Há alguns anos atrás, morar no interior tinha algumas desvantagens. Uma delas, e que teve influência direta sobre a minha vida, era a necessidade que os adolescentes tinham, de se mudarem para colégios na capital, para dar continuidade a seus estudos, quando visavam cursar uma faculdade renomada. Pois, via de regra, não havia bons colégios que preparassem os estudantes para esse fim. Assim, terminados os anos básicos, meus pais me matricularam num conceituado internato, na capital, a fim de me preparar para a universidade.
Sempre fui um garoto tímido, introspectivo, cujas relações sociais se limitavam a alguns poucos amigos na escola e os funcionários da fazenda do meu pai, que distava poucos quilômetros da pequena cidade onde morávamos. Portanto, uma mudança para a capital e sozinho, aos quinze anos, representou uma reviravolta na minha pacata existência.
Uma rua sinuosa escalava a colina, por entre um denso arvoredo, até o cume, terminando em frente ao grande portão de ferro, coberto pelo pórtico de pedras e, ladeado por uma guarita. O colégio ocupava todo o topo da colina. Era formado por um agrupamento de edifícios pomposos, que iam se desfraldando, encosta abaixo, distribuídos por um vasto terreno, localizado num bairro nobre da cidade. Grandes áreas gramadas, com um belo paisagismo e caminhos asfaltados, faziam a ligação entre um edifício e outro, cada um com um destino próprio. Cruzado o pórtico da entrada principal, cruzava-se um amplo jardim que precedia o edifício central, único que dava vista para a rua, onde ficava o setor administrativo, com o gabinete do diretor, as secretarias, uma biblioteca e algumas salas de troféus e de fotografias de egressos famosos. As salas de aula ficavam perfiladas ao longo de dois longos pavilhões térreos, que se comunicavam através de um vasto hall coberto, formando um H. Do outro lado da alameda, de sibipirunas e flamboiãs, onde ficavam estes pavilhões, ficava o anfiteatro. Um edifício de arquitetura clássica, que tanto servia para as palestras coletivas, que aconteciam todas as sextas-feiras no horário correspondente ao das duas primeiras aulas, dos demais dias da semana, quanto para as apresentações de concertos ou peças de teatro, protagonizadas pelos alunos. Num desnível do terreno, um patamar abaixo, ficava o edifício que abrigava o refeitório, cozinha, lavanderia e demais setores que davam suporte aos serviços de hotelaria do internato. Um gramado, intercalado por canteiros floridos e fontes de pedra-sabão, separava o refeitório do edifício de três andares, cercado de balcões, onde se localizavam os apartamentos dos estudantes. Cada um deles era composto por uma antessala, na qual fazíamos os deveres escolares, um banheiro, uma sala de visitas, onde ficava o televisor e, um amplo dormitório, em cujas paredes laterais se localizavam dois beliches, vis-à-vis; na outra parede ficavam os armários embutidos e, na que dava para o balcão, uma ampla porta de correr, de onde se avistavam as quadras de esportes e, ao fundo um bosque, limítrofe da propriedade. Outros prédios abrigavam laboratórios, salas de projeção, de música e de jogos. Duas pequenas casas térreas eram ocupadas pelos zeladores e suas famílias.
Meu primeiro estranhamento foi em relação ao apartamento, que eu teria que dividir com outros três estudantes. Acostumado ao meu amplo quarto em casa, onde reinava soberano, aceitar o que me pareceu uma perspectiva promíscua, foi bastante difícil. Ainda mais, quando soube que meus companheiros seriam veteranos de classes mais adiantadas. O mais antigo era o Pedro, estava no último ano, era três anos mais velho do que eu, e tido como o terror do colégio pelos demais internos. Líder nato e, dos times de futebol e basquete, usava o físico avantajado como arma de intimidação. Os outros dois, Claudio e Rafael, estavam um ano à minha frente, asseclas do Pedro, tinham nos músculos sarados seu trunfo e, na escassez de massa encefálica, sua subordinação. Por conta disso, corroboravam todos os desvarios do Pedro. Como fiéis escudeiros, postavam-se ligeiramente atrás dele, dando incentivo e guarida aos ataques que o comparsa promovia contra quem lhe desse na veneta.
Assim que cheguei, fui recepcionado com os trotes a que os novatos eram submetidos. Limpar o apartamento sozinho por um mês inteiro, buscar qualquer coisa que eles haviam esquecido em algum local e, outra miríade de tarefas infames. A princípio não dei muita importância a estas mazelas, mesmo porque, todos os novatos estavam passando por provações semelhantes. Porém, decorrido algum tempo, tive a sensação de ser o único a, ainda, estar sob o jugo dos meus colegas de apartamento. Decidi que não os obedeceria mais e, passei a cuidar, efetivamente, das coisas que me competiam, deixando a cada um, a tarefa que lhe cabia. Minha rebeldia não foi bem aceita e, passei a viver o inferno na companhia dos três. Fui submetido a toda espécie de provocações, humilhado e, pior, seviciado impunemente.
- Você não tem noção de perigo? Se liga, que numa dessas quebro seu braço! – dizia o Pedro, quando ignorava suas provocações e tinha os braços torcidos às minhas costas. Enquanto os asseclas riam à solta.
- Babaca! Basta o estímulo de uma plateia delirante para exibir sua estupidez. – revidava, encarando-o sem constrangimento.
O fato de não me intimidar o mortificava. Acostumado a ver os outros garotos que abordava, suplicando com um olhar desesperado, minha atitude o desconcertava e, para não fazer feio diante da plateia, que se aglomerava para assistir os achaques, me deixava com vergões nos braços.
Certo dia esbarrei, acidentalmente, no walkman do Pedro, que estava na beirada da mesa de estudos, espatifando o aparelho pelo chão. Assim que ele regressou ao dormitório, expliquei o que havia ocorrido e me prontifiquei a substituir o aparelho por um novo. Ignorando minhas desculpas, passou a me destratar e proferir ameaças. Ao final daquele dia, ao sair do chuveiro, fui cercado pelos três, ainda no banheiro. Quando da minha chegada, fui informado da regra que, não se trancava o banheiro ao tomar banho, para não impedir a entrada de alguém que precisasse usar o banheiro durante esse tempo. Nunca me atrevi a entrar lá quando algum deles estava sob o chuveiro, mas a recíproca não acontecia.
- Agora vamos acertar as nossas diferenças! – declarou o Pedro, em tom ameaçador.
- Já disse que vou te comprar outro walkman, assim que tiver autorização para ir ao shopping. – retorqui, continuando a me enxugar.
- Não estou interessado, quero outra coisa. – foi sua resposta.
- Então diga o que quer. Se for equivalente ao que quebrei eu concordo. – disse, procurando por um fim naquela conversa.
- Quero que você me faça um boquete! – exclamou irônico. Quando então, notei o ar libidinoso que pairava no ambiente.
Antes que eu pudesse articular uma resposta, fui agarrado, pelo Claudio e pelo Rafael e, obrigado a me ajoelhar diante dele. Pela primeira vez, tive a noção exata da nossa real diferença. Ele trajava apenas a cueca, e seu corpo era o de um homem; pernas musculosas e peludas, um tronco definido, pelo qual se espalhavam agrupamentos de pelos, que desciam pelo abdômen num caminho que seguia cueca adentro; enquanto eu ainda conservava traços de menino pelo corpo liso e de pele macia. Embora ele fosse apenas uns dez centímetros mais alto do que eu, os caracteres másculos o tornaram, repentinamente, muito maior do que eu, naquele instante. Entre sacar a pica da cueca e segurar com firmeza minha cabeça entre suas mãos, não se passaram mais que alguns segundos. Subjugado e indefeso, acabei por ceder aos movimentos que ele executava, roçando o cacete em meu rosto, e peguei a pica suculenta na boca. Chupei a destacada glande rosada, fazendo-o gemer de tesão. O cacete, latejante e quente, ia se avolumando na minha boca, estimulado pela sucção e, pelos movimentos, que a ponta minha língua fazia sobre o orifício uretral, donde brotava um líquido salgado. Minha cara estava afundada entre seus pelos pubianos e, um cheiro inusitado obnubilava meus pensamentos, tanto que nem senti os outros dois tirarem a toalha que me cobria. A nudez exposta provocou a imaginação dos três, aflorando o desejo sexual de me possuir. O Claudio começou a passar a mão sobre a minha bundinha arrebitada e, eu comecei a sentir minha pele se incendiar. Eu sugava a vara, que estava quase descendo pela minha garganta, como se desse empenho dependesse a minha vida, fazendo o Pedro emitir urros guturais. As picas do Rafael e do Claudio já não cabiam nas calças e eles as arriaram liberando as jebas sobre mim. O ar volatizava um aroma másculo que se impregnava nas minhas narinas. De repente, senti que flutuava no ar, estava sendo carregado para o quarto, suspenso por braços musculosos, que me enleavam como uma teia. Ao chegar a minha cama, o Pedro afastou com um gesto brusco, as mãos gulosas do Rafael que sondavam minhas nádegas carnudas e, depois de assumir o controle delas, começou a explorar meu rego, que ia sendo exposto, pelo afastamento dos glúteos, e lambido por toda sua extensão, com sua língua úmida. Meus primeiros gemidos ecoaram pelo quarto, embora por pouco tempo, pois a pica do Claudio entrou impune em minha boca e começou a ser chupada com volúpia. A bundinha empinada aumentava o prazer do Pedro, que incapaz de se conter, tocava as preguinhas rosadas de meu pódice trepador, com sua língua ávida, numa voracidade crescente. O Rafael se apressou em me servir sua pica melada, disputando as carícias dos meus lábios com o Claudio. O Pedro não se conteve diante dessa visão e na sanha de me possuir, começou a pincelar a jeba no meu rego, procurando meu introito anal com a urgência de um sedento a procura de um oásis. E, quando o sentiu na cabeçorra de sua pica, forçou-a pelo esfíncter apertado, alojando-a no meu cuzinho agasalhador. Meu grito foi abafado pelos cacetes que preenchiam minha boca. O Pedro aprofundava a pica em movimentos contínuos, que distendiam minhas pregas, ao limite do insuportável, irradiando uma dor que ganhava toda minha pelve, até que me senti completamente preenchido e, seu sacão se comprimia dentro do meu rego. Quando dei por mim, estava gemendo no mesmo ritmo cadenciado do movimento de vai-e-vem que ele imprimia ao cacete, tão duro que chegava a lhe dificultar as estocadas. O Claudio e o Rafael explodiram de tesão ao me ver espragatado pelo Pedro, e despejaram sua porra na minha boca. Os jatos espessos que não consegui engolir com tanta prontidão, escorriam pelas laterais da boca e pelo pescoço, quase me fazendo sufocar. O Pedro não se apressava, continuava estocando meu cuzinho apertado, com o prazer de quem degusta uma iguaria, impulso ante impulso, até sentir uma contração dos meus esfíncteres anais abalarem a convicção do seu pau, fazendo-o urrar e, gozar jatos abundantes de porra espessa, que se perdia nas minhas entranhas. Quando sacou a pica do meu rabo, eu estava arrombado, meu cu ardia em brasa e, eu tentava aplacar o frenesi que se apoderara do meu corpo. Só que não tive tempo para isso, pois na sequência, fui enrabado pelo Claudio e, quando este satisfez seu desejo, pelo Rafael, que terminou por me esfolar toda a mucosa anal, antes de despejar sua gala no meu cuzinho ferido.
Daquele dia em diante, as abordagens sexuais ocorreram por diversas vezes, sempre capitaneadas pelo Pedro, quando cismava em me subjugar, sob argumentos inconsistentes, quando não, por mero capricho. Nunca saiu uma palavra, da boca de qualquer um de nós, do que acontecia entre as paredes do nosso dormitório e, eu não saberia dizer, se me calei, temendo um escândalo ou, se por sentir uma cumplicidade prazerosa com isso.
Numa tarde, quando estava preparando meus deveres para o dia seguinte, estávamos apenas o Claudio, o Rafael e eu no apartamento e, os dois começaram a me bolinar, enquanto me despiam. Relutante, a princípio, deixei que continuassem a abordagem e, já tinha como certo que em instantes, seria enrabado pelos dois. Eles estavam quase chegando a isso, entre uma ou outra contestação de minha parte, quando o Pedro chegou e nos flagrou completamente nus.
- O que vocês pensam que estão fazendo? – ele bradou furioso, partindo, aos socos, sobre o Claudio e o Rafael.
- Estamos a fim de dar uma enrabada no cuzinho guloso dele! – proclamou o Rafael, se esquivando da agressão.
- É, vamos comer o rabinho dele! Manda ele deixar de frescura e dar esse cuzinho tesudo duma vez! – completou o Claudio, convidando-o a participar da suruba.
- Se tocarem nele mais uma vez, sem que eu esteja presente, vão sentir o peso das minhas porradas. – gritava o Pedro, ensandecido. – E você, seu viadinho, está facilitando as coisas para eles? – acrescentou, gritando em meus ouvidos.
- Estou sofrendo as consequências das ideias que você plantou na cabeça desses babacas! Não pense que me agrada conviver com um bando de tarados! – revidei, enquanto recolhia minhas roupas pelo chão, que me foram arrancadas brutalmente.
Nos meses que se seguiram, surpreendentemente, desfrutei de uma tranquilidade imperturbada, cuja razão não cheguei a descobrir. Fortaleci minha amizade com o maior desafeto do Pedro, não propositalmente, mas por afinidade, e pela necessidade que ele tinha, em relação a uma matéria, na qual seu esforço não condizia com o desempenho das suas notas e, da qual eu podia dar boas explicações. Os dois estenderam a rivalidade das partidas de futebol para além do campo e, era um dos poucos no internato, que não se intimidava com as ações do Pedro. Essa minha aproximação com ele, se transformara em mais um ponto de discórdia entre ambos.
No ano seguinte, não encontrei mais o Pedro, pois este concluíra seus estudos no colégio. No remanejamento dos apartamentos, me livrei de seus asseclas que, sem a influência do comparsa, passaram a ser figuras ignoradas, que já não causavam mais terror em ninguém e, a quem poucos davam ouvidos. Assim, até o final do curso, vivi momentos muito mais felizes no internato.
Por indicação do orientador da minha tese de doutorado em economia, fui contatado por uma caça talentos que já havia visto circular pela universidade. Ela se apresentou com uma proposta de trabalho numa instituição financeira multinacional. Disse que obtivera excelentes referências minhas e, que meu perfil se encaixava nas exigências de seu cliente. Dois dias depois, estava diante de três senhores, já entrados na faixa dos sessenta anos, que me entrevistaram e acenaram com uma oportunidade em seu banco. Para isso, eu teria que regressar ao Brasil e assumir o cargo no setor de investimentos da filial, tão logo meu doutorado estivesse concluído. Fiquei eufórico com a oferta, sabendo que voltaria com uma colocação garantida.
Seis meses depois meu avião aterrissava em São Paulo, num início de verão. Após oito horas de voo, eu experimentava uma diferença de temperatura de 35 graus, em relação à da partida. Minhas roupas colavam sobre a pele encharcada de suor e, uma leve vertigem, fez com desejasse chegar em casa o quanto antes. Além da pequena mudança que eu trazia, após três anos vivendo no exterior, um diploma de pós-graduação e, muita confiança no futuro, estava ansioso para me apresentar ao novo empregador.
Meu primeiro dia de trabalho foi repleto de surpresas. Uma sala confortavelmente decorada, com vista para boa parte da cidade, com alguns mimos do que a tecnologia de informação tinha de mais moderno, as boas-vindas de um ex-colega de faculdade, que trabalhava havia cinco anos no banco e, a mais contundente, a descoberta de que o Pedro também era funcionário, porém, lotado no setor administrativo. Não cheguei a vê-lo nesse primeiro dia, mas durante uma conversa, uma secretária mencionara seu nome, o que me fez indagar se, efetivamente, se tratava da mesma pessoa que eu conhecia. A confirmação se deu no dia seguinte, quando ele veio à minha sala, conduzido pela secretária. A princípio, um silêncio constrangedor, só entrecortado por cumprimentos formais, se instalou entre nós. Os dezesseis anos decorridos, desde a última vez que o vi, haviam produzido modificações sutis em sua fisionomia. Continuava a ser um homem atraente. A maturidade havia lhe serenado o olhar, embora, ainda se pudesse entrever certa petulância naqueles olhos sagazes. A gravata lhe imprimia seriedade, realçando seus traços másculos. Um sorriso econômico se mantinha desde a juventude e, foi com ele que cumprimentou, enquanto avaliava com um olhar, de ave de rapina, as transformações que estes anos me inculcaram. O corpo magro de menino havia crescido, alcançara-o. Também as suas curvas haviam se acentuado, preenchidas apenas com o suficiente, sob a pele, para torná-las atraentes. O rosto harmônico continuava imberbe, incrivelmente liso, no qual a boca se destacava, pelo contorno suave dos lábios úmidos, e pelos dentes alinhados, que brilhavam como diamantes a cada sorriso. Os mesmos olhos, de um verde intenso, que outrora o encararam sem nenhuma sombra de intimidação, agora estavam na mesma altura dos seus, e eles os achou, ainda mais meigos e acolhedores do que antes. Transmitiam confiança e, espelhavam uma alma, que conheceu as primeiras agruras da vida, depois de havê-lo conhecido. Ciente disso, tratou de dar a esse reencontro a brevidade que pode. No entanto, percebi que, me reencontrar havia mexido com suas convicções, tanto quanto com as minhas. Durante o aperto de mãos, um calor atiçou meu corpo e, minhas preguinhas anais se contorceram temerosas.
No final da semana seguinte, uma chuva torrencial fechava a tarde de sexta-feira. Fiquei aguardando no escritório, por um tempo, na ilusão de que aquele aguaceiro de verão fosse passageiro e, que minha volta para casa, sem o carro, que estava na revisão, fosse menos sacrificada. No entanto, o tumulto só fazia aumentar; nem a chuva cedia, nem os congestionamentos diminuíam. Da janela da minha sala via as pessoas, lá embaixo, se aglomerando, encharcadas, sob as marquises e pontos de embarque. Desci na expectativa de conseguir um taxi que me deixasse em casa.
- Como vai o trabalho? Já se habituou com a empresa? – perguntou o Pedro, assim que o encontrei no elevador.
- Estou me adaptando. Leva algum tempo para se acostumar, mas estou gostando do desafio. – respondi.
- Vejo que ficou até mais tarde, se puder te ajudar com alguma coisa é só falar. – continuou ele.
- Não, está tudo bem. Agradeço sua oferta. O que me segurou mesmo foi a chuva. – retruquei agradecido.
- Vamos pegar um trânsito parado. Sexta-feira, com chuva no final da tarde, é sinônimo de caos pela cidade. Em que subsolo deixou seu carro? – ele inquiriu.
- Mais essa, meu carro está na revisão. Hoje dependo de um taxi e, espero encontrar um livre. Bem! Bom final de semana! – observei, me despedindo dele, quando o elevador alcançou o térreo e abriu as portas.
- Vem comigo. Te dou uma carona! Volta para cá! – ofereceu, interceptando o fechamento automático das portas com o braço.
- Obrigado, vou aceitar. Você pode me deixar num lugar que não interfira no seu itinerário! – sugeri, agradecido.
Ele circulou com desenvoltura pelas avenidas e ruas, sem me perguntar onde morava. Íamos conversando sobre o tempo em que estivemos afastados e sobre o que havíamos feito durante todos esses anos, sem que eu atinasse para onde estávamos indo. Tempos depois, ele embicou o carro no acesso à garagem de um edifício, esperando pela abertura do portão.
- Obrigado pela carona, daqui eu me viro. Obrigadão e, bom final de semana! – agradeci, fazendo menção de sair do carro.
- Espera! Aonde você vai? – ele perguntou, me contendo pelo braço. – Quero que você veja uma coisa. – continuou, sem me libertar.
- Talvez outro dia. Estou um pouco cansado, foi uma semana dura. – retorqui.
- Por favor! Só alguns minutos. Depois te levo até em casa. – suplicou.
Ele me levou até seu apartamento aonde, um filhote de buldogue inglês, veio nos recepcionar com grande euforia, entre latidos estridentes e saltos no ar. Imediatamente, me tomei de amores pelo animalzinho, e o cobri de afagos, que ele retribuiu, satisfeito, me lambendo as mãos e os braços.
- Entra! Vou buscar algo para bebermos, tem alguma preferência? – disse o Pedro, me indicando uma poltrona.
- Não quero nada, obrigado! – respondi, antes de ele desaparecer, sem prestar atenção na minha recusa.
Me acomodei, e o filhote saltou para meu colo, em busca de mais carinho. A decoração da sala deixava nítida a ausência de um toque feminino e, até de certa organização. Parecia que o mostruário de uma loja de móveis, havia saltado diretamente da loja, para dentro daquelas paredes. O único som que podia ouvir era o tilintar de copos na direção que ele havia seguido. Conclui que estava só. Instantes depois ele reapareceu, com um ar mais descontraído, e dispôs uma jarra de suco e dois copos sobre uma bandeja, sob a mesa ao meu lado.
- E você, seu folgado! Já arranjou um colo para se aninhar. – disse sorrindo, ao fazer um carinho na cabeça do cãozinho, que se ajeitara entre minhas coxas.
Ele me contou que havia se divorciado, meio ano atrás, depois de ficar casado por quatro anos. Que agora estava morando neste apartamento que recebera dos pais. Quis saber o que eu havia feito depois do colégio, e se estava com alguém. Respondi que não havia me casado, porque a minha estada no exterior foi uma prioridade. Conversamos demoradamente sobre diversos assuntos e não me dei conta do tempo transcorrido. Pela primeira vez mantive um diálogo com ele, que não fosse fruto de uma discussão.
- Sei que não é casado. Procurei por essa informação na empresa. Mas, está com alguém? – ele confessou, refazendo a pergunta inquisidoramente.
- Bem! ... Não. – respondi estupefato, com a ousadia. – Tenho que ir, está na minha hora. – continuei, já me levantando da poltrona.
- Quero que me perdoe! Você sempre me disse que eu era um babaca. Eu sempre fui um, em relação a você. Por isso gostaria que me perdoasse. – ele exclamou abruptamente, me surpreendendo.
- Isso foi há anos atrás. Vamos deixar as desavenças da adolescência, onde devem ficar. – respondi.
- Não agi como deveria com você. Fui um animal naquele dia....você não merecia isso! – ele seguia despejando as palavras em desabafo.
- Não vamos falar mais disso. – repliquei, sentindo um nó se formando na minha garganta, quando as imagens dos três me agarrando no banheiro, iam ressurgindo da memória.
- Namorei uma dezena de garotas, me casei, mas nunca mais senti algo, mesmo que remotamente parecido, do que senti com você naquele dia. – ele soltou em confissão.
Comecei a ficar irrequieto e perturbado com aquela conversa, e tive vontade fugir. Mas ele se aproximou e me estendeu a mão, pedindo meu perdão. Depois de um quase monossilábico, OK meu, pois minhas palavras não conseguiriam sair, sem trair a minha emoção, ele me abraçou com força e me comprimiu contra o peito e, eu podia jurar que seus olhos estavam marejados, embora não os pudesse ver. Estranhamente me senti próximo dele, não pelo fato de estarmos abraçados, mas por um vínculo invisível, que ganhava corpo próprio, agora que os nossos estavam tão próximos.
- Estou contente pelo nosso reencontro. Acho que o destino está me dando uma segunda chance. Está me dando a oportunidade de consertar o que fiz no passado. – professou ele, em tom de arrependimento.
- Vamos deixar o que passou, lá no passado. – argumentei conciliador.
- Quero que veja uma coisa! – exclamou, me conduzindo pelo corredor até um dos quartos.
Retirou uma pequena caixa de madeira do maleiro do armário e a pôs em minhas mãos.
- Abra! – sugeriu.
Ao remover a tampa, encontrei o velho walkman, aos pedaços. Não conseguia atinar com o significado daquilo e, por uns instantes, fiquei perturbado.
- Foi o meio que encontrei de não me afastar de você. – declarou. Enquanto se aproximava de mim e me abraçava.
Olhei perdido e divagando, para o conteúdo da caixa, sem me aperceber que minhas costas estavam coladas contra seu peito e, seu hálito concupiscente roçava a pele da minha nuca, seu tórax se ajeitando no meu dorso, suas mãos deslizando nos meus flancos até alcançarem minhas ancas. Um calor começou a afoguear minha intimidade quando senti seu caralho se esfregando em mim, me acheguei provocativo e dengoso nele, com um remelexo manhoso, incendiando sua loucura sexual. Ele lambeu minha nuca, murmurando ‘me perdoe’, cheio de sedução. Gemi profundamente, quando uma onda de desejo percorreu meu corpo e me senti fraquejar em seus braços. Ele não se fez indulgente, e começou a beijar meus lábios, introduzindo a língua, donde minava loucura, dentro da minha boca. Aos poucos fui sentindo que meu corpo estava cada vez mais exposto, sem as roupas que ele ia tirando, para seu deleite safado.
- Quero você! – suplicou cheio de tesão.
Com a pressa a instigar-lhe as necessidades, desvencilhou-se das roupas num piscar de olhos. O caralho, pesado, pendia excitado pela cobiça. Os anos o haviam encorpado, estava mais grosso, nutrido pelas veias sinuosas. O saco, não só ganhara volume, teve sua morfologia redesenhada, pois um dos bagos pendia acima da altura do outro e, estavam cheios. Toda esfera pubiana proclamava sua virilidade e, ao aproximá-la de mim, como um convite, resvalou a jeba no meu rosto. O cheiro de sexo fez minha boca se abrir por instinto, e sorver o pre-gozo viscoso que inundou minha alma. Lambi e suguei a tora morna que pulsava entre meus lábios, primeiro com timidez, que aos poucos foi se transformando em voracidade. Ele ronronava excitado, acariciado por minha boca gulosa. Suas mãos passeavam entre os meus cabelos e, quando parecia que o gozo lhe explodiria pelo pau, ele o enfiava profundamente na minha goela, gemendo de desejo.
Com dois passos, ele me conduziu até a cama; deitou-me de bruços, com as pernas estiradas e se deitou sobre mim, sussurrando safadezas em meu ouvido. Meu ânus, em brasa, se ajeitava para que sua pica se insinuasse no rego da minha bunda. Ele começou a lamber minhas costas, descendo pela coluna, ao mesmo tempo em que, suas mãos palpavam meus glúteos roliços. A carne macia e lisa das minhas nádegas era ardilosamente comprimida por seus dedos fortes, que em seguida exploraram minhas preguinhas, e o orifício piscante do qual se irradiavam. Rosado e muito apertado, não mostrava indícios de haver sido maculado. A língua áspera e morna dele passou sobre meu cuzinho, fazendo-me arrepiar todo. Meu corpo evidenciava o desejo de uma intervenção real dele, ao empinar a bunda com a carne toda eriçada. Um dedo dele entrou no meu cuzinho, eu o comprimi travando meu esfíncter, e gemi baixinho, procurando me apoiar melhor sobre a cama. Inquieto, rebolei as ancas, quando ele se ajeitou para acomodar seu peso sobre meu corpo. Ele respirava apressado, cada vez que eu empinava a bunda, se preparando para me enfiar o pau duro. Quando ele meteu com força no meu cuzinho, um gemido choroso eclodiu dos meus lábios e, antes que a dor diminuísse, ele sacolejou um entra-e-sai cravando toda a pica na minha maciez acolhedora. Senti o saco batendo contra as nádegas arreganhadas, as entranhas distendidas pelo volume que as invadira e, a expectativa da dor sendo substituída pelo prazer. Rebolei para facilitar aquela invasão tão desejada. Ele começou a ir e vir dentro de mim, na cadência ritmada dos meus gemidos, ora mais vagarosa e delicadamente, ora empurrando com força, estocando minha próstata contra a pelve. Ele metia profundamente o pauzão, empurrando tudo dentro de mim, enquanto eu gemia desesperado, esperando ele ejacular toda sua essência em mim. A chuva, lá fora, batia com força contra as vidraças, molhando a cidade, enquanto ele molhava com seus jatos de porra morna, meu cuzinho esfolado.
- Me arrependo de ter deixado o Claudio e o Rafael te tocarem! E, não posso conviver com a ideia, de que meu rival do colégio, ou outro homem qualquer, possa ter penetrado esse cuzinho tesudo. – ele confessou, com o suor a banhar-lhe a fronte, extenuado pelo esforço.
- Nunca mais um homem esteve em mim, desde que você saiu do colégio. – declarei sincero.
Um sorriso de alívio iluminou seu olhar. Beijei-o seguidamente abaixo do maxilar anguloso e, deslizava meus dedos por cima de sua barba áspera. Depois de se reclinar sobre os travesseiros, ele me puxou sobre seu peito, fazendo com que eu pousasse minha cabeça nele. Uma de suas mãos afagou meu rosto, enquanto a outra acariciava minha bunda. Algumas gotas escarlates sobre o lençol confirmavam minhas palavras. A partir de então, nossas vidas se entrelaçaram harmoniosamente, seguem dias de recompensada tranquilidade, intercalados por mágicos momentos de acalorada paixão, que incendiam nossos corpos e aquecem nossas almas. Um poeta diria que isso é o amor. Eu não duvido.