Romance georgiano - Final

Romance georgiano - Final
Quanto a mim e Lord Richard, as coisas também não avançaram além dos passeios, das cavalgadas, das tardes de chuva passadas ao pé da lareira e, dos passeios noturnos pelo jardim, onde costumavam acontecer alguns beijos tórridos e, onde ele não disfarçava suas ereções e sua intenção de partilhar a cama comigo. Não sei a que atribuir a minha reticência em deixá-lo se apossar do meu corpo. Eu só conhecia o sexo por seu lado perverso, o da violência, e da opressão, pois foi isso que o William e Lord Crownbourgh me ensinaram. Eu nunca senti nada que não fosse um ódio profundo pelo primeiro e, um desprezo pelo segundo. Com Lord Richard era diferente, meu coração se aquecia quando estava ao lado dele. A única coisa que eu desejava era acarinhá-lo, afagá-lo, satisfazer seus desejos desde os mais banais até os que inquietavam seus hormônios másculos. Será que eu estava à altura de atos tão generosos e desprendidos para com um homem maravilhoso como ele? Enquanto eu não encontrasse uma resposta a essa pergunta, não seria leviano a ponto de me envolver com ele e, talvez decepcioná-lo com a minha falta de sutileza para algo tão puro. Eu estava apaixonado por ele, amavá-o com toda a intensidade e, isso era o suficiente para não querer ferir seus sentimentos.
- Você não me ama! – disse ele, um dia antes de nossa partida de Tottenham House, quando apeamos dos cavalos no alto de uma colina afastada de onde se avistava toda a aldeia.
- Por que acha isso?
- Porque não cede às minhas investidas. Não sei como ser mais objetivo e claro quanto as minhas intenções, e você parece ignorá-las por completo.
- Não quero magoá-lo! Amo-o demais para deixar que isso aconteça.
- Se me amasse como diz, satisfaria meu desejo de te possuir.
- Acredite, eu te amo, mais do que você é capaz de supor.
- Então por que não me prova? Mostre-me o quanto me ama, deixe-me possuir seu corpo. Prometo que serei respeitoso com a sua pureza. Você sabe o quanto eu o desejo, quanto ele mexe com meus brios, quanto ele instiga meu cacete. Há momentos em que penso que vu enlouquecer se não me der a chance de penetrar seu cuzinho. – revelou.
- Não sou tão puro quanto você imagina! Tenho muito do que me envergonhar, acredite.
- Não me importa! Não sei o que possa ter de tão pecaminoso a esconder. Eu tive tempo suficiente para te conhecer, para saber que é uma pessoa bondosa e íntegra, que só deseja o bem dos que estão ao seu lado. É isso que conta para mim. – afiançou
- Você diz isso por que desconhece meu passado. Pensaria de outra forma se soubesse de coisas que até eu gostaria de esquecer.
- Então me conte! Não pode ser nada de tão grave. E, mesmo que seja, não me importo. Eu quero você, é isso que me motiva, é isso que eu quero ardentemente.
Eu estava perdendo aquele homem para meu passado nefasto. Jamais seria tão condescendente se soubesse que eu aceitava e até me instruía com a libertinagem de tio Grayson e, que não tinha ido a desforra com o William por ter violado minha virgindade. Não pude conter as lágrimas. Estava pagando caro por algo que estava fora do meu controle.
- Por que está chorando? Não quero entristecê-lo, quero apenas que me diga porque não fica comigo. – disse ele, puxando-me para junto de si num abraço apertado e quente.
- Eu te amo tanto, Richard! Não consigo imaginar minha vida se perder seu carinho e o amor que sente por mim. – revelei.
- Não perderá, eu garanto! – jurou.
O simples fato de sentir minha fragilidade o deixou de pau duro. Ter-me nos braços acendia o furor que consumia sua pelve. A camisa leve e branca que eu usava não diminuía o calor do meu corpo que ele podia sentir em suas mãos. Ele a desabotoou e acariciou suavemente meu mamilo, que respondeu ao toque daqueles dedos vigorosos com o enrijecimento dos biquinhos. Ele os lambeu com a língua úmida e devassa. Eu afaguei seus cabelos sedosos enquanto o mantinha chupando e mordiscando meus mamilos. Meu cuzinho chegava a projetar as preguinhas e, se ele pudesse ver o que estava acontecendo certamente me possuiria ali mesmo, junto ao tronco daquela árvore na qual estávamos encostados e sob a sombra de sua copa, que dividíamos com os cavalos descansando.
- Preciso de você! – sussurrou ele, me mostrando sua ereção gigantesca aprisionada na calça.
Eu a acariciei, o que o fez soltar o ar sibilando entre os dentes. Abri os botões da braguilha, tateei até a fenda das ceroulas e deslizei a mão de dedos longos e finos, que ele tanto elogiava, para dentro de sua virilha. Encontrei o caralhão quente e pulsando e o trouxe para fora. Senti uma felicidade tão intensa quando vi o tamanho daquele mastro que deixei um sorriso patusco conformar meus lábios. O caralhão latejava na minha mão, pesado, reto, muito grosso, extremamente cabeçudo, querendo ganhar a liberdade total sem as contenções impostas pela calça e pela ceroula. Eu abri completamente a braguilha e escancarei a fenda da ceroula até liberar todo aquele cacetão e o saco escrotal. Lord Richard afastou as pernas, e me deixou acariciar seu falo gigantesco, orgulhoso e vaidoso de sua masculinidade. Quando meus dedos começaram a ficar úmidos com a sumo que minava da cabeçorra lustrosa, eu aproximei meus lábios e circundei a glande, sorvendo aquele néctar aquoso de sabor frutado. Richard soltou um gemido, e me instigou a chupar seu membro. Foi o que eu fiz, tão devota e carinhosamente, encarando-o com um olhar plácido e submisso que resultou numa abundância daquele néctar entrando na minha boca e se mesclando à minha saliva. Enquanto eu mamava o cacetão, chupando, lambendo e mordiscando toda a extensão da verga, ia simultaneamente massageando os culhões consistentes. Ele adiou o gozo o quanto pode, não foi uma tarefa fácil pelo que pude constatar. Acho que sua intenção era a de me despir sobre aquela relva e foder meu cuzinho tão desejado até não restar mais uma única gota de porra em seus bagos; mas, havia muita roupa, minha e dele para retirar, muitos gestos a fazer antes de me ter embaixo de si e preso entre suas coxas potentes; a urgência falou mais alto e ele esporrou minha boca aveludada e quente despejando nela toda a sua virilidade. Saber que um macho estava gozando por minha causa era algo a que eu não conseguia resistir. Sem tirar os olhos dele, eu via seu rosto se regozijando enquanto eu engolia sua porra tépida, cremosa e abundante.
- Ah, Carlton! Carlton como eu amo você! – grunhia ele, liberando aqueles jatos para aliviar a pressão dos culhões.
Devia ser ele quem fez maçaneta da porta do meu quarto se mover naquela noite, quando o sono não vinha e eu continuava com os calores afogueando meu corpo insatisfeito. Eu tentava me convencer de que era melhor assim, que não fossemos mais adiante do que aquilo, de que eu saísse de Tottenham House levando apenas a saudosa lembrança daquele esperma pegajoso na minha garganta, criando expectativas que talvez nunca se concretizassem.
- Por que não me deixou entrar em seu quarto ontem? – questionou ele, ao nos abraçarmos calorosamente na despedida diante da carruagem.
- Porque te amo demais, e preciso terminar com vestígios do meu passado. – afirmei. Ele jurou que, com ou sem passado, me amaria até o último de seus dias. Eu me sentei ao lado de tia Anne com os olhos marejados, e a carruagem entrou na aleia de carvalhos enfileirados rumo ao portão.
Annabela voltou de Tottenham House com uma postura e conversa bem diferente daquela a que estávamos acostumados. Demorei umas semanas para entender o que se passava. Eu estava casualmente no jardim quando o correio chegou e acabei recebendo pessoalmente a correspondência. Ao voltar para dentro de casa coloquei-a sobre uma mesinha na biblioteca e esqueci-me dela, à exceção do primeiro envelope que estava sobre o chumaço de cartas, onde se lia o nome de Annabela e, no verso, o de Lord Henry.
Havia começado a chover no meio da manhã. Juntei-me a Tia Anne e as meninas na sala de estar, único aposento onde crepitava uma lareira espantando o frio que veio com a chuva. Espichando os olhos por cima do livro que me entretinha, observei a impaciência de Annabela. Parecia haver um formigueiro na poltrona junto à janela, onde ela tentava em vão completar um ramo de frísias no bordado que estava em seu colo. Ela resmungava aborrecida cada vez que espetava a agulha no dedo, jogava o bordado na poltrona e caminhava até a janela. Logo percebi que estava mais interessada no que acontecia lá fora do que em seu bordado.
- O que a aflige tanto esta manhã? – questionou finalmente tia Anne, que também percebeu a agonia da filha.
- Nada! Meu dedo parece uma peneira de tanto que o espetei com a agulha, estou quase desistindo desse bordado estúpido. – respondeu ela.
- Você já fez outros muito mais complexos, não deve ser o bordado que a está deixando inquieta. – observei. Ela me fuzilou com o olhar.
- Não é só o bordado, é esse tempo que não melhora e me obriga a ficar enclausurada aqui dentro. Ademais, nem os jornais e as correspondências chegaram, pois poderia estar me distraindo com alguma novidade de Londres. – só então me lembrei da correspondência.
- Lamento ter esquecido. Eu os recebi esta manhã antes da chuva e deixei na biblioteca. – avisei. Ela saiu correndo da sala como se precisasse salvar a vida de alguém. Todos pensaram que ela voltaria com os jornais e as correspondências, mas ninguém mais a viu até a hora do almoço. Ela sorria e tagarelava como um canário numa manhã ensolarada durante a refeição. Eu sabia que essa transformação se devia à aquela carta de Lord Henry.
De fato, dias depois, ela me confirmou que passara a pensar de outra forma em relação ao casamento. Não se referia mais a ele como a maneira pela qual os homens aguilhoavam as mulheres, como um claustro forçado, como uma prisão para seres livres. Também não parou de comparar Lord Henry com os demais homens que conhecia e, o colocava numa espécie de pedestal elogiando e enumerando suas qualidades.
- Parabéns! Você está apaixonada! Afinal, Lord Henry não era tão enfadonho e sem graça como você afirmava. Aquelas semanas em Tottenham House foram suficientes para ele te conquistar, não foram? – questionei
- Não seja precipitado! Não é porque vi algumas poucas qualidades em sua personalidade que seja possível afirmar que estou apaixonada. Não sou tão volúvel! – retrucou ela, querendo parecer menos afoita em meio àquela torrente de paixão que se instalara em seu coração.
- Fico feliz por você! Ele me parece um bom sujeito. Cresceu muito no meu conceito ao ter jogado por terra suas convicções sobre o casamento. Farão um bonito casal. – afiancei.
- Você está colocando os bois diante da carroça. Não estou pensando em me casar.
- É uma questão de tempo. Espere ele te pedir, e vamos ver se continuará tão reticente. – retruquei rindo. Ela corou, com a possibilidade de estar sendo pedida em casamento por aquele homem galanteador e cheio de atributos físicos.
Choveu por três dias seguidos, o que me impediu de visitar os Flantshire, pois queria ter notícias de Charles, que me pareceu muito mais agitado antes da minha partida para Tottenham House do que o habitual. Eu poderia ter ido de carruagem, mas isso me obrigaria a ficar na sala da casa dos Flantshire, junto com a mãe e as irmãs dele, e eu queria poder conversar com ele sem a presença inibidora delas. Na sexta-feira pela manhã o sol já estava alto quanto acordei, o que me fez saltar da cama, tomar rapidamente o desjejum e seguir a pé até a casa dele. Encontrei-o vagando solitário assim que a curva na estrada abriu uma visão para o campo de cevada onde alguns trabalhadores colhiam o cereal. Chamei por ele da estrada; mas, ou a distância, ou sua compenetração não permitiram que ele me ouvisse. Atravessei a vala enlameada com o resto da chuva dos últimos dias e comecei a subir a colina. Ele me viu quando eu já estava à meio caminho. Veio ao meu encontro quase correndo.
- Não sabia que já estava de volta! – exclamou, procurando disfarçar os olhos vermelhos. Ele havia estado chorando.
- Por que estava chorando? O que foi que aconteceu? – indaguei.
- Não é nada! É só mais um dos meus faniquitos, nada que valha à pena mencionar. – respondeu.
- Duvido! Você já andava esquisito antes de eu partir, agora o encontro nesse estado, caminhando pelos campos como um errante perdido. Não é de seu feitio fazer uma coisa dessas. Diga logo o que te aflige! – ordenei.
- Vou me casar dentro de dois meses! – balbuciou, tão baixinho que quase não consegui ouvir. Desatei a rir.
- Você? Casar? Que absurdo é esse?
- Não ria! Estou mortificado. Como pode ser tão cruel comigo? Pensei que fossemos amigos. – choramingou.
- Somos amigos! É por isso que quero que me conte de uma vez e sem rodeios o que é que está acontecendo. – exigi.
- Lembra-se de Lady Violet O’Brien? A que esteve em Dinsley Park quando de seu aniversário de dezoito anos?
- Sim, vagamente! É a filha mais velha dos O’Brien, ela deve ser mais velha até do que minha prima Eliza, se bem me lembro. Assim como, que tive a impressão de que não é a mais casta das mulheres, uma vez que se insinuava para qualquer homem casado ou disponível que lhe aparecesse pela frente. Bem, isso agora não importa. O que tem ela? – questionei.
- É com ela que vou me casar! – ele desabou a chorar novamente.
- Não seja ridículo! E controle esse choro que está me deixando irritado! Essa mulher é quinze anos mais velha do que você, senão mais. E você certamente não despertou nenhum interesse dela, pois me pareceu que ela é a fim de sujeitos digamos assim, bem mais homens do que você.
- Isso, tripudie! Estou perdido e você ainda quer me deixar mais arrasado.
- Não seja tolo! Você sabe que não é nada disso. Mas, sejamos sinceros, você não é nem um pouco chegado em mulheres e, sua atitude não deixa dúvidas quanto a isso.
- Ela está grávida! – eu tive mais um ataque de riso.
- De você certamente não é! Pois, tenho certeza de que se visse o que há no meio das pernas de uma mulher, vomitaria até sua bile para fora, além de nem saber o que fazer com aquilo. – afirmei.
- Deus me livre! Só de pensar já me sinto enojado!
- Pois então, como é que vai se casar com ela por ela estar grávida? Se isso for verdade, o pai não é você, portanto, não tem nada a ver com isso.
- Porque o dinheiro dela é a única solução para minha família. Meu pai e o pai dela fizeram todos os arranjos para evitar nossa ruína financeira. Para que ninguém descubra o mau passo da filha com um dos criados, eu devo me casar com ela e assumir a paternidade da criança. – revelou.
- Mas isso não tem cabimento! Basta olhar para você que todos saberão que não é o pai da criança, que sequer é capaz de fazer um filho em uma mulher! – retruquei.
- Isso é o de menos agora. Estou sob tanta pressão que nem sei o que fazer. Já pensei em pôr fim a essa minha vida inútil. – desesperou-se antes de voltar a chorar.
- Não seja dramático! Havemos de encontrar uma solução. – tentei acalmá-lo.
Havíamos descido até a estrada e caminhávamos até sua casa quando nos deparamos com William e outro sujeito com o qual ele costumava andar e arrumar confusão. Assim que Charles os identificou entrou em pânico.
- Ora, ora, se não são as duas donzelas a passear! – exclamou o Wiliam. Encarei-o com a mesma soberba com a qual o tinha intimidado na festa do meu aniversário há dois anos. O resultado não foi o que eu esperava.
- Diga-me William, ainda está zelando pelo emprego do seu pai? – questionei, reforçando minha expressão.
- Não pense que me tem em suas mãos apenas pelo emprego de meu pai! Como vê, não estou sozinho e, se numa casualidade você sofrer alguma coisa não serei eu a ser responsabilizado. – a presença do outro sujeito lhe daria um álibi para o que intentava fazer.
- De qualquer maneira, também não estou só. Seria a sua palavra contra a minha e, não sei porque, mas algo me faz crer que a minha terá muito mais valor. – retruquei, disposto a não me deixar intimidar por aqueles sujeitos.
- Quem o defenderá? Milady Charles? Ora não me faça rir! – revidou altivo e debochado. – Venha pegar nisso aqui, Milady Charles! – exclamou, tirando o cacetão para fora das calças e provocando o Charles, que ficou tão petrificado como da primeira vez. – Venha, é todo seu! Ou prefere que eu o coloque no seu cu? – isso bastou para o Charles começar a se queixar de vertigens.
- Larga a mão de ser frouxo, Charles! Recobre seu autocontrole! Não há de ser uma piquinha como essa que vai te dar chiliques! – berrei, em direção ao meu amigo, ao perceber que estava pálido e em transe.
- Quer que eu reavive sua memória, antes de afirmar que isso aqui é uma piquinha? – provocou.
- Deus nos acuda! Fique quieto e não os deixe mais nervosos. – gaguejou o Charles. Os dois caíram na risada.
- A única maneira de você não deixar isso aqui nervoso é deixando eu comer seu cuzinho. – disse o sujeito que o acompanhava, também tirando uma verga grossa da calça e partindo para cima do Charles. Antes de alcançá-lo, dei-lhe um empurrão que o fez cair na vala enlameada na beira da estrada.
O William veio para cima de mim e me deu gravata, enquanto o sujeito se levantava e, todo sujo de lama, partia para cima do Charles, arrancando-lhe as calças e ameaçando foder seu cu. Enquanto isso, o William rasgou os botões da minha camisa e expôs meu peito. Distraído com meus mamilos, não notou que eu levantava a perna e lhe acertava um chute nos testículos. Ele gritou de dor, levou às mãos aos genitais e caiu de joelhos à minha frente. O sujeito encoxou o Charles, ele gritou apavorado antes de desmaiar achando que aquela rola ia devassar seu rabo. O grito atraiu um dos trabalhadores que faziam a colheita da cevada e ele desceu correndo a colina em nossa direção. Ao se aproximar, foi logo distribuindo socos tanto no sujeito quando no William. Ambos não eram páreo para os músculos e a força do nosso salvador. Quando se deram conta de que levariam a pior se continuassem a insistir naquela briga, fugiram em disparada.
- Obrigado! Não sei o que seria de nós se você não viesse em nosso encalço. – agradeci, me recompondo da melhor forma que pude, embora o trabalhador lançasse um olhar aguçado para meus mamilos torturados pelas mãos predadoras do William.
O Charles continuava caído, desmaiado e havia se mijado todo, quando o rapaz passou suavemente sua mão pelo rosto lívido dele. Seus chamados não trouxeram o Charles à consciência, e ele o tomou no colo levando-o apressadamente até sua casa dentro da propriedade dos Flantshire. Uma senhora que nos viu chegar se apressou em nossa direção, questionando o que havia acontecido com o filho de seu senhorio. Antes de ser levado para dentro da casa e deitado na cama, o Charles recobrou os sentidos, ainda nos braços do rapaz.
- Fique calmo, Charles! Estamos seguros agora. Esse rapaz te trouxe para cá, pois você teve outro de seus faniquitos. – afirmei, zangado por ele ser tão afrescalhado. – Aliás, como se chama rapaz? – indaguei.
- Joseph, senhor! – respondeu gentil, desviando rapidamente o rosto na minha direção, uma vez que sua preocupação estava toda concentrada no meu amigo covarde.
- Venha, vou lhe preparar um chá de melissa, isso o fará se acalmar. – disse a mãe do Joseph. Vi que safado do Charles corou quando sentiu as mãos vigorosas do Joseph ajudando-o a se pôr em pé.
Ele se prontificou a nos acompanhar até a casa dos Flantshire, quando o chilique do Charles passou, mas ele se recusou a aceitar a oferta.
- Se você já não estivesse tão fragilizado, eu te daria um soco agora mesmo! – esbravejei quando nos pusemos a caminho de casa.
- Por Deus, me poupe de mais sofrimento! – exclamou o patife.
- Você precisa parar de desmaiar por qualquer coisa, seu covarde!
- Eu não consigo, é mais forte do que eu. Quando dou por mim, tudo está girando à minha volta e, de repente, eu apago. – afirmou, constrangido.
- Puro fricote! É assim que você quer convencer os outros de que é o pai daquela criança que Lady Violet espera? Se por qualquer bobagem você urina nas calças e perde os sentidos? Que tipo de homem é você?
- Do mesmo tipo que você! Meu único problema é que não tenho o mesmo sangue frio que você diante dos problemas. – revidou zangado.
- Que sangue frio é preciso ter ao se deparar com a pica de outro homem? Não seja ridículo! Você também tem uma no meio das pernas, portanto, não há novidade alguma nisso. – afirmei.
- É fácil para você dizer isso, pois está acostumado a senti-las no seu cu. Mas eu tremo só de pensar que aquele sujeito podia enfiar a dele em mim.
- Meça suas palavras! Não estou acostumado a sentir rolas no meu cu. Não me faça parecer um pervertido, pois não sou. E, quanto a você, está na última hora de levar uma no meio desse rabo, para que descubra qual é a sua real natureza. – devolvi furioso.
- E cometer um sacrilégio diante dos preceitos divinos? É isso que você quer que eu faça, que peque? – questionou.
- Esqueça essas bobagens divinas, não há de pecaminoso em viver conforme a sua natureza. Não vai ser um cacete no seu cu que vai te transformar num pecador inveterado. Aliás, é o que vai ser a sua salvação! – afiancei.
Com o retorno de Lord Crownbourgh recomeçou meu calvário na cama. Creio que por saber que estava prestes a perder sua ascensão sobre mim, com a aproximação dos meus vinte e um anos, sua intransigência se acentuou. A todo o custo ele queria me provar que seria melhor eu me manter submisso às suas vontades a ter as minhas próprias. Metendo aquele cacetão grosso no meu cuzinho ele imaginava conseguir que eu me transformasse em mais um de seus vassalos, obediente, resignado e servindo-o como amo e senhor. Acontece que eu já tinha alguém a quem desejava entregar meu coração, alguém que não me exploraria como fazia meu tio, alguém que me desejava de corpo e alma. Eu, no entanto, não me mostrei arredio nem deixei que ele percebesse que estava apaixonado pelo Richard, pois não sabia do que ele seria capaz se soubesse que estava a um passo de ver minha herança migrando de mãos. Lord Crownbourgh voltou tão alterado que deixava de lado a prudência no afã de me foder. Já não se incomodava de vir ao meu quarto em trajes sumários antes do Jack deixar o aposento, ou de vir imediatamente atrás de mim quando eu anunciava que estava indo me recolher, deixando tia Anne cada vez mais desconfiada daquela aproximação peculiar. Meus alertas eram respondidos com desdém, afirmando que sob seu teto ninguém estava em condições de exigir nenhuma explicação dele por seus atos. Desta forma, passei o inverno satisfazendo suas taras. A falta de hóspedes em Dinsley Park durante a estação tornava minhas noites mais desditosas, pois meu tio, sem ter com que se ocupar, vinha descontar no meu cuzinho a energia e aborrecimentos que acumulava.
Eu havia me refugiado na estufa, que ficava num canto isolado entre o labirinto baixo de sebes, num final de tarde em meados de dezembro, pois também estava entediado por não ter o que fazer. Estava transplantando umas orquídeas e contemplava absorto os flocos de neve caindo lá fora; na verdade, pensava no Richard, no que ele estaria fazendo naquele momento, se estaria sentindo as mesmas saudades que eu sentia dele, quando os braços de tio Grayson envolveram minha cintura e uma encoxada me prensou contra a mesa na qual trabalhava. Ao comprimir meus glúteos, imediatamente senti o esperma que ele havia ejaculado em mim naquela manhã e, que ainda estava aderido à minha ampola retal. Soltei um leve gemido ao sentir a viscosidade, afinal eu não era tão imune ao sêmen de um macho quanto gostaria de ser.
- O que significa esse gemidinho? Sentindo falta do meu cacete? – sussurrou ele libidinosamente no meu ouvido.
- Não! Só estava distraído, com o pensamento longe. – respondi, procurando não instigá-lo.
- No que essa cabecinha pode estar pensando? – ele me tratava como se eu fosse um completo idiota, incapaz de ter algo consistente no cérebro.
- Em nada particularmente importante. – respondi, assim ele se daria por satisfeito.
Porém, suas mãos abrindo minha calça logo me fizeram perceber que eu estava enganado. Tentei me esquivar, deslizando para o lado e fingindo estar muito atarefado com as orquídeas, mas não demorei a sentir suas mãos geladas em minhas nádegas. Censurei-o pelas mãos geladas, ele riu, e disse que as esquentaria na minha carne quente. Ao apartar meus glúteos, ele encaixou a pica, que já tinha sido tirada da calça, no meu reguinho. Soltei outro gemido, desta vez lascivo, pois senti meu cuzinho se contorcer de vontade de alojar aquela jeba indômita. Enquanto um braço dele firmou meu tronco, o outro se incumbia de guiar a cabeçorra para a portinha do meu cu. A estocada foi tão bruta e certeira, metendo metade do caralhão no meu rabo e, vinda simultaneamente à encoxada, que eu soltei um ganido. Larguei tudo o que tinha mas mãos para me agarrar à mesa, enquanto tio Grayson socava sua rola para dentro do meu cuzinho. Ele me segurava pela cintura e bombava energicamente. Agradeci por ainda estar com seu esperma daquela manhã, pois a impetuosidade com a qual ele me fodia, estava esfolando minha mucosa anal ainda não recuperada da foda matinal.
- Ai titio, por favor, eu não estou aguentando! – murmurei entre os ganidos.
- Sabe do que eu mais senti falta durante a minha viagem pelo continente? Dessas tuas preguinhas apertadas e do calor do seu cuzinho! – grunhiu ele, chupando e mordiscando minha nuca.
De repente, notei a sombra paralela à nossa que se formou sobre a mesa na qual me agarrava para suportar as estocadas. Soltei um grito quando, de soslaio, vi tia Anne parada a menos de dois passos das costas do meu tio. Meus esfíncteres sofreram um espasmo violento travando ao redor da pica e, no vaivém abrutalhado ele quase prolapsou meu cu para fora. Só então ele percebeu a presença de minha tia. Ela escondeu o rosto entre as mãos e começou a chorar, parecia estar enraizada no chão, pois não deu um passo, embora mal estivesse conseguindo se sustentar sobre as pernas.
- O que faz aqui? – berrou Lord Crownbourgh encolerizado, sem saber se terminava de se satisfazer no meu rabo ou se acudia a esposa em choque.
Foram momentos de puro pânico. Ele continuava engatado em mim como um cão que não consegue tirar o pau da cadela enquanto a tetania que trava sua vagina não passa. Ao intentar puxar o cacetão para fora eu senti minhas entranhas se rasgando e gritei desesperado. Ele voltou a me bombar e, em poucos segundos despejou sua gala morna e espessa no meu cuzinho. Tia Anne olhava para a minha bunda com aquele jeba grossa enfiada nela e não conseguia superar a agonia aniquiladora que tomava conta de seu ser. Tio Grayson desencavilhou atrozmente sua pica ainda gotejando do meu cuzinho, o que me fez soltar mais um grito de dor.
- Como você pode se prestar a um papel desses? Você é o homem mais hediondo, asqueroso e desumano que existe sobre a face da terra! Fornicar com seu próprio sobrinho como ele se ele fosse uma meretriz e, sob o mesmo teto em que vivem suas filhas. – vociferava chorosa minha tia.
- Não queira se fazer de esposa traída, pois há tempos que não temos mais nada que, remotamente, se pareça com um casamento.
- O que não o isenta do decoro! De se abster de cometer um sacrilégio como esse. Ai, por Deus, eu preferiria a morte a ter que presenciar algo assim, a ter que passar por essa humilhação depois de tantos anos aturando um marido ausente e leviano. – despejou ela.
- Volte para seus afazeres e deixe de histerismo! Ninguém, no momento, está em condições de manter uma conversa minimamente ajuizada. – ordenou ele, enquanto ela procurava atordoada pela saída e eu erguia minha calça e minha ceroula sobre a bunda ferida. – E você, da próxima vez que eu o pegar, espero que seja mais discreto e não fique uivando feito uma loba no cio. – tive vontade de estrangulá-lo ali mesmo.
Tia Anne não fez nenhuma refeição conosco nos três dias que se seguiram. Para as filhas disse que estava doente e que desejava morrer, o que as deixou tão abaladas que mal conseguiam se aquietar. Um médico foi chamado e diagnosticou um quadro histérico, recomendando repouso e quatro colheradas de láudano de Sydenham, diluídas em água, cinco a seis vezes ao dia. Tia Anne tomava o dobro disso, especialmente à noite, quando suas crises de melancolia atingiam um pico insustentável.
Lord Crownbourgh continuava a levar sua rotina como se a esposa ensandecida não fizesse parte de sua vida. Tentei visitar minha tia em seu quarto uns quatro ou cinco dias depois de ela nos ter flagrado na estufa, queria me justificar de alguma forma, se bem que não sabia exatamente como. Ao me ver, ela começou a ficar agitada.
- Todos esses anos criei uma cobra dentro da minha própria casa! – disse ela, assim que se aprumou nos travesseiros. – Vindo da minha irmã não se podia esperar outra coisa! Que belo legado ela me deixou, uma víbora que seduziu meu marido e está tentando acabar com a minha vida. A única pessoa na qual encontrou guarida quando ela e marido se foram. – sentenciou ela, mal conseguindo articular as palavras pelo efeito sedativo do láudano.
- Não seduzi ninguém, muito menos esse homem desprezível que se valeu, juntamente com você, dos bens que meus pais me deixaram. Não fossem eles, vocês teriam me esquecido naquele internato. Estou sendo seviciado por seu marido há três anos e, desde então, você tem ciência disso. No entanto, foi apenas agora que resolveu se mostrar indignada, ao presenciar como ele me usava. Saiba que suas lágrimas não me comovem! Chorei milhares mais do que você dentro dessa casa, e ninguém nunca se importou com elas. – ela não teve coragem de me encarar. Dirigindo-se à criada que a assistia, disse apenas que suas dores haviam voltado e que ela precisava urgentemente de mais algumas colheradas de láudano. Eu deixei o quarto e não a procurei mais.
Poucos dias antes do Natal recebi uma carta de Lord Richard dando conta de que a família passaria as festas em Paris na casa de parentes. SERIA MUITO INCONVENIENTE SE EU TE PEDISSE PARA SE JUNTAR A NÓS, TÃO EM CIMA DA HORA? – dizia uma frase que iniciava um parágrafo no qual ele confessava que já não aguentava mais de saudades de mim. No dia seguinte, parti para a França, deixando Dinsley Park e seus problemas para trás.
Lord Richard não deixou de perceber que algo me atormentava. Foi no segundo dia juntos que ele me puxou para um canto querendo saber o que se passava comigo.
- Você está mudado! Está mais triste! Será que sou digno de sua confiança, e você disposto a dividir comigo o que o aflige? – indagou.
- Tem razão, estou mudado! Não quanto ao que sinto por você, não é isso. Quanto a ser digno da minha confiança, você nem deveria ter dúvidas, pois te amo e confio em você mais do que em qualquer outra pessoa. Só não sei se este é o momento exato para te contar meus problemas. Estamos numa época de festa e alegria, como hóspedes de pessoas muito amáveis e, fatos desagradáveis podem obnubilar o clima festivo. – respondi.
- Peço que não me deixe com toda essa incerteza martelando na minha cabeça. Preciso saber o que se passa com você, me angustia vê-lo triste e atormentado. – retrucou ele.
- Prometa-me então, que não vai deixar o que vou te revelar abalar sua alegria. – ele prometeu, tomando minhas mãos entre as dele e me dando um beijo no canto da boca.
- Você bem sabe que a minha permanência em Dinsley Park nunca foi um mar de alegrias, pelo contrário. Meu tio é um ser irascível e sem princípios cristãos. Tudo para ele gira em torno de seus próprios interesses, não importando a quem tenha que prejudicar para conseguir seus intentos. Tia Anne não tem uma índole muito melhor do que a do marido e, sempre deixou bem claro que, me ter sob seu teto era um grande sacrifício que fazia pela irmã, a quem, na verdade, ela sempre detestou por ter-se casado com o homem a quem amava e ter tido uma vida conjugal e financeira muito superior à dela. Pois bem, na véspera do meu aniversário de dezoito anos, fui violentado durante um passeio pelo filho do pároco de Chapmansdale. Tentei esconder o fato de todos, pois não queria que me vissem como um coitado ou me julgassem pelo que aconteceu, ou até me estigmatizassem. Ocorre que meu tio descobriu que eu fora violado sem, no entanto, saber por quem. Mesmo porque, parece que isso não lhe importava. Na mesma noite, após descobrir meu flagelo anal, ele meteu os dedos dentro de mim, vasculhando meu íntimo sem o menor pudor ou compaixão. E, dias depois, ele próprio veio se deitar comigo alegando que tudo o que estava sob seu teto lhe pertencia por direito e que, eu fazia parte disso. Não era apenas seu prazer sexual que ele queria satisfazer, uma vez que ele e tia Anne não coabitam há anos. O que ele queria deixar bem claro, era que eu era seu tutelado, que era ele quem ditava o que me cabia fazer e aceitar em nome de sua função. Sei, embora não tenha provas concretas disso, que os Crownbourgh vivem há anos à custa da herança que meus pais me deixaram. A verba que meus pais destinaram ao tio Grayson e à tia Anne para cuidarem de mim e dos meus interesses, uma pequena fortuna, foi dilapidada com extravagâncias acima do poder de suas possibilidades. A fim de não me indispor diretamente com eles, pois ainda dependo deles até completar vinte e um anos para gerir meus bens, me submeti à sanha libidinosa de meu tio por todos esses anos. Ocorre que há pouco, questão de semanas, meu tio usava lascivamente meu ânus na estufa do jardim quando tia Anne nos flagrou. Ela fingiu nunca ter suspeitado de nada, mas o que a afetou de verdade, foi ver com seus próprios olhos, o marido se satisfazendo comigo, enquanto ela padecia das necessidades carnais desde que passaram a não mais compartilhar o leito conjugal. Foi nesse clima em Dinsley Park que recebi sua carta para vir me encontrar com você, uma benção e algo providencial para me tirar daquele inferno. – revelei, sob o olhar atento e incrédulo do Richard.
- Que facínora! Tenho vontade de acabar com ele com as minhas próprias mãos! – rosnou o Richard.
- Talvez agora você me perdoe por não ter me entregado a você em Tottenham House. Eu o amo tanto que não queria me entregar a você imoralmente maculado. O amor que sinto por você é tão puro que manchá-lo com meu passado me pareceu uma profanação. – afirmei
- Não fale assim, não tenho nada a perdoar! Profanação foi o que fizeram com você ao violar esse corpo tão lindo, embora entenda que não é fácil resistir aos encantos dele. Mas, seu próprio tio se valer dele é de uma imoralidade sem tamanho. A ele foi dada a missão de zelar por ele, não de se aproveitar de sua fragilidade. – afirmou, inconformado.
- Vou entender se não quiser mais nada comigo! Não é porque não sou mulher que não me vejo na obrigação de me entregar virgem ao homem que amo. Mas, isso já não é mais possível, e eu lamento profundamente por isso. – disse, enquanto duas lágrimas desciam pelo meu rosto.
- Carlton, meu amor! Não se martirize! Nada mudou entre nós. Eu continuo te desejando tanto quanto no primeiro dia em meus olhos pousaram em você. Não vejo a hora de ter você em meus braços, de consumar o amor que sinto por você. – asseverou, apertando-me em seus braços.
Foi por sugestão da marquesa de Ailesbury que segui com a família até Tottenham House após as comemorações de fim de ano, em meados de um janeiro de nevascas constantes. Lord Richard deve ter dito algo aos pais, não a plena verdade disso tenho certeza, mas de que os Crownbourgh não eram os meus tutores zelosos como queriam fazer crer. E, essa foi a razão para que me tirarem de Dinsley Park; até porque, o marquês me confirmou que ele pessoalmente se informaria sobre a situação dos bens que meus pais me deixaram, assim como das condições expressas no contrato de tutela.
- Isso pode levar uns meses e, até que tenhamos tudo esclarecido, gostaríamos que ficasse conosco. – disse ele, ainda durante a viagem de regresso.
- Até lá também já terei completado vinte e um anos, o que me permitirá assumir o controle de tudo. – afirmei. O Richard me encarou com o mais ladino e delicioso dos olhares, meu cuzinho se contorceu numa agonia boa.
A resposta à carta que enviei aos meus tios veio recheada de ameaças. Ou eu voltava imediatamente para Dinsley Park, ou tio Grayson colocaria advogados em ação para provarem minha incapacidade e me interditarem judicialmente, impedindo-me de assumir o controle dos bens. O marquês me tranquilizou dizendo que meu tio estava blefando, que ninguém aceitaria a interdição de um jovem saudável e pleno de suas faculdades mentais como eu. No entanto, um juiz em Londres expediu uma ordem para que eu voltasse a me pôr sob a tutela do meu tio, até que a ação fosse julgada. Resolvi acatar a resolução, embora o marquês houvesse se prontificado a mudar essa ordem para me manter em Tottenham House. Já não era mais segredo para ele que o filho me queria ali ao seu lado, onde pudesse me proteger de qualquer maldade. Aliás, esse foi o juramento que o Richard me fez, na primeira noite após nossa chegada em Tottenham House.
- Quero que seja meu hoje mesmo! Não aguento mais esperar. – sussurrou ele, após o jantar, quando todos estavam reunidos na sala de estar tomando café e um Porto para aquecer aquela noite fria.
- O que seus pais vão pensar de mim? Mal sou recebido e já corrompo um de seus filhos. – ponderei. Ele não disfarçou o riso.
- Podem pensar o contrário, uma vez que faz tempo que tentam esconder minhas aventuras. – disse, com certo orgulho.
- Quer dizer que me apaixonei por um pervertido?
- Não chegaria a tanto, mas certamente não sou nenhum santo.
- Pois eu espero que passe a ser a partir de agora! Não quero concorrência dentro desse coração e nesse troço enorme que você tem no meio das pernas. – revidei.
- Fique tranquilo! Garanto que ambos serão exclusivamente seus. Nunca senti por alguém o que sinto por você, e isso mudou tudo. Se pudesse, sairia por aí gritando aos quatro ventos que te amo, que só penso nessa bunda roliça, que me tornei escravo de seus beijos e carícias. – confessou, cheio de tesão.
- Se quiser que com isso eu seja condenado por pederastia, terá subsídios suficientes.
- Não se preocupe! Sei que vivemos numa sociedade hipócrita, onde centenas, talvez milhares, de homens não-homens como você precisam viver na clandestinidade, assim como aqueles que os amam. Saberemos encontrar a nossa felicidade juntos e, você me terá sempre a seu lado te protegendo e te amando. – afiançou.
- Peço licença para me recolher, foi um dia agitado! – exclamei, ao notar que o Richard já não conseguia mais domar a ereção sob suas calças. Ele não levou nem três minutos para me seguir até meu quarto, dando uma desculpa qualquer para também se recolher.
Jack ainda dobrava minhas roupas quando o Richard entrou no quarto, afogueado e tarado como um garanhão que farejou uma égua no cio. O Jack se despediu com um boa noite discreto, e saiu sem completar seu trabalho. Eu estava só de ceroulas e o Richard não me deixou vestir a camisola de dormir. Enlaçou-me por trás e comprimiu sua ereção na minha bunda para que sentisse sua necessidade. Franqueei meu pescoço e ele o chupou, sussurrando as sacanagens que pretendia fazer comigo. Eu apenas afaguei seus braços peludos e arrebitei a bunda, como uma cadela pronta para a monta.
- Ah, meu tesão, hoje você vai ser finalmente meu! Rosnou ele, voltando a me encoxar.
- Você não sabe o quanto espero por isso, meu amor! – devolvi, num murmúrio voluptuoso.
Ele desamarrou o cordão da minha ceroula e a deixou cair aos meus pés. Suas mãos agarraram imediatamente minhas nádegas polpudas e ele soltou uma arfada que veio do fundo do peito. Ajoelhou-se e deu uma mordida num dos glúteos, depois o acariciou onde havia deixado a marca de seus dentes e o beijou carinhosamente. Então apartou as bandas e percorreu meu reguinho com o dedo, foi minha vez de soltar um gemido trêmulo e extasiado. Ao chegar à portinha do meu cuzinho, ele deslizou a ponta do dedo sobre as preguinhas, eu queria gritar de tanto tesão. Apertando com ambas as mãos cada uma das nádegas, ele as manteve afastadas o suficiente para que sua língua alcançasse minha rosquinha. Eu sentia espasmos tão violentos atormentando meu corpo que mal conseguia me manter em pé. Sua língua dançava sobre o buraquinho piscante e ele me devorava numa sanha febril.
- Ai, Richard! – gemi longamente, colocando meus dedos em sua cabeleira e empinando ainda mais o rabo cobiçado.
- Ai Richard, você vai ver gemer quando eu meter meu caralho nesse cuzinho! – grunhiu ele.
Mesmo com os espasmos, eu consegui sentir o tremor descendo pela minha coluna, ao me lembrar do dia em que tive aquela jeba imensa na boca e, já sabendo que ela faria um estrago enorme no meu cu. O Richard me tomou em seus braços e me levou até a cama. Despiu-se ante meu olhar curioso e atento a cada detalhe daquele corpo másculo e vigoroso. Eu nunca o tinha visto com o torso nu e, aqueles ombros largos, o peito viril e o abdômen rijo por si só já ensejam a segurança que um macho proporciona. Eu estava em puro deleite. Ele ficou fazendo fita para despir a calça e a ceroula, pois queria ver minha ansiedade estampada no olhar cobiçoso que eu lhe lançava. Primeiro ele tirou a calça, foi quando vi a rodela úmida em sua ceroula, também já senti aquele cheiro do qual ainda me recordava como se não houvessem se passado mais do que alguns segundos que eu lambera e sugara aquele sumo viril que escorria de sua pica. Ele se aproximou da cama e me encarou, como quem diz, de agora em diante é você quem assume. Eu desfiz o nó do cordão que amarrava sua ceroula à cintura, puxei-a pernas abaixo e libertei o caralhão grosso que dava um pinote a cada injeção de sangue que seu coração acelerado injetava nele. O Richard tomou minha cabeça entre as mãos e a aproximou de seu sexo, também se recordando do prazer que minha boca aveludada era capaz de proporcionar naquela parte de seu corpo. O néctar aquoso se mesclou imediatamente à minha saliva quando coloquei a cabeçorra babando na boca. Dei umas sorvidas rápidas para dar conta do sumo que saia de sua rola e do acúmulo de saliva que encheu minha boca, e engoli tudo. Com mais calma, trabalhei cada centímetro daquela verga gigantesca e pesada, lambendo, mordiscando e chupando, até me ver diante do sacão enfurnado no matagal de pentelhos grossos e encaracolados. As pontas dos meus dedos tatearam sobre as bolonas que deslizavam dentro dele. Ele gemia, sentindo que elas estavam cheias e precisavam urgentemente ser drenadas. Contudo, ele me deixou brincar com seus genitais, pois queria que eu me familiarizasse com todos os detalhes deles, que me apaixonasse por seus contornos, que idolatrasse sua virilidade. Ele me colocou de quatro sobre a cama, puxou meu corpo pela cintura até a extremidade da cama, se acoplou às curvas da minha bunda e pincelou a jeba dentro do meu rego até sentir que a cabeçorra estava sobre a rosquinha enrugada e úmida. Guiada por sua mão certeira, a cabeçorra forçou as pregas a se distenderem; eu segurei a respiração e fechei os olhos apertando os lábios, pois sabia o que ia acontecer. Numa estocada abrupta a cabeçorra dilacerou minha musculatura anal e atravessou meus esfíncteres, o grito escapuliu sem que eu o pudesse conter. Um gemido longo e pungente o seguiu, antes do meu cu travar ao redor daquele invasor colossal. Estar com um homem era o que de mais maravilhoso podia haver; sentir o desejo dele por nosso corpo aflorado na pele quente, sentir sua pegada forte pelos músculos retesados, ver aquele tesão brilhando em seu olhar, sentir no beijo lascivo e úmido e a paixão explodindo, não se comparava a nada desse mundo. Mas, era naquele momento crítico, quando o macho estava sedento para enfiar seu caralho no cuzinho que o agasalhava, que a gente precisava herculeamente ceder as entranhas às suas taras, sublimando a dor em prol do prazer dele. Foi isso que minha pouca experiência anterior havia me ensinado e, era isso que eu queria oferecer ao Richard, meu primeiro homem desejado, meu primeiro macho amado com toda a intensidade da alma. Ele se agarrou ao meu tronco e, lentamente, começou a meter seu pauzão dentro de mim. Eram meus gemidos que o acautelavam; pois, sem ouvir o lamento pungente que carregavam, teria me fodido com todo seu instinto primal e selvagem de sua natureza máscula. Eu gania enquanto ele me estocava o rabo com sua carne rija como aço. Empalado, eu o deixava socar as profundezas das minhas entranhas, onde ele parecia ter encontrado o paraíso que sua verga procurava. Fui generoso, receptivo e carinhoso com aquele macho como jamais fui capaz de imaginar, era o amor que sentia por ele que me tornava tão dadivoso.
- Ah, Carlton! Era disso que eu precisava. – grunhiu ele, quando todo caralhão se encontrava atolado no meu rabo e seu sacão chacoalhava junto ao meu reguinho liso.
Bastou ele me virar de costas na cama, abrir minhas pernas e apoiá-las sobre seus ombros, meter novamente a pica no meu cuzinho me fazendo soltar outro gritinho e, fixar aquele olhar doce e amoroso no meu para que eu começasse a gozar. A rola dele nem havia chegado até o final quando eu senti uma contração abrupta no ventre, a rigidez nos esfíncteres anais e o primeiro jato de porra escapando do meu pinto diretamente sobre minha barriga. Ele sorriu ao me ver gozando. Enfiou o que restava de fora de sua pica de uma vez no meu cu, e começou um vaivém cadenciado, vigoroso e torturantemente delicioso, enquanto rugia feito um leão. Ergui minhas mãos em sua direção, pedindo para alcançar aquele rosto másculo que me fitava cheio de tesão e amor. Ele se inclinou e eu o tomei com carinho entre as mãos, acariciando sua barba hirsuta, beijando sua boca entreaberta onde o arfar produzia um som rouco e gutural. Assim, que nossas línguas se tocaram, ele soltou um urro silenciado pelos lábios atados aos seus e, jatos potentes de porra tépida começaram a encharcar meu cu. Eu o abraçava e aninhava sua cabeça em meu peito, onde ele mastigou meu mamilo até sentir que havia despejado toda sua gala em mim.
- Te amo tanto, meu amor! Nunca fui tão feliz. – balbuciei, precisando me controlar para não chorar de tanta felicidade, uma felicidade que eu pensei jamais fazer jus, uma felicidade que se expressava no sêmen daquele homem escorrendo dentro do meu corpo.
- Também acabo de descobrir o que é a felicidade agora, aqui com você, dentro do seu cuzinho apertado. Amo você, Carlton! Amo como nunca amei ninguém. Prometa que será meu para todo o sempre. – resmungou, arfando e degustando o prazer de estar em mim. Foi o meu – prometo – jurado num sussurro que, aos poucos, foi transformando aquele pulsar indômito da pica dele numa presença calibrosa agasalhada pela minha mucosa anal.
Enrodilhados em conchinha sob os cobertores, com os dedos do Richard mexendo nos biquinhos dos meus mamilos e, apenas com a cabeçorra engatada no cuzinho, que adormeci antes dele. Eu sabia que naqueles braços eu podia descansar despreocupado, seguro e sem nenhum receio de que alguém pudesse me dizer ou fazer algo de ruim. Desde que me conhecia por gente, nunca tinha experimentado uma sensação assim.
Apesar de ter recebido mais uma carta de meu tio com novas ameaças, só voltei a Dinsley Park no meio da primavera. A investigação sobre o contrato de tutela que o marquês iniciara já havia chegado aos ouvidos do meu tio, talvez fosse essa a razão de terem me recebido como se nada tivesse acontecido ou, como se aquele episódio na estufa nunca tivesse acontecido. Tia Anne estava mais empertigada e arrogante do que nunca, enquanto tio Grayson me tratava com a mesma frieza e desconsideração de quando eu havia chegado à sua casa, ainda um menino, anos atrás. Ambos se dedicavam a apressar os casamentos de Eliza e Mary que haviam finalmente encontrado pretendentes que, embora não estivessem à altura das ambições de tia Anne, eram a solução mais próxima para os futuros problemas financeiros que meus tios estavam antevendo quando da perda definitiva da minha tutela. Eliza teve que se contentar com um velhote viúvo, cujo maior atrativo era o fato de ainda preservar uma herdade no condado de Kent e obter lucros, segundo fontes nunca confirmadas, do intenso contrabando de tabaco que acontecia naquela época junto a linha costeira. A segunda grande razão para ser um bom partido residia no fato de ele não ter herdeiros legais, o que seria providencial, em poucos anos, uma vez que sua saúde, dada a inclinação para o exagero na bebida, não era das melhores. Mary foi um pouco mais feliz nesse aspecto, pois vinha sendo cortejada por um americano rico à procura de um título nobiliárquico na terra de seus ancestrais, a Irlanda. Tia Anne não suportava seus modos plebeus, sua arrogância e, principalmente, sua maneira de desdenhar da pobreza que rondava a família. Mary tão pouco sentia grande apresso pelo sujeito, mas ele representava a chance de continuar a viver cercada do luxo a que estava habituada. Com toda essa agitação mobilizando meus tios, a minha presença não fazia a menor diferença o que, para mim, representava a tranquilidade de que tanto precisava.
Assim que cheguei a Dinsley Park, Annabela me encheu de perguntas sobre Lord Henry. Se ele estivera em companhia de alguém durante nossa estada em Paris, se ele havia mencionado o nome dela ou as cartas que ela lhe enviara enquanto eu estivera em Tottenham, o que ele fazia para se distrair, se ia a festas ou frequentava a casa de alguém, eram suas grandes dúvidas. Minhas respostas lacônicas pareciam não satisfazê-la e, volta e meia, ela tornava a insistir nos questionamentos. Estava tão intensamente apaixonada que nem se lembrava mais de um dia ter blasfemado contra o casamento.
- Ele a ama, tenho certeza! – afirmei certa tarde, quando passeávamos com os cães pelo jardim. O sorriso dela se iluminou.
- Se me amasse já teria se declarado! – retrucou ela.
- Como deseja que ele o faça se até agora há pouco você afirmava categoricamente que não tinha a intenção de se casar, de que o casamento era um aguilhão para as mulheres, que Deus a livrasse desse fardo?
- Isso mudou quando o conheci!
- Então faça-o saber que mudou de ideia! Ele não é um vidente. Só terá certeza de que não será rechaçado se você mostrar que o caminho está aberto. – aconselhei.
- O que ele haverá de pensar de uma moça que se oferece tão facilmente? Nunca me dará valor se eu me mostrar disponível.
- Saberá que você é uma mulher decidida, que sabe o que quer da vida, que não fica à espera de que te empurrem alguém que não deseja. Enfim, que é uma mulher contemporânea, capaz de perseguir seus sonhos. – afirmei. Naquela mesma noite, após o jantar, ela me mostrou a carta que escrevera a Lord Henry com sua nova perspectiva quanto ao casamento. Fiquei feliz, pois sabia que aqueles dois se completavam e seriam felizes juntos.
A única coisa que continuava a me desolar era a situação do meu amigo Charles. Ele se casara com Milady O’Brien, por pressão e imposição do velho Flantshire, uma vez que o casamento das duas filhas não tinha sido o que esperavam, tendo elas partido com os maridos de Grove e deixado os pais e o irmão sem amparo. Ele permanecia em Grove com a esposa após a curta viagem ao continente após a cerimônia de casamento, pois era preciso que ela parisse a criança fruto de seu mau passo, longe do círculo de conhecidos de sua família. Assim que soube que estava em Dinsley Park, veio me procurar.
- Estou vivendo o inferno com aquela mulher vulgar e pervertida! – disse ele, começando seu relato sobre os fatos que eu desconhecia.
- Eu o preveni de que seria um erro persistir nesse casamento. Como espera viver ao lado de alguém que você abomina em todos os sentidos; primeiro por ser mulher, algo no que você não é chegado; segundo, por ser ela quem é; terceiro, por já vir prenha de outro homem?
- E o que você queria que eu fizesse, que abandonasse meus pais a própria sorte, agora que estão velhos? Só eu lhes restei. Se não for eu a garantir o futuro deles, quem haveria de ser?
- Sejamos sinceros, seu pai nunca foi um exemplo de bondade e dedicação à família e, muito menos, alguém que estivesse preocupado com o próprio futuro, uma vez que não hesitou em viver às custas do dote de sua mãe. Por que haveria de ser você a se preocupar com eles agora?
- Você diz isso por que não tem esses problemas! – afirmou, como se não soubesse do meu passado.
- Não sabia que você era tão injusto!
- Perdoe-me, não sei mais o que estou falando. Seus problemas são deveras muito maiores que os meus, mas você entendeu o que eu quis dizer, não é?
- Entendi e, só por isso ainda te dou ouvidos!
- Pois bem, então ouça mais essa. Você deve se lembrar do Joseph, o filho de um dos fazendeiros inquilinos do meu pai. Aquele que nos acudiu quando o William e aquele outro crápula nos cercaram na estrada.
- Sim, claro que me lembro dele. Um rapaz interessante e que, diga-se de passagem, não esconde o que sente por você.
- Essa é a questão! Você o encorajou a vir me visitar para saber da minha recuperação depois daquele episódio sórdido. Ele veio, com mais frequência do que seria necessário.
- Episódio sórdido é uma bela desculpa para o faniquito que você teve. – corrigi.
- Vai me deixar continuar, ou vai me censurar por ter caído enfermo? – indignou-se
- Que enfermo, o quê? Você desmaiou, apenas isso. E desmaiou de frescura! – voltei a corrigir.
- Seja lá como for, não é isso que importa agora. Depois das tais visitas e, já recuperado, me senti na obrigação de agradecer o fato de ele ter nos salvado. A oportunidade surgiu quando voltei de uma cavalgada e o encontrei no celeiro, desmanchando uns fardos de feno para alimentar os animais confinados pelo inverno. Embora fosse uma manhã fria, havia um sol fraco e a temperatura estava amena, o que o fez tirar o casaco, arregaçar as mangas da camisa e, desabotoá-la expondo o peito lustroso de suor pelo esforço com os fardos de feno. Não havia ninguém no celeiro além de nós dois, o que me deixou inquieto. Apeei do cavalo e, eu mesmo, comecei a tirar a sela e os demais apetrechos. Ele se prontificou a me ajudar, aproximando-se de mim decomposto daquela maneira impudica. Foi quando eu o agradeci por ter nos salvo. Ele me sorriu e, atrevidamente, disse que me salvaria de tudo que fosse capaz de me magoar. Fiquei petrificado e, confesso, comecei a tremer da cabeça aos pés.
- Que novidade há nisso? Basta sentir um macho ao seu lado e você já se urina todo e, se prepara para ter um dos teus desmaios. – ironizei. Ele me encarou furioso.
- Não conto mais nada, pronto!
- Deixe de bobagens e termine logo essa história.
- Bem, eu realmente comecei a sentir uma vertigem, no entanto, ele me amparou antes de eu cair no chão. – eu tive um ataque de riso, o que quase o fez desistir definitivamente de terminar seu relato. – Ele se aproveitou do meu torpor e colou sua boca na minha. Foi graças a isso que continuei respirando. Só que depois disso, ele virou um selvagem. Ao mesmo temo em que continuava a me fornecer o ar para me manter consciente, começou a me bolinar as nádegas num frenesi crescente. Quando dei por mim, ele havia me debruçado sobre uma pilha de fardos e minha calça e ceroulas já estavam abaixo dos joelhos. Só me recordo de ter gritado quando senti meu ânus sendo invadido por algo enorme e quente, que se movia nas minhas entranhas tão atabalhoadamente quando um animal enjaulado. O bruto me apertava com aquelas mãos imensas e selvagens, me mantinha sob seu jugo e me montava como um garanhão monta uma égua. Eu sentia que a qualquer momento ia desmaiar, mas isso não aconteceu, e eu senti todas as agruras de ter aquele macho engatado no meu cu. Ele me chupava a nuca como se fosse me devorar vivo, dizia que eu há tempos era responsável pelo fogo que ardia dentro dele toda vez que pensava em mim. Queria que eu jurasse me entregar a ele e aceitá-lo como meu macho. Vê se pode, um sujeito como ele? Atrevido! Por fim, deixou no meio das minhas pernas um alagadiço de esperma e um ardor que me persistiu por dois dias. E, tudo isso, por culpa sua, por ter instigado aquele desaforado a me fazer visitas e a tomar liberdades comigo. – concluiu, enquanto eu fazia um esforço gigantesco para não desabar num riso escrachado.
- Então você finalmente conheceu a felicidade, e a reconheceu! – exclamei.
- O que você está dizendo? Que absurdo é esse?
- Eu já não tinha lhe dito que esse rapaz estava encantado com você? Percebi isso naquele dia, quando ele acariciou seu rosto delicadamente, te tomou nos braços para levá-lo até em casa como se estivesse transportando um tesouro. Ele merece o seu amor e a sua dedicação, e não seus pais ou Milady O’Brien, vê se enxerga isso!
- Ridículo! Como posso me envolver com um fazendeiro? O que posso esperar de uma relação como essa?
- Ah, meu pobre Charles! Você é tão obtuso quanto toda essa sociedade hipócrita. Olhe a sua volta, os nobres estão falidos. Todos estão dando os últimos golpes de agonia para se safarem, o que será em vão, pois em alguns anos nada mais dessa nobreza restará. Os privilégios, a honra, o estilo de vida e a tradição que colocavam a nobreza e o clero numa situação de superioridade social em relação aos demais grupos da população não vai existir mais. A exploração do trabalho camponês, o recolhimento de impostos e a detenção de grandes quantidades de terras eram apenas um poder acessório. Assim, o que garantia a superioridade social dessa nobreza era o prestígio social e os hábitos requintados de vida, baseados em uma tradição secular, só que isto está ruindo com essa imensidão de homens incapazes de manter quanto mais de criar novas riquezas. O mundo está se transformando. Há pessoas enriquecendo sem ostentarem um título nobiliárquico. O seu ‘fazendeiro’ como você diz, é capaz de sustentar por conta própria, coisa que você e seus pais não conseguem. Pense nisso! É o trabalho que vai gerar riqueza de agora em diante; aliás, como já vem fazendo. Os burgueses empreendedores estão ricos, não se iluda. A indústria está enchendo os bolsos dessas pessoas, não a exploração de pobres coitados em terras que foram herdadas de geração em geração. Ademais, o Joseph te ama, disso não tenho dúvidas. Ao lado dele você será feliz, pois ele é o macho de que você precisa para conduzir essa cabecinha bitolada e cheia de preconceitos. Repito, o que já disse, você precisa de uma rola no cu para saber quem realmente é. O Joseph é o homem macho que você jamais será e, que te daria todo o conforto e amor que estivesse em suas possibilidades.
- Agora você chegou ao ponto! Que possibilidades um coitado como aquele pode ter?
- Com você se aliando a ele; melhor, aliando não, amando-o, ele faria dessas terras o que seu pai e você jamais sonhariam, pois é um lutador, um empreendedor, uma pessoa com ambições reais e que sabe como alcançá-las. Deixe-o ser seu parceiro, seu amor verdadeiro, e ele não apenas te fará a mais feliz das criaturas, como será a salvação que você e sua família precisam. E, que você foi procurar numa meretriz da nobreza. Ela jamais o respeitará, nem ninguém a sua volta. Você será um capacho dessa gente, por não ser macho o suficiente para se impor. – afirmei.
- Para você é fácil! Apaixonou-se por Lord Richard, filho de um marquês e tão nobre quanto você. Bastará unirem suas fortunas e tudo estará resolvido. Ninguém da sociedade vai questioná-los pelo tipo de vida que levam. O máximo que dirão é que são dois excêntricos, quando, na verdade, são dois pederastas vivendo como um casal. Algo que a religião proíbe e abomina. Mas, isso não importa para você que até já se deitou com o próprio tio para tirar vantagem da situação. – despejou cruel e cheio de rancor.
- Não sei porque ainda me importo com você? Você é mesquinho e nunca deu valor a nossa amizade, caso contrário não estaria jogando sua raiva na minha cara. Eu me deitei com meu tio sim; não me orgulho disso, mas tirei o máximo de proveito da situação como você disse. Tirei proveito para saber quais são as necessidades de um macho, para aprender do que gostam e o que os deixa realizados, uma vez que conheço a minha natureza e sei muito bem que não sou um homem-macho. Tudo que aprendi com as minhas agruras eu usei para satisfazer o homem que eu amo. E, funcionou tão bem que hoje sei que ele não me trocaria por nenhuma mulher, por mais atrativos que elas possam ter. Foi o meu amor verdadeiro por ele que o fez enxergar a minha condição de maneira pura, livre de preconceitos e rótulos. Você deveria fazer o mesmo com o Joseph. – eu já estava irritado com a intolerância e estupidez do Charles e, prestes a esquecer que um dia pude ser amigo de uma criatura como ele.
- A sua amizade foi tudo o que me manteve em pé até agora! Você é o único com quem consigo ser eu mesmo, não precisar vestir nenhuma carapuça atrás da qual me esconder. – disse, começando a chorar.
- Então por que me ofende? Se só estou tentando fazer você enxergar o que está bem diante dos seus olhos. Joseph te ama! Ouça as minhas palavras. O que o pároco, Sr. Albridge, junto com a beata da sua mãe lhe enfiaram na cabeça com essa religiosidade fanática é que te faz ver pecado até na própria sombra. Amar outro homem não é nenhum pecado, seu idiota, é a nossa condição. É o que de mais sublime e puro podia acontecer em nossas vidas. Você está jogando essa dádiva fora, ao recusar o amor do Joseph!
- Você não o viu em cima de mim, parecia um animal. Ele me rasgou a intimidade, deixou o fruto da sua ignomínia nas minhas entranhas para que eu tivesse que me redimir por nós dois. – sentenciou, oprimido pela educação castradora.
- Todos nós somos animais, ou se esqueceu desse detalhe? No ímpeto de finalmente te ter nos braços não duvido que tenha sido mais incisivo. Homens são assim. Machos de verdade são assim. Quando sob o estigma do desejo carnal, o macho fica todo voluntarioso, seu corpo e seus músculos se retesam, ele entra num estado governado exclusivamente por seus hormônios e, para conseguir copular e exercer sua dominação, ele não percebe a força que está empregando para nos subjugar, para nos ter rendidos e submissos. Essa pegada mais forte foi o que o Joseph usou para te conter, para que você não lhe escapasse mais uma vez, isso não foi animalesco, foi puro tesão. Eu sei que você sabe do que estou falando, pois também sente tesão num belo macho, num homem viril e musculoso, só que seu tesão te leva a desmaiar, ao invés de usá-lo a seu favor, para cativar seu homem.
- Se suas palavras fossem ditas num confessionário, você seria excomungado e mandando diretamente para o fogo do inferno. Você já se ouviu falando essas coisas? É terrível! – exclamou horrorizado.
- O fogo do inferno ardendo é você quem vai sentir ao lado de Milady O’Brien, escreva o que lhe digo! Mas, não vou mais perder meu tempo tentando mudar sua cabeça. Vejo que você está irredutível e, o preço dessa inflexibilidade você há de pagar a duras penas. – afiancei.
Algumas semanas depois, Milady O’Brien pariu um meninão rechonchudo e, que em nada se parecia com o Charles. Não fui visitá-los nem cumprimentei o Charles por algo que ele não era, um pai de primeira viagem. Tia Anne e as meninas foram até Grove para conhecer o bebê e fazer as honras, mas eu me abstive de tal hipocrisia. Dois meses depois, Charles seguiu com sua nova família para a herdade dos O’Brien, sem se despedir de mim.
Meus tios se opuseram à minha ideia de comemorar meus vinte e um anos, e eu sabia porquê. Enquanto para mim a data representava a libertação de sua soberania sobre mim, para eles significava o início de tempos difíceis, onde não mais podiam se esconder por trás do título do duque de Faringdon e, que até então, tantas portas lhes haviam aberto. Essa honraria cabia agora apenas à minha pessoa, um legado dos pais que mal cheguei a conhecer. Mesmo assim, eu insisti numa festa, estava feliz demais para me deixar influenciar pelos rancores dos meus tios. E, Dinsley Park viveu sua última grande noite de gala antes de cair no ostracismo.
Lord Richard quis que eu voltasse com ele e a família para Tottenham House, mas eu propus que fossemos, ele e eu, diretamente para Faringdon, pois nunca mais estivera lá desde que fui enviado para internato em B_.
- Faringdon é minha casa agora, não sei o que restou dela após meu tio assumir o controle do castelo e das terras. Mas, seja lá o que tiver restado, quero devolver o esplendor que aquele lugar viveu quando meus pais eram vivos e eu estava ao lado deles. Só que agora quero estar junto com o homem que eu amo, com quem quero construir uma vida. – argumentei.
- Eu estarei sempre com você! Tem razão, vamos tornar Farigndon nosso lar. Não vejo melhor escolha para vivermos nosso amor longe de invejosos, de pessoas preconceituosas e segregacionistas. – concordou ele. Quando todos os hóspedes deixaram Dinsley Park, nós estávamos de mudança.
Como eu havia imaginado, Faringdon estava abandonada a própria sorte. Alguns poucos criados fiéis tentavam manter o castelo em pé e; outras tantas famílias de fazendeiros arrendatários das terras mantinham os campos produzindo, embora desestimulados por Lord Crownbourgh espoliar praticamente tudo que produziam revertendo as colheitas, pelas quais nunca se interessou, em dinheiro a ser esbanjado sem critérios. A fachada de Faringdon tinha algumas janelas quebradas no segundo e terceiro andares, parte do telhado da ala sul havia cedido impossibilitado o uso de parte do último andar, tanto os itens mais valiosos da mobília quanto as obras de arte que revestiam as paredes e, haviam sido adquiridas zelosamente por meu avô, assim como quase toda a prataria tinham sido postas à venda em Londres por um comprador que recompensou muito bem meu tio pela aquisição. Das salas imponentes e dos quartos que faziam parte das minhas lembranças não reconheci praticamente nada. Precisei me amparar nos braços do Richard quando as lágrimas começaram a rolar pela minha face. Não só a mim meus tios haviam aniquilado durante todos esses anos, mas a tudo que meus pais construíram com seu amor puro e destemido.
- Não fique assim! Vamos reconstruir tudo isso aqui, confie em mim. – disse ele, quando me abriguei em seu peito largo e vigoroso.
- Eu sei que vamos, querido! Eu sei! Mas, eram as únicas lembranças que eu tinha dos meus pais, entende? Esta casa e o olhar doce da minha mãe para comigo ao me fazer dormir, ou as brincadeiras de meu pai, me lançando no ar e extraindo sonoras gargalhadas antes de eu cair em seus braços, onde me amparava e me dava um beijo na testa, são as recordações mais doces que me restaram deles. – afirmei.
Em dois anos Faringdon estava irreconhecível. O castelo, seus jardins, a orangerie repleta de frutos, o lago defronte à entrada principal, tudo parecia recém construído. A relação com os fazendeiros arrendatários mudou, tornaram-se nossos parceiros na produção dos campos com as novas tecnologias e implementos que o Richard e eu trouxemos para ajudá-los. A cada ano as colheitas aumentavam assim como o lucro que lhes dava melhores condições de vida. Na aldeia quase falida implantamos uma tecelagem que crescia com a produção do algodão próprio e dos nossos vizinhos. Quem nos olhava com desconfiança e reserva ao chegarmos, ia, aos poucos, nos aceitando a despeito de nunca havermos revelado a ninguém a condição conjugal sob a qual vivíamos.
No segundo outono, recebemos a visita de Lord Henry e Annabela que haviam se casado um ano antes. Annabela estava grávida, e os irmãos estavam felizes por poderem estar juntos novamente, agora que a distância que os separava havia aumentado. Foi ela quem nos trouxe notícias de Dinsley Park. Eliza perdera o marido beberão há questão de alguns meses e, precisava criar os dois filhos sozinha de agora em diante. Mary atravessara o Atlântico e não se adaptara ao novo país, ao calor infernal dos verões e à solidão imposta pelas constantes ausência do marido; embora não lhe faltasse nada de material, faltava-lhe até o mais simples olhar de compaixão. Meus tios haviam se separado. Tia Anne fora morar com uma velha tia que carecia de cuidados com uma enfermidade que a estava levando para o túmulo. Tio Grayson, procurara consolo na bebida, uma vez que as duas mulheres que trouxera de Londres não se adaptaram à vida sem glamour do campo e, não hesitaram em deixá-lo com sua rabugice. O velho Flantshire falecera no último inverno consumido por uma pneumonia, deixando a esposa sozinha e desamparada na velha casa. Só alguns fazendeiros continuavam nas terras, garantindo o pouco do que ela vivia. Não, Annabela não sabia nada sobre o Charles. Nunca mais soubera dele depois que se mudou para Tottenham House. O velho pároco, Sr. Albridge e a esposa se mudaram para onde viviam alguns parentes dela. O filho mais velho, Annabela não se recordava do nome dele, mas eu estremeci assim que ela mencionou os Albridge, fora assassinado numa emboscada ao regressar tarde da noite de uma taberna na aldeia. Disseram que foi vingança de algum marido traído, mas nada pode ser comprovado. E isso foi tudo que consegui de notícias das pessoas com as quais convivi em Dinsley Park.
Numa linda manhã de agosto, o Richard e eu tomávamos o desjejum com o sol banhando a sala de refeições quando o criado trouxe a correspondência junto a outro bule de café fumegante que o Richard havia pedido para ser substituído. Ele separou a correspondência dele e os jornais e me alcançou os quatro envelopes destinados a mim. Um deles tinha Charles Flantshire como remetente. Abri-o com avidez, tanto que desviei o olhar do Richard de sua leitura.
- É do Charles! – exclamei, ao mesmo tempo em que reavivei a memória do Richard para a pessoa.
Comecei a leitura das duas páginas com uma letra trêmula, mas o Richard pediu que eu a lesse em voz alta, pois também estava interessado no conteúdo, agora que se lembrara de quem era Charles Flantshire. O que li foi o seguinte:
Querido Carlton!
Espero que ainda possa me referir a você nesses termos. Sei que fui indelicado com você na última vez que estivemos juntos desprezando sua amizade e, creia-me estou profundamente arrependido da minha atitude. Por falar em arrependimento, não podia estar mais pesaroso. Você tinha razão quando me preveniu de que minha vida ao lado de Milady O’Brien seria um calvário. Nos odiamos com todas as forças que movem nossos corpos. Ela por ter que me suportar, eu por ter aberto mão de uma vida talvez simples, mas ao lado de quem me amava. Mathew, o filho de Milady, é a cara do pai que me lembra diariamente da infâmia a que me submeti em nome de salvar a honra dessa mulher que não vale uma única gota do meu suor. Não bastasse isso, ela espera outro filho dele. A traição aconteceu debaixo das minhas vistas e os dois se divertem às minhas custas quando peço um pouco de discrição e respeito. Aliás, respeito é o que ninguém tem por mim. Nosso círculo de amizades conhece cada detalhe da minha sina. Alguns me encaram com piedade, outros com escárnio. Hoje sei que cometi um enorme equívoco desprezando o amor que o Joseph sentia por mim. É ele quem cuida de minha mãe até hoje, talvez por compaixão, talvez porque ainda estou vivo em suas lembranças, pois Violet não me dá um único centavo a mais do que o necessário para cobrir minhas poucas despesas pessoais. Nunca serei grato o suficiente a tudo que ele fez por mim e meus pais. Sei que também não se casou e, quando a dor no meu peito parece querer me matar, sinto vontade de voltar e lhe pedir perdão de joelhos por não ter aceito o afeto que tinha por mim. Mas, lamentavelmente é tarde para tudo isso.
Não posso mudar a minha natureza. Contudo, quando tive a oportunidade de mudar a maneira como a encarava não o fiz. Guardo até hoje a lembrança do modo como o Joseph me pegou naquele celeiro, de sua pele ardendo de tesão colada à minha, de seu sexo inteiro alojado na minha carne, do doce sumo viril com o qual ele me inseminou, do seu cheiro que se impregnou sob a minha pele durante dias. Hoje são apenas recordações que dão algum alento aos meus dias de inutilidade. Se não nasci com a sua força, ao menos deveria ter aprendido com ela a traçar meu próprio caminho. Fui covarde e deixei que os outros me guiassem, e eles me conduziram à degradação e às trevas.
Soube que você e Lord Richard estão em Faringdon, que vivem vosso amor sem se preocupar em prestar contas a quem quer que seja. Se ainda puder chamá-lo de amigo, quero que saiba que lhe desejo toda a felicidade desse mundo. Você soube cultivá-la e merece os frutos que advirão dessa persistência e destemor.
Seu eterno admirador,
Charles Flantshire
O papel ainda tremia nas minhas mãos quando o Richard passou seu braço nos meus ombros e me trouxe para junto dele.
- Você o alertou. Ele desprezou suas palavras amigas e pelo visto, o amor desse Joseph. Não sofra por ele, meu amor. Não podemos viver a vida dos outros. Cada um precisa zelar por sua felicidade. – a meiguice e o cuidado com os quais o Richard me dizia isso tornava tudo mais catastrófico. Não pude ajudar meu melhor amigo a encontrar a felicidade.
Para me tirar daquela melancolia, ele propôs um passeio até as margens do Divelish que margeava parte das terras de Faringdon e onde, naquela época do ano, floresciam as minúsculas águas santas com seu tom azulado e a delicadeza ímpar de suas flores arranjadas em pequenos buquês. Era um lugar para onde gostávamos de caminhar com os cachorros, pois havíamos feito boa parte dos planos para Faringdon debaixo de uma imensa faia de tronco retorcido pelas intempéries. O sol batia exatamente na relva da margem que se elevava alguns metros acima das águas do rio, que corria manso próximo à grande curva que fazia para contornar uma colina da margem oposta. Abri o cobertor, que havíamos trazido, rente ao tronco da faia, assim podíamos nos sentar apoiados nela e admirar a paisagem. Geralmente, era o Richard que se acomodava primeiro, e me convidava a recostar minha cabeça em seu ombro. Por algum tempo ainda, ficamos comentando sobre a triste situação do Charles, pois ela não saia da minha cabeça. Teria eu feito mesmo tudo o que era possível para ele não estar nessa situação? Era a pergunta que não me dava sossego. Aos poucos, com aquela mão inquieta do Richard me apertando, fui me livrando daqueles pensamentos e chegando à conclusão de que tinha feito que estava ao meu alcance.
- Sabe que amo muito você, Lord Richard Ailesbury! – sussurrei, quando já não me importava mais com nada, a não ser, com o calor que vinha daquele corpo musculoso e másculo.
- Até sei, mas te amo cada vez mais quando ouço essas palavras saindo da sua boca, assim, sussurradas com essa paixão em ebulição. Estou a me questionar o que teria te inspirado a me confessar isso agora.
- Não adivinha? – eu deslizava as pontas dos dedos sobre os pelos de seu braço, quando ele me lançou um sorriso lascivo.
- É uma ótima sugestão para uma manhã tão linda. Já estivemos aqui tantas vezes, mas confesso que nunca me ocorreu de te pegar tão abertamente sem nada a nossa volta obstruindo a consumação da luxúria carnal. – disse ele, ao perceber o que eu desejava.
- O amor é libertino, a natureza está cansada de observar isso, já percebeu? Os passarinhos se amam à vista de quem quer que os esteja observando, assim como as raposas, como os cervos no bosque, como os cavalos e touros nos pastos, seríamos apenas mais um casal a desfrutar dessa libertinagem. – retruquei, com um olhar ladino, lambendo meus lábios de maneira tão sensual que ele começou a ter uma ereção.
Ele não perdeu tempo e começou a me despir, desabotoando minha camisa e acariciando meus mamilos, onde os biquinhos imediatamente reagiram ao seu toque libidinoso, enrijecendo-se em duas protuberâncias que ele gostava de admirar e chupar. Foi o que ele fez, enquanto eu terminava de tirar a camisa expondo ao tronco alvo aos raios mornos do sol. A boca dele não saia dos meus peitinhos, o que me fez tomar sua cabeça entre as mãos e o afagar. Meu pinto e meu cuzinho, cada um a seu modo, se preparavam para o que estava por vir. O pinto tendo uma ereção e, o cuzinho piscando feito um farol indicando aos navegantes a entrada do porto. Ele também já estava duro, como pude sentir quando deslizei minha mão sobre sua calça, o que o fez abrir as pernas para dar o espaço que seu falo estava a exigir. Deixei-o entretido com o complexo fechamento de botões da minha calça, que ele desabotoava numa impaciência crescente, distraindo-se com os beijos úmidos que dava no meu abdômen. Quando a conseguiu desabotoar e arriar junto com a ceroula, tomou minhas nádegas em suas mãos e as amassou, ao mesmo tempo em que me encarava com um brilho cobiçoso no olhar que parecia dizer – isto tudo é meu, sou o dono dessa bunda carnuda – explorando e exercendo seu domínio sobre ela. Completamente nu, deitei-me sobre ele, cuja camisa havia tirado às pressas enquanto eu terminava de me livrar das minhas roupas. Rocei meu torso em seu tronco largo e peludo, o que o ensandecia, por sentir como eu me mostrava disposto à conjunção carnal. Enquanto eu o beijava e duelava com sua língua na minha boca, ele acariciava meus glúteos e começava a abrir meu reguinho para sentir meu cuzinho piscando, ávido por seu cacetão. Ao primeiro toque sobre minha rosquinha eu gemi, sem afastar minha boca da dele. Aos poucos, fui descendo meus beijos pelo torso dele, instigando previamente, com as pontas dos dedos, a zona que ia beijar, isso acelerou sua respiração e a tornou mais profunda, distendendo seu tórax acalorado. Quando beijava sua barriga, vi uma rodela úmida se formando no tecido da calça, ele está pronto, pensei comigo mesmo, excitado a ponto de não me soltar enquanto não terminasse de foder meu cu. Essa sensação me fazia ter a exata noção do poder que eu tinha sobre ele e, que ambos conhecíamos, embora ele nunca o admitisse. Quando se encontrava nesse estado de embriaguez sexual eu podia lhe pedir a lua e as estrelas, e ele moveria montanhas e mares para colocá-las em minhas mãos. Mas, nunca fui tão exigente, me contentava com aquela pica imensa dura e babando de vontade de se alojar em mim. Ao colocar seu pauzão na boca, ele soltou um gemido longo, jogou a cabeça para trás e usufruiu dos meus lábios se movendo suavemente sobre sua glande sensível e molhada. O aroma que vinha daquela região dele me inebriava, tinha cheiro de sexo, de macho, de prazer. Brinquei demoradamente com aquele caralhão pesado e com aquele sacão viril, lambendo e chupando-os por todos os lados. Ele apenas grunhia, abria as pernas e se deixava lamber e cheirar no que tinha de mais sensualmente avantajado.
- Fico com um tesão da porra quando você brinca tão espontânea libertinamente com o meu sexo. – rosnou ele, afagando meus cabelos. – Também amo a maneira como gosta da minha porra, você parece que a idolatra. – emendou, com a pica tão dura que eu mal conseguia movê-la, exceto deslizar um pouco o prepúcio para baixo expondo o restante da cabeçorra que ele cobria.
- Você disse bem, eu idolatro! Adoro seu esperma, a consistência cremosa dele, seu cheiro almiscarado, seu sabor amendoado, selvagem e másculo. – confirmei.
- Quando te tenho em meus braços como agora, te ouço dar um depoimento tão íntimo, me sinto o mais realizado dos machos, por que sei o quanto me ama. – murmurou, sorrindo cândido para meu rosto tomado entre suas mãos.
Chupei-o com tanto empenho e devoção, ao mesmo tempo em que massageava seus testículos que ele não reteve o gozo por muito tempo. Exigiu, como sempre fazia, que eu o encarasse enquanto engolia sua porra, que ele ejaculava diretamente na minha boca só para me ver deliciado com seu néctar.
- Agora vem cá meu maridinho-não-macho, que você vai levar essa rola que acabou de drenar até pedir arrego. – grunhiu, deitando-me de bruços e abrindo minhas pernas para facilitar seu acesso ao meu rego constrito pelas nádegas polpudas.
Eu gostava de deixá-lo excitado daquela maneira, porém, sempre me aflija um pouco com essa sanha primal que se apossava dele, pois era inevitável que antes de ouvir meus ganidos ele não pesasse a força e brutalidade com as quais partia para cima do meu cobiçado cuzinho. Ele ainda não estava nesse estágio, lambia minha rosquinha afoitamente para chegar a ele, o que me fazia gemer e quase implorar para que me possuísse, me penetrasse, mesmo que destemperadamente, uma vez que minha pelve clamava desesperadamente por ele. Quando cravava seus dentes nos músculos rijos dos meus glúteos, ele metia um dedo meu cu e o fazia rodopiar dentro do anelzinho apertado; nada mais o detinha; uma vez que sentia que eu já estava completamente rendido à sua vontade.
- É seu macho que você está precisando, meu amor? – sussurrou junto ao meu ouvido, esfregando seu corpo pesado sobre o meu.
- Ai, Richard, eu te amo! – exclamei, balbuciando excitado aquele nome que representava o que eu tinha de mais valioso na vida.
Ao forçar a cabeçorra sobre a minha rosquinha anal, eu empinei a bunda e ele meteu o caralhão em mim. Esse início era sempre tenso, meu desejo aflorado me fazia abrir os esfíncteres, mas quando essa abertura se mostrava insuficiente para aquela tora de carne que queria entrar em mim, eu os travava, já tarde demais para evitar sua penetração. Entalado no meu rabo, o Richard esperou até eu conseguir relaxar, sublimar a dor e me mostrar disposto a levar seu cacete no cu. Uma reboladinha sutil assinalou que eu estava pronto, e ele enfiou mais um tanto daquela rola grossa em mim, me obrigando a gemer. Isso o deixava louco de tesão. Na segunda estocada ele conseguiu meter tudo no meu cu. Seu sacão estava preso no meio das minhas nádegas quentes do jeito que ele gostava, pois pareciam estar abraçando seus culhões. Fui me erguendo aos poucos, e ficando de quatro, ele continuava agarrado ao meu tronco, mordendo meu cangote e bombando meu rabo feito um alucinado. Eu gania e a brisa levava o som do meu prazer para dentro daquela paisagem idílica. Toda a minha região pélvica começou a se retesar, algumas estocadas atingiam minha próstata e me faziam soltar gritinhos de dor. Em segundos, ao olhar para meu pinto que balançava solto, vi minha porra esvoaçando para todo lado. O vaivém rítmico e intenso continuava levando aquele macho querido a sentir a plenitude de seu poder. Ao sacar abruptamente a pica do meu cu, eu voltei a gritar, pois a passagem daquela cabeçorra detonava meus esfíncteres. Ele me deitou de costas, abriu minhas pernas que formavam um V erguidas do ar, se encaixou nelas e tornou a meter o cacetão do meu cuzinho, enfiando-o até o talo. A meteção apressada continuou, ele me encarando com seu sorriso amoroso e eu esticando meus braços para envolvê-lo junto ao meu corpo. Quando o beijei e acariciei suas costas largas, ele gozou, liberando seus jatos de porra nas minhas entranhas.
- Dizem que só as mulheres conseguem satisfazer plenamente um homem. Cada vez que faço amor com você essa afirmação se torna mais infundada e falsa. Não posso estar mais satisfeito do que estou agora, e foi com você que aprendi isso. – balbuciou ele, com a respiração agitada, enquanto se deixava acariciar no rosto resplandecendo felicidade.
- Talvez seja por que meu amor por você é imenso. – murmurei, exausto por servir aquele macho vigoroso.
- Ou, porque eu te amo mais do que tudo nessa vida! – revidou.
Foto 1 do Conto erotico: Romance georgiano - Final


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Comentários


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lordricharlen Comentou em 31/07/2020

Gostei de quase todos os destinos só do Charles que eu não gostei do resto, adorei parabéns pela história.

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morsolix Comentou em 26/07/2020

Não sei chamaria de conto.Mas série?Uma pequena novela? Seja como for, bem escrito,bem coordenado com os acontecimentos.A homossexualidade na Inglaterra era crime.Mas,vc escreveu de forma brilhante.Votado.

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tomboy Comentou em 26/07/2020

Muito lindo mas não deixei de ficar triste pelo fim que teve o Charles.




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Ficha do conto

Foto Perfil kherr
kherr

Nome do conto:
Romance georgiano - Final

Codigo do conto:
160493

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
24/07/2020

Quant.de Votos:
6

Quant.de Fotos:
1