu em um orgasmo, muito intenso.
“- AAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!”
O nativo bombava na bucetinha dela, e ela continuava gozando. Notei que Guamá observava e se aproximava, mas eu não sabia o motivo.
Aquela névoa rosada começou a aparecer e rodopiar em espiral. Os archotes pareciam estremecer junto com os tremores de Regina.
Então, o Pajé e Hephaistos , um de cada lado, ergueram, respectivamente, a faca de pedra e a adaga dourada.
O Hierofante, com os olhos marejados, olhou para mim, como que desesperado, balbuciou algo como “- Faça!”
Então eu sabia o que fazer. Entrei na mente do Pajé, e, sem dar tempo a ele, fiz com que cravasse a faca no peito, bem no coração ! Foi uma sensação horrível, tudo começou a escurecer, mas pude ver que Guamá derrubou o nativo que penetrava Regina com um murro, e Hephaistos, no último gesto nobre de sua vida, também cravou a adaga no seu peito , caindo sobre minha esposa.
Voltei imediatamente ao meu corpo, ainda em tempo de ver o Pajé caindo para trás, Hephaistos sobre Regina, o nativo derrubado no chão por Guamá, e a debandada geral, com gritos apavorados dos nativos. Consegui me levantar, e fui até a mesa.
Hephaistos ainda pareceu me olhar, os olhos cheios de lágrimas, e expirou.
Regina, ao abrir os olhos e ver a cena, gritou:
“- AAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH!”
Um relâmpago rachou as paredes do Templo, o trovão ribombou imediatamente. Tudo tremeu, quase como um terremoto. A névoa ficou muito espessa, estava difícil respirar. Alguns caíram ao chão, sufocando.
Abracei Regina e a beijei .
“- Querida, acabou! Ele se sacrificou por você!”
“- Ai meu amor, que triste!” E chorou no meu ombro. Fiquei algum tempo ali, com Regina chorando agarrada a mim, aqueles dois mortos, uma das paredes do Templo destruídas.
Mais tarde, tenho a certeza, iria correr a lenda da Deusa da Névoa que destruiu aqueles que queriam sacrificá-las ao falso deus crocodilo. Seria uma boa ideia para que parassem de fazer sacrifícios humanos.
Crítias e Guamá se aproximaram de nós.
“- Não sei o que vai ser de nós agora, sem Hephaistos.”disse o ancião.
“- Crítias... lembrei agora... Hefestos ou Hephaistos era o Deus grego manco, Deus da Tecnologia e do Lume. “
“- Certamente. Para nós, pelo menos, era.”
“- Pois contem a história dele. Preservem o que ele fez. Embora tenha feito concessões que para mim seriam inconcebíveis, no final ele se sacrificou, redimindo-se.”
Também disse a ele que , se contassem a história da Deusa e do falso deus da tribo, após algum tempo os sacrifícios humanos iriam terminar.
“- Mas vocês não podem ir embora. Nosso segredo será exposto!”
“- Já foi, Crítias. O Alto Conselho das Irmandades já sabia de tudo, as linhas de energia podem ser percebidas por Adeptos sensitivos”
Expliquei a ele que eram os sacrifícios humanos e o canibalismo que provocavam ondas enormes de energia negativa. Então, a única saída era acabar com isso, mantendo, no entanto, a energia sexual bem utilizada.
Nero e Jones retornaram da paralisia. Notei que Jones tinha uma mancha úmida na calça. Regina olhou.
“- IIIIHHHHH mais um...”
“- Pelo menos não vomitou. Odeio quando nos filmes americanos os caras vomitam por qualquer coisinha...”
Pedimos a Guamá para que nos guiasse até a saída, afinal ele era o “Maior Guerreiro” e o “Melhor Caçador”
Regina ainda chorava, ela realmente havia se afeiçoado a Hephaistos.
“- Ele se sacrificou por mim...eu nunca vou esquecer isso...”
“- Você sabia que Hephaistos era casado com Afrodite, a mais bela Deusa do mundo?”
“- Pois é, ela viu o interior dele , não exterior.”
“- Mas bem que você olhou aquele caralhão e aproveitou, né?”
Ela deu um soco no meu ombro.
- Pô, Regina, esse é bem o que você mordeu, está dolorido!”
No morro, antes de chegarmos na cachoeira, vestimos novamente nossas roupas comuns. Minha esposa pegou as roupas dela, colocou apenas as botas.
“- Vai que tem algum daqueles sapos amarelos venenosos...”
Guamá nos acompanhou até o ancoradouro. No caminho, avistamos alguns nativos, que fugiam imediatamente ao avistar a “Deusa da Névoa”. Chegando lá, vimos que Leon havia, estrategicamente, colocado um celular desligado, escondido ali, enquanto esperávamos. Ele ligou o aparelho e chamou o Capitão Nero. Já estava amanhecendo.
“- Agora lembrei... haviam nos dito que havia alguns membros infiltrados...quem seriam?”
Guamá se adiantou:
“- Eu e Crítias . “
“- Como???O que??”
“- Quando fiz dezoito anos, Crítias foi me explicando como eram os rituais, que antigamente cada um tinha um motivo. Mas que um ritual nunca deveria ser feito para prejudicar outras pessoas. Quando vocês chegaram , ele disse para ajudá-los em último caso, sem nunca deixar que os outros soubessem”.
“- Que lindo, Guamá!!” Regina deu um beijo nos lábios dele. Ele sorriu.
“- Eu nunca vou esquecer você” disse ele.
Ela olhou para ele com um sorriso malicioso no rosto, passando a língua nos lábios. Ele entendeu e retribuiu o sorriso.
“- Regina, você não tem jeito mesmo...”
O iate chegou, e pedi a Nero para buscar o frasco com o Vibrião Astral.
“- Mas por que?? O que vão fazer com ele?”
“- Tenho a certeza de que Crítias vai saber lidar com ele melhor do que nós faríamos com esse bicho no iate.”
Nero voltou um pouco depois. O vibrião estava vermelho e inchado no frasco com o Sigilo. Expliquei a Guamá que deveria entregar o frasco a Crítias, sem nunca romper o Sigilo. Ele iria providenciar para que fosse usado na geração de energia para a Pirâmide.
Subimos no iate, e acenamos para Guamá. Nossa aventura na Cidade Oculta havia terminado.
“- Eles deviam fechar aquela passagem. Acho que a população em geral não aceitaria o uso da Energia Sexual em substituição à elétrica ou à base de derivados de petróleo”
“- Pois é. Imagine um templo religioso com iluminação à base de sexo.”
“- Só se fosse um templo da Irmandade...”
FIM