Nada como um cuzinho para dobrar um macho reticente
Nada como um cuzinho para dobrar um macho reticente Não que eu fosse um daqueles viados que mal conseguem colocar o olho em cima de um macho para que o cu comece a piscar, mas ele parado ali diante do meu portão com seus 1,90 metros de altura, músculos transbordando para todo lado por debaixo da camiseta encharcada, a chuva gotejando dos cabelos em desalinho e descendo pelo rosto másculo de barba hirsuta era uma verdadeira miragem para alguém como eu. Foram os meus cães que me alertaram sobre a presença dele, uma vez que o temporal havia cortado a energia e silenciado a campainha. - Entre! – berrei da varanda, enquanto controlava a inconformidade do Max e do Luca com estranhos. - E os cães? – devolveu ele, visivelmente temeroso daqueles dois colossos pouco amistosos. - Estão sob controle, não se preocupe! – ele atravessou o portão com cuidado, deixou-o aberto para o caso de uma fuga se fazer necessária e, se aproximou cauteloso. A cada passo na minha direção, meu tesão aumentava. Nunca tinha sentido algo parecido antes, com nenhum outro homem, e atribuí ao longo tempo que meu cuzinho não sentia uma pica, aquele calor que começava a queimar dentro de mim. - Boa tarde! – sua voz emergia gutural daquele tórax imenso num ribombar manso, o que me deixou de pernas bambas. Me senti ridículo. Onde já se viu ficar nesse estado de comoção só porque tinha um macho daqueles debaixo das minhas vistas? - Boa tarde! – mais essa, a voz saiu gaguejada. Se ele fosse um sujeito perspicaz já teria notado quanto eu estava impressionado com ele. Era tudo o que eu queria evitar. - Me desculpe pelo incomodo. Sou seu novo vizinho, estou construindo aqui ao lado e minha caminhonete não quer pegar. O celular descarregou e não tenho como chamar um guincho para me levar até a cidade, seria possível você chama-lo para mim? – explicou. - Claro! Muito prazer, Erick! Mas, saia dessa chuva homem! – devolvi solícito e, com certeza, com um sorriso tolo de encantamento na cara. - Marcos, prazer! É a lei de Murphy! Tudo que podia dar errado hoje, deu! E, para completar, agora mais essa tempestade. – sentenciou ele. Pelo tom de sua voz dava para notar que um dia malogrado não era a única coisa que o atormentava. Essa era mais uma arapuca que eu precisava evitar, devido à minha tendência de querer bancar o bom samaritano para todo macho com aquela cara de desemparo que seus lindos e penetrantes olhos castanhos tinham. - Vamos entrar, você está todo molhado, vai acabar se resfriando. - Não é preciso, não se preocupe! Vou molhar e sujar todo o chão com minhas botas enlameadas. – justificou. - Deixe de frescura! Entre! Vou providenciar uma toalha enquanto você faz sua ligação. O telefone é ali. – apontei, antes de sair em busca de uma toalha. - Mais essa! Só tem um funcionário na oficina e como já está no final do expediente, ele disse que não pode vir fazer o resgate hoje. – disse ele, ao tomar com relutância a toalha que eu lhe estendia. - Posso te levar até a cidade se você quiser. – prontifiquei-me. Qualquer coisa que prolongasse sua presença ao meu lado seria benvinda. - Seria um enorme favor. Tem certeza que não vai ser um incomodo? - Claro que não! Será um prazer! Me dê um instante, vou pegar as chaves do carro e fechar a casa. - E há necessidade disso? Com essas duas feras me parece que você não tem problemas de segurança. – afirmou, uma vez que o Max e o Luca não se afastavam dele e o mantinham sob estrita vigilância. - São dóceis, estão apenas avaliando suas intenções. - Pois bem meus amigos, garanto que só estou à procura de ajuda. – disse ele, tentando se mostrar descontraído ao lado deles. O temporal que tinha começado no meio da tarde e, não dera trégua até então, havia deixado a estrada de terra que levava à cidadezinha em condições mais precárias do que já era seu habitual. Nem a tração 4x4 me serviu de solução para superar um aclive íngreme cheio de pedras na crista formada entre as duas valas cavadas pelos pneus dos raros carros que passavam por ali. O lamaçal que havia se formado com a poeira solta das últimas semanas de secura era tão espesso que não permitia a aderência dos pneus e, a camionete escorregava contra o barranco alto que margeava a estrada naquele ponto. - Não adianta, não vai subir! – afirmou o Marcos. – Vai acabar danificando a pintura se raspar no barranco. Consegue manobrar nesse espaço estreito? - Tenho que conseguir. – minha cabeça já estava longe dali. Eu só pensava que o destino estava me dando um enorme presente, colocando aquele macho tesudo debaixo do meu teto por uma noite inteira. - Só que da maneira como está fazendo só vai conseguir nos jogar pela ribanceira abaixo. Deixe que eu faço isso! – eu não era um mau motorista, mas com ele ocupando meus pensamentos, estava me saindo pior do que um amador. Não demorei a descobrir o quão turrão o Marcos era. Convencê-lo a aceitar dormir no quarto de hóspedes ao invés da cabine de sua picape exigiu mais diplomacia do que um armistício de dois países em guerra. Ceder aos meus argumentos sensatos parecia deixá-lo desconfortável. Tentei controlar minha ansiedade em querer agradá-lo para não dar bandeira, mas ele parecia enxergar tudo o que eu queria esconder, meu descarado interesse em sua virilidade exorbitante. Acomodei-o no quarto extra tão zelosamente quanto o estava fazendo no meu coração, o que era a prova inequívoca de minha carência amorosa, que já durava mais do que dois longos anos desde que terminei com meu último namorado. O Marcos ficou visivelmente incomodado quando entrei no quarto pouco antes de me recolher, flagrando-o sentado na cama apenas com a toalha de banho enrolada na cintura, as imensas e vigorosas pernas abertas e uma visão fugaz que tentei disfarçar tão logo meus olhos viram aquela benga gigantesca e aqueles culhões peludos debaixo dela. - Está bem acomodado? Precisa de mais alguma coisa? Fiz um chá bem quentinho, vai te ajudar a relaxar e dormir como um anjo, pois acredito que você teve um dia terrível. – sentenciei, para não deixar transparecer o quanto aqueles genitais imensos tinham me impressionado. - Está tudo bem, obrigado! Lamento estar dando todo esse trabalho. – devolveu ele, fechando um pouco as pernas e ajeitando a toalha de modo a esconder aquele caralhão sensual. - Não faça cerimonia, é um prazer tê-lo aqui! – eu devia medir minhas palavras, pensei comigo, assim que tinha soltado a frase, mas já era tarde para isso. Assim como sabia que aquele prazer certamente não me deixaria pregar o olho naquela noite. Controle-se sua bicha assanhada! Era tudo o que meu juízo me aconselhava. Na manhã seguinte o humor do Marcos parecia não ser dos melhores. Ele falou pouco durante o café que lhe servi, usando frases curtas e sem nenhuma emoção decifrável na voz. Ele asseverou que tinha tido uma noite maravilhosa, mas sua expressão não demonstrava o que suas palavras afirmavam. Pareceu-me, ao se despedir com tudo arranjado para que viessem guinchar sua picape, que ficar sob o mesmo teto que eu tinha lhe custado o mesmo que passar a noite numa cela de prisão. Não sei porque fiquei tão magoado ao constatar isso, talvez as lembranças de outras rejeições do passado que tinham me ensinado muito sobre o preconceito das pessoas com os homossexuais, embora não fosse nada fácil notar isso no meu comportamento. Não parecia ter muita importância a discrição com que guiava meus atos, os homens, especialmente aqueles machos inequívocos, tinham um faro para detectar um gay a quilômetros de distância e; costumavam reagir primordialmente de duas maneiras, afastando-se com veemência ou, aproveitando-se para promover o escárnio e o deboche, particularmente, quando na presença de outros. O Marcos fazia parte do primeiro grupo, concluí ao me despedir dele com aquele agradecimento regido mais pela educação do que pela amizade, mesmo que desinteressada. Minha magoa com sua reação não durou mais do que algumas horas. Eu era tolo o suficiente para deixar de lado a desfeita que faziam comigo para voltar a ser tão generoso como se nada me ferisse. Suspeitando que o Marcos devia estar envolvido com sua obra e, portanto, sem tempo ou condições de ir até a cidade, resolvi aparecer por lá com um almoço quase fumegando. Como previ, ele estava às voltas com o manuseio de uma retroescavadeira numa clareira aberta recentemente entre o arvoredo que dominava o terreno. Apesar do terreno onde se situava a minha casa ser grande eu sempre me imaginei adquirindo aquele lote vizinho, tanto para aumentar o isolamento do qual eu tanto gostava, quanto pelo fato de ser uma propriedade coberta por um bosque visitado por uma fauna privilegiada; porém, a grana nunca deu para tanto. Todas as propriedades com aproximadamente 20.000 metros quadrados ao longo da estrada de terra na zona rural situada a 24 quilômetros da pequena cidade eram cobertas por árvores centenárias, onde os amantes da natureza tinham instalado umas poucas e esparsas casas, promovendo o isolamento social que quase todos ali procuravam. Os 600 metros que me separavam do lote do Marcos nos tornou os vizinhos mais próximos. Ele não deu muita atenção à minha presença, terminou de aplainar um trecho do platô no qual pretendia erguer a construção, sem sequer me dirigir um bom dia. Talvez porque já o tivesse feito pela manhã, achou que seria desperdício se mostrar mais amistoso para comigo. - O maquinista não apareceu, então resolvi eu mesmo tocar o serviço. – disse ele, quando desceu da máquina e veio ter comigo. - Eu não sabia se você tinha conseguido ir até a cidade para resolver o problema da picape e também resolvi te trazer o almoço achando que não tivesse como fazer uma refeição decente. – expliquei, ao lhe entregar o farnel. - Como você pode ver, até o momento o guincho também não apareceu. Não tive como ir à cidade. – explicou. - Já ligou novamente para eles esta manhã? - Sim, ficaram de aparecer, mas até agora nada. Estou perdendo a paciência com essa gente. Não posso ficar preso aqui por mais uma noite. – afirmou. - Claro que não! Mas, se precisar pode ficar lá em casa. - Obrigado, mas não será necessário. Também não devia ter se incomodado com o almoço. - Não me custa nada! Fico feliz em poder ser útil. Não devia haver mais pessoas te ajudando nessa obra? - Dois amigos ficaram de me dar uma força, mas também não deram sinal de vida. Não tenho como bancar a contratação de muita mão-de-obra, por isso, terei que fazer muita coisa sozinho. – explicou. Eu já ia me prontificar a ajudar, embora não entendesse absolutamente nada de construções, mas achei melhor não me mostrar tão disponível, uma vez que minha presença parecia não ser de seu completo agrado. O Marcos devorou a comida, devia estar faminto, pois haviam se passado muitas horas desde que tomara café comigo naquela manhã. E, manter aquele corpão não devia ser tarefa fácil para quem não fosse um bom garfo. No final da tarde fui fazer meu costumeiro passeio com os cães pelos arredores e, desta vez, tinha um destino certo, o meu novo futuro vizinho. Fiquei decepcionado ao não ver a picape ou outro qualquer sinal de vida. O Marcos devia ter conseguido que guinchassem a camionete e devia ter seguido para a cidade. No caminho de volta, fiquei incomodado por me sentir tão atraído por aquele homem, como se ele fosse um poderoso imã que me fazia querer estar junto dele. Afinal, apesar das minhas gentilezas, ele não parecia disposto a travar nenhum tipo de relacionamento comigo, mesmo que esse se limitasse a uma mera amizade entre vizinhos. No dia seguinte, ouvi o barulho da retroescavadeira em plena atividade logo pela manhã. Meu primeiro impulso foi o de me dirigir até lá. Mas, com que desculpa? Simplesmente aparecer por lá daria a impressão de eu ser um bisbilhoteiro. Controlei minha ansiedade até a tarde quando, finalmente, criei coragem e, se fosse questionado, daria como desculpa o fato de estar dando meu passeio rotineiro com os cachorros. Além do maquinista, havia mais um sujeito de meia idade ajudando o Marcos, Gomes, foi como ele se apresentou. O platô onde a casa seria implantada já estava praticamente concluído. Eles se encarregavam de abrir outra clareia próxima para descarregar os materiais de construção. - Hoje deram uma boa adiantada, não foi? Conseguiu consertar a picape? – perguntei, ao me aproximar do Marcos, que não parou o que estava fazendo para conversar comigo. - Sim. Está tudo bem encaminhado. – respondeu, apenas para não me deixar ali plantado feito bobo. - Há algo que eu possa fazer para te ajudar? – arrisquei - Não, obrigado! – foi o que verbalizou, embora eu quase podia jurar que no íntimo teria dito a si mesmo – Sim, o favor de me deixar em paz e sair daqui – tal foi a frieza com que se dirigiu a mim. Resolvi esquecer toda aquela história. Não pareci mais na propriedade embora não encontrasse um minuto de sossego sem pensar naquele homem. Já me sentia um psicopata incapaz de me livrar de uma ideia fixa. Acabei jurando a mim mesmo que nunca mais voltaria a procurar pelo Marcos e, que faria até o impossível para tirá-lo dos meus pensamentos e dos desejos inconfessáveis que sentia por ele. Durante um mês, as coisas correram exatamente dessa forma e, meu foco já não era mais naquele vizinho sedutor. Depois disso, encontrei-o casualmente numa loja de materiais de construção na cidade, onde estava adquirindo um reparo para uma válvula de descarga que dera problema. - Não sei se sou capaz de fazer a substituição da peça, não me parece algo tão simples quando o senhor está explicando. – disse eu, ao balconista que tentava me ensinar como consertar a válvula. – O senhor não teria um encanador que pudesse fazer o reparo para mim? – perguntei, ciente de que não daria conta do conserto. - Posso lhe dar uns contatos, mas não creio que será fácil encontrar alguém disposto a percorrer toda essa distância para algo tão simples. E, se encontrar, vão lhe cobrar uma fortuna pelo conserto. – avisou. - Paciência! Sei que não sou capaz de fazer isso sozinho. – o Marcos ouviu nossa conversa a alguns passos de distância, mas não se manifestou. Esperei por mais de uma semana, sem sucesso, que alguém viesse fazer o conserto. Estava eu mesmo indo buscar um encanador na cidade quando tive que parar na estrada em frente à entrada do meu vizinho, para que um caminhão carregado manobrasse no acesso estreito. - Bom dia! – exclamou o Marcos enfiando a cara pela janela da picape. Miraculosamente, havia um sorriso no rosto barbado dele, o que o deixava ainda mais sedutor. - Bom dia! – respondi, tentando não me impressionar com esse súbito acesso de gentileza. - Faz semanas que não o vejo. Não tem passeado com os cães? - Sim, tenho, como de costume. – respondi com indiferença - Já consertaram a válvula de descarga? - Não! Estou exatamente indo até a cidade para ver se consigo trazer alguém para o conserto. - Posso dar uma olhada e ver se conserto para você, não precisa ir tão longe só por conta disso. - Obrigado! Não quero atrapalhar seu serviço, já deve ter o suficiente com que se preocupar. – eu usaria a mesma tática que ele, uma vez que precisava esquecer da existência dele. - OK, então! Boa sorte! - Para você também! Até outro dia! – ele percebeu que havia me magoado. Da estrada já se podia ver ao longe, no alto do platô, as paredes da construção crescendo nas semanas seguintes. O início da primavera trouxe consigo muita chuva e, de repente, a obra parecia estagnada. Eu quase não dava mais importância ao que via ao passar na estrada, até o dia em que me deparei com três barracas, dessas de camping, montadas ao lado da obra e, para meu total espanto, dois garotinhos correndo na chuva fina e fria de uma tarde na qual retornava das compras na cidade. Fiquei imaginando o que estaria por trás daquele acampamento improvisado e, na manhã seguinte, enquanto passeava com os cães, a resposta surgiu. Os dois garotos estavam junto à entrada da propriedade, cutucando com pedaços de galhos a água da chuva do dia anterior que havia se acumulado na valeta que margeava a estrada. O Max e o Luca correram curiosos na direção deles assim que os avistaram. Para meu espanto nenhum dos garotos se assustou com o tamanho dos cães vindo em sua direção. Antes de se aproximarem demais dos garotos, eles olharam na minha direção para se certificar de que podiam se aproximar daqueles estranhos. Por via das dúvidas, temendo que os garotos entrassem em pânico e saíssem correndo, eu os mandei sentar e, apesar da curiosidade em abordá-los ser maior do que a vontade de seguir minhas ordens, eles o fizeram; tão educadamente que os garotos ficaram impressionados e voltaram sua atenção para aqueles dois peludos gigantescos. - Olá! Não precisam ter medo, eles só estão curiosos e querendo brincar. – avisei. Os garotos logo se aproximaram de mim. - Qual o nome deles, tio? – perguntou o maiorzinho - Este é o Max e este é o Luca! E vocês como se chamam? - Eu sou o Paulo e ele é o Pedro. – respondeu o menor, colocando sua mãozinha na minha perna para garantir que estava realmente seguro ante o assanhamento dos cães que os cercavam empolgados em cheirá-los. - O que estavam fazendo com esses galhos? - Pescando! – exclamou o maior, já deslizando sua mão pelo dorso dos animais. - Ah! E já pescaram muitos peixes? – brinquei. - Não! Eu falei para o Paulo que não tinha peixe nessa água. - Tem sim! – retrucou o menor em sua ingenuidade. - Talvez só tenha peixes na lagoa lá adiante, onde represaram o riacho. Aqui só tem água da chuva de ontem, se fizer sol o dia todo, até o final da tarde vai estar tudo seco. – afirmei, ante os olhares fixos em mim. - O que estão fazendo aqui? Eu já não avisei que não quero que vocês venham sozinhos até a estrada? – questionou o Marcos, mostrando-se zangado com os garotos. - Estávamos pescando, mas ele disse que não tem peixes aqui, é verdade, pai? – perguntou o Paulo. - Oi! – cumprimentou o Marcos, esboçando um sorriso educado e um tanto constrangido na minha direção. – É sim, filho! Isso é água que acumulou da chuva de ontem, não tem peixes aqui. – disse, passando a mão na cabeleira do menino. - Viu? Eu não disse? – indagou o Pedro, querendo se mostrar mais sabido que o irmão. - São dois lindos garotos! – exclamei sincero, embora ao ouvir o Paulo chamando-o de pai, um balde de água fria tivesse caído sobre a minha fugaz ilusão de que algo pudesse vir a rolar com aquele macho. Se havia filhos, havia esposa, simples assim. E, portanto, para variar, os mais interessantes e promissores já tinham dono. Era sempre assim. - Obrigado! Estão numa fase onde é difícil mantê-los sob controle. – afirmou. - Nem chegaram à adolescência, aí você vai ver o que é não ter controle absoluto sobre nada. – zombei. - Tem razão! – exclamou, distraindo-se ao observar como os meninos corriam contentes ao lado dos cães de um lado para o outro. – Faz tempo que você não aparece. – comentou, sem olhar na minha direção. - Andei um pouco ocupado, mas tenho feito meus passeios regularmente. Os cães precisam de muito espaço para se exercitar. – devolvi, feliz por ele notar minha ausência. - Conseguiu consertar a válvula de descarga? – era impressão minha ou ele estava querendo esticar aquela conversa? - Sim, já. Consegui trazer um encanador que fez o reparo. É um pouco estressante quando se precisa de alguém para essas coisas, pois o pessoal não quer se deslocar tão longe. – afirmei. - Estou sentindo isso na pele! Não consigo quem me ajude e, muitos, apesar de combinarem, acabam não aparecendo. – havia um tom de desânimo em sua voz cansada. - Se você não se incomodar, posso ajudar com algumas coisas. Não sou um faz tudo, mas me viro bem com algumas coisas. É só me avisar. - Obrigado! Mas para quem não consegue consertar uma simples válvula, não sei se vai me servir de muita coisa! – eu não gostei do tom cínico em sua voz. - Você é quem sabe! Sabichões como você conseguem se virar muito bem sem a ajuda dos outros! – devolvi irritado. - Você é viado? Se ofereceu para me levar à cidade quando a picape deu problema, me fez um jantar, fez questão que eu dormisse em sua casa, olhou para o cacete como se tivesse encontrado um tesouro, qual é? Está querendo dar para mim? – a objetividade dele me desestruturou e, por uns instantes, corei, não por timidez, mas de raiva por aquele sujeito ser tão arrogante. Respirei fundo antes de responder com toda a calma que consegui imprimir à voz. - Sou! Sou viado, sim! Porém, as coisas que mencionou eu fiz por gentileza, querendo apenas ser útil, sem nenhum outro interesse. E, ainda respondendo sua pergunta, não. Não quero dar para você. Não é pelo fato de ser homossexual que sou a fim de dar para qualquer um. É preciso que o cara seja uma pessoa com méritos, valores e, muito macho para eu me interessar minimamente por ele E, você definitivamente não é o homem para quem vale à pena a gente se entregar. – meu olhar fixo nele e a firmeza das minhas palavras o deixaram desconcertado. - Pois se nalgum momento você achou que podia rolar alguma coisa, pode tirar o cavalo da chuva! Meu negócio é outro! – exclamou, irritado por eu ter desfeito de sua masculinidade. - Não se preocupe! Você não corre esse risco! – devolvi, ao mesmo tempo em que chamava os cães para sair da frente daquele sujeito intragável. Tremendo de raiva a caminho de casa, cheguei à conclusão que o Marcos era mais um daqueles heterossexuais inseguros de sua masculinidade que precisam manter distância dos homossexuais e, provar à toda hora, por meio de palavras ofensivas ou chacotas o quanto a presença de um os intimida. Sujeitos assim, por mais tesudos que sejam, não valem nosso sofrimento, muito menos um quinhãozinho sequer do amor que temos para dar. Quando achei que estava livre de qualquer contato com o Marcos, me aparecem levando os cães a uma agitação desmedida, o Paulo e o Pedro pouco antes da hora do almoço. Os garotos já estavam na porta da cozinha quando fui verificar porque o Max e Luca estavam latindo tanto. - Oi, tio Erick! – cumprimentaram simultaneamente com seus sorrisos infantis. – Podemos brincar com o Max e o Luca? - Oi, meninos! Podem, claro que podem! Mas, seu pai sabe que vocês estão aqui? – eu queria evitar qualquer mal-entendido e mais um desentendimento com aquele bronco. - Não! Ele foi para a cidade hoje de manhã e ainda não voltou. – esclareceu o Pedro. - Vocês estão sozinhos? Não ficou ninguém com vocês? – o babaca aqui já estava outra vez preocupado com coisas que não lhe diziam respeito, mas não conseguia evitar de se certificar sobre a segurança daqueles garotos que, afinal, além de não terem culpa de nada, eram duas figurinhas muito doces. - O tio Gomes ficou com a gente, mas ele só fica trabalhando e disse que não tinha tempo para brincar com a gente, por isso viemos brincar com o Max e o Luca. – disse o Paulo em sua vozinha atrapalhada. - Ah, tá! – exclamei, pensando no quão relapso era aquele pai que deixava as crianças por horas nas mãos de um empreiteiro, ou seja lá o que o Gomes era. – E vocês já almoçaram? - Não! – foi outra resposta em uníssono. - Então vamos fazer o seguinte, primeiro vamos almoçar, depois vocês brincam com os cachorros, está bem assim? - O que vai ter de comida? – perguntou o Paulo, enquanto o Pedro, mais inibido, limitou-se a repreender o irmão menor pela pergunta. Pelo apetite com que esvaziaram os pratos, fiquei me questionando desde quando aqueles garotos não tinham uma refeição descente. No meio da tarde nova chuva veio atrapalhar a correria deles pelo gramado ao redor da casa e, precisei convencê-los a entrar na base do suborno com alguns chocolates. A tarde caminhava para o fim, a chuva havia cessado e ninguém veio perguntar pelas crianças. Fiquei tão preocupado que os levei até a obra. - Por onde vocês andaram, garotos? Seu pai não falou que não era para vocês saírem de perto de mim? Eu já estava procurando por vocês. – afirmou o Gomes, quando me viu chegando com os meninos. - Boa tarde, Gomes! Eles apareceram lá em casa esta manhã para brincar com os cães. Eu estranhei que ninguém veio atrás deles. – esclareci. - O Marcos foi até a cidade resolver uns problemas, e eu fiquei de cuidar deles, mas com a chegada de outros materiais e, tocando o serviço sozinho me distraí por uns tempos e só dei pela falta deles quando começou a chover. – disse ele. Isso foi há mais de quatro horas, pensei comigo, já pronto para censurá-lo pelo desleixo, quando a picape do Marcos surgiu no acesso lamacento. - Ainda bem que você chegou, preciso ir para casa. Ele acaba de trazer os garotos que me deram um susto esta tarde, desaparecendo sem dizer nada. – afirmou o Gomes, quando o Marcos desceu da camionete e se juntou a nós, sem me cumprimentar. - Como assim? O que foi que vocês aprontaram? – questionou, deixando os garotos assustados pelo seu tom de voz ríspido. - Eles foram até a casa do, desculpe, eu esqueci o seu nome. – começou o Gomes, dirigindo-se a mim. – Eles foram brincar com os cachorros do Erick, e ele acaba de trazê-los de volta. – continuou. - O que foi que o pai falou antes de sair? Vocês estão precisando de uma boa surra para prestar atenção quando eu falo alguma coisa. – sentenciou ameaçadoramente o Marcos na direção dos meninos apavorados, ao notarem que ele tirava o cinto da cintura. - Você não vai fazer uma barbaridade dessas, não é? – questionei, encarando-o furioso. - Eles precisam aprender a se comportar. – retrucou o Marcos. - São duas crianças que foram deixadas sem cuidados! E, é delas que você vai cobrar um comportamento responsável? Reveja seus conceitos! – esbravejei, irritado com a truculência dele. - Vai querer me ensinar como devo educar meus filhos? Só me faltava essa! Se quiser cuidar de filhos, tente fazer os seus próprios, se conseguir! Mas, não me venha querer dar lição de moral! – retrucou irado. - E quem é você para questionar a minha moral, se não é capaz nem de dar um mínimo de atenção aos seus filhos? Você é o sujeito mais estúpido que já encontrei na vida! Um ogro que pensa que alguém interessado em te ajudar também está interessado em fazer sexo com você! Desça desse pedestal de macho inquestionável e trate de virar gente! – revidei. - Meta-se com o que é da sua conta e não venha me aporrinhar com sua opinião que, para mim, não vale nada! O intrometido e bisbilhoteiro aqui é você! Cuide de sua vida e deixe a minha e dos meus filhos em paz! – berrou, perdendo as estribeiras. O Paulo começou a chorar com a fúria do pai e veio abraçar minha perna desolado. - Calma, Marcos! Eles estavam seguros com o Erick. Foi até bom, assim não tomaram chuva e eu pude me ater ao serviço. – ponderou o Gomes. - Sei que não é sua responsabilidade cuidar dos garotos, mas eu te pedi expressamente para vigiá-los, será que nem isso deu para fazer direito? – descarregou o Marcos. - Bem, eu vou indo! Vê se esfria a cabeça! – exclamou o Gomes, quando foi em direção ao seu carro. Eu o acompanhei, pois queria sumir dali. - Que sujeito intragável! É um irresponsável e quer jogar a culpa nos garotos, onde já se viu. – argumentei, enquanto fazíamos a curta caminhada juntos. - Não o censure tanto, a vida não tem sido fácil para ele. O que está fazendo é reagir feito um animal ferido, rosnando e dando coices para todo lado. O Marcos é um homem bom, tem um coração imenso, só está numa fase ruim da vida. – afirmou o Gomes. - Se não for incomodá-lo, podemos tomar um café lá em casa e você me fala mais do Marcos, pode ser? – indaguei, uma vez que a curiosidade havia sido despertada em mim e, eu não queria ser injusto com quem talvez não fosse tão mau quanto eu pensava. - Claro, será um prazer! Só não posso me demorar. - Prometo, que será breve. Enquanto degustava sua xícara de café, o Gomes me contou a história do Marcos, ao menos o quanto ele sabia. Ele e esposa, que agora estava cuidando de uma irmã doente em outro Estado, tinham sido vizinhos do Marcos e da esposa na cidade. Os meninos ainda eram bem menores quando ela o abandonou com as crianças por um amigo dele. Depois de quase dois anos entrou com um pedido de divórcio litigioso, pleiteando a casa onde moravam, mas não fazendo nenhuma menção de ficar com as crianças, uma vez que o sujeito com quem fugiu não queria assumir a paternidade alheia. Minha esposa e eu demos todo o suporte que podíamos a ele, cuidando dos meninos como se fossem nossos netos, uma vez que consideramos o Marcos como um filho. Ele foi obrigado a vender a casa e dar a metade para a mulher, passando a morar de aluguel, pois o dinheiro não deu para adquirir outra. Com o que restou ele comprou esse terreno afastado e resolveu fazer uma casa alternativa, usando materiais reciclados e optando por uma construção não convencional para economizar dinheiro. Sem conseguir contratar mão-de-obra especializada, está tentando ser carpinteiro, serralheiro, pedreiro, telhadista e tudo o mais que a obra está exigindo, sendo que nunca trabalhou nesse ramo. Ele é corretor de imóveis lá na cidade, sempre trabalhou com isso. Uns amigos ficaram de dar uma força, mas não aparecem na regularidade necessária para que a obra avance. Eu me dispus a ajudar no que posso, minha idade e um problema nas costas não me permitem ser muito útil. Há pouco, o proprietário pediu a casa que ele estava alugando e, por isso, precisou se mudar. Foi quando resolveu economizar trazendo os garotos para morar nessas barracas improvisadas. Eu tentei tirar essa ideia da cabeça dele, mas garanto, não é fácil lidar com ele. Antes da minha esposa ir cuidar da irmã, estávamos cuidando dos meninos, só que agora não deu mais, pelo menos até que ela esteja de volta. - Parece que a vida está sendo pouco condescendente com ele, lamentável! – exclamei. - Por isso, não se zangue com a dureza das palavras dele, ele não as profere do coração; apenas reage, como eu disse, feito um animal chucro. Há quatro anos atrás, antes disso tudo acontecer, ele era um sujeito muito divertido e boa gente. – asseverou. – Também não desista de ajudá-lo, se puder e quiser. Já presenciei os bate-bocas que vocês tiveram e, garanto, que ele não o faz por mal. Acho que ele acabou encontrando em você alguém que o questiona e não o trata como um coitadinho e, pelo visto, não está sabendo como lidar com essa situação. – garantiu. Havia passado um pouco das 08:00 horas da noite, eu estava entretido com a leitura de um livro sentado na poltrona no meu canto preferido da sala com o Max e o Luca enrodilhados aos meus pés quando ambos levantaram as cabeças em alerta e latiram, antes de eu ouvir alguém batendo à porta. Pelo visor consegui identificar apenas o Marcos parado diante dela, respirei fundo me preparando para o que achei que ia ser mais um embate, mas ao abri-la, vi que os meninos estavam diante dele, o Paulo segurando um galho seco onde um lenço branco estava amarrado à ponta. Precisei rir da cena e, especialmente da carinha do garoto que me encarava como se não soubesse exatamente para que estava com aquela coisa ridícula na mão. - Oi, tio Erick! – cumprimentou ele, enquanto seus olhos não perdiam tempo procurando pelos cães. - Oi, meninos! Marcos! – devolvi, deixando os garotos passarem antes que fossem derrubados pela excitação do Max e do Luca. - Vim me desculpar pela grosseria dessa tarde. Posso entrar? – perguntou o Marcos, estendendo uma garrafa de vinho na minha direção. - Entre! – o safado se valeu dos garotos para eu não o botar para correr, concluí. O que certamente eu teria feito se não tivesse tido aquela conversa com o Gomes. - Sinto muito pelo que te disse essa tarde e, também das outras vezes. Será que consegue me desculpar? – indagou, me encarando com aqueles olhos capazes de me fazer derreter feito sorvete em dia de verão. - Esqueça isso! – respondi, não querendo dar abertura demais para não voltar a me magoar. - Você tem sido tão gentil e eu, além de mal-agradecido, ainda extrapolei na escolha das palavras. Só tenho a te agradecer pelo que fez pelos meninos. Eles me contaram como foi divertido almoçar com você e passar a tarde brincando com os seus cães. - Foi bom para mim também! E, esses quatro parecem que estabeleceram uma amizade e tanto. - Quero fazer o mesmo com você! Se você me permitir, é claro. - E porque não? Seremos vizinhos e não tenho nada que o desabone. - Com exceção da minha grosseria! - Eu já disse, esqueça! Sente-se e fique à vontade, vou pegar os copos e abrir esse vinho para comemorarmos a nossa futura amizade, está bem assim? - Seria ótimo! Nos distraímos tanto com a conversa que não percebemos as horas avançarem. Quando nos demos conta, os meninos haviam adormecido no sofá. - Me desculpe por ter empatado tanto o seu tempo. Até perdi a noção e os garotos capotaram de cansaço. – ele se levantou para acordá-los para voltarem ao canteiro da obra quando o interrompi. - É uma judiação acordá-los agora, deixe-os aqui, vou preparar o quarto e amanhã cedo os levo, ok? Ou melhor, fique você também. Vocês estão tão sem conforto naquelas barracas, eu ficaria imensamente feliz em abrigá-los aqui em casa até que você tenha concluído a casa. – ofereci. - Não quero que se incomode por nossa causa. Você tem sua vida e suas ocupações, não precisa ter mais esse trabalho. – devolveu ele. - Você é quem sabe! Mas, ao menos essa noite, fiquem por aqui, é bobagem sair a essa hora e caminhar nesse frio até o canteiro. Pelos garotos, se você não quiser. – insisti, pois ver os dois dormindo tão tranquilos e seguros me deixou com o coração na mão se precisassem ser acordados. Miraculosamente, o Marcos aceitou meu convite e todos ficaram para passar a noite. Levamos os meninos no colo até o quarto de hóspedes e, improvisei uma cama para o Marcos no sofá da sala. Tentei não dar bandeira quando ele tirou a camiseta deixando aquele tórax largo e musculoso à mostra, embora fosse uma visão que ainda mexia muito comigo. Meu subconsciente não levou nem uma fração de segundo para jogar nos meus pensamentos a frase que ele proferiu alguns dias atrás - SE NALGUM MOMENTO VOCÊ ACHOU QUE PODIA ROLAR ALGUMA COISA, PODE TIRAR O CAVALO DA CHUVA! MEU NEGÓCIO É OUTRO! – o que me fez voltar à realidade. Eu precisava me conformar e aceitar que o Marcos jamais seria o homem com quem eu sonhava, mas isso ficava mais difícil quando ele me encarava ou quando, como agora, seus atributos másculos enchiam meus olhos de cobiça. A cama quentinha e confortável de um quarto seguro, fizeram com que os meninos acordassem tarde na manhã seguinte. A meu pedido o Marcos os deixou ficar com a promessa de eu os levar até a obra depois do café. Chegamos ao canteiro quase ao mesmo tempo que o Gomes. Ao que tudo indicava, pelo adiantado da hora, ele seria novamente a única ajuda com a qual o Marcos contaria para aquele dia. Foi então que resolvi que ficaria para dar uma força, gostasse o Marcos ou não. Fui conversar com o Gomes para que ele me designasse para alguma função, o que o fez abrir um sorriso largo e logo se dispor a me pedir para auxiliá-lo com o que estava fazendo. Vi que o Marcos lançava uns olhares em nossa direção de vez em quando e, me pareceu, que sorria para si mesmo, embora não o demonstrasse. Acabei passando o dia por lá, apenas trazendo os meninos para almoçar comigo, o que os deixou mais do que animados. Eles haviam se afeiçoado a mim e aos cães com tamanha facilidade e intensidade que parecia eu já ter convivido com eles desde o nascimento. Eram duas criaturas incríveis e eu me questionei como uma mãe podia abandonar pessoinhas tão especiais em troca do caralho de um macho, particularmente quando ela tinha um macho de dar inveja a qualquer outro. Isso só podia ser fruto dos tortuosos sentimentos que levam os seres humanos a se unirem das formas mais bizarras e incompreensíveis. O que me deixou mais do que contente, foi o fato de, ao final do dia, todos seguirmos para a minha casa. O Marcos aceitou minha oferta e passou a dividir com os filhos o meu teto enquanto sua casa não ficava pronta. - A gente pode ficar morando aqui para sempre, pai, junto com o tio Erick? – perguntou o Paulo, ao ser colocado na cama. - Só até a nossa casa ficar pronta, depois vamos morar lá, como eu prometi. - Por quê? - Por que é a nossa casa. Essa aqui é do tio Erick. - Eu acho que o tio Erick ia deixar a gente morar aqui se você pedisse. – afirmou o Pedro, tentando ajudar o irmão a convencer o pai. - Pergunta para ele se a gente pode ficar morando aqui. Eu queria que a gente morasse todos juntos. – do corredor, junto à porta do quarto, ao ouvir essas palavras na voz infantil e ingênua do Paulo eu não contive as lágrimas. Eles me amavam, não havia como duvidar disso e, mal sabiam como minha vida se encheria de sentido se eles e o pai vivessem ao meu lado. O Marcos acabou por me flagrar secando as lágrimas quando saiu repentinamente do quarto. - Algum problema? - Não! - Não se preocupe, vou fazer com que aceitem a mudança sem magoá-los. – afirmou, sem desconfiar que a mudança ia ferir mais a mim do que a eles, que logo se adaptariam às novas condições. - Sei que o fará! Sei bem que o fará! – devolvi. Tornei-me um ajudante assíduo da obra. Estava diariamente desenvolvendo um talento com as minhas mãos que até eu desconhecia, graças aos ensinamentos do Gomes. Vez ou outra vinham pessoas para fazer determinadas instalações que requeriam mão-de-obra especializada; no mais, éramos mesmo nós três e alguns amigos do Marcos que vinham para dar uma força e tocavam a obra, cheia de percalços e problemas. Diante desses problemas, muitas vezes, o Marcos entrava em profundo desânimo. Quando acontecia um contratempo mais severo, ou quando se dava conta de que talvez nem a grana nem sua energia seriam suficientes para concluir aquele projeto, o Marcos seguia para uma enorme rocha que aflorava na parte mais alta da propriedade e se sentava sobre ela, cabisbaixo, pensativo e macambuzio. Ele permanecia por horas isolado ali, atormentado por seus problemas. - Veja onde ele está novamente. – disse eu para o Gomes quando o Marcos havia se refugiado outra vez com sua dor. – Acho que vou tentar injetar um pouco de ânimo em nosso amigo. - Talvez seja melhor deixá-lo em paz! Sabe como ele é quando está assim. Ele precisa de um tempo, um tempo só dele. – argumentou o Gomes. - Aí é que está, ele precisa ter certeza de que não está só, de que nos importamos com ele e com o que está passando. – ponderei. - Se quiser se arriscar! Até porque você seria o único a conseguir tirá-lo dessa depressão! – não sei o que exatamente o Gomes queria dizer com isso, mas, de qualquer maneira, eu precisava agir, era mais forte do que eu. Sentei-me ao lado dele sobre a rocha sem puxar conversa. Eu sabia que era tudo o que ele não precisava naquele momento. A vista dali era muito bonita, via-se boa parte dos cumes das colinas da região. O sol estava se pondo devagar por trás deles, iluminando o céu com uma infinidade de cores em tons terrosos e alaranjados. Ao mesmo tempo, o esboço da lua, já presente, ia se acentuando. Por mais de meia hora ficamos em silêncio. Da pouca distância que eu estava dele, praticamente nos tocando ombro a ombro, eu podia sentir a tensão que atormentava aquele homem que, apesar de por fora parecer um gigante imbatível, por dentro parecia um garoto abandonado a própria sorte com todas as mágoas de um passado mal resolvido. De repente, ele desabou. Colocou a cabeça no meu ombro e começou a chorar, soluçando tanto que me fazia sacudir todo. Abracei-o carinhosamente e comecei a afagar seu rosto. Ele passou os braços ao redor do meu tronco como se eu fosse sua tabua de salvação. Não consegui dizer nada, até porque não saberia o que dizer visto que pouco ou nada sabia de tudo o que o afligia. Eu só podia estar ali e abrigar sua dor num gesto solidário. Foi ele quem começou a falar quando os soluços se tornaram mais brandos e permitiram que as palavras saíssem de sua boca. Com uma riqueza de detalhes muito maior do que o Gomes havia me relatado, ele me contou sobre os últimos quatro anos de sua vida, quando ela mergulhou num poço sem fundo, como ele a definiu. Verbalizou sua preocupação em não conseguir dar conta de terminar aquele projeto, de não ser um bom pai para os filhos, de não conseguir lhes dar toda a segurança e amor do qual precisavam. Contou sobre sua infância difícil, cheia de privações, da necessidade de se firmar sozinho para dar suporte aos pais como filho único. Falou do amor inútil que dedicou à esposa que não hesitou em trocá-lo pela primeira promessa de um futuro mais confortável. Expôs a canalhice e traição do amigo que destruiu sua família. Eu o deixei desabafar, apenas acolhendo sua cabeça em meu colo e afagando seus cabelos enquanto ele despejava seu infortúnio, no mais confidente desabafo que já tinha feito na vida. O silêncio voltou a reinar após o relato. Vi o Gomes gesticulando em nossa direção para avisar que havia terminado por aquele dia e estava indo embora. Devolvi-lhe o aceno sem que o Marcos o notasse. O entardecer ganhava força, nossas sombras já haviam desaparecido há tempo. Eu estava conectado àquele homem como nunca estive a outro. Proferi algumas frases de incentivo, procurando encorajá-lo e lhe mostrando o quanto já tinha conquistado justamente por ser o homem que era e não o derrotado que ele imaginava ser. Ele não retrucou, apenas olhou para mim querendo acreditar no que eu dizia, e voltou a ficar em silêncio. - Bem! Está na hora de pegarmos os meninos e irmos para casa. Você já trabalhou muito por hoje e está na hora de descansar. – afirmei, sacudindo ligeiramente seu rosto que estava em minhas mãos para afastar qualquer pensamento negativo que estivesse em sua mente e que, num impulso impensado, quase cheguei a beijar. Comigo na obra praticamente o dia todo, os garotos estavam livres para correr de um lado para o outro, encontrando de tudo para desencadear alguma nova brincadeira, segundo a imaginação fértil que as lançava em suas cabeças. Com isso, ao final do dia, eles não estavam só famintos, mas tão cansados quanto nós pelo trabalho árduo. Mesmo assim e, apesar de estar escurecendo, eles sempre resmungavam quando colocávamos fim às suas brincadeiras. O Marcos e eu fizemos a caminhada até em casa sem trocar nenhuma palavra, me pareceu que ele já havia se arrependido de ter se exposto tanto, ao contrário dos garotos e dos cães que seguiam à nossa frente, falantes e latindo. Ao menos foi assim que interpretei aquela caminhada silenciosa. Não levou nem meia hora após terem sido banhados e jantado para que os garotos caíssem no sono. Já tinha se tornado corriqueiro ter que levá-los no colo até a cama, pois adormeciam em qualquer canto da sala em que estivessem brincando. Preparei uma última caneca de chá com mel para mim e para o Marcos antes de deixá-lo ajeitando a cama improvisada no sofá, e lhe desejei boa noite. - Estou com as costas moídas! – exclamou ele, entrando no meu quarto com o travesseiro abraçado ao tronco nu, cerca de uma hora depois de eu já ter me enfiado debaixo das cobertas. Mesmo sonolento, a visão daquele macho enorme e viril com o contorno da benga aparecendo sob a bermuda do pijama não me passou despercebida. Por pouco não precisei rir de seu álibi para entrar no meu quarto. - Deite aqui! Uma massagem deve ajudar, você fez muito esforço hoje. – afirmei, fingindo acreditar na sua desculpa esfarrapada. Ele não precisou de novo convite para se ajeitar na minha cama. Com os braços abertos e a cabeça apoiados sobre o travesseiro ele se deitou de bruços enquanto eu massageava sua nuca e ombros, descendo pelas costas largas até o cóccix com as mãos lambuzadas de loção hidratante. Ele soltava uns grunhidos roucos à medida que minhas mãos amassavam sua musculatura tensa e dura, entregando-se aos meus afagos. A felicidade está nas pequenas coisas do dia-a-dia e aquele momento estava sendo uma delas para mim. Havia tempo que eu não tinha um homem com o qual pudesse compartilhar um momento tão íntimo e singelo, o que tornava aquela massagem algo muito especial para mim, especialmente por estar sendo compartilhado com um homem como o Marcos. - Como você consegue ser assim, um homem tão perspicaz, sensível, doce e carinhoso o tempo todo? – questionou, sob a ação firme das minhas mãos deslizando sobre suas costas. - Sou viado, lembra disso? Os adjetivos que você enumerou fazem parte de nossa índole, na maioria das vezes. – respondi num impulso. Logo me arrependi, pois ele poderia imediatamente se levantar e sair dali uma vez que já tinha deixado bem claro que nada ia rolar entre nós. - Lembro, claro! É que você é um viado especial! - Como assim? Afora o caráter, eu não sei onde um viado se distingue do outro. Todos querem a mesma coisa. - E, o que você quer? - Prefiro não falar sobre isso agora, não é o momento certo. – afirmei, pois se fosse responder a pergunta com sinceridade teria que confessar que o desejava entalado no meu cuzinho. - Isso aqui faria com que o momento fosse o certo? – indagou, antes de se erguer, me forçar sobre o colchão e juntar sua boca à minha, num beijo que começou tímido e foi ganhando intensidade à medida que o tesão e o sabor da minha boca o instigavam. Eu mal podia acreditar que aquilo não era um sonho, que aquele calor que vinha do corpão enorme deitado sobre o meu, era real, tão real que eu podia envolver meus braços nele e acariciar aquele torso quente. Retribuí seu beijo abrindo a boca, movendo meus lábios sobre os dele, aceitando que aquela língua me penetrasse e vasculhasse livremente minha boca sedenta. Ele friccionava sua ereção na minha coxa, excitado e carente de uma cópula. Meu cuzinho adquiriu vontade própria, se contorcia e chegava a fazer beicinho com as pregas ouriçadas. Meu primeiro gemido aflorou entre meus lábios entorpecidos pelos beijos devassos que ele colocava sobre eles, quando suas mãos ásperas, pelo trabalho na obra, começaram a deslizar sobre as minhas nádegas volumosas e rijas. Ele estava avançando sobre um terreno desconhecido pela primeira vez e, sentia tanto tesão com aquilo que só conseguia pensar em seguir em frente. Meu corpo foi possuído por espasmos que ele conseguia sentir entre seus braços, o que o fazia apertá-los cada vez com mais força ao redor dele. Eu já tinha sentido a pegada de um macho, mas nada se comparava àquilo que eu estava sentindo naquele momento. A vontade de agasalhar o Marcos no meu cuzinho só crescia. Eu não estava só mais dengoso, como também mais carinhoso do que nunca. Eu queria dar àquele macho tudo o que ele precisava para ser feliz, pois essa também seria a minha felicidade. Depois de ele ter arriado a bermuda do meu pijama e a cueca até os joelhos, passando lascivamente as mãos na minha bunda e nas minhas coxas grossas e lisas, ele ficou de joelhos bem ao lado da minha cabeça. A bermuda dele formava uma tenda devido a ereção em curso. Eu a toquei delicadamente com a mão antes de aproximar meu rosto e cheirar o macho que tanto desejava. Comecei a tocar a boca suavemente sobre ela, como se a quisesse abocanhar. Foi ele quem gemeu então pela primeira vez, sem desgrudar o olhar do meu rosto. Eu acariciei a rola por baixo do tecido com os lábios e os dentes, enquanto ela se encorpava e começava a soltar o pré-gozo que formava uma rodela na bermuda, enchendo o ar com um perfume almiscarado e viril. Aos poucos fui descendo a bermuda dele, uma pica colossal saltou dela quando o cós passou por seus genitais. Eu estava tão próximo que um pouco do fluído aquoso espirrou no meu rosto quando ela saltou intrépida. Meus lábios sedentos se fecharam ao redor da cabeçorra rosada que se destacava do restante da rola carnuda e grossa. Para mantê-la na boca eu precisei segurá-la com a mão, pois o peso dela a fazia escorregar constantemente dos meus lábios. Lambi-a e chupei-a demoradamente, explorando cada centímetro daquela verga quente e cheia de veias intumescidas que se desenhavam ao longo dela. Minha boca acabou mergulhando nos pentelhos densos e grossos de sua virilha quando cheguei ao sacão, onde as duas bolas gigantescas pendiam bem destacadas em alturas diferentes. Lambi e, aos poucos, coloquei uma delas na boca, massageando-a com a língua apesar dos pentelhos que faziam cócegas na minha garganta. O Marcos ronronava, o som se produzia no peito e aflorava gutural e rouco. Suas mãos se moviam sobre os meus cabelos garantindo que meu rosto não se afastasse por muito tempo de sua virilha. O pré-gozo, cada vez mais abundante, pingava na minha face, num eflúvio rescindindo à virilidade e, numa comprovação inequívoca de que o Marcos estava pronto para copular. Ele terminou de me desnudar. Seus olhos tinham um brilho que eu jamais havia visto neles quando contemplou meu corpo nu tão ao alcance de suas mãos e necessidades. O primeiro toque daqueles dedos vigorosos pousou sobre os meus mamilos, onde os biquinhos enrijecidos estavam em riste. Ele os apertou até ouvir meu gemido, depois seus lábios úmidos os tocaram intercaladamente, até ele se concentrar num deles e começar a lambê-lo e a chupá-lo, enquanto eu me contorcia todo excitado. Afaguei sua cabeleira enquanto ele mastigava meu mamilo saliente como se fosse um chiclete e, começava a roçar um dedo depravado sobre as minhas preguinhas anais. Comecei a ganir, pois os gemidos pareciam ser insuficientes para expressar o tesão que estava sentindo ao ter minha intimidade explorada tão devassamente por aquele macho brioso. Ele já não tinha mais nenhuma dúvida quanto a resposta àquela pergunta que ele havia me feito sobre o que eu queria. Todo o meu corpo, todo o meu ser queria dar para ele, era esse clamor que pairava no ar daquele quarto. O Marcos nunca tinha aberto a bunda de outro homem. Quando o fez, afastando minhas nádegas polpudas e escancarando aquele reguinho sem um único pelo, teve diante do olhar cobiçoso um cuzinho rosado no formato de uma rosácea, algo tão delicado que parecia nunca ter sido tocado. Ele afundou a cara no meu rego, começou a lamber meu cu feito um macho saboreando o cio de uma cadela. O pinicar daquela barba hirsuta e aquela língua depravada me faziam ganir, eu estava pronto para implorar por uma rola e, só não o fazia, por não ter certeza se ele estava realmente a fim de transar comigo. Mais uma vez, as palavras – SE VOCÊ ACHOU QUE PODE ROLAR ALGUMA COISA ENTRE NÓS, PODE TIRAR O CAVALO DA CHUVA, MEU NEGÓCIO É OUTRO – martelaram no meu cérebro. Acontece que estava rolando alguma coisa entre nós, algo que eu imaginei que nunca fosse ocorrer, e eu estava tão deslumbrado com isso que já não me importava mais se fosse apenas um sexo casual para ele descarregar a tensão, ou se seria o primeiro coito com o macho que eu queria ter pelo resto da vida. Saí desse devaneio quando senti a cabeçorra babando deslizar sobre o meu cuzinho, ele vai me foder, admiti exultante. Com um impulso abrupto e vigoroso ele meteu o caralhão no meu buraquinho. Para não gritar e acordar os meninos no quarto ao lado, eu mordi o travesseiro para extravasar aquela dor da dilaceração das pregas. Cravei os dedos nos lençóis à procura de apoio para a estocada que se seguiu e colocou mais um tanto daquela pica enorme no meu rabo. O Marcos deslizou as mãos sobre as minhas costas à medida que se reclinava sobre mim, fazendo-as alcançar as minhas, onde eu entrelacei meus dedos aos dele. Ali estava o apoio que eu precisava, naquelas mãos másculas. Ele se movia sobre mim, enfiando o cacetão cada vez mais para dentro do meu cu. Eu gania, empinava a bunda de encontro a sua virilha e me deixava invadir pelo maior cacete que já tinha me fodido. Estocadas e impulsos cadenciados pareciam não dar conta de enfiar tudo aquilo no meu cuzinho. Eu pressentia como se, a qualquer momento, aquele caralhão me empalando fosse aflorar na minha garganta junto com os meus ganidos. Quando senti o sacão dele batendo no meu rego, eu estava completamente preenchido. - Ai Marcos! – gemi de tesão e felicidade. Ao perceber como meu cuzinho mordia o cacete dele, o Marcos começou a bombar lentamente meu rabo. Eu queria estar mais lubrificado, o que talvez amenizasse o ardor daquela pica esfolando minha mucosa anal, mas havia tanto tempo que eu não sentia um prazer como aquele que simplesmente deixei-o foder meu cu de modo a extrair o máximo de satisfação do coito. À medida que ele acelerava os movimentos, instigado pelo tesão se apossando cada vez mais dele, eu sabia que era exatamente isso que estava acontecendo, o prazer que ele experimentava com aquela enrabada encontrava eco em suas emoções. Para mim não existia felicidade maior. Satisfazer um macho e encontrar meu próprio prazer com isso, fazia parte da minha natureza. - Erick! Erick! – grunhiu ele, enquanto impulsionava o caralhão num vaivém prazeroso através dos meus esfíncteres apertados. De repente, ele sacou a rola do meu rabo, num movimento abrupto que me fez ganir quando a cabeçorra distendeu minha musculatura anal, girou meu corpo de modo que eu ficasse com as costas apoiadas na cama e abriu minhas pernas sobre seus ombros. Ele me encarou quando voltou a apontar a jeba latejante que segurava numa das mãos e, tornou a mete-la vagarosamente no meu cu. Entre as contrações do meu rosto com a dor que aquilo me causava, ele só distinguia meu sorriso doce e acolhedor dirigido a ele. O tesão estampado em seu olhar cobiçoso me fez gozar antes mesmo das estocadas começarem. Se havia algo capaz de mexer profundamente comigo, era ver um macho engatado no meu cu cheio de tesão para me foder. Minha porra espirrou sobre meu ventre. Ele sorriu. - Ai Marcos! – voltei a ganir. - Parece que até agora estou fazendo tudo certinho, não é? Esse gozo me diz que você está gostando, ou estou enganado? – rosnou ele, arfando feito um touro. - Muito, Marcos! Estou amando sentir você em mim. – gemi, numa confissão sincera. Ele veio inclinando o corpo sobre mim. Tomei-o em meus braços e cravei as pontas dos dedos em suas costas. Enquanto uma das mãos deslizava para o cóccix dele, a outra subia em direção à nuca junto a implantação dos cabelos. Senti quando um frenesi percorreu sua coluna ao eu atingir esses pontos. Antes de chegar com a boca na minha, ele deu uma breve parada sobre um dos meus mamilos, beijou-o delicadamente e, em seguida, deu um chupão que logo se transformou numa mordida voraz que me fez gemer mais alto. Ao tocar seus lábios nos meus e ter sua língua acolhida pela minha, ele começou a ejacular. A porra quente e viscosa escorria nas minhas entranhas, encharcando minha ampola retal com a virilidade daquele macho enorme e satisfeito, que soltava um urro rouco a cada jato que sua rola expelia. Cobri-o de beijos demonstrando todo o meu prazer em tê-lo entalado em mim. - Obrigado! – sussurrou ele junto ao meu ouvido, quando deitou a cabeça no meu ombro. Eu o afaguei até sua respiração voltar ao normal e ressoar tranquila como a de um bebê caindo no sono. Creio que ele chegou mesmo a cochilar por um quarto de hora, pois ele não se mexeu. O peso de seu corpo sobre o meu aumentou à medida que ele relaxava sendo suavemente acariciado pelas pontas dos meus dedos inquietos. Talvez ele não tivesse se sentido tão relaxado há muito tempo, deduzi, e não o apressei a sair daquela posição. Quando ele o fez, levantando para ir mijar, antes constatou que havia me rasgado com sua verga grossa. Ao retornar do banheiro com a bexiga vazia, eu já havia me limpado com lenços úmidos que, tingidos, formavam um montinho ao lado da cama. Eu não me atrevi a caminhar até o banheiro, pois tinha a sensação de que perderia as entranhas pelo túnel que ele havia aberto no meu cu e; se isso fosse apenas uma impressão, uma vez que meu cu costumava se fechar rapidamente após o coito, eu não queria arriscar de perder o sêmen precioso que me umedecia todo por dentro. Adormeci sentindo o braço quente e peludo dele cingindo meu tronco, feliz como há muito não me sentia. Acho que ele experimentava a mesma sensação, pois adormeceu pouco depois de me beijar calorosamente pela última vez. Na manhã seguinte acordei sozinho na cama. Até os cães não estavam mais em suas camas. Havia um aroma de café espalhado pela casa, mas o Marcos não estava na cozinha, onde a mesa posta esperava pelos meninos e por mim. Fui tirá-los da cama e encontrei os cães, cada um ao pé de uma das camas, abanando os rabos como se quisessem me dizer que estavam zelando pelos garotos. Tomamos café juntos antes de seguir para a obra para mais um dia de trabalho. O sol estava alto no meio da manhã ensolarada e quente ao chegarmos ao canteiro, onde o Marcos, o Gomes e uma turma que veio instalar as portas e janelas já trabalhava com afinco. O Marcos só me olhou de soslaio e abriu um sorriso, pois a presença do Gomes ao seu lado impedia que fizesse menção a qualquer coisa relativa à noite anterior. No entanto, o sorriso me bastou para entender o quão contente ele estava. No começo da tarde o calor estava insuportável. Eu estava ajudando o Gomes a assentar o piso da futura sala, abastecendo-o com a massa e as peças de cerâmica a serem assentadas quando resolvi tirar a camiseta devido ao calor extenuante. O Marcos trabalhava na parte externa, auxiliando os instaladores das portas e janelas quando me viu trajando apenas o short. Não só ele, mas dois dos instaladores, acompanharam meus passos quando fui pegar mais algumas peças de cerâmica num dos aposentos já cobertos da obra. - Você pode me explicar que trajes são esses? – questionou o Marcos, que não levou três segundos para estar junto a mim me puxando pelo braço para um canto mais reservado. - Um short, ora essa! Estão todos sem camisa por causa do calor, por que eu seria a exceção? - Porque dá para ver nitidamente o chupão que dei no seu mamilo ontem à noite e, principalmente, porque essa bundona parece que vai estourar esse short a qualquer momento. Estão te secando como gaviões! – afirmou, cheio de ciúmes. - Bastou uma enrabada para você ficar desse jeito, se achando meu dono. – devolvi um pouco ríspido, embora o ciúme dele tivesse me deixado ainda mais feliz. - Não é isso! É que não fica bem. – retrucou, percebendo que tinha dado uma mancada. - Eu não estou nu e só tem homens como eu por aqui. Por que não ficaria bem, se todos estão com o tronco exposto? – por uns instantes ele ficou confuso, sem uma resposta na ponta da língua que não demonstrasse o ciúme que estava sentindo. - É que eu pensei que depois de ontem, você .... – faltou coragem para ele admitir que queria que eu confessasse que estava gostando dele. - Você acha que eu me importo com qualquer um que esteja me secando, quando ainda estou encharcado com o seu esperma? - Sério? Você só está falando isso para se justificar. – retrucou, abalado com a minha afirmação. - Quer conferir? - Por que ainda não tirou minha porra do cuzinho? - Porque ela me é muito especial, por ser sua! – um sorriso encabulado voltou a brilhar em seu rosto, antes de ele me dar um tapa na bunda e me deixar seguir com o que estava fazendo. Ele não dormiu mais no sofá da sala. Questionado pela perspicácia dos garotos, explicou que era por conta das suas costas, o que me fez rir sem que os meninos me vissem. A mudança no temperamento dele foi contrastante. Ele estava mais animado, assobiava enquanto trabalhava, passava mais horas no canteiro fazendo a obra deslanchar e, raramente se abatia diante de algum problema que surgia. O Gomes foi o primeiro a notar a diferença no amigo, e veio me perguntar qual tinha sido o remédio que usei para tirar o Marcos daquele estado catatônico. Quem me dera poder dizer a verdade, mas uma desculpa simples bastou para deixá-lo satisfeito. - Agora que você também tem um quarto para dormir, por que é que a gente não fica morando aqui, pai? – perguntou, do nada, o Paulo em outra de suas tentativas de ficar definitivamente em minha casa. - Porque esta é a casa do Erick, e não a nossa! Você não quer morar na casa novinha que o papai está construindo? Não tínhamos combinado que seria assim, eu faria uma casa e a gente se mudava? – argumentou o Marcos. - Mas eu gosto mais daqui! O Erick vai mudar com a gente para a casa nova? - Não, filho! Ele vai continuar morando na casa dele. Você pode vir visitá-lo todos os dias, é tão pertinho. - Se ele não for com a gente eu também não quero. Você deixa eu ficar morando aqui, Erick? – o garoto ficava cada vez mais inconformado de ter que se mudar à medida que via a casa sendo concluída. - É claro que pode! Você sempre vai poder vir dormir no seu quarto quando quiser, mas o teu pai está terminando uma casa novinha para vocês, não é legal? – ponderei, tentando ajudar o Marcos no convencimento. - É mais legal aqui! – devolveu ele. O Pedro não era tão objetivo ao expor seu desejo, mas ele coincidia com o do irmão menor. De alguma forma eles se sentiam tão acolhidos e seguros na minha casa que temiam por qualquer mudança; isso deixava o Marcos entristecido, por eles aparentemente não estar valorizando seus esforços. Vez ou outra ele respondia de maneira mais ríspida à insistência deles, e eu precisava intervir para apaziguar os ânimos e restabelecer a harmonia entre eles. Numa ocasião, ele mesmo, ao percorrer os cômodos da obra já praticamente terminados, caiu em depressão, num final de tarde, pouco antes de regressarmos para casa. - Não admira que eles não queiram vir para cá, está tudo muito mais acanhado do que eu pensava que iria ficar. Planejei tudo errado, eu mesmo não gosto do que vejo, que dirá eles. Isso mais se parece com um ajuntamento de cômodos, e não com uma casa de família. – revelou deprimido e desolado por ver que todo seu esforço não o deixava feliz. Ao longo do tempo que o conheci, eu notei que o Marcos era uma pessoa para quem as coisas nunca foram fáceis. Aparentemente, seus esforços nunca eram compensados como ele previa. Sua vida era feita de pequenos avanços e muitos retrocessos, embora nunca faltasse seu total empenho para mudar as coisas. Isso me moveu a sugerir algumas pequenas mudanças na obra, a fim de tentar fazer com que os meninos a vissem como um lar seguro, tão seguro como era a minha casa na visão deles. O Marcos as acatou e, à medida que o resultado foi aparecendo ele também se sentiu mais animado. - Será que agora os meninos vão se mostrar menos reticentes com a mudança? – questionou ele. - É uma questão de tempo para se acostumarem. O que eles precisam é do seu amor, da sua presença bem perceptível em suas vidas, o resto vem com o tempo e o amadurecimento deles. – respondi. - Posso me abrir com você, sem parecer um borra-botas fracassado? - Não diga uma bobagem dessas! Você é o homem mais determinado e incrível que eu conheço! Um fracassado, jamais! E, você pode se abrir comigo quando e como quiser, tenha certeza que farei de tudo para que você se sentia feliz e realizado. – devolvi - Eu fui tão imbecil com você no começo, me arrependo de cada palavra que joguei na sua cara. Você só me devolveu alegrias e o mais intenso prazer que já tinha sentido na vida. Os meninos e eu precisamos de você! É isso que falta em nossas vidas. Sem você elas nunca serão plenas. Seja sincero comigo, você viveria comigo e com eles, mesmo naquela casa mal-ajambrada que estou erguendo? – eu tive que engolir o nó que se formou na minha garganta. Aquele homem sentia por mim o mesmo que eu sentia por ele. Nós estávamos nos amando, apesar do início tumultuado. - Eu viveria ao seu lado e dos teus filhos em qualquer lugar, independente do conforto, da aparência, ou do que quer que seja. Me bastam vocês para eu me sentir realizado. Eu te amo, Marcos! – ele me tomou nos braços e me apertou tão fortemente contra seu peito que não consegui segurar as lágrimas. Enquanto nos beijávamos, fomos flagrados pelos meninos. Eu me afastei rapidamente dele, mas já era tarde, os olhos esbugalhados dos garotos me desconcertaram. Tratei de me afastar dali, deixando o Marcos e os filhos tentando se acertar. Ele começou cauteloso, fez rodeios, floreou daqui, floreou dali até criar coragem para explicar numa linguagem que eles pudessem entender o que estava acontecendo. Tremendo da cabeça aos pés eu ouvia de longe o desenrolar das explicações. Aquele podia ser o ponto final de um amor que mal havia começado, e era disso que eu tinha um medo incontrolado. Perder aquele homem naquela altura da vida, seria um baque com o qual eu certamente teria dificuldade de lidar. - Quer dizer que você e o Erick estão namorando? Então agora nós podemos morar todos juntos, não podemos, pai? – questionou o Pedro, assim que o Marcos tentou explicar aquele beijo. - Sim, acho que sim! – balbuciou o Marcos, achando que os garotos não tinham compreendido a dimensão exata e as consequências do que tinham presenciado. - Legal! Eu não falei para você, seu burro, que o pai estava gostando do Erick. Eu falei, não falei? – sentenciou o garoto ao irmão mais novo, procurando se mostrar mais sabido do que ele. E, deixando tanto a mim quanto ao Marcos estarrecidos por saber que eles conversavam entre si sobre nós dois. - E daí que você falou? Agora a gente não vai se mudar mais não é, pai? – perguntou o Paulo. - Vamos ver, filhão! Vamos ver. Depois falamos sobre isso, ok? – percebi que o Marcos estava esgotado depois daquela conversa tão tensa com os meninos, não querendo entrar noutra seara polêmica que pudesse gerar conflito. Eu, de onde estava, sentia um alívio imenso por aquela conversa ter sido tão tranquila. Alguns dias depois, o Marcos recebeu uma ligação da mãe comunicando que tinham diagnosticado um câncer nela e, que precisaria fazer uma cirurgia seguida de radioterapia. Era mais baque na vida dele. Havia perdido o pai dois anos antes e, agora se via diante da possibilidade de perder também a mãe. Por mais que eu tentasse injetar confiança e esperança nele, foi inevitável que mergulhasse por semanas numa tristeza profunda. A obra avançando numa lentidão comprometedora e mais essa notícia, deixaram-no arrasado. Eu suplicava aos céus que o poupassem de tantos reveses, pois não me conformava em ver aquele homem cheio de energia lutando com todas as suas forças contra uma maré de problemas. O que me consolava era saber que ele já não se sentia tão só e abandonado, pois vinha procurar nas minhas carícias e na minha solidariedade o alento de que precisava para enfrentar as atribulações. Uma prova cabal de estarmos mais conectados do que nunca. Havia dias em que ele chegava tão exausto da obra que acaba adormecendo com a pica enfiada no meu cu depois de transarmos, o que fazíamos quase que diariamente, pois sua voracidade sexual parecia ser a única coisa que não se deixava abalar pelos problemas, ou talvez, fosse a válvula de escape que tinha encontrado para aliviar suas agruras. Contanto que isso o mantivesse em pé, eu não me importava de estar com o cuzinho permanentemente esfolado. Havia se passado um ano desde o dia em que constatei o início das obras no terreno ao lado do meu e, portanto, um ano que aquele homem e seus filhos entraram na minha vida da maneira mais intensa e inesperada que eu podia imaginar. O Gomes raramente aparecia na obra agora. Primeiro, porque suas habilidades já não se faziam mais tão necessárias; segundo, porque a mulher havia regressado e agora era ele quem precisava de cuidados médicos com uma diabetes fora de controle. Nas últimas etapas alguns amigos do Marcos vieram dar uma força, o que foi providencial para a conclusão das obras mais pesadas. Ele e eu terminávamos a pintura, e eu aproveitava para imprimir a cada cômodo terminado uma aparência de lar, juntando os desejos dele e dos garotos para decorar cada um deles. No início da semana em que concluiríamos tudo, eu entrei em contato com a mãe do Marcos, ela já havia feito a cirurgia e terminado a radioterapia, com a informação de que não havia mais sinais do tumor maligno na mama, bastando fazer controles semestrais de agora em diante. Convidei-a a vir para a inauguração da casa em segredo. O Marcos decidira fazer um churrasco para os amigos e conhecidos para festejar a conclusão da casa e eu quis que ela estivesse presente, pois sabia que isso o deixaria imensamente feliz. Combinamos tudo às escondidas e eu fiquei de ir buscá-la no aeroporto da cidade com infraestrutura mais próximo, uma vez que ela vivia em outro Estado. - Mas justo hoje você precisa viajar? Não dá para postergar esse encontro com o seu cliente? Vou me sentir perdido sem você para organizar o churrasco! – exclamou ele, contrariado quando lhe dei como desculpa a necessidade de me encontrar com um dos meus clientes para quem eu estava desenvolvendo um site. - Sinto muito, amor! Ele só tem essa data. O churrasco é só no final da tarde, até lá estarei de volta, prometo! – respondi, agoniado por estar mentindo para ele, mas me consolando por achar a causa justa. - Vá lá! Se não tem outro jeito, que se há de fazer? A mãe dele era uma pessoa simpática, marcada pela vida, mas de ótimo astral. No caminho para casa, ela chegou a me perguntar como eu havia conhecido o Marcos, que amizade nós tínhamos, uma vez que eu me apresentei como um amigo dele, e mais uma dezena de perguntas que tentei responder com a maior objetividade e sinceridade possível, sem revelar que estava apaixonado por seu filho e me deitando todas as noites com ele. Eu não a conhecia o suficiente para saber se podia entrar num assunto tão íntimo. Algumas pessoas já haviam chegado, o Marcos e o Gomes com a esposa tomavam conta da situação, ele e o amigo se revezando na churrasqueira de onde começavam a sair os primeiros petiscos, enquanto a esposa do Gomes se encarregava de outros detalhes. Quando o Marcos viu a mãe descendo da camionete, não conseguiu se mover, suas pernas simplesmente pareciam fincadas no solo. Eu a conduzi até próximo dele, quando finalmente ele deu uns passos apressados na direção dela e a tomou nos braços, chorando como uma criança. Por cima dos ombros dela ele me encarava apaixonado e agradecido, o que me levou às lágrimas. Eu não sabia que amava tanto aquele homem, como aquele momento deixava explícito. A felicidade dele era também a minha. Os meninos não demoraram a correr de encontro a avó, abraçando-a e pulando ao redor dela numa alegria espontânea e imensa. As pessoas iam chegando e logo havia uma trupe faladora e alegre compartilhando o sucesso do Marcos com aquela conquista, uma vez que a maioria que estava ali, sabia de tudo pelo que ele tinha passado. Era tarde da noite quando os deixei na casa nova e vim para o meu refúgio. Havia sido um dia cheio, eu estava mais feliz do que nunca por tudo ter acabado bem, mas achei que eles precisavam de um momento família, apenas deles, depois de tanto tempo sem se verem. Nos reencontramos no dia seguinte para o almoço que eu ofereci em comemoração à visita da mãe dele. Fiquei constrangido diante da mãe dele quando o Marcos deu um selinho na minha boca ao chegarem. Diante do meu olhar de reprimenda ele esboçou um sorriso ladino, tão enigmático que me deixou apreensivo. - Bem, mãe! Sei que já se conheceram, mas eu quero te apresentar formalmente o meu namorado, Erick. Foi esse homem quem deu sentido à minha vida e à dos meninos. Foi ele quem nos acolheu em sua casa e em seu coração, muito antes de eu me dar conta disso. Também foi quem nunca me deixou desistir, me fez perseverar até a nova casa ficar pronta. E, é por isso, que eu quero agora, na sua frente e dos meninos, pedi-lo em casamento. – sentenciou o Marcos, me fazendo corar e me obrigando a engolir da alguma forma o nó que estava na minha garganta. - Fala que sim, Erick! – exclamou o Paulo, não desgrudando o olhar suplicante de mim. - Sim! – balbuciei, tão emotivo que não me arrisquei a prosseguir, para não cair no choro. - Meu filho me contou tudo sobre você e vocês dois. Eu só tenho a lhe agradecer por amar tanto meu menino. Só eu sei o quanto ele precisa desse amor, um amor que, afora o meu de mãe, que não conta, ele na verdade nunca teve. Obrigado, meu filho! Se é que posso te chamar assim? – disse ela, segurando minha mão entre as dela. Do meu rosto desciam duas lágrimas intensas, quentes e incontroláveis. - Esses três são um perigo para um coração mole como o meu, Elisabete! – exclamei, junto com um sorriso envergonhado por tudo ter sido exposto tão claramente. - Brindemos a esse coração então! – devolveu ela, em sua simpatia genuína e simples. Enquanto a avó estava com eles, os garotos não tocaram no assunto da mudança, deviam estar entretidos demais com a presença dela para se lembrarem desse detalhe, até porque, eu e os cães estávamos diariamente junto com eles até tarde da noite. Porém, assim que ela partiu, o assunto voltou à baila. Agora a questão já não era mais onde iriamos morar juntos, mas o quanto antes. Para valorizar o trabalho e o empenho do Marcos, fui eu quem me mudei, pelo menos parcialmente, pois não havia como trazer tudo que estava na minha casa para a do Marcos. Com o tempo, eu pensei, iria ficar evidente que teríamos mais espaço e conforto na minha e ele acabaria aceitando a mudança, pressionado também pelos garotos que se mostravam cada vez mais meus aliados. Com o começo de um novo ano letivo eu matriculei os meninos num colégio de tempo integral que havia se instalado recentemente na cidade, pois o Pedro já estava há um ano fora da escola por falta de condições do Marcos arcar com as despesas e ainda tocar a obra e levar o garoto diariamente até a cidade num percurso de mais de 24 quilômetros e, o Paulo que estava em idade de iniciar os estudos. Como de costume, ele desconversou e veladamente, quis me demover da ideia de pagar os estudos dos garotos. Mas, eu estava decidido e eles não podiam ficar sem estudar, portanto, a questão para mim estava resolvida. Até o primeiro dia de aula, quando os aprontei logo cedo para levá-los ao colégio. Não gostei da cara dele quando saí com os garotos, pois nela estava esboçado para quem quisesse ver que teríamos uma briga assim que eu voltasse. Durante todo o trajeto de volta, eu pensava no que usar de argumento para justificar minha atitude, o que não seria sinônimo de ele aceitar aquilo numa boa. O macho heterossexual dominador ainda não tinha deixado dele. - Eu não fui contra você assumir uma responsabilidade que é minha? Quero que me explique porque não me obedeceu! – o tom de voz dele era agressivo e ele estava furioso, devia estar remoendo sua raiva desde a hora que parti com os meninos. - Não te obedeci por que não sou uma bicha passivona e submissa que você enraba e passa a determinar o que ela pode ou não fazer sem o seu consentimento. Você é inegavelmente o macho dessa casa, mas não vou te obedecer cegamente sem expor as minhas opiniões, defender meus pontos de vista e fazer valer a minha vontade quando justa e necessária. Não pense que só porque está metendo esse caralhão no meu rabo que eu deixei de ser alguém pensante e com desejos próprios. A responsabilidade de cuidar dos nossos filhos, da nossa família e da nossa casa é minha e sua e, não apenas sua. É bom você esquecer esse macho alfa dominador que existe em você e, que não deu certo em outras ocasiões, e tratar de me ver como seu parceiro, como alguém que divide as coisas com você, e não alguém que se deixa foder na cama só porque você determina isso com esse caralhão ditatorial. – despejei, ante o olhar zangado dele. - É, eu já percebi que você não se deixa intimidar, nossas discussões anteriores já deixaram isso bem claro. Mas, eu também vou deixar as coisas bem claras, quem provê essa família sou eu. Eu sustento quem eu fodo, isso vai ser sempre assim. Você até pode espernear, mas precisa considerar minhas opiniões. – retrucou exasperado. - Eu as aceitarei e as acatarei se forem, como eu disse, justas, legítimas e necessárias. Caso contrário, não espere que eu fique calado. – devolvi impositivo. - Estou vendo que você vai me dar trabalho! Mas, deixe estar, eu sei como te colocar na linha. – suas palavras saíram mais como um resmungo para si mesmo. - Pois então se empenhe! Vai precisar mais do que ameaças para me demover do que acho certo. – afirmei. - Nada que uma bela surra de pica não resolva! – continuou resmungando - Vai apostando nisso! - Quando eu deixar esse cuzinho mais espanado do que buceta de puta, veremos quem cede! – exclamou, convencido de que era assim que se resolviam as coisas. Não ia ser fácil tirar daquele macho convencido, heterossexual e ditador esse espírito dominador e autoritário. Ao mesmo tempo em que eu gostava, em parte, de que ele fosse assim, por outro lado, sabia que não conseguiria conviver com um homem tão irascível. Não retruquei, o que o convenceu de ter ganho aquela batalha, mesmo sabendo que para ganhar a guerra teria que fazer muitas concessões. O entusiasmo com que os garotos voltaram do primeiro dia de aula, afastou a cara mal-humorada que o Marcos sustentou durante todo a dia após nossa discussão. O Pedro contou animadamente dos novos colegas que fez, enquanto o Paulo mostrou orgulhoso o desenho que tinha feito de nós dois segurando cada um uma de suas mãos e os cachorros correndo à nossa volta. Os olhos do Marcos ficaram marejados diante do desenho, assim como os meus. Eu sorri na direção dele e ele me devolveu o sorriso comovido. - Eu só te perdoo por que ainda ouço você dizendo – nossos filhos – e, porque os meninos estão superfelizes, e te amam muito. – admitiu, quando já estávamos na cama naquela noite. - Se você é meu marido, nada mais natural do que eu me referir a eles como ‘nossos filhos’, não é? E, é assim que vou cuidar e me preocupar com o futuro deles. – afirmei. - O que não vai te livrar de levar a surra de pica que eu te prometi, por ser tão abusado! – exclamou, vindo para cima de mim como um leão esfomeado. - É assim que você pretende me dobrar quando não tem mais argumentos para me confrontar, usando esse caralhão para fazer o serviço? – questionei, embora já o estivesse acolhendo em meus braços. - É sim! Porque para ele você se dobra e fica mansinho do jeito que eu gosto! – respondeu, na maior cara de pau. - Cínico! Safado! – ele riu triunfante. - Já acabou? Então para de ficar paquerando minha rola e vem cuidar dela! O Marcos se enchia de tesão quando me flagrava encantado por sua verga colossal. Eu nunca admiti, mas era apaixonado por aquele cacetão. Não só a pica em si, mas ela inserida naquele conjunto todo, tronco peludo e largo, pernas grossas, peludas e vigorosas, abdômen trincado, virilha pentelhuda e todo aquele brinquedão pendurado acintosamente no meio de tudo aquilo, esperando, pronto, para entrar em ação à simples visão da minha bunda, do meu torso nu ou do meu rosto visivelmente apaixonado por ele. Não ia ser no bate-boca que eu ia convencer aquele macho reticente a aceitar meus argumentos, por isso deslizei minha mão sobre a pentelhada da virilha e peguei delicadamente o cacetão para depositar um beijo suave sobre o pré-gozo que escorria da cabeçorra rosada. Ele gemeu e eu senti, na outra mão que estava apoiada sobre sua coxa, como ele estremeceu quando meus lábios tocaram na glande. Ele já estava desarmado. A pica terminou de endurecer na minha boca, enquanto eu lambia e chupava aquela carne quente e latejante, instigado pelo perfume viril que entrava nas minhas narinas. Ao mesmo tempo, eu massageava seus bagos ingurgitados. Eles estavam deliciosamente pesados, e logo mereceram os afagos da minha língua e boca vorazes. Ele se contorcia, grunhia e se controlava para retardar o gozo que, vira e mexe ameaçava eclodir. Desde a primeira vez em que fiz um boquete no Marcos, desconfiei que ele nunca tinha sido galanteado por uma boca aveludada e morna nos seus genitais, pois ele não tirava o olhar maravilhado do meu rosto enquanto eu o mamava. Parecia que o tesão o faria explodir e, eu gostava disso, gostava de deixá-lo sexualmente fora de controle. Não precisei trabalhar devotamente mais do que dez minutos naquela jeba saborosa antes de ele gozar na minha boca. Os jatos de porra espessa e branca vinham numa abundância tal que mal me davam tempo de engoli-los, o que eu fazia simultaneamente ao olhar dengoso com o qual o encarava, para observar cada uma das emoções prazerosas que ele estava sentindo. Ele grunhiu pronunciando meu nome em sílabas longas que sibilavam entre seus lábios quase cerrados. Nada me era mais precioso do que o prazer daquele macho. - Você gosta um bocado da minha porra, não é, seu safado? – questionou faceiro, quando terminei de limpar o cacete lambuzado dele com a língua. Bastou eu sorrir para ele ter sua resposta. Beijei-o começando pela barriga e fui subindo lentamente, depositando um beijinho aqui, outro acolá enquanto me levantava e subia com os lábios úmidos escalando seu tronco. Lambi os mamilos dele e ele agarrou minha cabeça entre as mãos, me apertou com força e trouxe meu rosto para junto do dele, onde com um beijo devasso me devorou como se quisesse me engolir por inteiro. Eu gemi com a língua dele na minha boca quando senti o dedo impudico dele tateando sobre as minhas preguinhas e se imiscuindo na minha rosquinha que piscava assanhada. Fui me deitando aos poucos sobre a cama e puxando o corpão dele junto comigo, ele sabia o que eu estava querendo e, esboçou um risinho tarado ao perceber que eu abria as pernas e o cingia à altura da sua cintura com elas. Meu rego aberto permitia que ele deslizasse a verga dentro dele, me provocando e me alucinando com a iminência de ser enrabado. Ele me fitava com aqueles olhos apaixonados e eu o cobria de beijos. Era dessa entrega, dessa generosidade, dessas carícias que ele aprendera a extrair a força e o incentivo dos quais precisava para encarar a nova vida que eu lhe oferecia. - Amo você, meu viadinho safado! Você me põe maluco, sabia? – rosnou, antes de se colocar entre as minhas pernas abertas e começar a lamber o meu cuzinho. Eu gemia feito uma fêmea carente no cio. Ele forçava a ponta da língua no meu orifício anal que piscava tresloucadamente. Mordia a parte interna das minhas coxas e as nádegas até ouvir meu ganido de dor. Meu corpo todo convulsionava desejando uma única coisa, que aquele macho entrasse em mim e me preenchesse com sua virilidade. Assim que ele enfiou o dedo no meu cu, ele teve um espasmo e se fechou aprisionando o intruso. O Marcos sorriu, sabendo que eu estava pronto para levar vara no cu. Com uma das mãos ele guiou o caralhão até a portinha rosada do meu cu, forçou a primeira vez e, esperou que meu tesão descontrolado relaxasse os esfíncteres e abrisse aquela fenda estreita. Aquele sempre era um momento tenso para mim. A passagem daquela cabeçorra e a entrada de todo aquele cacetão no meu rabo nunca era desprovido de uma dor lancinante, por mais que eu o quisesse alojado em mim. A segunda forçada logrou êxito, eu trinquei os dentes e deixei o gritinho aflorar, ele havia metido a pica no meu cu. Um momento de gloria para o Marcos, pois pelos próximos minutos eu seria dele e estaria a sua mercê como ele tanto gostava. O terceiro impulso foi uma estocada abrutalhada que fez metade daquele caralhão mergulhar de uma vez na minha fendinha dilacerada pelo modo abrupto com que fui lanhado. - Ai, Marcos! Manera, né! Você sabe muito bem o tamanho que essa tora tem para enfiar ela em mim desse jeito, feito um touro desalmado. O azar é seu se eu ficar todo arregaçado! – exclamei ganindo, quando ele estocou animalesca e violentamente o caralhão nas minhas entranhas. - Me parece que quanto mais eu meto nesse cuzinho gostoso da porra, mais apertado ele fica. – asseverou, procurando minha boca para beijá-la e, desta forma, se redimir da gana exacerbada com que me fodia. Eu me entreguei. As estocadas que se seguiram foram cuidadosas e carinhosas, ele deslizava cada vez mais fundo dentro de mim, até eu sentir seus bagos batendo no meu rego espraiado. Eu me agarrei aos lençóis quando o vaivém começou. Eu nunca sabia por quanto tempo ele ia bombar meu rabo antes de gozar e, embora aflitivo, nesse tempo eu curtia ao máximo o prazer de ter aquele macho engatado em mim. Entre os gemidos eu o afagava, o aconchegava em meus braços, o cobria de beijos enamorados fazendo-o sentir-se o macho mais recompensado do universo. - Eu te amo, meu macho bruto! – balbuciei, entre os gemidos e o breve espaço em que nossas bocas se separavam entre um beijo e outro. - Repete isso mil vezes para mim, amor! Você não faz ideia do quanto eu gosto e preciso ouvir isso saindo da sua boca. – ronronou ele, sem parar de mover sua pelve cadenciadamente o que fazia a rola escorregar para dentro e para fora até o limite em que a saliência da cabeçorra ficava engatada nos meus esfíncteres travados. - Amo você, Marcos! – sussurrei uma dezena de vezes. - Morzão da minha vida! Eu te amo, te amo, te amo! – grunhiu entre gemidos que ganhavam força à medida que ele acelerava as estocadas. Ondas de contrações se faziam sentir no meu baixo ventre, caminhando em direção à minha virilha, meu pau estava tão duro que chegava a doer e, aquelas ondas pareciam trazer o alívio que eu tanto precisava. Os jatos de porra empaparam meu ventre quando gozei alucinado de prazer. - Ah, como eu gosto de te ver gozando com meu pau atolado no seu cuzinho! – exclamou ele, ao notar que eu estava gozando. Eu trouxe o rosto dele para junto do meu e tornei a beijá-lo, um beijo apaixonado, de entrega, de devoção. Contraí minha musculatura anal mordendo a verga grossa que estava entalada no meu cu. O Marcos gostava de sentir sua verga sendo devorada desse jeito, ficava incontrolável, se mostrava insaciado à procura de mais prazer, movia o cacetão num vaivém sedento até sentir que tudo nele se retesava, que o menor movimento da pica vinha acompanhado de uma leve dor, de que a necessidade de esporrar se concentrava toda em sua virilha. A única maneira que ele encontrava para extravasar todo aquele tesão era urrando, e pondo para fora do peito comprimido, o prazer que explodia em jatos de porra diretamente dentro do meu cu. A cada jato daquela porra pegajosa eu me sentia mais gratificado, mais encharcado com o esperma do meu macho, um presente que guardava com todo o zelo e amor pelo tempo em que me era permitido, ou até que mais uma dose se juntasse a ele. Por conveniência e, para que pudesse levar todos os dias os meninos ao colégio, o Marcos montou um pequeno escritório imobiliário na cidade. A cidadezinha era pequena demais para absorver toda a capacidade do ramo imobiliário, por isso, o Marcos contratou corretores autônomos nas cidades de regiões vizinhas, o que permitia que os negócios se incrementassem sem a necessidade de ele estar fazendo grandes deslocamentos. Eu continuei meu trabalho em casa, pois em home office eu conseguia atender meus clientes sem abdicar do conforto de não ter que me deslocar, ao não ser esporadicamente, e continuar a manter minhas finanças. Depois de quase um ano, o Marcos finalmente resolveu que era mais prático e confortável vivermos na minha casa e, a casa que ele construiu ficou disponível para recebermos os inúmeros amigos e parentes que costumavam nos visitar naquele retiro afastado de tudo, ficando confortavelmente alojados sem interferir no andamento da nossa rotina. Para os meninos foi o fim da insistência em convencê-lo, o que os deixou imensamente felizes. Também foi quando deixaram de me chamar de Erick e começaram a me chamar de ‘pai’. Nem preciso dizer que as lágrimas rolaram da primeira vez em que o Pedro me chamou naturalmente assim, ao pedir que eu o auxiliasse com um problema de sua lição de casa. - O que foi, pai? Você está legal? – perguntou ao ver que eu enxugava as lágrimas com as costas da mão. - Não foi nada, filhão! Não foi nada! É que o pai é um bobão que ama você e seu irmão tanto, mas tanto, que fica assim quando você me chama de pai. – respondi, abraçando-o. - Eu também te amo muito, papai! – exclamou, me beijando. O que mais eu podia esperar dessa vida que não essa felicidade toda?
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não sou muito de ler contos grandes mas serio eu ficaria mais algumas horas lendo esse conto!! poderia facilmente virar um livro!1 muito linda essa historia!
Não sei se sua história é verídica ou não, que apesar de ser uma narrativa longa, não tornou-se chata muito menos cansativa, ao contrário, muito bem escrita além de muito bonita e tocante, parabéns!
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