Acordei, e a primeira coisa que senti foi um dedo acariciar delicadamente a região entre minhas nádegas. Me virei, fazendo ele sair, e fiquei de barriga pra cima.
- Você está parecendo um cachorro no cio - acusei, encarando ainda com sono. Siqueira já estava acordado, bem disposto e deitado ao meu lado, com a cabeça apoiada em seu braço, relaxado e parecendo admirar meu sono.
- Você me julga muito mal, Fábio - e pegou em meu pau - você quem parece não saber a hora de dormir - e riu, aquele sorriso safado que aprendi a gostar.
Me espreguicei na cama, ainda sem coragem de me levantar. Mesmo acordando cedo todas as manhãs para o início da rotina do Pracinhas, ainda gostava de me aproveitar dos feriados e fins de semana para dormir um pouco mais.
- Cansado? - Ele perguntou.
- Estou. Mas você vai me deixar dormir? - E o olhei com desconfiança.
- Claro, Fábio. Quem seria eu pra atrapalhar? Relaxa vai, finge que eu não estou aqui - e passou a mão pelo meu corpo, descendo por entre as minhas pernas e massageando a entrada do meu ânus.
Aquele maldito toque que parecia ligar algum dispositivo dentro de mim.
- Assim fica difícil - informei, enquanto perdia o ar dos pulmões e me contorcia em seu toque.
- Calma. Relaxa. - sussurrou - eu não estou aqui, lembra?
Eu fechei os olhos, ignorando sua imagem. Mas ainda sentido a presença de seu calor. O dedo fazia maravilhas. Alisando com carinho a área ontem tão judiada pelo mesmo autor.
Gemi baixinho, mordendo o lábio e me retorcendo na cama. Senti sua boca chegar em meu peito, alisando suavemente com a ponta da língua o mamilo. Deixei minhas mãos soltas e meu corpo aberto. Apenas desfrutando e fingindo, conforme sugerido, que ele não estava lá.
Mas nosso momento foi interrompido pelo bater na porta. Siqueira puxou o lençol e nos cobriu a tempo de Soares entrar
- Estão fazendo o que ainda na cama? Não fizeram barulho o bastante ontem à noite? Vamos, já comprei o café
E saiu. Meu rosto corou. Engraçado, pois normalmente não tinha esses pudores. Mas me imaginar gemendo alto de noite, enquanto meus amigos podiam ouvir tudo, de repente, me encheu de constrangimento.
Siqueira sorriu, conformado e me olhou.
- É Mendes. Você me acha um tirano. Você agora vai conhecer Henrique em Verão Vermelho. Prepare-se - e se levantou.
Era óbvio que Henrique adorava aquele lugar e por isso mesmo ele se mostrava um verdadeiro ditador quando ali estava. Isso por que o tempo era curto e ele queria aproveitar ao máximo. Tinha paixão e queria nos mostrar tudo o que tinha de bom. E provavelmente não aceitaria que saíssemos de lá sem amar Verão Vermelho também. Aquele dia foi de correria. Soares nos levou a vários lugares, praias ao redor, mercado local, ele mostrou seu restaurante favorito, sua sorveteria favorita, sua lagoa favorita. Tudo. De noite, fomos a praia próxima de casa lanchar em seu quiosque favorito. Estávamos relaxados como há muito tempo não nos permitíamos. Apesar do regime fechado de Soares, o dia foi gostoso.
E ali, em paz, nos permitimos apreciar as coisas belas da vida. E mais uma vez me peguei admirando o quão bonito era Pedro e seu noivo, ali abraçados, olhando as estrelas. E não era só eles. Era tudo. A paisagem. Elias e Pinheiro ao longe, brincando de dar estrelinhas na areia. Dava para sentir a áurea especial daquele lugar e porque Soares gostava tanto dali.
Estava ali, bebendo meu refrigerante e aproveitando a brisa. Siqueira sentou do meu lado com sua cerveja e comentou, olhando para Soares e Pedro.
- Aqueles dois ali. Se me contasse há uns dois anos atrás, jamais imaginaria. Lembro quando Henrique veio pela primeira vez contar que estava apaixonado. - E deu um gole
Eu escutei.
- Ele estava nervoso. Pois não conseguia acreditar que estava gostando de outro homem - e riu, saudoso - e o pior, eu também não quis acreditar. Estranho sabe, pois já havíamos transado, já havíamos transado com outros caras. Mas... Mas daí a ter sentimentos, parecia absurdo
- Demorei muito a aceitar. E acho até que fui idiota com ele algumas vezes por conta disso. Porra, meu amigo veio abrir o coração e eu fazendo piada como se ele estivesse só gamando. Como se fosse uma coisa boba.
Eu pus a mão em seu ombro.
- Relaxa. Todos nós fomos preconceituosos, vez ou outra. Eu mesmo te achava um babaca semanas atrás. - Comentei, alfinetando.
- É mesmo. Então te conto uma novidade, garotinho. Ainda sou o mesmo babaca. Só que agora estou te comendo - zombou.
- Talvez eu tenha mudado de opinião muito depressa - e rimos juntos.
- A verdade é que o Pracinhas oferece pra gente um ambiente neutro - comentei enfim - ali, podemos viver basicamente qualquer tipo de experiência sob outras desculpas. Não por que queremos, mas porque temos de fazer
- Verdade - ele riu - tipo 'vou chupar o pau desse cara, só por que estão me obrigando' ou 'vou enrabar esse garoto, mas por que estou afim de zoar com a cara dele'
Ri com ele.
Ele então me olhou de cima a baixo e pensou
- Engraçado que você parece bem resolvido com isso. Sempre pareceu, na verdade. Digo, no começo achava que você não curtia essas coisas, mas pelo que parece, você só não curtia estar submisso a mim
- Basicamente era assim - concordei. - Mas revi alguns conceitos. Meu pai me fez ver que eu estava perdendo muito sendo tão intransigente
- Difícil imaginar um pai assim - confessou.
- Eu também acho difícil imaginar um como o seu
Olhamos um para o outro sem falar nada por um tempo. Até que ele virou o rosto, visivelmente encabulado.
- Isso está ficando muito piegas, Mendes - alertou, bebendo um gole da cerveja e dando um meio sorriso.
- Ou você quem não consegue falar de sentimentos sem ficar vermelho, major? - rebati
E ele estava mesmo vermelho, nem me olhar nos olhos conseguiu mais.
- Não consigo ser tão aberto quanto você
- Não é culpa sua. Nem minha na verdade. Eu culpo meus pais e o seu pai - e ri.
- O que vocês dois estão cochichando aí? - levei um susto ao ouvir a voz do Soares. Ele e Pedro estavam agora virados para nós.
- Nada demais - comentei, me recompondo - apenas estávamos comentando como vocês formam um casal bonito
Soares ficou surpreso e um pouco vermelho também. Acho que era a primeira vez que o via assim, sem graça com alguma coisa. Era diferente ver cada um deles ali, ao natural, sem as amarras da hierarquia do colégio.
- Acho que fico mais 'fofo' aqui sim - ele concordou por fim, com um meio sorriso. - Aqui, na verdade, foi onde eu e Pedro começamos a nos envolver
Pedro sorriu daquele jeito encabulado.
- Verdade. - Lembrei - Nunca perguntei como vocês começaram a namorar
- Quer contar, amor? - Soares sugeriu e Pedro se encolheu.
- Ah, qual é, Pedro. Estou te pedindo - encorajei.
- Conta, conta, conta - fizemos um coro. Até Pinheiro e Elias entraram e eles nem sabiam do que estava sendo falado.
- Assim... - Começou, rindo daquele jeito dele - na verdade eu e o Henrique já éramos conhecidos de bairro. Eu estudava no mesmo colégio do irmão mais novo dele. Não éramos bem amigos, mais colegas
Soares escutava, olhando o noivo com carinho
- Minha irmã mais velha era apaixonada pelo Henrique. E insistiu que eu deveria ser amigo do irmão dele, pois assim eu poderia ir pra casa dele, conhecer ele e talvez aproximar os dois.
Pedro riu, sem jeito. Mas respirou fundo e continuou.
- Eu já tinha uma queda pelo Henrique naquele período também. Só não falei. Eu ia pra casa dele, estudar com o irmão. Antes de ele vir para o Pracinhas, ele malhava muito numa academia improvisada nos fundos da casa. Ficava só de short. E eu admirava
Soares sorriu, e vi seu peito estufar de orgulho e vaidade. Gostando de ouvir dele aquelas coisas.
- Acabei ficando amigo do irmão dele mesmo, sabe? E acho que o Henrique percebeu que eu gostava dele.
- Amor, desculpa, mas não tinha como não perceber - brincou, alisando sua cabeça - você dava muito na pinta
Todos rimos.
Pedro tampou o rosto e o noivo continuou por ele.
- Assim, na época eu nem sonhava em ficar com outro cara. Mas aí, entrei para o Pracinhas. Participei dos trotes, comecei a ver que dá pra sentir prazer com outros caras e... Bem... Comecei a olhar esse neguinho aqui com outros olhos. Até o momento, sem sentimentos, só putaria mesmo. Sem ofensas, amor
- Tudo bem - Pedro riu - eu sei que era só um pedaço de carne pra você. Bem... Acontece que Soares era malvado comigo. Ficava me atiçando, sem ir além. - E olhou de rabo de olho pro noivo - uma vez, ele me chamou pra ver ele mijar, acredita?
- E você? - Eu perguntei.
- Eu... ora ... eu fui... - Sua voz ficou baixinha. - Ele ficou falando comigo balançando aquele... Pau. E eu ficava lá, babando igual um idiota
- Eh, eu fiz isso mesmo - Soares ria travesso, olhar perdido, vasculhando o passado com um pouco de saudade - lembra quando eu disse que tinha me assado, e fiz você passar pomada na minha virilha? - Ele riu
- Você era um idiota naquela época - Pedro atacou, indignado, mas sorrindo. Demonstrando que já havia passado por cima daquela fase.
- Ainda sou. A diferença é que agora sou seu idiota - e mostrou a aliança no dedo.
Pinheiro comprou mais uma rodada de bebidas e continuamos a nos entreter com a história.
Pedro bebeu um gole e continuou.
- Mas minha irmã, coitada. Tentava - Pedro mudou o foco - ela ia sempre me buscar lá na casa dele. Ligava com pretexto de saber de mim, mas na tentativa que ele atendesse e ela pudesse falar com ele um pouco
- Flavinha era legal, sabe. Mas nunca senti atração. - Soares assumiu
- E quando foi que você parou de torturar nosso amigo e foi pros finalmente? - Elias questionou.
Soares, nesse instante, deu um gole na cerveja e olhou travesso para Pedro.
- Olha. Verdade verdadeira, não fui bem eu quem deu o primeiro passo não. Né amor?
Pedro olhava para o além, rindo como criança.
- Vamos lá, conta pros seus amiguinhos o safadinho que você é - atiçou - conta o que você fez comigo aqui mesmo, em Verão Vermelho.
- Pedro? Duvido - pus minha mão no fogo.
- A verdade... - Pedro começou olhando os próprios pés - é que eu... Bem...
Mas eu interrompi, tacando areia nele.
- Seu safado, promíscuo! E eu aqui te defendendo - fingi indignação.
Ele riu e logo começamos uma rápida guerrinha de areia. Que não durou muito, pois todos queriam ouvir o desenrolar da história.
- Vamos lá. Onde estava? Ah sim ... Passamos uma temporada aqui. Eu, Henrique, seu irmão mais novo e mais uma prima deles - ele parou de rir e continuou - e aí, nós dormimos no quarto em que o Elias e o Pinheiro ficaram. Nós quatro. Então... A cama ficou com a prima e nós três ficamos no chão. Eu dormi no meio... E de noite, bem... Eu posso ter esbarrado sem querer nele
- Safadinho - Elias julgou, balançando a cabeça negativamente e de forma sonsa.
- Eh, Pascoal. Acordei no meio da madrugada com uma mãozinha massageando meu pau - contou cheio de malícia - eu fingi que dormia. Fiquei curioso, sabe? Ver onde ele chegaria
Tadinho do Pedro, estava querendo cavar um buraco e se esconder. Mas minha pena não era tanta a ponto de querer parar a história, que estava muito engraçada.
- Foi só uma pegadinha - tentou se defender
- Foi... - Soares lembrou, saudoso - foi gostosa. Quando puxou meu short com a ponta dos dedos e pegou por dentro então...
- É, mas você estava fingindo que estava dormindo - Pedro o acusou
- Opa, opa, opa. Não vem querer desconversar não. Eu sou a vítima aqui - Soares rebateu.
Ri bastante com aqueles dois.
- Agora continua, Pedro - convoquei - já era. Já sabemos o depravado que você é
- Naquela altura, fiquei com vergonha e me virei - falou por fim. Soares o encarou, esperando ele concluir. - Está bem - desistiu - E rocei um pouquinho - admitiu
- Roçou sim - Soares sorriu - e eu deixei. Já estava de pica durona. Aí pensei 'por que não?' Foi minha hora de passar a mão nessa bundinha, por dentro da bermuda dele. Aproveitei que ele não se mexia, e arriei o short dele. Não podíamos fazer barulho. Então pus meu pau pra fora e peguei a mão do Pedro e pus no meu pau, deixe ali, pra ele sentir.
- Depois foi a hora de brincar pra valer - Soares olhou com cumplicidade pro noivo - dei aquela encaixadinha. E comecei a meter nele pela primeira vez
- Mas como? - Elias ficou espantado - todo mundo no quarto?
- Fomos silenciosos - Pedro se defendeu.
- Eh. Ninguém reparou. Uma rapidinha gostosa. Caladinhos, na surdina. No dia seguinte fizemos um sexo mais qualitativo. Pra lá - e apontou - tem umas dunas de areia naquela direção. Gabriel e Gustavo sabem onde é. Área reservadíssima, lugar lindo. Levei Pedro pra lá no dia seguinte e fizemos direito. Como manda o figurino
Nesse momento, ao reconhecer a direção apontada, olhei furtivamente para Siqueira, que bebia sua cerveja olhando para cima com cara de paisagem.
- Foi assim. De lá, começamos a sair mais. Sem compromisso. Quando vi, Estávamos juntos - Soares concluiu.
- Adorei a história - comentei
- O quiosque está fechando - Elias alertou por fim.
- Está tarde, vamos pra casa? - Siqueira sugeriu - minhas pernas estão doendo de tanto que esse tarado nos fez andar hoje - e apontou para Soares, que riu satisfeito.
- Não fala isso, que você gosta do meu tour, Gabriel. Mas vamos sim. Vamos voltar logo pro Rio amanhã de noite, para evitar trânsito. Então foi bom ter aproveitado esse tempo curtinho. Amanhã fazemos mais uns programas
Ao ouvir sobre a iminência de ir, não pude deixar de sentir uma saudade antecipada do lugar. Mas era melhor assim. Se deixássemos para ir domingo, provavelmente pegaríamos muito trânsito
- Vão indo então - Pinheiro mandou. - Vamos ficar aqui mais um pouco - e ele e Elias ficaram pra trás.
- Vão fazer o que? - Pedro perguntou
- Acho que gostaram da ideia das dunas - brinquei e logo depois os vi pegar areia no chão - corre! - E disparamos, fugindo da chuva de areia que nos era atirada.
Chegamos rindo em casa, como os adolescentes que éramos. Era engraçado como sentia falta disso. De falar besteira, de agir de forma infantil. O Pracinhas nos exigia uma postura precoce, que amadurecêssemos rápido, sempre falando de responsabilidades, dever e tudo o mais. Aprendizados valiosos, sem dúvidas. Mas era bom ser um garoto de novo. Apenas para variar.
Tomamos banho aos poucos e fomos deitar. Estava cansado. Chegando em nosso quarto, somente naquele momento percebi que nosso quarto tinha apenas uma cama de solteiro, a qual eu e Siqueira nos esprememos na noite anterior para dormir. E que além disso, havia um colchonete atrás do armário que poderia ter sido utilizado para remediar tal situação. Mas ao fim, não o sugeri e Siqueira tão pouco.
Deitei e Siqueira se achegou ao meu lado. Me olhou desconfiado e perguntou.
- Por que está me olhando assim, Mendes?
- Nada. Só vendo se terei treinamento hoje
Ele bocejou.
- Hoje não, soldado. Mas não se preocupe, quando voltarmos ao colégio, tenho uma rotina de treinos prontinha pra fazer - e deitou de lado, virado pra mim, e fechou os olhos.
- E eu posso perguntar hoje para o que estou treinando? - Tentei
Ele apenas sorriu e de olhos fechados mesmo, ergueu o dedo em negativa.
- Ok - me conformei. Então resolvi fazer uma última pergunta, só pra alfinetar - então voltamos à estaca inicial. Em que fazemos o que fazemos por ser nosso dever?
Siqueira sorriu de novo.
- Mendes, Mendes. Não se engane, meu garoto. Adoro comer sua bundinha. E ainda vou fazer muito disso, não precisa ficar ansioso. Só que eu gosto de mandar também. Não chame de desculpa, chame de... Apimentar o que já temos
Pensei a respeito e concordei. Me virei então, de costas pra ele, não para o ignorar, mas porque preferia àquela posição. Mas fui surpreendido pela sua próxima ação. Siqueira passou o braço por cima de mim e me puxou para perto de si. Seu abraço era quente, confortável. Não estava preparado e por isso levei um susto. Mas gostei. Relaxei e dormi.
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Colégio Pracinhas: um capítulo por semana para vocês se entreterem. E para os apressadinhos, o trabalho completo se encontra disponível na AMAZON (mas nada de estragar a surpresa dos coleguinhas, hein rs