COLÉGIO PRACINHAS - CAPÍTULO 20 – TRIBUNAL DE GUERRA

Não era minha intenção passar a noite lá, mas o sono chegou sem eu sentir e quando me dei conta, acordei com muita preguiça. Escutei o celular de Siqueira ao longe e tentei ignorar o quanto pude. Mas ao fim tivemos de nos levantar. Senti Gabriel calado, meio distante. Estava visivelmente constrangido. Sorriu pra mim quando deu bom dia, mas não foi mais amistoso que isso. Me vesti e me despedi. Tinha de voltar para meu dormitório antes que sentissem minha ausência.
Mas já era tarde, pois foi só eu sair pela porta, que vejo o inspetor terminar de subir até aquele andar. Tentei ainda voltar correndo, sem sucesso.
- Mendes, é você?
Malditos óculos fundos de garrafa. O cara enxergava como uma águia. Me virei e encarei meu destino.
- O que faz aqui a essa hora?
Eu não soube o que responder
- Vejo que passou a noite fora de seu dormitório - concluiu sozinho.
Nesse momento, Siqueira saiu do seu quarto e tentou intervir.
- Capitão, nos desculpe. O Mendes acabou ficando aqui até tarde porquê... Estava me ajudando com meu trabalho...
- Eh... Isso - dei corda, embora duvidasse que estivesse sendo convincente.
- Essa é a desculpa mais deslavada que já ouvi. Vocês do terceiro ano tem autoridade para andar pelo colégio fora do toque, e até mesmo trazer algum calouro sob seus auspícios. Mas isso não os autoriza a que eles passem a noite fora do alojamento. Mendes, detenção - foi categórico.
- Mas senhor, fui eu quem o obriguei - Gabriel tentou mais uma vez.
- Não foi o senhor Siqueira quem descumpriu essas regras. Foi o soldado Mendes. Então, Mendes, já sabe onde é a sala. - E não esperou nossos embates e se virou.
Quando sumiu de nossas vistas, comentei:
- Acho que ele tem ciúmes de você - sussurrei, mas Gabriel não riu.
- Me desculpa, Fábio. Desculpa mesmo. Eu...
- Relaxa. É ainda meu segundo. Ainda falta pra eu correr perigo. E já estamos caminhando para as provas do terceiro bimestre. Acho que consigo segurar minha onda até o fim desse ano.
Ele sorriu.
- Mas devo lembrar que já é a segunda detenção que pego por sua culpa. - Lembrei - Acho bom ser recompensado por isso.
Ele sorriu. Um sorriso sincero e amistoso. Daqueles raros de se ver em seu rosto. Ele então falou:
- Tem minha palavra
Nesse instante, os alunos começaram a sair de seus dormitórios. Nos cumprimentaram, mas nos olharam com desconfiança. Tentamos agir com naturalidade, mas sabíamos que mesmo naquele lugar, um calouro dormir junto de um veterano não era enxergado com bons olhos. Soares chegou e sussurrou.
- Que isso, Gabriel. Nem eu faço o Pedro dormir aqui. Onde você estava com a cabeça?
Pinheiro também se achegou.
- Pegou mal, pessoal.
- Eu sei... Eu sei - Gabriel se desculpou. - Eu... Eu não sei onde estava com a cabeça
Fiquei calado, pois ainda me sentia um peixe fora d'água naquele meio. Mesmo sendo tão íntimo daqueles três.
- Olha, sabe que o pessoal já está doido pra zoar com a cara do Mendes desde a 'noite dos cordeiros e dos lobos'. E eles só estão esperando você, como superior direto dele, sugerir algo - Pinheiro lembrou, então eu tive de perguntar.
- Pera aí, pera aí. Eu corro algum perigo?
Pinheiro então pôs a mão em meu ombro e sorriu.
- Relaxa Mendes. O pessoal ainda gosta de você. Mas sabe como é né? São princípios. Você botou nossa moral em cheque. Então, precisamos revidar. Eu mesmo espero pra te dar uns esculachos - e riu - na camaradagem, obviamente
Não sei se me senti melhor com aquilo.
- O fato é que vocês dois saírem daí desse jeito, pegou mal. - Soares advertiu - Vão pensar que rola favoritismo. Ou pior, sentimentos - e fez uma careta, deixando claro a incoerência de sua crítica.
- É mesmo, irmão. Nada de viadice aqui - e olhou arteiro para Soares.
Rimos todos, mas eu ainda não estava mais relaxado.
- Mas agora falando sério. - Pinheiro então mudou o tom - acho que seria bom você propor alguma coisa logo. Se não, os majores vão começar a dar sugestões. E os caras podem ser bem criativos
- Eu topo qualquer coisa. - Me meti - melhor resolver logo isso - Falei e logo me arrependi quando os três olharam ao mesmo tempo pra mim.
- Olha, faz um tempo que não temos um tribunal aqui no Pracinhas - Soares propôs.
- Hum... Verdade - Pinheiro pareceu se deliciar com a ideia - E melhor, você sendo Juiz, Siqueira, já acabaria com essa ideia de favoritismos
- Além do que. Você foi o mais humilhado. Sendo posto nu naquele grilhão. Tem que ser você - Soares completou.
Siqueira me olhou de cima a baixo e sorriu.
- Acho uma boa ideia - ponderou.
- Aham, tá legal. Tribunal. E em que consiste isso? - Quis saber.
- Fica frio, Mendes. - Pinheiro pôs a mão no meu ombro de novo - deixa conosco. Volta pro seu alojamento. Se não atrasa pra aula e vai ganhar outra detenção
- Verdade. Pode deixar conosco - Soares
Eu olhei pra Siqueira, que parecia se divertir
- Acho que você vai gostar - falou por sim.
Vendo que não ia conseguir nada ali, resolvi sair logo. Até porque Pinheiro tinha razão e eu não poderia me dar ao luxo do supervisor voltar ali e me pegar.
Ainda olhei pra trás algumas vezes, na vã esperança de eles me chamarem e me contar. Mas não. Ficaram os três palhaços ali, sorrindo e acenando até eu ir embora.
Depois da aula, fiquei na sala de detenção. Aproveitei bem o tempo e estudei alguns temas de matemática e biologia.
Ao sair, encontrei com Pedro.
- Henrique me contou. Que azar o inspetor estar ali justo de manhã
- Nem fala - respondi. - Pedro, aproveitando. Você sabe o que é o tal de 'julgamento' aqui? Tribunal, digo - corrigi
Pedro pensou, parecendo realmente não saber.
- Não. Posso perguntar pro Henrique.
- Não vai adiantar. - Descartei. - Ele não vai te contar, pra não correr o risco de você vazar pra mim
- E por quê?
- Não sei. Mas seja o que for, vou passar por um em breve - confessei
- Nossa. Nervoso?
- Sinceramente... Não - falei com franqueza. E acrescentei - Curioso? Muito.
Mas minha ansiedade não foi demasiadamente testada. Naquela mesma noite, acordo com o som de passos do lado de fora. Levanto e olho pela janela para ver o terceiro ano vindo em peso para nosso alojamento. Já me preparei e quando acenderam as luzes, posicionei-me de pé na frente da minha cama.
Eles entraram em silêncio, pararam, muito sérios e Siqueira veio a frente
- Essa noite, senhores. Não viemos lhes aplicar trotes. Como nunca ocorreu em muitos anos aqui no Pracinhas. Hoje teremos o julgamento para avaliar os crimes de guerra cometidos na 'noite dos cordeiros e dos lobos'. Então, vou chamar os nomes, e quero todos nos seguindo sem fazer perguntas: Pascoal, Albuquerque, Silva, Valente, Mendes, Peixoto, Oliveira.
Nós, chamados, fizemos uma fileira e os seguimos. Todos ali eram os calouros que estavam no grilhão na 'noite dos cordeiros e dos lobos'. O objetivo era bem claro. Mesmo já esperando aquilo, não pude evitar de meu coração começar a bater acelerado no peito, curioso para saber o que de fato ia acontecer.
Nos levaram longe, para uma quadra coberta, nos fundos do colégio. Ali, nos colocaram em pé, em fileira. Os veteranos sentaram na arquibancada, com exceção de Siqueira, que estava em pé a nossa frente.
- Senhores - começou em tom alto e imponente - já tivemos julgamentos ao longo da história desse colégio, mas pela primeira vez, um julgamento de guerra. Nosso intuito, será o de averiguar os crimes cometidos na 'noite dos cordeiros e dos lobos', punir os responsáveis e reestabelecer a ordem no Pracinhas. Vocês estão aqui hoje, como representantes do primeiro ano. Os rés. Não tem sentido condenar todos os calouros, assim como uma guerra não faz sentido condenar toda uma nação. Aqui, estão apenas os mentores dos atentados. E suas punições servirão de exemplo para todos.
Ele esperou suas palavras serem absorvidas e depois se virou pra nós.
- Se um de vocês tiver alguma dúvida agora, fale.
Ordenou e eu dei um passo à frente
- Mendes - convidou.
- Peço aos senhores, misericórdia para meus homens. Eles não são responsáveis. Estavam apenas seguindo ordens. Minhas ordens. - Pedi, com convicção.
Siqueira sorriu satisfeito. Ele devia esperar que eu fizesse algo do tipo. Um burburinho excitado correu entre os membros do terceiro ano. Nesse instante, Elias e Albuquerque deram também um passo à frente. Mas eu os cortei de imediato.
- Não sejam idiotas! - Briguei. - Não se atrevam a assumir uma culpa que não é de vocês. Todos aqui sabem que eu arquitetei tudo. Voltem agora pra seus lugares!
Os olhos de Siqueira brilharam de emoção. Podia jurar que ele estava tento uma ereção naquele momento ao me ouvir falar
Na verdade, eu também estava muito excitado. Alguma coisa naquele clima todo me acendeu como na 'noite dos cordeiros e dos lobos'. Uma animação, como se tudo aquilo deixasse de ser uma mera simulação e começasse a criar contornos reais. Onde um novo mundo de aventuras e possibilidades se abriam pra mim. E eu estava ansioso. Muito ansioso.
Albuquerque e Elias baixaram a cabeça e deram um passo de volta pra trás.
- Mendes, você sempre nos surpreende - Siqueira reconheceu - senhores! - e se voltou para sua plateia - àqueles que concordarem em o oficial Mendes ser julgado por todos os crimes cometidos na 'noite dos cordeiros e dos lobos', por favor, levantem as mãos
Foi unânime. Todas as mãos foram para o ar. Fitei Pinheiro e ele me olhava como um leão olhando a presa. Passando a vista rapidamente, reconheci aquele olhar em todos ali presentes. Respirei fundo, sentindo o coração acelerar. Meu corpo tremia. Não de medo, nem receio. Mas de uma ansiedade a qual não lembro ter experimentado antes
- Você tem noção, soldado Mendes, que se julgado e condenado, irá receber sozinho a sentença, diante de seus leais homens, insurgentes?
- Sim, senhor! - gritei.
- Muito bem. Pode ser um criminoso, Mendes. Mas é um homem honrado - e Siqueira foi caminhando em direção a arquibancada - tentaremos lembrar disso quando lhe dermos sua sentença - e se sentou - agora, o senhor irar ouvir as acusações uma a uma. Em Silêncio. Após cada acusador der seu testemunho, terá alguns segundos para se defender. Ao final, o júri definirá seu caso e, se culpado, eu definirei sua sentença.
Ficou em silêncio, deixando o clima pesado tomar conta do lugar.
- Muito bem. Major Santos. Seja o primeiro.
Santos se levantou e caminhou até mim. Me olhou nos olhos e depois se virou para o júri.
- Venho esta noite, diante de vocês senhores do júri, declarar que o acusado, soldado Mendes, erroneamente chamado de capitão por seus subordinados, não passa de uma fraude. Um trapaceiro. Ele, aproveitando-se de um momento de distração, roubou a arma de meu companheiro, rendendo a ele e a mim. Vale lembrar senhores, que as regras dos cordeiros e dos lobos não permite aos primeiros portarem armas. Tornando a atitude do acusado não uma revolução, como ele chama, mas um mero desrespeito a nós e as tradições desta centenária instituição.
Santos parou e eu fiquei impressionado com a eloquência dele. Não era só eu quem estava levando a sério a brincadeira de RPG.
- Acusado, Mendes. O que tem a dizer? - Siqueira me perguntou.
- Digo apenas o que já falei ao major Santos na noite referida - comecei - que o treinamento tem por intenção preparar os senhores para a vida real. E na vida real, o inimigo não vai passar toda sua trajetória fugindo e se escondendo. E acrescento que, se ele tivesse levado a sério sua posição, e as tradições dessa centenária instituição, não teria sido pego de calças arriadas em recreação, quando deveria estar cumprindo seus deveres.
Ouvi Pinheiro gargalhar na plateia, seguido de alguns outros, mais comedidos. Ele logo se calou ao receber um olhar de censura de Siqueira. Mas mesmo meu superior direto lutava para não deixar aquele meio sorriso crescer demasiadamente em seu rosto.
- Muito bem - falou por fim e pegou uma caneta retroprojetora do bolso e lançou para Santos - queira por favor, major, registrar sua acusação por escrito.
Não vi papel ali e me perguntei onde ele escreveria. Não precisei esperar muito pela resposta. Santos veio até mim e, com olhos em brasa, sorriu. Pegou minha blusa e, num puxão, a rasgou em duas. Deixando apenas os trapos pesos pelos braços. Consegui não expressar toda a surpresa que aquela atitude ne causou. Meus colegas calouros lançaram uma explanação de surpresa, mas eu consegui me manter imóvel. Ele então pegou a caneta e escreveu em meu peito direito a palavra ‘TRAPACEIRO’.
Depois, sorriu e voltou para a arquibancada, passando a caneta para outro major, cujo nome eu não lembrava.
- Goulart, sua vez - Siqueira o anunciou.
Ele chegou, então o reconheci como o cara que estava segurando Albuquerque enquanto Santos o deflorava.
- Senhores. Serei breve. Estava com o major Santos no momento em que foi atacado. Esse jovem, além de nos roubar as armas, não satisfeito, também nos roubou as roupas. Ferindo assim nossa dignidade
Ele veio até mim, e escreveu em meu braço a palavra ‘LADRÃO’.
- Mendes - Siqueira convidou.
- Primeiro, não as roubei. As tomei emprestadas - sorri - e depois, vocês puderem vestir as nossas roupas, logo não ficaram nus. Embora me arrependa agora de ter tomado tal atitude - alfinetei
- O réu confessa seus crimes - Pinheiro gritou do júri, rindo de farra. Eu sorri pra ele. Ele devia estar se divertindo com aquilo mais até do que eu. Siqueira acalmou a plateia. Para ele, a coisa devia ser mais difícil, já que tinha de passar o ar de seriedade
Ouvi risos atrás de mim. Meus homens observavam tudo. Assim como eu, eles não pareciam amedrontados ou intimidados. Creio que já era de conhecimento claro nosso que tudo ali não passava de um grande teatro. Não o julgamento em si, mas toda a estrutura do Pracinhas. Não havia hierarquia real, não haviam amarras com exceção daquelas que nós mesmo criávamos e com as quais nós mesmos nos prendíamos. Assim como aqueles homens não foram obrigados a nada do que fizeram, quando estavam sob a mira de armas de tinta, nós também. Nos entregávamos àquele jogo, que nos entretida, que nos dava prazer. Eu tinha a total consciência do lugar em que estava. Estava entregue, estava onde eu queria estar. Queria ver até onde chegariam. E o que eu pudesse fazer para que eles fossem o mais além possível, faria. Então vesti meu ar mais arrogante, minha fala mais petulante para aquele julgamento. Não tinha vergonha de meus colegas. Queria que eles vissem, e se divertissem. Como eu estava me divertindo.
Diferente do papelão que paguei na lavanderia. Naquela noite eu estava pronto. Não apenas isso, estava de corpo e alma entregue àquele ritual.
Olhei para meu júri, seus olhares de predadores, sorrindo altivo. Não tinha que teme-los. Como Siqueira já tinha me ensinado nas dunas, mas só agora eu realmente entendia. O único de quem eu devia ter medo era de mim mesmo. Medo de descobrir até onde eu estaria disposto a chegar naquilo tudo. Até quão fundo na toca do coelho eu iria. Mas para ser sincero, nem disso eu tinha medo naquele momento.
Foi a vez de Pinheiro. Chegou com aquele jeito marrento, sorriso fácil. Era engraçado, pois no começo do ano o achava mal encarado, mas não consigo mais me lembrar de seu rosto sem ser daquela maneira boa praça que via ali. Ele falou ao júri.
- Senhores. Continuando a acusação de nosso companheiro, o Major Goulart, quero salientar que, ao final de sua insana tortura, a qual eu e meus companheiros fomos submetidos no galpão em obras, o réu Mendes ainda me deixou nu, para que caminhasse em vergonha pela mata de volta ao meu lugar.
Um urro de desaprovação do júri.
- Cara de pau. Você quem não quis vestir as calças - respondi, antes de me convidarem
- Silêncio, insolente réu - o tom dramático de Pinheiro estava ótimo. Difícil segurar a vontade de rir - aqui é a palavra de um major de respeito contra de um reles rebelde. Desrespeitoso, desonrado e insano
Ele chegou diante de mim, cara a cara, e me deu língua sem os demais veteranos verem. Parecia uma criança com brinquedo novo.
Eu ri, fuzilando ele ainda assim.
Pinheiro desamarrou minha calça de moletom, arriou só a parte de trás, depois deu a volta por mim, abaixou e escreveu algo em minha nádega.
- DESONRRADO - anunciou em alto e bom som. E me deixou de bunda a mostra. Mas o que eu pensei que teria encerrado, só acabou após ele me dar um sonoro tapa na bunda desnuda.
- Filho da... - Consegui me conter na hora. Mas o grito causado pelo susto e pela dor foi o bastante, para todos rirem. Passada a dor inicial, até eu ri da cara de travesso de Pinheiro.
- Senhores - Soares chegou, pegando a caneta de Pinheiro - o acusado, não apenas nos prendeu, nos humilhou, nos fez participar de seus jogos perversos, como também nos matou a sangue frio, após o termos entretido o suficiente - e se voltou pra mim e me deu uma piscadela - por isso, não há melhor definição para seu crime, que está.
Ele terminou de arriar minha calca, me deixando nu. Meu pau, já duro, ficou ali erguido e orgulhoso, imune as tentativas de me rebaixar.
Soares lambeu os lábios olhando para ele, mas logo se recompôs e escreveu na minha barriga, logo acima dos pelos pubianos, ‘ASSASSINO’.
Um a um, eles foram vindo. Declarando suas acusações e eu me defendendo. E um a um, os adjetivos eram gravados em minha pele.
‘GENOCIDA’, ‘DEGENERADO’, ‘TERRORISTA’ ...
Meu corpo estava todo tatuado. E cada uma delas eu exibia como uma medalha.
Por último, Siqueira. Chegou altivo, lentamente, e parou diante de mim, camisa rasgada e calças arriadas.
- Tire logo essa calça, soldado. Está ridículo assim. - ordenou
Eu tirei meus sapatos e chutei minhas calças. Siqueira terminou de arrancar os trapos restantes de minha camisa
- Melhor assim - falou - nu, tal como eu fiquei naquele lugar insalubre - e foi me circulando - eu, de todos, fui sua maior vítima, criminoso. Fui aprisionado nu, humilhado, violado. Meus homens foram forçados a me traírem. Tudo para satisfazer seu desejo sórdido.
Eu olhava Siqueira atentamente. De vez em quando, via um sorriso brotar em seu rosto. Não sabia se era um sorriso sacana ou saudoso.
- Diante de tantos testemunhos, não creio haver necessidade de julgamento. Mas como esse aqui é um lugar de justiça, que ela seja feita.
E se voltou aos seus pares.
- Senhores do júri. Se alguém aqui considera o réu inocente, levante a mão.
Como esperando, ninguém ergueu.
- Diante da vontade do júri, e do poder em mim investido como general da 'noite dos cordeiros e dos lobos,' eu declaro o réu, culpado.
Um grito de comemoração no júri.
- Ajoelhe-se para conhecer sua sentença.
Eu obedeci, encarando ele sem parar. Siqueira me olhava com gosto. Gostava do meu olhar. Já havia declarado isso anteriormente. E me admirou um tempo antes de continuar
- Não há sentença que faça apagar tantos crimes. Apenas a morte dessa vida será capaz de limpar tudo e lhe dar uma chance em uma nova existência. Sendo assim, como os antigos cristãos, que purgavam os pecados dos pagãos para que esses tivessem nova chance, eu o sentencio a pena de ‘Batismo dos Pracinhas'.
Uma comemoração. Eu não entendi. Me voltei aos meus companheiros, mas eles estavam tão confusos quanto eu. Ninguém ali, com exceção dos veteranos, sabiam o que significava o 'Batismo'
Então, esperei. Siqueira parou diante de mim, abriu a calça e pôs o pau pra fora.
Eu fechei os olhos, e esperei o jato quente. Já tinha passado por isso. Poderia ter sido pior. Mas esperei e esperei. E nada de ser atingido.
- Caralho - ouvi Elias praguejar atrás de mim. Só então abri um olho para espiar o que acontecia e arregalei os olhos quando vi que Siqueira se masturbava.
- Caralho - acabei ecoando a exclamação de meu companheiro.
Siqueira sorriu e logo seu pau começou a expelir gozo. O primeiro me atingiu no cabelo, formando uma linha até meu peito. Mais três jatos no peito. Siqueira gemeu alto e grosso. Apertou bem o pau, tirando mais algumas gotas de seu interior.
Limpou a cabeça em minha bochecha.
- Nossa - suspirou aliviado. - Tenho de admitir. Você me olhando assim dá até tesão. Próximo.
Chegou Mathias, todo animado. Já estava de pau duro. Foi pra trás de mim e me mandou ficar de quatro. Gozou nas minhas costas e na minha bunda. Cada gozo, era uma comemoração dos veteranos. Os calouros olharam com mistos de estranheza e comedida curiosidade. Sorri para eles. Deixando-os mais à vontade. Não queria que nenhum de nós demonstrasse fraqueza diante deles. Mesmo derrotados, haveríamos de sair com dignidade.
Me recompus e fiquei de joelhos novamente. Castro chegou. Pegou meu rosto e sorriu.
- Isso. Olha pra mim. Adoro sua carinha de marrento. Agora, abre a boca vai. Não gozei na sua boca na lavanderia, mas vou agora.
Eu o encarei com marra e abri a boca. Fechei os olhos e esperei. O jato foi certeiro. O primeiro pelo menos. Os outros foram no meu rosto. Ainda bem que fechei os olhos, se não iria irritar a vista.
- Boa, garoto - Santos comemorou e apertou a mão de Castro. Veio depois e mandou eu fazer o mesmo. Obedeci. Mas errou feio. Na verdade o seu gozo saiu sem pressão. Caindo diante de mim, sem me alcançar. Houveram risadas entre calouros e veteranos e ele logo se aproximou, mas isso o fez conseguir apenas deixar cair em meu ombro as últimas gotas.
- Que fraco, moleque, puta que pariu - Pinheiro não perdoou.
- Deixa eu tentar de novo - pediu. Tentando disfarçar a humilhação.
- Porra nenhuma. Vaza. Minha vez - e Pinheiro chegou
- É Fabinho, minha vez - e botou aquele pau enorme pra fora e começou a se masturbar.
- Onde eu gozo? - Foi pensando enquanto se masturbava. Então chegou bem perto, encostou no meu rosto a cabeça e deixou o líquido quente escorrer por ele, descendo pelo meu pescoço.
E vieram. De um em um ou dois em dois, gozando onde achavam pele limpa. Meus braços, peito, barriga, costas. Soares me pôs de quatro e encheu minha bunda de sêmen, tal como fiz com ele na primeira noite em que o deflorei.
Se eu me senti sujo quando levei seus mijões, no primeiro trote. Agora eu estava imundo.
Ao final, Siqueira veio e mandou eu me levantar.
- Venho declarar que o réu, está anistiado de seus crimes. - Um urro de comemoração no júri - Como verdadeiro líder, assumiu a responsabilidade, protegeu seus subordinados e encarou seu destino. Redimiu-se assim, perante nós. Senhores, uma salva de palmas.
E todos bateram palmas, até mesmo os calouros.
- Viva o capitão! - Albuquerque gritou e foi seguido - Viva!!!
- Não abusem - Siqueira os advertiu, dando um olhar fulminante em Albuquerque. E logo eles pararam. Eu ri. Cansado. Imundo.
Siqueira se virou pra mim e olhou de cima para baixo.
- E você, soldado, recomendo uma boa ducha. Está nojento
Todos rimos de novo.
- Majores Pinheiro e Soares, favor, acompanhar o Mendes até as. Os demais, acompanhem os calouros até o dormitório. Por hoje, acabou.
Então, se voltou pra mim, sorrindo e acenando com a cabeça. Não precisou de palavras para eu entender que ele só não iria comigo para não chamar mais atenção.
Então, recomposto e em paz, fui para o chuveiro acompanhado dos meus guardas.

Foto 1 do Conto erotico: COLÉGIO PRACINHAS - CAPÍTULO 20 – TRIBUNAL DE GUERRA


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Comentários


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cidilou Comentou em 03/03/2024

aahh...que pena que o conto acabou...queria ler mais, rsrsrsr...parabéns pelo conto...sensacional




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Ficha do conto

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fabiomendes

Nome do conto:
COLÉGIO PRACINHAS - CAPÍTULO 20 – TRIBUNAL DE GUERRA

Codigo do conto:
207780

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
08/09/2022

Quant.de Votos:
6

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