Divã: A arte da submissão - Parte 3

Lembro da primeira vez que visitei o centro de treinamento. Devo ter perdido uns cinco minutos só admirando a entrada. O lugar era enorme, bem no coração do centro. Parecia que tudo o que envolvia Jefferson, tendia a ser grandioso.
Ao chegar, fui recebido por ele na porta. Com o mesmo sorriso convidativo e olhar penetrante.
O acompanhei para dentro e logo fui apresentado para o pessoal da recepção e da manutenção. Empolgado, foi me mostrando tudo. Não só o centro de ginástica, mas o ringue, o octogono, as piscinas, quadras, tudo.
Jefferson era um filantropo, e financiava uma gama de atletas. Fiquei impressionado como ele era querido ali dentro. Os atletas e até mesmo o pessoal da manutenção falava com ele com grande carinho e intimidade.
Fiquei meio perdido, mas tentei acompanhar. Lembrando os locais e os nomes das pessoas
Foi quando um homem alto e forte, vestido de quimono, apareceu. Puxou Jefferson e o abraçou.
- Consegui - foi tudo o que disse. E foi o bastante para Jefferson o puxar de volta e dar um abraço ainda mais forte.
- Óbvio que conseguiu. Eu não tive dúvidas - estava visivelmente contente.
- Nem sei como agradecer. - O rapaz de quimono falou, olhando com intensidade para nosso benfeitor.
- Vai na competição e me deixa orgulhoso - Jefferson o orientou
- Claro que vou... E... Quem sabe, se eu pudesse fazer algo mais...
E sorriu sem graça, Jefferson riu, bastante a vontade. Acho que não lembraram que eu também estava lá.
- Obrigado. Sabe que a prooosta é tentadora - respondeu com humildade - mas agora tenho de mostrar o CT para o iovem Patrick aqui.
Só então ele olhou para mim, parecendo me notar. Me olhou de cima a baixo e sorriu educado.
Não gostei, por alguma razão, de seu olhar. Não sei dizer o que foi, parecia que ele me olhava com ar de superioridade, ou eu quem estava me sentindo inferior, diante de um homem tão forte. O fato é que ele me cumprimentou e eu respondi, mas minha voz saiu mais grave do que quis:
- Prazer - foi tudo o que disse
Achei que Jefferson tinha botado algo estranho, mas se notou, não comentou.
- Bem, Thiago, vou me indo. Depois conversamos. Quero os detalhes - e se despediu
- Thiago é um dos grandes orgulhos do CT. Com 16 anos já ganhou seu primeiro campeonato nacional. E agora, está a caminho dos jogos panamericanos.
- Hum... - foi tudo o que consegui dizer.
E a coisa não melhorou depois dali. Parecia que todos tinham intimidade em tratar com Jefferson. Vinham até ele cheio de sorrisos, de elogios,. Pareciam um bando de puxa sacos. Sem perceber, comecei a me irritar. Acho que isso se devia ao fato de estar sendo tantas vezes ignorado. Ja que os atletas vinham falar com Jefferson e só após algum tempo, pareciam me notar ao seu lado.
Fui caminhando cada hora mais emburrado ao seu lado. Tentava controlar, mas estava ficando facilmente irritadiço a cada minuto
- Algum problema, Patrick? - perguntou, quando passamos pelo octogono.
- Nada - respondi seco
- Tem certeza? Nada que queira falar?
- Não.
-Tudo bem, então - ele não acreditou, mas estava decidido a não brigar. Embora estivesse claramente desgostoso de minhas atitudes. Coisa que na hora, não me importei.
Ele então me levou para o vestiário que na hora estava vazio. Voltou-se pra mim e perguntou:
.- Certeza que nao tem nenhuma pergunta? Alguma dúvida que queira esclarecer.
E foi nesse momento que acabei falando mais que a boca. A raiva que eu sentia crescer dentro de mim sem saber o real motivo me fez falar coisas que eu sequer sabia estarem sendo processadas em minha cabeça:
- Só curioso. Com quantos já transou neste CT?
Se havia uma forma de eu entrar nessa questão sem ser de sola, eu sinceramente não sabia, mas tinha certeza que deveriam haver abordagens melhores
Ao contrário das pessoas normais, Jefferson não se mostrou nem um pouco abalado. Apenas pareceu pensar honestamente antes de responder.
- Não sou capaz de contar. Por que a pergunta?
- Você transa com todo mundo aqui?
Dessa vez ele riu. Uma risada curta, como quem não estivesse acreditando no que estava ouvindo.
- Todos não. Agora por que você não vai logo ao cerne da questão e me pergunta o que quer perguntar de fato?
Eu já havia descido pelo buraco do coelho, mas não fui capaz de continuar, uma vez que percebi em sua viz uma nota de irritação. Aquilo me acovardou. Também pudera. Eu havia feito uma pergunta muito pessoal e ainda em tom de acusação. Como se ele me devesse algum tipo de satisfação
Fiquei constrangido e me calei. Ele, paciente, me olhou de cima a baixo e andou até a pia do vestiário.
- Vem comigo - foi uma ordem e eu não me atrevi a fazer birra
Ele parou de frente pra mim e começou a desabotoar a blusa.
Abaixei o rosto, com vergonha, mas olhava a toda a hora pois não entendia o que estava acontecendo
Ele tirou o paleto, depois a camisa social. Tinha um peito bem definido, mesmo sem grandes volumes. E um adbomem desenhado com uma entrada que levava até dentro da calça. Adorava aquelas entradinhas.
Então, sem falar nada, ele se virou de costas
A curiosidade me fez dar mais uma espiada e o que vi me chamou tanta atenção que não consegui mais baixar a cabeça.
Era um desenho enorme em suas costas, de uma árvore bem detalhada em tinta preta. E em seus galhos, várias e várias folhas tingidas em um verde vivo.
Percebi que uma das folhas tinha um pedaço de filmo plástico em cima. E a tinta parecia fresca.
- A verdade é que eu sempre gostei muito de esportes. Quanto mais radicais, melhores. Com apenas 16 anos já havia feito minha primeira escalada, meu primeiro vôo de parapente, e meu primeiro mergulho em águas profundas.
Ele não me olhava. Era a primeira vez que o via falar com alguém sem olhar diretamente nos olhos
- Meu pai senpre quis que eu o seguisse na carreira dos negócios, embora minha vocação me levasse para o caminho da adrenalina. Ele nunca me impediu. Sempre me deixou livre para seguir meu sonho. Mesmo com todos os riscos que eu me metia.
Então se virou para mim e me deu im sorriso cansado
- As vezes eu até gostaria que ele tivesse sido um pouco mais rígido. Injustamente falei isso pra ele quando estava preso naquela cama de hospital. Ele já me perdoou, mas me arrependo ainda amargamente das palavras. - e respirou fundo - o fato é que minha vida louca me fez fraturar a coluna em um acidente de esqui. Fiquei em uma cama por 4 meses e imaginei que não voltaria a andar. Mas graças ao corpo médico extremamente competente, tal perspectiva nunca ocorreu. Eu voltei a andar porém, obviamente, não sou mais capaz de praticar nenhum dos grandes esportes que amo.
O olhar de Jefferson estava perdido, um tanto saudoso, um tanto contemplativo.
- Então, pude enfocar em ser o homem dos negócio que meu pai queria. O que o deixou muito feliz e, devo admitir, a mim também. Tenho vocação para a coisa. Mas mais ainda, como empresário, sou capaz de fazer as coisas acontecerem
Nesse instante, ele voltou a me encarar, sério, penetrante.
- Fiz essa tatuagem quando montei este CT. Meu pai e eu o fundamos e desde então eu o administro. Faz parte do fundo filantrópico de nossa companhia. Essa tatuagem, a princípio só o tronco, serviu para encobrir uma feia cicatriz que tenho na espinha. E com o passar dos anos, passou a ser preenchida com minhas conquistas. A cada vez que descubro um novo e promissor talento, eu acrescento uma folha aos galhos. Está e sua. - E apontou para a parte encoberta pelo filmo.
- Eu... - tentei falar, mas ele me mandou calar
- Não me interrompa. Afinal, foi você quem quis saber. E a resposta é sim. Transei com muitos dos que aqui estão. Homens, mulheres. Se uma coisa que aqueles meses na cama de hospital me ensinaram é que a vida é curta demais para se perder com bobagens de convenções. Eu transo com eles porque me sinto atraido pelos seus corpos, suas personalidades, suas virtudes
Vendo que eu ia falar mais algo, me atropelou.
- E sim. Todos aqui são gênios em suas modalidades. O que trás cada um dos atletas a este CT, é seu talento. O que leva alguns deles para minha cama são questões minhas as quais não lhe devo satisfação. - então riu, balançando a cabeça como se tivesse pena de mim - não pense você que fiquei chateado pela sua crítica. Não. Confesso que achei seu ciúme até mesmo fofo. O que me ofender é você insinuar que em algum momento eu precisei usar de minha posição para conseguir sexo. Se quis me divertir com você aquela noite, foi porque te achei interessante. Só isso. E se você topou se divertir comigo por qualquer razão que não seja essa, então você foi um idiota. Deixei bem claro pra você que minha decisão já estava tomada.
- Me desculpa - falei alto. Interrompendo seu sermão. Me sentia péssimo, envergonhado e arrependido. Só queria poder ter voltado no tempo e feito tudo para calar minha própria boca.
- Tudo bem. - falou por fim. - espero que tenha gostado do CT. Ainda é sua casa, se quiser.
E sem dizer mais nada, saiu.
O fato é que eu tinha feito besteira. Não profissionalmente, pois tive o mesmo trato dentro do CT. Mas Jefferson já não falava mais comigo além do estritamente profissional.
Não demorou muito para eu sentir falta dele. Estranho, pois só tínhamos saído uma única vez e eu sentia como se estivesse completamente viciado nele.
Cheguei a sonhar que escalava a árvore em suas costas. Lembro que no sonho, eu via a folha que ele tinha tatuado em minha homenagem ser fortemente balancada pelo vento, estando prestes a romper e sair voando. Eu escalava os galhos na tentativa de chegar a ela antes, mas era tarde. Uma ventania poderosa soprou e minha folha era varrida pra longe.
Ele me deixou nesse castigo por semanas. Ou pelo menos eu encarei como castigo.
Em outubro, tivemos um torneio de ginástica. Uma importante competição estadual a qual eu já estava qualificado ainda no colégio.
Lembro de meu estômago dar um nó, quando descobri que o evento ocorreria em minha cidade natal. Me imaginar ali, tão próximo de minha familia e meus antigos vizinhos, me dava ansias.
Lembro que quando fui até Jefferson falar de minhas inseguranças, já tinha vontade de desistir. Senti que não ia conseguir.
Quando entrei em seu escritório para dar a noticia, ele sorriu educadamente e falou antes que eu pudesse dizer algo:
- Olá, Patrick. Queria justamente falar com você. - falou enquanto digitava rapidamente em seu computador - Como você é o único de meus atletas incluído nesta competição, pensei em dispensar a vã. O que acha de ir de carona comigo?
Eu achei não ter entendido bem o convite, e logo minha cabeça ficou confusa com minha recente disposição para ir.
Era como se meu espírito tivesse capturado antes de todos os meus sentidos a mensagem e logo enchido meu corpo com uma forte animação em competir
De repente eu não lembrava mais de minha cidade e meus medos. Eu queria apenas viajar novamente.
- Acho uma ótima idéia - falei por fim. E sai, ignorando sua pergunta de o que tinha me lavado a seu escritório a princípio.

Quando o dia da viagem chegou, levantei cedo pois não conseguia dormir
Jefferson veio me buscar em meu alojamento e seguimos.
O tempo de trajeto era de 3 horas de carro e foi muito prazerosa. Durante toda a viagem, me parecia que o mal estar de antes havia enfim passado. Conversávamos animadamente, sobre assuntos diversos. Tal como fizemos a primeira vez que saímos. Mas não tinha como negar que havia algo diferente. Pois eu não sentia mais sobre mim aquele olhar predador que tanto me deixava apreensivo e ansioso.
Jefferson foi um perfeito profissional. Me deu dicas sobre o campeonato, pediu que eu me preparasse no sentido de minhas emoções. Pois, segundo ele já tinha percebido, meu nervosismo era meu pior adversário.
- Imagino que deva ser difícil se apresentar para sua família, normalmente criamos expectativas de impressionar nossos pais. Meu conselho é se abstrair. Você não está lá por nenhum deles. Está lá por você. Imagine-se como se estivesse sozinho no tatame. Só existe um juiz que é você mesmo. Pessoas que exigem demais de si mesmas como eu e você costumam se dar bem com essa estratégia.
Jefferson falava com segurança, parecendo me entender muito bem, meus medos e aflições. Eu o olhava dirigir, a postura relaxada na estrada, o olhar perdido no horizonte, como seus olhos brilhavam refletindo a luz do sol...
Chegamos em minha cidade e Jefferson me deixou em casa antes de seguir para o hotel.
Desta vez, não houve convite dele para ir ver seu quarto...
Entrei e me deparei com uma casa estranhamente vazia. Chamei minha mãe, procurei e nada. Quando estava no quintal, Helena, nossa visinha de muro, local onde ela e minha mãe conversavam as vezes por horas, quem me informou que ela havia viajado, que passaria o fim de semana na casa de meu irmão e da nora.
A noticia não me decepcionou ou surpreendeu. Por alguma razão, eu esperava isso. Não me lembro de ter criado expectativas a respeito dela me ver me meu primeiro campeonado estadual. Mesmo que fosse a 20 min de sua casa.
Acho que nunca tinha ficado sozinho em casa e a sensação ao fim era boa. Tomei um banho e fiquei nu em casa, andando assim pelos cômodos, vendo tv, preparando um lanche na cozinha. Nunca me senti tão a vontade dentro de minha própria casa.
Lá pelas 19 horas, Jefferson me ligou, para combinar o horário que me buscaria. Um impulso dado pela coragem de minha liberdade recem descoberta, me fez fazer o convite dele ir para lá. Talvez economizar no hotel e dormir em minha casa. Mas ele educadamente recusou.
- Precisa descansar, garoto. Durma cedo. Relaxe. Se eu for aí, vamos ficar falando e posso acabar te deixando mais ansioso do que queremos
Bem, não era esse meu plano. A verdade é que só por falar com ele ao telefone, fiquei imensamente excitado. Lembro de, enquanto conversava com ele, passar a mão entre minhas pernas e acariciar meu próprio orifício. Ouvindo sua voz grossa.
- Então vamos fazer o seguinte. Amanhã, as 18h eu passo aí. Esteja arrumado. Vamos chegar bem cedo para que eu possa te ambientar lá. Aproveito e te apresento umas pessoas importantes. Então... Patrick, você está me ouvindo?
- Oi? - fui acordado de meu extase. Meu dedo já tinha entrado por completo em meu orifício. - Sim. Sim.
- Ta fazendo o que? Distraido dessa forma.
- Nada demais - e tirei o dedo de mim e segurei a vontade de rir. - Eu... Eu queria te pedir desculpas pelo que falei no vestiário.
Aquele meu rompante o tinha deixado sem palavras. Ele titubeou e então aceitou as desculpas. Mas recusou novamente ir até minha casa.
Desligamos.
Eu estava pegando fogo. Queria muito o ter ali. Me aproveitar de minha coragem inédita, de poder ser eu a fazer alguma coisa. Me entregar a ele como homem e não como o garotinho da noite em seu quarto de hotel. Embora... Acho que o que eu tinha realmente falta era de ser tratado como o garotinho.
Mas aquela não seria a noite de minha oportunidade. Não seria. Então, peguei novamente o telefone e pedi um lanche, do restaurante de minha rua que há muito não comia.
Só me dei conta de que ainda estava pelado quando a campainha tocou. Peguei o mais próximo que tinha, uma toalha, para me cobrir e receber
Ao abrir a porta, vejo um rosto famíliar.
- Patrick?
- Wallace?
Wallace era um garoto da escola que eu sentia uma certa... Atração. Foi meu primeiro crush, por assim dizer. Embora ele fosse meio mal comigo. Já tinha escrevido sobre ele em meu blog algumas vezes. Histórias fictícias, infelizmente. Onde ele e alguns amigos me cercavam nos banheiros, me chamavam de viadinho e me humilhavam, logo antes de perceberem que eu estava excitado e resolverem levar a brincadeira pra outro nível.
- Caramba, quanto tempo - ele se surpreendeu. Seu sorriso ainda era bonito. Embora a idade não tivesse feito a ele tão bem assim. Era forte nos tempos do colégio, mas seu estirão de crescimento o havia deixado magro. Tinha um aspecto cansado, mas devia ser devido ao trabalho. Eu, por outro lado, estava melhor que nunca.
- Caramba, tá malhando pesado - comentou, olhando meu corpo com ar de aprovação. Aquele olhar sem interrsse carnal, mas um reconhecimento de aprovação de um homem para outro
- Valeu. Você também tá ótimo - menti, mas por um lado, eu de fato ainda era capaz de sentir algum tipo de atração por ele. Acho que o encontrar ali, em condições diferentes das do tempo de colégio, onde ele era o pegador e eu o patinho feio, massageou meu ego de tal forma que me fez olhar para ele ainda como o garoto da escola que eu era doido pra pegar.
Peguei o lanche e fui pegar o dinheiro. A toalha estava mais frouxa e eu fingi não perceber. Parte de minha bunda ficou desnuda enquanto eu pegava a carteira.
A minha frente, havia uma cristaleira, por onde eu podia, na surdina, ver o que se passava atras de mim. E fiquei animado ao ver que seu olhar, ora e outra, caia sobre mim e sobre a pele que a toalha deixava mostrar. Demorei para pegar o dinheiro, mais do que precisaria. Me deleitando com aquele momento.
Minha mente começou a divagar pelos periodos de escola, quando Wallace e sua turma eram os bam bam bam do colégio. Eram garotos bonitos, desejados pelas garotas. E como todos os garotos cujo ego juvenil eram excessivamente massageados, tendiam a ser meio babacas com os meros mortais.
Ser zoado de viado era uma coisa comum no colegio, a ponto de, chegando um tempo, nem me importar mais. A turma de Wallace era uma que gostava de entoar esse coro. A coisa, normalmente não saia dessa zoação. Não eram um grupo agressivo, como normalmente vemos em filmes e seriados que tratam o tema do bullying. E no meu caso, minha insegurança se devia mais a minhas próprias incertezas do que qualquer coisa. Eu evitava usar o vestiário junto dos demais meninos, pois não queria ver seus corpos nus.
Mas teve uma tarde, após as aulas, em que eu suei demais na aula de Educação Física e, após enrolar bastante no pátio, fui tomar um banho achando estar vazio. E foi ali, em meio ao banho, que escuto a porta abrir e o som de uma conversa animada entre Wallace e seu colega Manoel.
- Fala, bicha - Wallace saudou, rindo. Eu não respondi, fingindo não ouvir. Como sempre fazia.
- Relaxa. Viado é tudo surdo - zombou o companheiro.
Riram mais, desta vez mais contidos.
- Será que ele não ta ouvindo mesmo, ou ta ignorando ? - Wallace questionou, parecendo achar graça.
- Sei la - Manoel descartou - Vamos testar. Hey, viado, lava direito esse cu, que hoje vamos lhe enrabar.
Me arrepiei na hora, mas tentei não fazer sinais.
- Boa - Wallace riu mais, tentando se conter - se liga na bundinha do Patrick. Quase passa por uma menina.
- Pode crer. Assim, de quatro pra não ver o pau, e botando um saco na cabeça dele, da pra fuder até - Manoel ponderou.
- Bora fuder ele? - Wallace sugeriu.
- Ta maluco, cara? To zoando aqui.
- Ora... Eu também. A idéia não era ver se ele estava ouvindo?
- Ah tah - Manoel parecia desconfiado, mas relevou - bem, não deve estar ouvindo mesmo. Se tiver, deve estar com o cuzinho piscando. Mas deixa ele pra la, vamos logo se não perdemos a hora e minha mãe vai ter um treco.
E sairam. Parecia que enfim o ar tinha voltado ao ambiente, e eu finalmente fui capaz de respirar.
De costas pra eles, não viram meu pau, que estava duro como pedra.
A perspectiva de ser enrabado ali naquele vestiário, ser chamado de viado, ser usado. Mesmo envergonhado, não fui capaz de negar que me excitou. Acho que me acostumei muito tempo a restos de afeto, e tal perspectiva me parece hoje a forma certa de me relacionar.
Mas naquela noite, anos depois, a presença de Wallace não só me fez reviver o tesão da época como algo mais. Algo diferente, inédito. Uma sensação de poder, de revanche. Ver ele ali, lutando para não olhar minha bunda, me fez sentir ainda mais tesão. Pois eu, o patinho feio da escola, havia crescido, havia dado a volta por cima. E mesmo Wallace não sendo mais o partido que era, ainda era capaz de me deixar excitado.
Me lembrava da sensação de acuamento no vestiário. Ali, com certeza a sensação era diferente. Eu estava por cima. E tal consciência cortava um pouco o meu barato, devo admitir. Então eu voltava aquela sensação, em que eu era a vitima, eu era o fragil, eu estava prestes a ser usado sem consentimento.
Sem pensar, esbarrei propositalmente no nó da toalha e a deixei deslizar. Abaixei rapidamente para pegar e pedi desculpas.
Ele estava corado, mas aceitou de bom humor.
Paguei o lanche e percebi que ele esperava. Quando ia desistir e sair, lhe ofereci uma água. Wallace estava aoeynas esperando um pretezto para ficar, pois aceitou sem delongas.
O levei pra cozinha e fui buscar o copo que ficava na prateleira de cima. Ao me esticar para pegar, desta vez, sem intenção, a toalha escorregou novamente. Diferente da primeira vez, e com intenção, não peguei. Apenas praguejei por ela estar escorregando e comentei
- Deixa essa merda. Tô sozinho em casa mesmo - meu desabafo foi também um aviso. Continuei de costas e sem saber o que se passava.
Mas não tive de esperar muito. Logo senti uma cbecinha quente tocar a linha entre minhas nádegas.
Fingi susto e olhei para trás, Wallace estava colado atrás de mim, pau duro pra fora. Não falou nada, apenas abriu espaço entre minjas nádegas e encaixou. Me abri e deixei passar. O pau entrou seco. Doeu mas eu segurei o grito. Sem dar tempo para se arrepender, Wallace meteu rápido e sem dó. Seu rosto indescritível. Um misto de tesão e raiva. Provavelmente frusttado por sua luta em controlar o impulso ter falhado tão miseravelmente.
Aquilo só me deixou com mais tesão. Ele levantou minha perna, apoiando-a na pia. Assim conseguiu penetrar mais. E mais forte. Ao fechar os olhos, conseguia me transportar de volta pra aquele vestiário. Nawuela tarde, onde a historia com ele e o amigo Manoel podia ter tido um final diferente.
O ouvi urrar atrás de mim e ele gozou
- Já? - questionei no impulso, sem querer E deu pra ver que minha decepção o atingiu como uma bofetada no rosto - só isso?
Com a cara fechada, guardou o pau novamente.
- Tenho de trabalhar - informou a contragosto. Uma tentativa de se desculpar, sem der o braço a torcer que seu desempenho havia sido muito abaixo do esperado.
Saiu e eu então comecei a rir. Ri até que meu tesão foi saindo e a vergonha começou a tomar conta, como acontecia sempre que eu deixava o meu desejo falar mais alto e me permitia tais experiências.
Mas ao mesmo tempo, algo agradável me acometeu. Um sentimento de vitória, de vingança, de conquista.
Comi mei lanche com muito mais apetite e dormi muito melhor


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Comentários


foto perfil usuario kevinho

kevinho Comentou em 20/10/2021

Nossa, essa série é a melhor que eu já li!!!

foto perfil usuario morsolix

morsolix Comentou em 19/10/2021

Muito bom.Apesar de não gostar da palavra submisso.Mas, muito bem escrito




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Ficha do conto

Foto Perfil fabiomendes
fabiomendes

Nome do conto:
Divã: A arte da submissão - Parte 3

Codigo do conto:
188342

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
18/10/2021

Quant.de Votos:
5

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