Quando voltamos para o local, percebemos que nossos amigos já haviam partido. Só então nos demos conta do tempo que ficamos fora. A casa ficava há apenas dois quarteirões dali e Siqueira já conhecia o lugar, então chegamos sem problemas. Lá, todos estavam sentados na sala, jogando vídeo game.
- Caralho, filho da mãe, vai ver só - Soares praguejou, apertando o controle freneticamente. Só depois de algum tempo eles perceberam que chegamos - caramba, até que enfim. Já estávamos ficando preocupados
- Estou vendo - Siqueira riu, apontando pro vídeo game
- Estávamos muito preocupados com vocês. Então jogamos para tentar distrair - Pedro explicou, fazendo cara de sonso. Eu não resisti e peguei ele no mata leão e dei socos leves no rosto.
- Tu para de ser cara de pau - e rimos.
- E aí, fazendo o que? - Pinheiro perguntou, cheio de malícia.
- Correndo, treinando - Siqueira respondeu sem grande alarde - certo, soldado?
- Certo, major - concordei e subimos para tomar banho. Nos lavamos e, relaxados, voltamos a sala. Estava calor, então todos estávamos apenas usando shorts. Soares estava sentado numa poltrona, os demais no chão mesmo, deixando o sofá de dois lugares livre. E foi onde eu e Siqueira nos achegamos.
Só então percebi que estavam jogando um Nintendo 64, jogo Mario Kart.
- Caramba. Relíquia - comentei.
E sentamos para assistir. Nem nós convidamos para jogar, dado o nível de competição que se instalara ali.
Pinheiro parecia empenhado em se vingar de Elias pela surra no Teqball. Mas naquele jogo, a disputa estava bem equilibrada entre eles. O principal oponente ali, na verdade, era Pedro. Eles jogaram a modalidade de batalha, onde cada jogador tinha três vidas que eram perdidas a cada dano que sofriam. Ao final, o jogador que não perdeu todas as vidas, vence. Simples. O mais inacreditável é que Pedro jogava com Toda, um personagem incrivelmente fraco no corpo a corpo e que era vencido no encontro contra qualquer outro personagem. Mas ao mesmo tempo, era um boneco muito rápido e a habilidade do Pedro compensava o bastante para derrotar todos. Então, cansados de perder, resolveram em uma partida, os três juntar nele.
- Amor, você não vai me defender? - Se fez de vítima para com Soares.
- Não vem com esse papo de amor não. Eu não esqueci o que você fez comigo na última partida - respondeu com sangue nos olhos.
Mas não adiantava. Pedro se desviava de tudo e acabava que os demais iam se atingindo sem querer na tentativa de ferrar com ele. Ao final, a aliança era quebrada, eles se matavam e Pedro ainda assim saia campeão.
- Ah, chega - Pinheiro largou o controle - cansei de perder por hoje. Vou lá em cima ligar pra casa
E saiu.
- Ele é um péssimo perdedor - Elias ria
Eu então peguei o controle e assumi seu lugar. Jogar aquilo era nostálgico e logo me envolvi no clima de competição. E eu era bom, então, comecei de sacanagem a ferrar com Pedro.
- Fábio, o que eu te fiz? - Ele veio perguntar.
- Chora não. Acaba com ele, Mendes - Soares me deu força. Era muito divertido. Risada fácil. Elias teve de sair para ir no banheiro e passou o controle pra Siqueira, que era péssimo. Acabou que ele foi nosso alvo preferido, de tão fácil que era acertar ele. Conformado, Siqueira entrou na brincadeira, até ele mesmo achando graça de como era ruim naquele jogo.
- E lá vai mais uma bomba pra Gabriel - Soares zoou. Logo então ficou sério de repente e pausou o jogo.
- O que foi, cara? - Siqueira perguntou.
Soares olhou em volta e falou baixinho.
- Aqueles dois subiram já tem um tempo
Olhamos um para o outro e então levantamos num pulo. Soares foi subindo as escadas em silêncio, e nós atrás, como gatunos.
Chegamos a um dos quartos que estava com a porta fechada e de onde sons bastante interessantes estavam saindo.
Soares, com cautela, pegou na maçaneta e viu estar destrancada. Virou para nós e fez sinal com indicador em riste para que fizéssemos silêncio. Abriu a porta e enfiou a cabeça. Eu não resisti e fui também, seguido pelos demais. Logo estávamos com uma fila de cabeças, uma acima da outra, bisbilhotando o que acontecia ali. E a visão valeu a pena.
Pinheiro estava peladão, de quatro na cama, punhos fechados, apoiando o corpo no colchão, bunda branca e com alguns pelos empinada, músculos trincados, enquanto sua bunda era devorada por Elias.
Os gemidos eram baixos, provavelmente para não chamar atenção de nós lá embaixo. Mas o tesão era palpável. Dava para sentir a testosterona queimando naquele quarto.
- Caralho - Siqueira sussurrou, cabeça acima da minha - nunca soube do Gustavo dando pra ninguém.
Siqueira falou baixinho, tentando não ser ouvido, mas não adiantou. Eles olharam juntos pra trás e nos pegaram ali. Sorrimos amarelo e Soares fez sinal com a mão.
- Oi pessoal - saudou, sonso.
Pinheiro se pôs de pé rápido, caminhou até a porta com a pica dura balançando. Saímos a tempo dele fechar a porta na nossa cara, trancando em seguida
- Pensei que tivesse trancado - falou com Elias.
- Eu também pensei - respondeu com a voz engraçada e eu duvidei que seu descuido tenha sido sem querer. - Ah, qual o problema? Vamos lá, não acabei contigo
- Acho que já está bom, não? - Pinheiro tentou desconversar
- Eu digo quando estiver bom. - Fizemos um trato. Quando esse teu pau abaixar, vou acreditar que não tá gostando aí eu paro. Agora deita aí, no chão mesmo, de barriga pra cima. Quero ver tua cara enquanto leva rola
- Porra... - Pinheiro protestou, mas pelo que pareceu, logo cedeu. Pois os gemidos voltaram em seguida.
Ficamos parados na porta olhando um para o outro
- É senhores - Soares lamentou - o show acabou
- Graças a língua grande do Siqueira - alfinetei e ele levou a mão a cabeça, coçando sem jeito.
- Foi mal, galera. Só fiquei impressionado
E voltamos para a sala e nos sentamos onde estávamos. Mas não tocamos de novo no vídeo game. Aquele vislumbre me deixou excitado. Siqueira ergueu a perna e botou no meu colo, alisando com a ponta dos dedos meu volume, como que para conferir se estava duro.
Eu fiz apenas um sinal afirmativo pra ele, confirmando. Ele então sorriu e pegou no dele, mostrando que também estava.
Siqueira então fez sinal pra eu olhar para Soares. O major estava olhando pra nós dois, rosto de quem planejava algo. Pedro, coitado, talvez fosse o único inocente naquele cômodo, olhando perdido para a tela e provavelmente pensando em voltar a jogar.
Nesse instante, Soares se levantou e foi pra perto do noivo, abaixou e tocou em seu ombro.
- Amor, que espécie de anfitriões nós somos. Nossos convidados ali com fome e não oferecemos comida
- Mas nós compramos os petiscos quando viemos da praia - ele lembrou, ganhando um olhar de piedade do noivo - eu levei pra cozinha, pois... Acha
Quando caiu a ficha, ele riu sem graça.
- Vem, Pedro, vamos oferecer o prato do dia pro pessoal.
Pedro se deixou conduzir sem fazer oposição. O garoto era de fato muito tímido, mas era também um safado incurável. Sorte dele ter encontrado Soares, alguém mente aberta que adorava oferecer o companheiro. Soares o levou diante de nós, o pôs de costas e arriou seu short, mostrando o material de Pedro pra nós. Uma bunda carnuda e suculenta. Quando arriou o short, também, pude ver o pau duro do garoto saltar para fora. Instantaneamente excitado.
Siqueira se despiu e abriu as pernas, convidando. Soares levou o noivo pra ele, colocando sentadinho no colo do amigo, encaixando direito a pica em sua bunda.
Quando Pedro desceu, desceu de uma vez só e se arrepiou instantaneamente, elevando o rosto e gemendo baixinho.
- Isso - Siqueira pegou em sua cintura enquanto o garoto começava a quicar. - Isso, Araújo, isso. Saudades da pica do Siqueira aqui? O seu major não tem dado no couro direito, é isso?
E olhou maldoso para o amigo, que lhe respondeu rindo e mostrando o dedo do meio.
Eu então me levantei e fui pra cima de Soares.
- Que raio de anfitrião coloca um prato só na mesa quando tem dois com fome?
Ele sorriu.
- Desculpa, é que só tinha esse hoje - se explicou.
- Não - e sorri maldoso, pegando na bunda dele - tem mais aqui
E o beijei.
- Não estava pensando em dar hoje - ele falou baixinho, mas sem convicção
- Já era. Não pedi sua permissão - e continuei beijando, arriando seu short e massageando sua bunda.
- Assim não vale - protestou e gemeu. - Eu já te dei, queria te comer
- Vai ficar pra outro dia, major - informei, dedando seu cuzinho com a ponta dos dedos - somos visita, então você e Pedro vão nos servir.
Soares não ia resistir muito. Foi fácil. Com alguns beijos no pescoço e uma massagem carinhosa no orifício, ele logo foi se deixando despir, colocar de quatro no assento do sofá e lhe chupar o buraquinho.
Siqueira sorriu para o amigo.
- Ué, vai pro abate também? - zoou.
- Cala a boca, Siqueira - Soares o cortou, mas gemendo gostoso.
Siqueira se ergueu e botou Pedro de joelhos ao lado do noivo
- Vamos lá, soldado vamos dar a esse casal o que eles gostam
Eu me apresentei e, junto dele, comecei a meter
Pedro e Soares se beijavam, lado a lado, enquanto levavam rola juntos. Metemos com força, fazendo eles balançarem ao ritmo.
- Te amo, Henrique - Pedro disse.
- Eu também, meu garotinho - respondeu com carinho. Era muito bonito ver aqueles dois juntos.
Eu e Siqueira ficamos calados, apenas metendo e observando, respeitando o momento deles.
Depois de um tempo, trocamos e eu passei a comer o Pedro.
- Fala aí, amigão - Siqueira chegou no ouvido de Soares, enquanto enfiava a rola - faz um tempo, né parceiro?
- E aí, Siqueira. Será que você continua bom como era? Ou seu soldado te superou? - Desafiou
Siqueira sorriu e pensou.
- Olha, devo dizer que o garoto manda bem. Mas acho que eu ainda me garanto - e o pegou pelo cabelo e meteu com forca, fazendo Soares gemer alto.
- Fábio - Pedro me chamou e sorriu comedido - faz daquele jeito, faz - pediu com jeitinho e eu não resisti.
O peguei pelos ombros e mandei brasa. Com pressão, do jeito que ele gosta. Siqueira sorriu e encarou aquilo como uma competição, e então castigou Soares, metendo fundo no rabo do amigo. Nenhum dos dois se queixou, gemeram forte.
Eu e Siqueira trocamos olhares de cumplicidade e fomos fundo. Forte até o final.
Gozei dentro, e Siqueira também. Pedro então pegou no pau no noivo e Soares fez o mesmo. Foram masturbando um ao outro até gozarem juntos.
Cansados, limpamos a sujeira na sala e fomos pra cozinha. Lá, nos alimentamos de verdade antes de irmos nos recolher. Tomei um banho com Siqueira. Ao passar pelo quarto onde Elias e Pinheiro estavam, os vi dormindo. Porta entreaberta. Os dois nus, dormindo de conchinha. Elias na frente.
Soares então nos indicou o quarto que dormiríamos, depois ele e Pedro foram para o principal. Deitei na cama, de bruços, e relaxei. Mas não descansaria ainda.
Demorei para entender o que acontecia, enquanto Siqueira subia em cima de mim, tirava minha cueca e olhou bem atentamente para minha bunda.
- Vejo que ainda está do jeito que deixei
- Você ainda quer comer, maldito? - Perguntei, sem acreditar. Levando na farra – Estou morto aqui já
- Estou cansado também, mas o dever me chama, soldado - sorriu - Mendes, eu tenho de deixar esse cuzinho pronto. Então encare isso como seu treinamento. Relaxe, e não faça nada. Deixa o trabalho comigo.
- Treinamento para o que? - Eu quis saber, mas ele não se deu ao trabalho de responder. Despejou uma quantidade generosa e certeira de saliva que escorreu por entre em minhas nádegas abertas, entrando no orifício, e depois deitou por cima de mim, encaixando certeiramente seu pau, que foi entrando devagar e constante. Me arrepiei na hora, gemendo de susto e de prazer. - Você ainda não me respondeu - tentei insistir, esmagado pelo peso do seu corpo forte e quente. Fiz menção de me erguer um pouco, mas ele apoiou a mão nas minhas costas e me forçou a ficar de peito colado no colchão. Chegou perto do meu ouvido e sussurrou:
- Não te interessa, soldado. Apenas treine
E ergueu o quadril e o desceu com precisão, golpeando minhas nádegas com a maleabilidade de um chicote. E foi metendo assim. Com destreza, sem ser agressivo. Cada hora que seu corpo descia, sentia o meu contrair, com aquele órgão tocando o que parecia ser cada vez mais fundo.
- Vamos, soldado. Mostre o que você aprendeu hoje - e desceu com força. Meu corpo estava em choque, até gemer era difícil. Eu me agarrava aos lençóis com forca, boca aberta, mas sem emitir sons, tentando abrir minhas pernas ao máximo, aguardando ansioso cada vez que seu corpo descia, e aquele pau atingia o que parecia ser um disjuntor dentro de mim, fazendo aquela corrente elétrica atravessar todo meu corpo. Com mais força, ele começou. Fiquei me perguntando onde estaria aquele Siqueira carinhoso de horas atrás. Seria ele apenas um personagem? Não acreditava. Sentia ser, na verdade, sua real face que aparece apenas em raros momentos. Apesar de ter gostado do seu verdadeiro eu, não podia negar que também aprendi a gostar do major Siqueira, aquele homem acima de mim, metódico, preciso e um pouco autoritário, preocupado com suas obrigações. Sejam elas quais fossem. E comandando meu prazer como quem conduz com eficiência uma tropa. Sentia falta do Gabriel, das dunas de areia. Mas eu o veria de novo. Tinha certeza disso. Enquanto isso, ficaria bem nas mãos do major. Então, mais relaxado e recuperado do susto inicial, e tendo a total clareza que não podia nem queria escapar dali, apenas segui o conselho de meu major: relaxei e gemi.
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ÚLTIMO DIA
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SINOPSE
Fábio chega ao Brasil cheio de ideias novas sobre a abolição que ganha força e adeptos no Novo Mundo, além de questões pessoais que precisa resolver. Em suas andanças pela fazenda de seus tios, nosso jovem revive as travessuras da infância com seu primo Rodolfo e seus escravos, enquanto cria coragem para encarar sua amiga de infância e prometida, Carmem.
Nesta novela de época, Fábio Mendes nos traz ao mundo do erotismo escondido por trás de uma história trágica. Corpos fortes e belos, agrilhoados e disponíveis aos mais distintos desejos e caprichos. Neste trabalho, suavizamos a nossa história triste para que o leitor possa se deleitar no mundo de possibilidades que se abria entre a casa grande e a senzala. Histórias estas que fazem parte de nossa construção enquanto nação, tanto quanto o café e a corrupção.