Aparentemente, as coisas iam bem, agora éramos agentes efetivos, Regina era a “Agente R” e eu o “Número 1”, embora não soubesse ao certo o motivo. E, com certeza, havíamos feito um inimigo : Stanislas. Primeiro, eu o derrotei na Ilha. Depois, Regina o neutralizou de forma incrível.
Estávamos indo de limousine, junto com Diana e Drake, o chefe da Agência, a um lugar seguro, já que eu havia encontrado uma câmera escondida em uma lombada de livro.
Chegamos a um local mais afastado, um “pub” bem simples. Pertencia a um ex-agente , que era conhecido por tomar todos os cuidados com questões de segurança, e só atendia pessoas selecionadas. Não fazia aquilo por dinheiro, pois estava muito bem financeiramente, mas sim porque o “pub” é uma instituição verdadeiramente britânica e ele apreciava beber com amigos...em segurança.
Dito isto, Drake começou a fazer perguntas , e fomos respondendo. Ele concordou conosco em manter o segredo de várias coisas.
“- Realmente... se escrevessem isso em um relatório, ninguém iria acreditar! “ Ele riu em algumas partes, e se emocionou em outras.
Contamos sobre o que aconteceu com André, o Negão, depois sobre a Ilha e o Templo Oculto...
“- Conheci Hephaistos. Uma figura trágica. Eu sempre me perguntava onde ele teria ido parar após ter sumido. E é bem do estilo dele...”
Depois, falamos sobre o Templo De Eos.
“- Mesmo? Vocês viram Eos?”
“- Eu estou estranhando...” disse eu . “Vocês lidam com irmandades esotéricas o tempo todo, e acham estranho quando essas coisas acontecem? Casos de Magia Sexual que funcionam, e tudo o mais?”
Drake respondeu:
“- Houve um tempo em que, segundo os manuscritos, esses fenômenos eram muito mais frequentes. Hoje em dia...”
“- É mais teatro do que qualquer outra coisa. Apenas encenação, como eu falei ao Pierce.” disse Regina.
“- E você, por linhas tortas, fez com que a encenação se tornasse algo real”
Diana interveio:
“- Você fez foi uma bela suruba, tenho certeza!”
“- Ah, mas foi um ritual muito legal, você devia ter visto!”
Rimos bastante , tomamos boas cervejas. Drake era um cara legal. Ali, combinamos o que seria escrito nos relatórios oficiais da Agência. O resto, seria nosso segredo.
Drake nos convidou para, após a missão na Rússia, fazer-lhe uma visita. Agora, ele iria nos apresentar o homem responsável pela tecnologia envolvida nos acessórios dos agentes: Mestre Who.
“- Quem?” ( Who)
“- Quem?”
Chegamos ao QG de Who. Isto porque ninguém sabia o nome real dele, por questões de segurança. E ele não aparecia em pessoa. Apenas sua voz saía de umas caixas de som.
“- Então vocês são os novos agentes...Regina já é famosa por aqui.”
“- Espero que tenham falado bem de mim”, ela falou.
“- Muito bem, na verdade.”
Who, então, foi nos orientando pelos alto-falantes. Cada item era numerado. Havia uma série de frascos pequenos , em linha.
“- Por que pequenos desse jeito?”
“- Regras de aviação, não dá para transportar frascos com 100 ml ou mais...”
“- Eu poderia fazer um tipo de “Cinto de Utilidades” como os dos gibis...”
“- Mas vai ter”
( De repente me veio um pensamento na cabeça: WHO e o dono do pub seriam a mesma pessoa. Mas, de onde teria vindo essa ideia?)
Fomos aprendendo todos os artefatos que poderíamos usar em nossas missões, mas Drake escolheria o que usaríamos na Rússia. Ele o faria com base em suas próprias missões, que foram muitas. Com mais experiência, poderíamos nós mesmos escolher alguma coisa.
“- Não tem um Aston Martin?”
“- Se a missão fosse por aqui ou em um país próximo, talvez.” Os olhos verdes de Regina brilharam. Minha esposa tinha um certo fetiche por carros luxuosos, acessórios, bancos de couro... para mim, um automóvel tinha apenas que ter potência na estrada, e não enguiçar.
Drake completou: “- Mas lá na Rússia vocês terão um carro confortável com um motorista que também será seu guia, em Moscou.”
Vimos um monte de coisas, então Drake nos convidou para almoçar. Em vez de “Fish and Chips” eu preferi um “Angus Steak” com cerveja. Regina também é carnívora, pediu o mesmo. Como já conhecíamos Londres, pensamos em ir para o nosso hotel, mas Diana nos convidou para ir conhecer o apartamento dela. Drake iria retornar para a Agência, verificar aquelas questões de segurança.
Diana morava muito bem, em um apartamento de cobertura, com muita segurança. Era um prédio alto, então ela podia tomar sol à vontade ( nos dias em que aparecia, em Londres chove muito) em seus momentos de descanso.
O apartamento era bem amplo, com uma grande biblioteca, também uma discoteca bem completa, com centenas de discos de Rock e Blues, preferência dela e nossa também. O quarto dela parecia uma grande suíte de motel, com espelhos no teto e nas paredes, frigobar, uma cama enorme... dava para imaginar que ela fazia suas festas.
“- Regina, eu realmente gostaria que você me mostrasse como fez com Stanislas , lá na Agência. Aquilo foi impressionante. Um cara grandalhão daqueles...”
“- Acho que deu certo porque ele foi pego de surpresa, ficou sem ação e me deixou fazer aquilo...acho que não daria certo com ele uma segunda vez.”
“- Mas aí, entram os acessórios de Who...ele desenvolveu um perfume que tonteia o oponente, mas se encostar na pele dele. Só o cheiro não faz nada. Claro que você usa o antídoto antes. “
“- Então, se ele encostar o nariz, fica tonto e dá para fazer o resto. Boa.”
Regina pediu licença, e foi com Diana para o quarto, para mostrar a ela aquela técnica, e fiquei na sala. Era uma bela coleção de livros: tinha clássicos, ficção científica, e mesmo quadrinhos, toda a obra de Crepax. Uma beleza. Os álbuns de Rock e Blues, dos melhores. Coloquei um Led Zeppelin para tocar, e imediatamente lembrei da primeira vez em que ouvimos falar da Irmandade, que depois soubemos, era a “irmandade de Hímeros”. O pub onde Meister deixou Regina curiosa sobre essa coisa do “Sexo sem Limites”. Quem diria que agora estaríamos em Londres, trabalhando para uma Agência que fiscalizava as Ordens, Irmandades e Fraternidades em geral...
Mas , novamente, tive aquela sensação de ser observado. Eu estava sentado no sofá, relaxado, então fiz como da vez anterior, foquei minha consciência na direção de onde sentia aquilo. Eu me vi de frente, ou seja, quem observava estava na estante à frente. Pensei em ir além. Localizar quem estava observando, seguindo a direção da visão. Eu estava em uma sala cheia de aparelhos e monitores. Os monitores mostravam imagens de vários lugares, certamente instalações da Agência ou de alguma Ordem. Procurei memorizar algumas coisas que via, principalmente o que fosse fácil de recordar depois, como uma estátua, um objeto de forma diferente, um retrato ou quadro na parede...infelizmente, não havia um espelho onde eu pudesse ver o rosto da pessoa. Mas vi as mãos, Em um dos punhos, uma pulseira, como as das Irmandades. Em outro punho, uma tatuagem com um desenho estranho.
Nisso, levei um susto, alguém bateu no meu ombro:
“- Snake! Está dormindo??” Olhei para trás, e vi um cara loiro, queixo grande...voltei imediatamente ao meu corpo, tomando cuidado para não olhar na direção da câmera. Ao contrário, contornei a estante, e depois de um tempo, joguei uma toalha, que peguei no banheiro, sobre aquela prateleira. Com cuidado, fui olhando os livros, e nada... fui encontrar a microcâmera colada na lateral de uma caixa de CDs, com a coleção do Woodstock. No entanto, não cortei os fios. Deixei embrulhada na toalha.
A seguir, fui até o quarto, avisar Diana. Mas, obviamente, ela e Regina estavam se beijando, lambendo e esfregando. A música não me deixou ouvir os suspiros e gemidos das duas.
Elas estavam nuas, suadas, se beijando, esfregando os corpos , em uma cena que levantaria o cacete de qualquer um... certamente tiveram vários orgasmos. Eu me aproximei delas, e beijei Regina nos lábios. Ela sorriu.
Depois, sussurrei no ouvido de Diana:
“- Achei uma câmera no meio dos seus álbuns.”
Ela deu um pulo.
“- O que? Uma câmera?”
“- Como a que havia na sala de Drake.” Mostrei a toalha, sem no entanto descobrir a lente.
Diana pegou aquilo, e jogou dentro da pia, abrindo a torneira.
Isso vai travar a câmera, mas depois Who irá analisar, tentar descobrir para onde ia o sinal. Você viu mais alguma coisa?
Contei dos monitores, da tatuagem , do nome “Snake” e descrevi o cara loiro.
“- Não conheço ninguém assim” Mas vamos falar com Drake, e anotar tudo o que pudermos sobre o que você viu”.
Elas já estavam pegando as bolsas, quando eu falei:
“- Vocês vão sair assim, peladas e suadas?”
“- Putz, é mesmo!” Então, elas foram para a banheira de Diana, e tomaram um banho, as duas se esfregaram, passaram a esponja uma na outra, brincaram com o shampoo, depois passaram óleo corporal perfumado...
“- Vocês estavam lindas antes, mas agora dá para sair de casa sem chamar a atenção de todo mundo !! E aquela técnica que você usou no Stanislas? Mostrou a ela?” Perguntei a Regina.
“- Você nem ouviu, o quarto de Diana tem isolamento acústico... ela gozou com uns gritos bem altos...”
“- Essa técnica é ‘matadora’ mesmo...”
“- Gostei do ‘Peladas e Suadas’... descreveu bem a gente” disse Regina.
Bom, tínhamos que encontrar Drake. Chegando à sala dele, estava tudo ainda desarrumado, haviam feito uma limpeza geral, em busca de outras câmeras ou microfones. Mas era só aquela.
“- Já trocamos a empresa que fazia a varredura nas instalações.”
“- ...Que era a mesma que fazia lá no meu apartamento...olhe só, o Número 1 achou mais uma.”
“- Incrível! Se tivéssemos tempo, você poderia “escanear” todo o prédio...mas temos que estudar os detalhes da sua missão! Depois de amanhã vocês viajam, inicialmente para Moscou!”
Então... Nossa missão seria participar de celebrações de uma Ordem Secreta na Rússia, conhecida pelo estudo e desenvolvimento de habilidades paranormais, como psicocinesia, levitação, psicometria, controle a mente das pessoas, algumas informações que colhemos faziam referência a conhecimentos ocultos que remontavam a sacerdotes babilônicos. Helena Blavatsky também era russa, e já demonstrava habilidades psíquicas na infância.
“- Nossa! Então podemos esperar encontrar pessoas notáveis...”
“- Interessante você falar isso. ‘Encontros com Homens Notáveis’ é um livro que foi escrito por Gurdjeff, outro que nasceu no Império Russo”.
“- Talvez por isso Stanislas achasse que não teríamos competência para essa missão”
“- Claro que pode não estar havendo nada de errado. Nossas informações são de que haveriam coisas incomuns, mas, como vocês mesmos viram no caso de Eos, nem sempre essas coisas são ruins.”
Ainda tivemos que anotar, detalhadamente , tudo o que eu havia visto através dos olhos de “Snake” naquela sala de monitores. E ainda terminar os relatórios .
Quando terminamos, já era noite. Fomos com Diana e Drake, de táxi, jantar naquele restaurante indiano, o “Tikka Masala” era mesmo ótimo.
CONTINUA