Sexo misterioso O e-mail interno chegou uma semana antes do início da mais famosa feira internacional de produtos e tecnologia que a empresa na qual eu trabalhava fabricava, me convocando a acompanhar o vice-presidente durante os seis dias do evento em Nova Iorque. Uma convenção de empresários do ramo fazia parte da Feira como evento paralelo, na qual o vice-presidente exporia a nova tecnologia criada pelos engenheiros da empresa. Qualquer um dos funcionários do alto escalão teria ficado lisonjeado com a notícia, exceto eu. Diretora da área de marketing, não fazia sentido eu estar presente à feira, mas sim, o diretor de produção, o chefe da equipe de engenheiros desenvolvedores, ou alguém com o conhecimento técnico do produto que estávamos lançando no mercado. Contudo, eu sabia o porquê de a escolha ter recaído sobre mim, a tara descarada e inconfessa que o vice-presidente sentia por mim. Desde a chegada do e-mail, priorizei encontrar uma desculpa para não acompanhá-lo; ao invés de focar na apresentação que ele faria e nos materiais de divulgação, o que deleguei a uma das minhas funcionárias. Eu simplesmente detestava o Camargo, seria o último homem sobre a face da terra com quem me relacionaria, nem que fossemos os últimos dois seres viventes nesse mundo. Ao contrário da maioria da mulherada, que gostava de se oferecer a ele para ganhar sua atenção, eu o desprezava pelo caráter pérfido, pela total falta de respeito aos subordinados, especialmente aos recém incorporados pela adoção da política de diversidade dentro da empresa. Apesar de fazer parte do clã que fundara e ainda administrava a empresa, a opinião dele a esse respeito era totalmente contrária a política posta em prática dentro da companhia. Machista, homofóbico e racista ele se camuflava sob um corpo atlético, másculo e viril de empresário bem-sucedido, onde o sorriso, ao invés de cativar, tinha uma expressão irônica para quem fazia parte dessas minorias. A mim ele nunca enganou com seu disfarce de pele de cordeiro, até porque, não sabia bem como lidar comigo, por viver uma eterna dúvida quanto a quem eu realmente era dentro daquele corpo escultural e extremamente feminino que despertava o tesão de machos como ele com uma facilidade tremenda. - Recebeu meu e-mail, Srta. Julia? – questionou ele, num encontro furtivo dentro do elevador. Eu odiava quando ele me chamava de Srta. Julia, a formalidade do ‘senhorita’ servia para acentuar aquela dúvida que o corroía, tentando parecer educado e galante, coisa que ele definitivamente nunca foi. - Sim, recebi! – respondi lacônica e, um tanto quanto enfurecida por ainda não ter encontrado uma maneira elegante de me desvencilhar do compromisso. - Seis noites em Nova Iorque são um excelente leque de possibilidades, não acha? Já esteve em Nova Iorque, Srta. Julia? – cretino, eu faço uma ideia de quais possibilidades está falando, seu pervertido, pensei comigo mesma. Mas, não conte com a sorte e nem com essas possibilidades, pois comigo não vai rolar, seu canalha. - Já estive sim! Tenho um casal de amigos morando lá, e pretendo visitá-los depois do expediente da Feira. – respondi, procurando desestimulá-lo de qualquer proposta indecente que estivesse articulando. - Ah! É mesmo? Presumo que não lhe restará muito tempo livre para passar com seus amigos, temos uma agenda apertada como sabe. – o pulha tentava me intimidar, mas estava longe de o conseguir com esse papo ilusoriamente profissional. Duas tentativas de me livrar do compromisso falharam. Ele, valendo-se de sua posição dentro da empresa, conseguiu articular as coisas de tal maneira que contornassem os impedimentos que se apresentaram. Na noite da sexta-feira daquela semana, eu me encontrava contrariada e infeliz no aeroporto prestes a embarcar na companhia dele para os Estados Unidos. Minha solicitação à secretária dele, uma das poucas amizades sinceras que eu tinha dentro da empresa, para que nos colocasse em poltronas o mais distante possível dentro da classe executiva, tinha sido modificada de última hora. Eu havia sido alocada junto à janela, bem ao lado dele, o que não só cercearia todo e qualquer movimento meu, como me obrigaria a me espremer contra o corpo dele caso fosse preciso me levantar durante o voo. Tudo havia sido meticulosamente planejado por aquela mente torpe e devassa. Ele planejava, sem sombra de dúvida, valer-se daquela viagem para fazer sexo comigo, algo que se implantou nele desde o primeiro dia em que me viu. Desde então, eu quase podia sentir o tesão que se apossava dele cada vez que nossos caminhos se cruzavam dentro da companhia. E, isso, ao invés de me lisonjear, me causava asco. Decidi fazer a transição depois de concluída a faculdade. Inicialmente, como gay, sentia que ainda faltava ao meu corpo algo que me identificasse com o que sentia dentro de mim. Ele parecia não refletir exatamente quem eu era de verdade, apesar de ser bastante cobiçado pelos homens, quase tanto quanto outros tantos o desprezavam e se sentiam no direito de me punir por aquela beleza ímpar. Meu primeiro e único namorado, quando resolvi assumir a minha condição de homossexual, foi quem incutiu esse desejo em mim, sem nem mesmo o saber. Ele era um estudante de engenharia na mesma universidade. Havíamos nos conhecido durante uma saída da galera e, foi a primeira vez que senti algo inusitado por outro homem. Ele era um tipão, fazia a cabeça das garotas, tinha uma sensualidade nata que aflorava no corpo musculoso e viril. Ele se aproximou de mim cauteloso, mas visivelmente fascinado. Nesse primeiro encontro e nos dois seguintes, já a sós, ele me tocou com uma gentileza e um tesão contido que me deixou encantado por ele. Depois de três meses saindo regularmente e, com um compromisso tácito que não precisou ser verbalizado, ele me desvirginou no mais fantástico e sublime momento da minha vida. Tive o cuzinho dilacerado pela voracidade do seu membro vigoroso e avantajado, gemendo entre beijos e carícias, enquanto ele estocava fundo no meu ânus imaculado. Nos apaixonamos um pelo outro, ambos descobrindo pela primeira vez aquele sentimento excelso que levava duas pessoas a querem estar juntas o tempo todo. Com a constância da minha companhia, os colegas começaram a tirar uma com a cara dele, a pôr em dúvida sua masculinidade, a zombar de suas intenções para comigo deixando-o inseguro e perdido entre o que sentia por mim e o que a sociedade e a família cobravam dele. Nossa paixão não resistiu a tantos reveses e acabou de forma dolorida para ambos. Foi quando ele aventou a possibilidade de eu me transformar em mulher, mesmo que apenas na aparência externa, o que colocaria fim às especulações e aos motivos de zombaria, pois com a minha verdadeira essência, ele não tinha nenhuma dificuldade de conviver. Eu precisava amadurecer essa decisão dentro de mim, não estava preparado para encarar algo tão definitivo e a paixão arrefeceu até esfriar por completo e seguirmos caminhos diferentes na vida. Alguns anos depois, a ideia ressurgiu. Desta vez, não por sugestão de outrem, mas pela insatisfação de me sentir uma fêmea num corpo masculino. A transição foi posta em prática e, tempos depois, eu havia me transformado numa bela e desejada fêmea, num corpo ainda mais atraente aos machos, sem guardar o menor resquício do nascido Júlio, à exceção do pequeno e discreto pinto que ainda usava para mijar e, que nunca tivera outra serventia. Doses constantes de estrogênio se encarregaram de dar leveza e delicadeza à ossatura, a redistribuir as adiposidades por lugares estratégicos dando sensualidade àquele corpo em transformação. Nem vestígios de um pomo-de-adão haviam restado no pescoço esguio e ligeiramente comprido. A voz que nunca fora esganiçada e dúbia, ganhara um timbre suave e melodioso, embora ainda firme e decidido. O que fora uma sensual ginecomastia de grau 2, o tratamento hormonal se encarregou de transformar em dois lindos e rijos seios. A primeira sugestão do médico que acompanhava a transição foi sugerir implantes de silicone para tornar o corpo feminino; mas, à medida que a transição progredia, verificou-se que seriam totalmente dispensáveis, pois os seios se avolumaram a ponto de encherem a mão de um homem, e isso era tudo que eu desejava. A Julia que nasceu a partir dali, era uma mulher bonita e gostosa, tinha os mesmos olhos azuis prateados e expressivos do antigo Júlio fazendo daquele rosto gentil uma atração à parte. Os cabelos com suas ondulações largas de cor caramelo agora desciam sensuais e sedosos até os ombros, acentuando uma feminilidade sedutora. A cirurgia de emasculação não fazia parte desse projeto de transição, não era algo que me fizesse sentir realmente mulher, pois mesmo a fazendo, eu jamais seria uma, jamais poderia gerar meus próprios filhos com um eventual marido. Portanto, nunca foi uma prioridade para me sentir feliz e realizada com o corpo que tinha agora. Foi essa Julia que foi contratada pela empresa na qual trabalhava, essa Julia cujo passado ninguém conhecia e, que permaneceria assim, segundo a minha vontade. Meu desempenho e minha capacidade intelectual e produtiva não dependiam de as pessoas conhecerem meu passado para me dar o devido valor. Essa mesma Julia se via obrigada a driblar os assédios, as cantadas e o interesse lascivo que despertava nos homens, a maioria deles com boas e genuínas intenções; porém, havia também os canalhas que desejavam o corpo sensual dessa Julia para satisfazer suas taras ou para degradá-la. E, nessa categoria, estava o Camargo, trintão casado e com dois filhos pré-adolescentes, que se valia de seu elã com as mulheres para levá-las para a cama sem outra proposição que não a de se aproveitar delas, se virgens e deslumbradas com sua masculinidade, melhor. O assédio descarado começou já durante o voo até Nova Iorque. Propositalmente eu vestia calças, ao contrário dos vestidos ou saias que costumava usar na empresa. Assim que me viu fazendo o check-in, pude notar o desapontamento dele com a minha vestimenta. Certamente, não teria a chance de enfiar suas mãos libidinosas por debaixo do meu vestido, para alcançar a vulva macia e quente que suspeitava existir entre as minhas coxas. Mesmo assim, tive que afastar por diversas vezes a mão boba que teimava descansar sobre a minha coxa na qual ele ficava resvalando a dele. Assim que as luzes da cabine se apagaram no meio da noite, ele fingiu estar dormindo e deixava a cabeça pender sobre o meu ombro, me obrigando a desferir cotoveladas em suas costelas, o que eu fazia com toda a intensidade das minhas forças e com um prazer mórbido. Também fui encoxada por duas vezes, uma logo antes da decolagem, enquanto ajeitava minha bagagem de mão no compartimento de bagagens e, no corredor estreito com todo aquele passa-passa de passageiros, ele se aproveitou da situação; outra, pouco depois do jantar de bordo haver sido servido, quando me dirigi à toalete, vendo-me obrigada a passar por ele, que deixou pouco espaço para eu me esgueirar entre o espaldar da poltrona da frente e seu volume protuberante entre as pernas. Desde que havia entrado para esse novo mundo, o mundo das mulheres, das fêmeas, me conscientizei do quanto elas eram aviltadas no seu dia-a-dia, como eram vistas e tratadas como objetos sexuais para satisfação dos homens. Era um cotidiano cheio de imprevistos perigosos, libidinosos, depravadores que as obrigavam a ser criativas para driblar todos esses reveses e ainda manter a aura de castidade e generosidade que se esperava delas. Ficamos hospedados no The Peninsula na Quinta Avenida, bem no centro de Manhattan, uma das extravagâncias às quais o Camargo havia se acostumado com a liberalidade da família endinheirada. Dessa vez, essa extravagância havia sido meticulosamente planejada para me impressionar e até intimidar, o que lhe facilitaria as abordagens vis que pretendia executar. Toda aquela viagem era uma grande armadilha, cada detalhe havia sido planejado para eu me tornar sua presa e vítima. Além da sensação de estar pisando em ovos, eu estava sob tanta pressão para não cair numa de suas arapucas que meus músculos não conseguiam relaxar por um segundo que fosse. Nem a suíte luxuosa que me esperava conseguiu amenizar minha agonia. A dele ficava próxima, era ainda mais sofisticada e parecia estar pronta para ele me abater nela como se eu fosse uma presa. A primeira noite foi terrível, ao cansaço da viagem somou-se uma insônia na qual pesadelos de curta duração me faziam enxergar como se fossem reais, aquele homem invadindo minha suíte na calada da noite e me subjugando com uma pica, do tamanho da de um touro, à sua tara entre aqueles lençóis macios. Era tudo tão fantasioso nesses quase delírios que eu acordava de tempos em tempos com o coração palpitando e querendo sair pela garganta, onde uma sensação de sufoco me deixava apavorada. Digo fantasioso porque eu duvidava que na vida real o Camargo fosse o garanhão que queria deixar transparecer, que a pica dele devia estar longe de ser taurina, que seus músculos não eram providos da força que minha imaginação criava. Provavelmente era um homem insatisfeito consigo mesmo, com seu desempenho tanto profissional quanto na cama com as mulheres, o que o fazia procurar incessantemente por algo que não conseguia alcançar. A Feira estava lotada de pessoas de todo o mundo, empresários, representantes comerciais, fornecedores e grandes conglomerados que disputavam aquele ramo de atividade. A apresentação do Camargo, divulgando nosso novo produto e a tecnologia inédita envolvida nele estava prevista para o penúltimo dia do evento. Até lá, tínhamos tempo suficiente para fazer a divulgação no estande que a empresa havia montado e conhecer o que os nossos concorrentes estavam produzindo. Mesmo trabalhando arduamente, era ali o único lugar onde eu me sentia segura, pois aquele homem não seria louco o bastante para tentar nada diante de milhares de pessoas. Era a partir da volta para o hotel que meu sossego acabava, onde os olhares do Camargo se tornavam tão predadores que eu começava a tremer da cabeça aos pés. As gentilezas forçadas, os sorrisos intencionais, começavam assim que deixávamos o centro de exposições, e tinham um único propósito, me levar para cama. As tentativas engendradas nos dois primeiros dias falharam e o deixaram furioso com os ardis que usei para me livrar dele. O casal de amigos que morava em Nova Iorque veio me buscar no centro de exposições no final do dia, impossibilitando-o de colocar seu plano em prática. No segundo dia, ele me aguardava no lobby do hotel à uma da madrugada e insistiu para tomarmos um drinque juntos no bar do hotel, o que recusei da forma mais gentil que consegui. Ele me acompanhou até minha suíte, arrancou o cartão-chave da porta das minhas mãos e me prensou contra a parede, amassando meus seios com suas mãos vorazes. Eu me debati o quanto pude enquanto ele tentava abrir a porta com o cartão e me jogar para dentro da suíte, onde me possuiria até se satisfazer. Eu lutei como pude, gania assustada temendo atrair a atenção de alguém e me tornar protagonista de um escândalo, que seria rápida e providencialmente revertido contra mim. As continuas batidas dos meus braços e pés contra a porta e os ganidos atraíram a atenção do casal que estava hospedado na suíte da frente. Quando os dois rostos sonolentos apareceram no vão entreaberto da porta e viram a aflição de um estupro iminente no meu semblante apavorado, eles saíram indignados e acionaram a recepção. Os seguranças chegaram quando eu ainda tremia feito uma vara verde e o Camargo lhes mentia dizendo que estávamos apenas nos reconciliando de uma pequena desavença conjugal. A maneira como ele me encarou para que eu não o desmentisse foi tão contundente que me faltou coragem para discordar. - Foi prudente de sua parte não me desmentir, sabe do que sou capaz quando me contrariam, não sabe? – sentenciou ele, antes de eu me trancar na minha suíte. Na manhã seguinte, ele agiu como se o ocorrido na noite anterior nunca tivesse acontecido. Era um crápula, um canalha que não via crime em suas atitudes. Ele tentou novamente naquele dia quando voltávamos da Feira no início da noite. Havia mandado o táxi nos deixar a três quadras do hotel sob o pretexto de querer comprar alguma coisa durante o caminho. Impediu-me de continuar no táxi, me arrastando para fora dele fazendo uso de sua força. Ele entrou numa loja de lingeries, comprou duas peças muito sensuais e caras, e colocou o pacote ricamente embrulhado nas minhas mãos. - É um presente para você, pela sua beleza! – disse com a expressão do rosto vertendo luxuria. – Viu como posso ser generoso? Depois do que você fez ontem à noite, eu deveria te castigar, mas estou te presenteando e posso te presentear com muito mais coisas se você me deixar entrar na fendinha entre essas tuas coxas gostosas. – emendou descarado. Meu asco por ele só fez crescer, que homem pensa estar dando uma cantada com frases tão vulgares? Só um cretino como o Camargo. - Você é o homem mais desprezível que eu conheço! – exclamei irritada, desejando atirar aquele pacote na cara dele bem diante da balconista. - Já é um começo! Logo vai estar fascinada por isso aqui. – devolveu ele sarcástico, levando a mão à rola que estava consistente e começando uma ereção. Ele me levou ao 230 Fifth Rooftop Bar na esquina com a rua 27. O lugar estava agitado com a noite amena de primavera e a vista deslumbrante daquela parte da cidade. Minha recusa em acompanhá-lo teve como devolutiva uma encarada raivosa e opressora, além de um apertão no meu braço que deixou vergões arroxeados onde seus dedos se fecharam feito garras. A galera espalhada pelo telhado do edifício era tudo de que ele precisava, o local ideal para me encurralar sem me deixar escapatória, e tudo seria encarado como um mero amasso de um casal apaixonado. Ele me pegou num canto ligeiramente menos iluminado, prensou meu corpo contra a parede com o peso do dele, as pessoas ao redor mal reparavam umas nas outras, entretidos com os amigos que tinham em volta de si. A boca dele tinha o gosto do drinque a base de gin que ele havia acabado de tomar, sua mão se fechou ao redor do meu seio esquerdo com tanta força que eu soltei um gemidinho de dor. Implorei para que me largasse, ele riu e disse que eu precisava pagar pelo presente que acabara de ganhar. Senti a ereção dele roçando meu flanco esquerdo, ao mesmo tempo em que sua mão subia pela minha coxa debaixo da saia e se fechava apertando minha nádega. Enfiei as unhas no peito dele, mas a camisa impediu que elas o ferissem. Quando minha calcinha se rasgou com o ímpeto do puxão que ele deu para arrancá-la e sua mão começou a subir entre as minhas coxas, fui tomada pelo pavor. A expressão dele mudou de cobiçosa para furiosa, assim que chegou ao meu pinto, onde esperava encontrar uma vagina úmida. - Me solte Camargo, por favor! Não faça isso! – implorei, ao notar que ele descobrira tudo. - O que significa isso? Você é .... uma aberração, seu filho da puta! Você é um .... tra.... – exclamou surpreso e indignado, não conseguindo concluir a frase, ao mesmo tempo em que esbofeteava meu rosto despejando toda sua ira e frustração. A mão cerrada se preparava para me desferir um soco, quando um grito apavorado escapou da minha boca. Subitamente o vi cambaleando com um soco que acabara de levar de um sujeito que o tirava de cima de mim. Antes que ele pudesse se conscientizar do que estava acontecendo, mais uma saraivada de golpes o atingiu, deixando-o estirado entre as mesas com o nariz e boca sangrando. - Você está bem? Ele te machucou? – perguntou o sujeito que o havia abatido e que me encarava preocupado e cuidadoso. - Estou, obrigada! Estou bem! – respondi arfando, tremendo e humilhada. A polícia havia sido acionada e, minutos depois, me encontrava dando explicações numa delegacia. Apesar de eu não o ter acusado, as testemunhas alegaram que havia sido uma tentativa de estupro e o Camargo ficou detido. - Por que não disse a verdade? Por que não sustentou o que alegamos? Ele tentou te estuprar! – exclamou estupefato o sujeito que me livrara dele. - Ele é meu chefe! – balbuciei envergonhada, querendo sumir dali. - E por conta disso você acha que ele pode fazer com você tudo que quiser? – insistiu inconformado o sujeito. - Eu não acho nada! Obrigada pela ajuda, eu preciso ir! – respondi, disparando em direção à saída. - Espere! Eu te acompanho! Como você se chama? – ouvi-o questionar, mas não me detive para responder. No hotel caí no choro. Meu emprego já era, e eu precisava dele, Deus sabe como eu precisava dele para ajudar no tratamento do meu pai que estava com uma insuficiência renal grave. O Camargo ia me matar quando deixasse a cadeia. A família dele ia fazer o diabo comigo quando soubessem da versão que ele ia apresentar. Eu estava fodida, mesmo não tendo sentido uma pica entrando em mim. Não sei como o Camargo estava se virando; pois, a tentativa de estupro ia lhe custar alguns dias de cadeia antes que um julgamento fosse agendado. Eu continuei cumprindo minhas obrigações. Fui à Feira normalmente, era o dia da apresentação do Camargo. Eu a assumi e fiz a apresentação com o maior empenho possível, mesmo desconhecendo boa parte do que dizia. Era o pessoal que desenvolveu a tecnologia que deveria estar ali, mas aquele cretino só pensou na satisfação da sua rola quando me convocou. Fui bombardeada de perguntas de interessados na nossa tecnologia revolucionária, respondi o que sabia e deixei o caminho livre para a equipe de tecnologia dar as demais explicações. - Fascinante! – exclamou alguém atrás de mim num português fluente, enquanto eu conversava com um grupo de uma empresa europeia. Ao me virar, dei de cara com o sujeito que nocauteara o Camargo na noite anterior, acompanhado por dois outros homens, também parrudos como ele. - Tem interesse em nossos produtos? – perguntei um pouco abalada por aqueles olhares penetrantes sobre o meu corpo. - No momento, estou mais interessado em você, para ser sincero! – respondeu ele, abrindo um sorriso gentil. – Você fugiu de mim, nem me disse seu nome. – emendou antes que eu pudesse responder. - Lamento, me perdoe! Eu só queria sair daquela delegacia o mais rápido possível. Obrigada, mais uma vez pela intervenção. – respondi. - Eduardo! – devolveu ele, me estendo a mão. – Podia ter esperado eu te levar para um lugar mais seguro. - Julia! – respondi, sentindo a mão vigorosa dele envolver a minha. Nesse instante, outras pessoas interessadas no que eu havia acabado de expor, vieram solicitar minha atenção e eu gentilmente o dispensei. - Podemos nos ver no final da Feira? – perguntou ele, antes de me deixar. - Desculpe, tenho outro compromisso! – respondi, para me safar dele. Tudo o que eu não precisava era outro homem correndo atrás de mim naquelas circunstâncias. Aliás, desde a transição, eu tinha um certo pavor dos homens correndo atrás de mim. Temia pelo que carregava entre as pernas, temia que me crucificassem, como fez o Camargo, quando descobrissem que não havia uma buceta ali como esperavam, mas um pintinho, ainda que discreto e pequeno. Era uma insegurança com a qual eu tinha dificuldade de lidar. Portanto, todo homem dando em cima de mim, era potencialmente perigoso e eu fugia deles como podia. Era um paradoxo eu os desejar em meu íntimo e, ao mesmo tempo, fugir deles como fazia. O último dia da Feira e da convenção terminou com um jantar dançante, oferecido exclusivamente para os expositores e uns poucos empresários, nos salões de um hotel luxuoso. Inicialmente, havia considerado não ir, mas como os lugares estariam marcados com o nome das empresas participantes e seus diretores ou representantes, ficaria deselegante para a empresa não fazer presença. Tinha recebido uma mensagem do Camargo naquele final de tarde ao chegar à recepção do hotel. Entre impropérios e insultos, ele deixava claro que se vingaria de mim, mas que precisava que eu entrasse em contato com a família dele para tirá-lo da cadeia, o que até aquele momento ele havia tentado sem sucesso. Minha vontade era deixá-lo se ferrar; porém, fiz o que ele me pediu, sem dar maiores detalhes sobre o que havia acontecido na ligação que fiz à sua mulher, uma criatura da qual eu sentia pena. - Posso jurar que está fugindo de mim! – eu nem precisava me virar, já desconfiava de quem era aquela voz grave às minhas costas. - E porque eu faria isso? – devolvi, quando o Eduardo me encarou sorrindo. - É o que fico a me perguntar! – respondeu ele. Desta vez estava sozinho, sem os dois sujeitos que o acompanhavam no nosso primeiro encontro e no 230 Rooftop Bar. A presença dele ali indicava tratar-se de um convidado exclusivo, embora eu não me recordasse de uma empresa dele ser uma das expositoras, portanto, devia ser um empresário de peso para estar ali. E, também, um homem insistente que precisava ser afastado com muita sutileza. Fui salva por um casal que havia sido colocado na mesma mesa que a minha durante o jantar e com o qual eu havia me entrosado, uma vez a esposa já estivera diversas vezes no Brasil e dizia ser encantada pelo país, à despeito de seu povo, numa sinceridade um pouco chocante e agressiva, típica dos americanos. A persistência do Eduardo era algo incomum. Ele veio me tirar para dançar quando uma série de músicas lentas começou a ser tocada pela banda que animava o jantar. Com a desculpa de estar conversando sobre negócios, dispensei-o mais uma vez. O que não o impediu de ficar me acompanhando com aquele seu olhar lupino da mesa onde estava, ou da pista de dança, onde havia levado pelo menos uma meia dúzia de mulheres atraentes e sensuais. Fiquei me perguntando qual era a desse cara. Se, aparentemente, podia ter as mulheres que queria a seus pés, por que continuava dando em cima de mim? Se ele pensa que me provar que conseguia quem ele queria, me faria mudar de ideia a seu respeito, estava muito enganado. Isso só provava que ele era igual ou pior que o Camargo, usando as mulheres para que todos o vissem como um garanhão sedutor. Não fiquei a sós por mais que três minutos, quando o ouvi fazendo novo convite para uma dança, desta vez tão próximo do meu ouvido que pude sentir o roçar de seu hálito quente na pele do meu pescoço. - Finalmente vejo que não está ocupada com alguém, o que faz pensar que vá aceitar dançar comigo. Qual vai ser a desculpa desta vez, para recusar meu convite? - questionou - Nenhuma! Conseguiu o que queria! – devolvi, aceitando o convite com a intenção de logo em seguida deixar o evento, o que algumas pessoas já estavam fazendo por se fazer tarde. O Eduardo era, sem dúvida, um homem atraente e sensual. Assim que passou os braços musculosos ao redor da minha cintura e me puxou de encontro ao seu tronco, eu estremeci. O corpo dele era quente, transmitia uma sensação de segurança, como se fosse um abrigo protegido. Enquanto os acordes de Can’t take my eyes off you eram executados pela banda, ele me apertava e nossos corpo gingavam tão coordenados como se fossem apenas um. Ele se mantinha calado, olhar fixo no meu ... you’re just to good to be true ... there are no words left to speak ... but if you feel like I feel ... please let me know that it’s real ... you’re just to good to be true ... parecia que a letra da música falava exatamente o que ele queria me dizer. Era tão desconcertante e, ao mesmo tempo, tão intensamente maravilhoso o que ele me fazia sentir que, por toda aquela dança, eu me vi transportada para um mundo no qual ser amada por um homem como ele não era nada impossível. Assim que a música terminou, eu pedi licença para ir à toalete e sumi em direção ao hotel, sem dar nenhuma explicação. Pela primeira vez, a impossibilidade de continuidade de uma relação com um homem como o Eduardo pesou fundo no meu peito. Eu jamais viveria um grande amor, eu jamais viveria um amor com um homem como ele, isso não era algo factível para pessoas como eu. Tinha sido difícil, nunca antes precisei ser tão persistente para ter uma mulher em meus braços. Mas aquela tinha algo de especial, eu não saberia dizer bem o que, mas era algo que me fascinou desde o primeiro instante em que pus os olhos naquele corpo sedutor e naqueles olhos azuis prateados que pareciam esconder um mistério tão profundo quanto o oceano. Julia. Quando ouvi o nome saindo daqueles lábios vermelhos e úmidos, fui tomado de um tesão como nunca havia sentido. Não sei o que me levou a acreditar que aquela aparente frieza e distanciamento que ela me impôs fosse apenas uma barreira de defesa. Ela era dura na queda, não abria a guarda. Nenhuma outra mulher havia me tratado assim, elas, ao contrário, logo se mostravam dispostas a ir para a cama comigo. Seria justamente essa falta de interesse por mim que estava me deixando tão a fim dela? Eu sempre conseguia o que queria, tinha sido assim nos negócios, o que me fez crescer, de um simples funcionário a dono de algumas empresas muito lucrativas; tinha sido assim nas minhas conquistas amorosas, modelos, socialites e toda infinidade de mulheres lindas tinham sentido minha verga cravada em suas vaginas. A Julia não me queria, nem como empresário endinheirado, nem como homem. Contudo, eu a desejava mais do que tudo, não para provar que era capaz de conseguir tudo o que queria, mas para sentir aquele olhar doce penetrando fundo em meu peito e aquecendo-o como se fosse o fogo de uma lareira numa noite fria. Ela era tão ambígua. Foi firme e objetiva ao lidar com as questões do trabalho, tendo respostas prontas e certeiras para todos os questionamentos que lhe fizeram. E, parecia um bichinho indefeso lutando pela vida quando foi acuada por aquele desgraçado que tentou violentá-la e a esbofeteava sem dó nem piedade. Mesmo ferida e humilhada, não cedeu à minha investida, nem me viu como seu salvador. Os agradecimentos foram até frios. Ela me desprezava, não me julgava digno dela, era evidente; mas, por que? Eu esperava ansioso a mais de vinte minutos pela volta dela da toalete, queria ter aquele corpo e perfume dela me inebriando novamente nos braços, em mais uma dança, onde deixaria explícitas minhas intenções, pois não era homem de deixar as oportunidades passarem sem ter feito o que precisava ser feito. Conscientizei-me que acabara de levar um toco quando uns poucos casais voltaram à pista de dança quando a banda recomeçou a tocar suas últimas músicas daquela noite. Ela não voltaria, jamais a veria novamente, tinha me deixado sem ao menos um boa noite. Me senti ridículo, como o príncipe que ficou aguardando a cinderela que perdera seu sapato de cristal e não voltou pela quebra do encanto. A ele restou o sapato para encontrar sua amada, a mim restou apenas a sensação daquele corpo sedutor roçando o meu. A demissão sumária me aguardou assim que voltei à empresa, tinha sido pedida pelo Camargo, que ainda estava nos Estados Unidos lidando com a justiça. Não havia nenhuma justificativa para o pedido de demissão, ao menos nenhum no RH da empresa, pois ele não ia dar mole explicando que tinha sido detido por ter tentado estuprar uma funcionária que, até então ele julgava ser uma mulher que tencionava levar para cama, e não um transexual como comprovou o pinto que sentiu na mão quando queria pegar numa buceta. Como explicar isso para a família, pai, irmãos que também atuavam na diretoria da empresa, como explicar isso para a esposa que pensava estar casada com um marido dedicado e pai amoroso? Ninguém podia desconfiar que fosse um mísero canalha, ou sua vida estaria arruinada. Pelo meu lado, o que temi tinha acontecido, estava na rua, sem salário, sem o plano de saúde que garantia o tratamento do meu pai, sem uma referência positiva para apresentar num processo seletivo de outra empresa. A situação econômica não favorecia os desempregados e, foi apenas depois que dezenas de currículos enviados que algumas poucas entrevistas começaram a surgir, sempre em cargos menores e salários ainda menos atraentes. Durante essas entrevistas, outro fenômeno desconcertante aconteceu. Quando os recrutadores eram homens, a entrevista fluía, o aceno de um emprego se tornava real, mesmo que abaixo das minhas expectativas e da minha capacidade, apenas para se verem na condição de usufruir mais dos meus dotes físicos do que de qualquer outra coisa. Quando as recrutadoras eram mulheres, a entrevista mal durava dez minutos, uma concorrente com aqueles atributos físicos ninguém queria disputando pelos mesmos machos, uma vez que eles estavam cada vez mais raros. - Agradecemos a participação no nosso processo seletivo para a vaga de diretor de marketing, mas os senhores e senhoras estão dispensados, apenas dois candidatos se mostraram aptos a preencher a vaga. – disse a garota que havia conduzido o processo seletivo a um grupo do qual eu fazia parte, ao final de uma série de testes e horas desgastantes de espera. Estávamos deixando o edifício quando alguém pronunciou meu nome. - Julia? – não reconheci a voz, mas me virei na direção dela. – Julia! O que faz aqui? – era um Eduardo sorridente que me encarava incrédulo e corria no meu encalço. Eu só podia estar sonhando, aquela silhueta, aquele andar felino, aquela bunda estupenda, eu só conhecia uma mulher tão charmosa e sedutora, que ainda muitas vezes me roubava o sono e me fazia acordar no meio da noite duro e com a pica babada. Seria esse meu dia de sorte? Chamei-a, mesmo não tendo certeza de ser ela. Tudo se transformou em realidade quando aqueles olhos azuis prateados me encararam surpresos. Era ela, Julia. A Julia que fazia meu coração palpitar acelerado, a Julia que me fazia sentir um garoto bobo diante da primeira mulher que tentava conquistar. Mesmo sem o sapato de cristal, eu a reencontrei, e não a deixaria escapar dessa vez. - Vim participar de um processo seletivo, mas fui dispensada junto que esses outros candidatos. – respondeu ela que, meu deu a impressão de não se lembrar mais do meu nome. - Eduardo, está lembrada? Da Feira internacional nos Estados Unidos? O que te livrou daquele ... – me interrompi antes de falar o que não devia, de tão entusiasmado que estava com aquele reencontro. - Ah, sim! Me lembro, como vai? – respondeu ela, corando ligeiramente por quase ter ouvido sobre a tentativa de estupro que me escapava da boca. No entanto, imediatamente, senti que ela erguia novamente aquela barreira indecifrável entre nós. - Tem tempo para um cafezinho? – Diante da dispensa que havia tomado, eu não queria que ela descobrisse naquele momento quem eu era, que a empresa para a qual havia se candidatado era minha, que era eu quem mandava em tudo por ali. Sob pressão, a chance dela se esquivar seria maior, e isso era a última coisa que eu desejava. - Quem sabe .... – ela ia me dispensando, eu não ia deixar, não mesmo. - Apenas um café, coisa rápida, não vou empatar seu tempo, juro! – insisti, jogando o que eu julgava ser meu charme, mas que sabia não a deixar tão impressionada quanto outras garotas. - Um café, está bem! – respondeu ela, com um sorriso tímido e recatado, que me deixava maluco. A pouco mais de uma centena de metros na mesma calçada, levei-a a uma pequena e charmosa cafeteria, que, àquela hora estava quase vazia. Tudo de que eu precisava para não assustá-la com a minha investida. Demorou um pouco para ela relaxar, mas quando o fez, me sorria com uma autenticidade genuína e me avassalava o corpo e os pensamentos. Eu só conseguia olhar para aquele rosto, para a maneira como suas bochechas salientavam quando sorria, para aquela boca que parecia encerrar os mais doces e amorosos beijos, para aquele olhar que parecia ser tão impenetrável quando o céu, para aquelas mãos delicadas de dedos finos e longos que deviam fazer carícias tão sedosas quanto as pétalas de uma orquídea. Eu me esforçava para ouvir o que ela dizia, tanto quanto para controlar a ereção que crescia dentro da minha calça. - Foi ótimo conversar com você Eduardo! Obrigada pelo café, eu estava mesmo precisando dessa pausa. – disse ela, depois de termos tido uma conversa bastante agradável e espontânea. Não, aquilo não seria o fim da linha, eu ainda precisava revelar quem sou, apesar do temor que sentia. - Podemos nos encontrar novamente, noutro lugar, noutra hora com mais tempo? – perguntei, enquanto engendrava uma maneira de levá-la até meu escritório. - Não me leve a mal, Eduardo, eu .... – não a deixei terminar - Eu sei como você pode conseguir o emprego para o qual veio se candidatar! – soltei de supetão - Como assim? Do que você está falando? – o rosto harmônico e doce dela era um grande ponto de interrogação, e isso a deixava ainda mais linda. - Apenas confie em mim, e volte comigo até o edifício, OK! – ela estava em dúvida, certamente temia por uma armadilha ou outro ardil qualquer. - Confiar em você? Como pode afirmar que conseguirá o emprego para mim? - Eu já disse, apenas confie em mim, Julia. É só o que te peço! – senti que ela ia ceder, e já comemorava meu feito. Eu não sentia a menor confiança naquele sujeito. Era um homem atraente demais, másculo demais, por alguns instantes me parecia tarado demais e, isso era mais do que suficiente para eu manter distância dele. Contudo, eu precisava daquele emprego, tinha sido a melhor proposta que havia surgido e resolveria todos os meus problemas se o conquistasse. Nada caia do céu de graça, por que justamente esse cara, que tinha mexido tanto comigo naqueles dias nos Estados Unidos, tinha que aparecer justo agora? Ao revê-lo, parece que eu ainda sentia meus seios resvalando no tronco sólido dele durante aquela dança, do vigor e da intensidade com a qual ele havia me enlaçado, do perfume gostoso que vinha de sua pele, uma mistura de menta com espuma de barbear e um aroma seco e resinoso como o de madeira recém-cortada. Deixei-me conduzir de volta ao edifício, o elevador nos deixou num andar alto, num hall pouco movimentado, que dava para uma antessala onde quatro secretárias ocupavam largas mesas junto às janelas. Todas me encararam quando pisei na sala, não consegui interpretar o significado daqueles olhares. - Marta, peça para a Simone do RH vir imediatamente falar comigo! Ah, e traga café para a minha sala. – aos poucos eu começava a compreender quem era aquele homem, e isso me deixava ainda mais insegura. - Quem é você afinal, Eduardo? Esteve tantas vezes comigo e não me disse quem era. – eu fazia uma ideia do que ele ia responder, mas precisava ter certeza. - Sou o dono dessa e de outras empresas! Lamento não ter dito isso antes, mas achei que seria irrelevante para o que eu quero de você. – direto, objetivo, como todo empresário, foi a resposta dele. - E o que quer de mim? – repentinamente minha voz falhava, se ele respondesse o que eu estava pensando, ia sair correndo dali, pois sabia exatamente no que aquilo ia dar. - Que trabalhe comigo! Você me deixou positivamente impressionado com aquela apresentação, quero pessoas como você atuando ao meu lado. – respondeu ele, parecendo adivinhar que uma resposta diferente daquela me poria a correr. Ele era mais ardiloso do que eu supunha, o risco permanecia, mais evidente do que antes. Ela estava assustada. As mulheres de hoje não eram assim, principalmente as que trabalhavam fora, tinham uma carreira, conheciam seu valor. Mas, a Julia, apesar de ter todos esses predicados, não era assim. Se eu dissesse o que queria, ela ia me escapulir das mãos como areia fina passando entre os dedos. Propus o emprego, isso a prenderia a mim, me daria tempo para chegar nela sem que tentasse fugir como vinha fazendo. Julia é uma mulher instruída, até onde pude perceber, inocente sem ser tola, tímida, de certo modo aristocrática. Tudo o que não sou. Eu sabia muito bem que não a deveria querer. Todas as vezes em que recusou meus convites indicava que seu desprezo por mim não podia ser mais óbvio. Apesar de tudo, agora ela estava ali, bem diante dos meus olhos. A postura perfeita sentada numa das poltronas em frente à minha mesa de trabalho, seu corpo esbelto e flexível, o perfume discretamente doce chegava até mim, me deixando incapaz de dizer qualquer coisa e me excitando, a pele quente e o coração batendo rápido com violência. Eu nunca havia tido tantas ereções diante de uma mulher, parecia um adolescente que ainda não aprendera a controlar o cacete quando se sentia excitado. O olhar dela percorria a minha sala ampla, de janelões que iam do teto ao chão, com uma decoração sofisticada, porém clean; dava para perceber que se sentia numa jaula, a minha, a do predador. Estávamos no meu mundo agora e o controle estava nas minhas mãos. Por alguma razão, não dava para afirmar que eu estava completamente à vontade, mesmo ali, onde tudo que conquistei refletia meu poder. Talvez por isso, permaneci em pé, apoiado à minha mesa nem inteiramente sentado nem em pé, braços cruzados diante do peito. Ela me encarava com uma gravidade suave e paciente com aqueles olhos azuis-acinzentados das nuvens ao luar. Ela jamais poderia saber que eles me devastavam, ou me tornaria vítima de seus desejos. Caralho, se essa mulher não fosse a mais linda que já vi! Mesmo depois dos foras que me deu, eu nutria esperanças, tão ínfimas e tolas, de que a Julia viesse a querer mais do que apenas um emprego, que ela me quisesse como seu homem. Foi por isso que lhe ofereci o emprego. Homens buscam belas mulheres e as mulheres negociam sua beleza em troca de riquezas, era assim que o mundo sempre funcionou e sempre continuaria a funcionar. - Mandou me chamar, Eduardo? - Sim, Simone! Esta é a Julia, dê um emprego a ela! Discuto com você depois o salário e as demais condições. – instruí, à gerente do RH que me encarava perplexa. - Mas, Eduardo, ela foi dispensada durante o processo seletivo. Já estamos acertando a vaga com o candidato escolhido. – respondeu ela. - O posto que estou te mandando providenciar para a Srta. Julia não é o do processo seletivo, eu a quero numa função executiva diretamente subordinada a mim, e isso é para hoje! – eu estava sem paciência para ver minhas ordens questionadas, especialmente quando isso estava atrelado a conseguir que a Julia se mantivesse presa a mim. - Sim, senhor! Vou providenciar. – respondeu ela irritada e, saindo pisando firme quando gesticulei com a mão que deixasse a sala. - Bem Julia, como vê, você tem o seu emprego! – exclamei exultante por tê-la prendido a mim, com o tempo ela iria sentir até onde meus grilhões a prenderiam a mim. - Eu lhe sou muito grata, Eduardo, mas não vou aceitar o emprego que está me oferecendo! – a voz dela era calma, o tom gentil não amenizou o que comecei a sentir crescendo em meu peito. - Como, não vai! Estou te oferecendo uma oportunidade única! – eu estava berrando de tão indignado. Não conseguia entender, depois de todo meu esforço, o porquê de ela me desprezar mais uma vez. Providencialmente, a Marta bateu à porta, ou eu explodiria. - O que é agora, Marta? – questionei, no mesmo tom belicoso. - O café que o senhor pediu! – respondeu ela, precavida com meu estado de espírito. - Tá, tá, tá! Sirva logo de uma vez esse café, Marta! – eu precisava ganhar tempo para não deixar aquele peixe que havia fisgado escapar do meu anzol, ou não me chamo Eduardo Augusto Baumann. Meu olhar voltou a se prender na Julia ali sentada, impassível, o perfume suave de baunilha e orquídeas entrava nas minhas narinas a cada inspiração e não me deixava pensar com a clareza necessária. De repente, ali no cenário profissional do escritório, vestido como um executivo, nunca me senti um macho tão bruto. Nunca precisei fazer o papel de sedutor. As mulheres sempre se mostraram disponíveis e saiam satisfeitas com o que quer que eu fizesse com elas na cama. Me elogiavam pelo vigor, pela virilidade e pelo tamanho da minha rola e o que era capaz de fazer com ela. Nenhuma delas se preocupou por eu não ter modos elegantes, por ter calos permanentes nas mãos, dos anos que passei fazendo trabalhos braçais como um simples funcionário. Contudo, parecia que a Julia era capaz de me ver por inteiro, que ela enxergava todas essas coisas e, por isso, me desprezava, me achava indigno dela. Maldição. Todo meu corpo ardia, queria deitar a Julia em cima da minha mesa, minha musculatura faria isso sem nenhuma dificuldade, montar nela e possui-la como havia feito com tantas outras, e rasgá-la ao meio com meu falo grosso. Era esse o tratamento que uma fêmea relutante merecia do macho que estava fazendo de bobo. Eu mal podia acreditar que estava tendo esse tipo de pensamentos, não era normal, não era civilizado, mas era meu instinto primitivo de macho desesperado diante da perda iminente da mulher por quem estava de quatro. - Vai demorar o dia todo para servir esse café, Marta? Já basta de adulação! Há trabalho a sua espera! – questionei, ao perceber que ela se demorava para captar qualquer informação sobre o que estava rolando entre a Julia e eu. - Desculpe, Eduardo. Aqui está, senhorita! – disse ela, estendendo a xícara na direção da Julia, ao mesmo tempo em que me dirigia um olhar discreto mas incinerador. Sem paciência, me servi sozinho, para que ela deixasse a sala o quanto antes e eu poder voltar a ouvir a explicação da recusa da Julia. - Estou tentando entender por que me despreza tanto. Que mal eu lhe fiz, posso saber? Durante a Feira mal se dignou a me ouvir, recusou todos os meus convites, fugiu de mim mesmo depois de eu ter te salvo das mãos daquele sujeito que estava batendo em você naquele bar, por milagre e falta de inventar outra desculpa me concedeu uma única dança, para depois fugir sem dar explicações. E, agora, recusa minha oferta de emprego, quando sei que precisa dele. – desabafei, sentindo-me exaurido, toda energia concentrada em manter o pouco de autocontrole que me restava. De tão atordoado e inquieto, derrubei a xícara de café pelando sobre a camisa durante um movimento desajeitado, esparramando o líquido escuro no tecido branco e formando uma imensa mancha que ocupava toda a frente do meu tórax. O líquido quente ardeu menos sobre a minha pele do que aquele misto de ira e frustração que estava em meu peito. Ela se levantou de pronto da cadeira, pousara a xícara dela com graça sobre a mesa e tirou um lenço da bolsa vindo com ele em meu socorro. A pressão hesitante da mão dela sobre o meu tronco provocou uma onda libidinosa de desejo, estava a um assustador milímetro de puxá-la para os meus braços e devorá-la por inteiro, sem lhe dar chance de qualquer recusa. Algo de errado estava acontecendo com ele depois de eu dizer que não aceitava o emprego que me oferecia. Seu olhar parecia o de um bicho enfurecido, e eu só podia estar louca quando me aproximei tanto dele para secar aquele café derramado em sua camisa. Estremeci quando minha mão tocou naquele tronco sólido, rijo como uma rocha. Meu cuzinho convulsionava incontrolado, à revelia do meu querer. Essa era a prova cabal da necessidade de eu recusar o emprego, eu não ia conseguir ficar próximo daquele homem sem me sentir cada vez mais envolvida por ele. Subordinado a mim – havia dito ele à gerente do RH. O que mais eu precisava ouvir, para saber que ele queria me subjugar? E, o que seria de mim quando ele descobrisse que foi enganado, que não era uma mulher completa por quem seu tesão incontrolado ardia? Eu tinha a resposta, ele ia me desmontar na base da porrada, sem que eu pudesse culpá-lo de nada. Eu podia lidar com a minha frustração por não poder me entregar a ele, por estar tão atraída por sua virilidade, por estar me apaixonando por aqueles olhos castanhos e aquele rosto sedutor que parecia estar encantado por mim. Mas, não conseguiria lidar com o desprezo dele quando soubesse que havia sido enganado, que aquela mulher por quem estava atraído não era de verdade. Ele se livrou da camisa empapada, um torso musculoso e peludo surgiu diante dos meus olhos para me deixar ainda mais irrequieta, para deixar meu cuzinho ainda mais assanhado. - Por que me despreza tanto? – perguntei num ato de coragem, quando prendia aquela mão que estava sobre o meu tronco, encarando-a quase a suplicar. - Desprezar? Eu não te desprezo, Eduardo! - O que foram todas aquelas recusas, senão desprezo? – insisti - O motivo de eu recusar seus convites não tem absolutamente nada a ver com desprezo! – garantiu ela, com um olhar sincero. – A verdade é que você me deixa nervosa, você é muito atraente, muito másculo e isso me deixa agoniada. – acrescentou, corando e desviando ligeiramente o olhar. Ela nunca tinha se mostrado tão inerme. A facilidade com que ela me desarmou me deixou sem ação. Umas poucas palavras e eu estava pronto a cair de joelhos diante dela para confessar o que estava avassalando meu peito. - Que mal há nisso? Eu sinto o mesmo por você! Você é a mulher mais linda e doce que eu conheci, eu te quero, Julia! Você não imagina o quanto. – confessei resoluto. - Eu não sou quem você pensa! Não vai haver nada entre nós! – as palavras dela me atingiram como um soco no estômago. O que havia de errado comigo? E essa porra dessa camisa empapada que não me deixa raciocinar direito. Caralho, como eu estou tenso! Nunca fiquei assim diante de uma mulher, que raios está acontecendo comigo, afinal? - Marta! Venha à minha sala, agora! – eu estava furioso comigo mesmo. - Sim senhor, Eduardo! – ela mal desligou e já batia à porta. - Me providencie uma camisa, houve um pequeno desastre. - Sim senhor, vou mandar providenciar. Terei que enviar um dos boys a uma loja, pode demorar um pouco. – retrucou ela prevenida, já se eximindo pela provável demora. - Então vá você mesma, e rápido! Isso aqui está me infernizando! - Se me permite, eu posso fazer isso por você! – interveio a Julia, no que me pareceu mais uma tentativa de fuga do que uma disposição em me ajudar. - Você fique exatamente onde está! Não terminamos a nossa conversa! – exclamei de pronto, desincentivando qualquer artimanha que ela estivesse articulando. – Anda, Marta, isso é para hoje! Ele estava uma pilha de nervos, o que me deu a certeza de que não estava acostumado a ser contrariado. Minhas recusas estavam-no deixando sem chão e sem argumentos. À medida que o tempo passava, aquele escritório ia se transformando numa cela de prisão, eu estava acuada e presa por aquele homem que não aceitava com facilidade a recusa de uma mulher da qual estivesse a fim. Assim que a secretária fechou a porta, ele começou a andar de um lado para o outro, seus pensamentos deviam estar fervilhando na cabeça. Junto a uma das janelas, onde havia me refugiado para que a secretária não interpretasse a minha expressão de angustia como algo escuso ou, até indecoroso, que pudesse ter havido entre mim e seu patrão, eu precisava arranjar um jeito de acalmá-lo, e ele me deixaria partir. Com uma solução em mente, virei-me na direção dele para expressá-la. Ele havia se livrado da camisa e estava dois passos atrás de mim, com aquele torso másculo e sólido, onde abundavam pelos negros entre os dois mamilos e iam descendo numa trilha larga e sensual até desaparecerem na cintura da calça. Eu podia sentir o rebuliço nas minhas pregas anais, como se elas estivessem intumescendo e ficando úmidas. Minha respiração acelerou, ele era o macho mais cobiçável que eu já tinha visto, e estava bem diante de mim, em pele, músculos, muitos músculos e uma estrutura tão vigorosa quanto uma montanha. Sacudi a cabeça para me livrar dos pensamentos lascivos que começavam a se criar dentro dela. Eu não podia alimentar qualquer tipo de esperança em relação a esse homem. - Você está iludido em relação a mim, Eduardo. Não sou mulher para você. Você merece mais do que eu possa te oferecer, esteja certo disso! Sei que não vão faltar garotas que estejam loucas para ter um homem como você. Mas, eu não sou uma delas. – afirmei com determinação num tom de voz sincero e afável, para ver se ele se convencia. - Eu não me iludo com as pessoas! Não estou interessado nas outras garotas que sei existirem aos montes por aí. Eu quero você, Julia! Por que é tão difícil você aceitar isso e me dar uma chance? – ele não era apenas obstinado, era um cabeça-dura, lindo, tesudo como tudo, mas um tremendo cabeça-dura. - Eu te garanto, dessa vez você está redondamente enganado! Você precisa acreditar em mim e me deixar partir, vai ser melhor .... – ele não me deixou terminar, avançou feito um lobo para cima de mim, me agarrou, me trouxe para junto daquele tronco nu e viril e colou sua boca na minha. A insistência dele agora estava concentrada nos meus lábios com os quais ele brincava e aprisionava entre os dele, fulminando com o que restava da minha resistência. Abri lentamente a boca e deixei que ele a penetrasse com sua língua sequiosa, eu o desejava mais que tudo, mesmo sabendo das consequências que me esperavam. Eu vi como ela estremeceu ao ver meu tronco nu, não passou de um lampejo rápido, mas foi o suficiente para eu ter certeza de que ela me desejava como homem. Seus olhos adquiriram um brilho que eu jamais havia visto neles, um brilho de tesão. Voltei a ter esperanças, tudo dependia de paciência, do jeito certo de expressar as palavras, de chegar para cima dela como um leão faminto e ela ia se entregar. Os lábios vermelhos e úmidos, rubros na sensualidade certa mesmo sem batom, falavam algo que não me dei ao trabalho de ouvir, eu queria aquela boca e a devorei. Ao sentir o toque dos meus, os lábios dela tremiam, inseguros talvez, com a quentura dos meus ela os acolheu e me devolvia toques macios e suaves, me deixando dominá-la. Onde as mãos espalmadas dela sobre meu peito tocavam hesitantes, eu sentia a pele arder, quente e gelada. Seus dedos delicados se perdiam entre meus pelos e, ao movê-los como se estivesse afagando um gato, eu soube que me desejava. Os músculos da minha coluna estavam duros, contraídos; não só eles, meu cacete mal cabia dentro da calça e queria sair para encontrar ar fresco que o arrefecesse, tanto quanto eu que parecia não conseguir ar suficiente para preencher meus pulmões. Com ela em meus braços, pude sentir a força da fragilidade daquele corpo sensual, precisei juntar todas as minhas energias para não devorá-lo ali mesmo no chão feito um selvagem. Ela não fugiu mais, deixou que eu deslizasse minhas mãos por suas costas, que afundasse minha língua em sua boca como se a estivesse possuindo numa cópula desenfreada, que esfregasse meu falo rijo em suas coxas para que não lhe restassem dúvidas das minhas intenções. Eu a apertava tanto que ela começou a soltar uns gemidos. Ah, Julia, por que você geme feito uma gata manhosa, isso acaba comigo. Vou te foder se não parar com esses gemidinhos lascivos, meu tesão. No meio desse transe, ela subitamente afastou meu tronco com um empurrão abrupto, pois sentiu que eu estava prestes a fodê-la. - Como pode afirmar que não é a mulher certa para mim, se também me deseja? Não negue, eu senti o quanto você me deseja! – asseverei. - Isso não importa! Você é muito desejável, mas eu não posso Eduardo. Eu simplesmente não posso! – respondeu ela, os olhos marejando e uma dor surgindo nem sei bem de onde. - O que é isso agora? Por que está chorando? - Deixei-me ir, Eduardo, por favor! - Não sem uma explicação! Não sem que você me beije com toda essa ternura de há pouco! Não sem me garantir que vamos ficar juntos. – insisti, uma vez que depois do que ela acabara de me proporcionar, não podia viver sem ela. Ela baixou o olhar, viu a vermelhidão que havia se formado sobre a minha pele onde o café quente caiu, viu minha ereção latejando dentro da calça e, para minha surpresa, tocou suavemente na mancha eritematosa do meu ventre trincado, tão delicadamente quanto uma borboleta pousando sobre uma flor. Ergui o queixo dela e lhe sorri, ela me devolveu um sorriso tímido e controverso, cujo significado não atinei. Quando ela inspirou com mais força, achei que fosse voltar a me dar desculpas para não aceitar minha paixão, mas ela não o fez. Afagou o local queimado pelo líquido quente, circundando-o delicadamente com as pontas dos dedos, me encarou com doçura e paixão. Também entendeu minha respiração acelerada, o frenesi da minha rola, a necessidade que não me dava trégua e, como o andar sutil de um gato, moveu os dedos lentamente na direção do cós da minha calça. Começou desafivelando o cinto, desabotoou a calça, baixou o zíper da braguilha e mergulhou a mão carinhosa na minha virilha. Meus olhos não perdiam um único lance, vidrados naquela mão que agora se mostrava finalmente interessada em mim. Soltei um suspiro que brotou do fundo do peito quando os dedos dela circundaram minha casseta latejante e babada. Ela a trouxe para fora com todo o cuidado, como se tivesse uma preciosidade nas mãos. Olhou mais uma vez na minha direção, sorriu e colocou minha pica na boca. Um arrepio delicioso percorreu minha espinha e fez o caralho dar um pinote vigoroso. Toda comichão que a exacerbava acabou no instante em que os lábios dela se fecharam ao redor da cabeçorra e uma sugada leve sorveu a baba translúcida que fluía dela. Eu não estava acreditando naquilo tudo, era muito mais do que eu esperava para uma primeira vez, onde havia tantas coisas indefinidas pairando no limbo. Não era sonho, era real, a boca carinhosa dela trabalhava na minha pica com afinco e determinação, chupando, sorvendo, lambendo e mordiscando, seguindo por toda sua extensão, e chegando às bolas que doíam de tão abarrotadas. Ela parecia compreender o martírio pelo qual meus testículos estavam passando e, colocou um por um na boca, massageando-o com movimentos sutis da língua. Eu a agarrei pelos cabelos sedosos até meus dedos se acoplarem ao contorno da cabeça dela e então a trouxe para dentro da minha virilha, para que ela sentisse o cheiro dos meus feromônios, o meu cheiro de macho. Eu estava prestes a explodir, pensei em avisá-la, mas já era tarde, minha musculatura pélvica se retesou com força e o gozo veio sem que eu pudesse impedir. Ela foi mais rápida, soltou o testículo que estava em sua boca e abocanhou a cabeçorra bem no instante em que o primeiro jato de porra espirrou feito a lava de um vulcão. Ela o deglutiu, sem asco, sem pudor, numa ternura comovente, me encarando como se eu fosse um ser divino. Gemi Julia, Julia, Julia a cada esporrada que saia do meu caralho, enquanto ela os engolia como se estivesse saboreando um néctar. Eu tinha ido muito além dos limites da prudência, engolindo o sêmen abundante, espesso e viscoso que ele ejaculou na minha boca com a impetuosidade de um touro reprodutor. Cada golfada tinha o perfume amendoado e resinoso que se concentrava na virilha dele, e um sabor que era a essência de sua virilidade. Havia me embrenhado num campo perigoso, possivelmente sem volta, possivelmente com consequências trágicas, mas eu tinha ido até onde minhas forças suportaram, até onde minha resistência havia conseguido suportar. Apesar do pouco que nos conhecíamos, eu tinha que revelar a verdade e me preparar para a resultância do meu atrevimento. Ele precisava saber quem eu era, e que não era a mulher que ele achava que eu era. - Me perdoe pelo que acabo de fazer! Perdi a cabeça e o juízo, isso nunca deveria ter acontecido. – exclamei, encarando-o ainda com a paixão quente que sentia arder no peito. - Não diga isso! Era tudo o que eu desejava, você me aceitando com toda essa meiguice e devoção. Agora está mais do que provado que fomos feitos um para o outro! Não me renegue mais, Julia! Pode soar como loucura, mas eu estou apaixonado por você, eu quero você! – sentenciou ele, contornando meu lábio inferior com seu polegar e recolhendo e enfiando na minha boca um pouco do esperma que ficara retido nele. - Não sou uma mulher de verdade! – consegui dizer num ímpeto desesperado. - O que você quer dizer com isso? Você é a mulher mais linda e sensual que eu já vi. – respondeu incrédulo. - Eu nasci Júlio, e não Julia! Sou uma mulher transexual! – não sei de onde tirei essa coragem, nunca antes tinha dito essas palavras para ninguém. – Foi por descobrir isso que meu ex-chefe estava me batendo naquele dia no bar em Nova Iorque. Só te imploro para me deixar ir agora, antes que você fique com tanta raiva de mim quanto ele, e comece a me bater e a me insultar. – implorei. - Um transexual? Júlio, e não Julia? Essa me pegou de jeito! Me deixe restabelecer o folego! – balbuciou ele, entre confuso e surpreso, passando a mão pelos cabelos que iam ficando desalinhados. Eu tremia diante dele, esperando a explosão de fúria. Duas batidas na porta me soaram como bombas sendo lançadas num campo de guerra e me fizeram estremecer. - Não abra essa porta! Que ninguém se atreva a entrar na sala, entendeu? – gritou o Eduardo, liberando nas palavras a opressão que o atordoava. - É a camisa que o senhor pediu! – afirmou a voz da Marta, que interrompeu abruptamente a abertura da porta e estagnou diante da pequena fresta aberta. - Saia! Agora não! – berrou o Eduardo, dando um soco no tampo da mesa onde estava apoiado durante todo o tempo em que eu chupei a rola suculenta dele. - Entende agora por que eu disse que não podia haver nada entre nós? Me perdoe se deixei as coisas chegarem até aqui, eu devia ter dito antes, mas tive medo. Eu sempre tive medo dos homens descobrirem quem eu sou de verdade, da violência que podiam praticar contra mim, como você bem viu quando descobrem quem eu sou. Você não me deixou outra alternativa, eu tinha que te contar a verdade, não podia te enganar, nunca quis te enganar, eu juro, Eduardo. Eu juro! – afirmei. - Eu nunca desconfiei! Como pude ser tão cego? Eu sempre me julguei muito esperto, nos negócios fui muito esperto, quando queria levar uma garota para a cama fui muito esperto, mas com você fui o mais imbecil dos homens. – ouvi-lo falar daquela maneira começou a me deixar apavorado, ele ia descontar sua frustração me dando uma surra, como eu previra. - Você não é um imbecil, Eduardo! É um homem maravilhoso, não podia adivinhar quem eu sou pela aparência! Eu entendo que está se sentindo ludibriado, mas eu te juro que nunca quis te enganar. Me perdoe, se conseguir! Me perdoe! – devolvi, preparando-me para seguir rumo à saída em passos decididos. - Aonde pensa que vai? – questionou ele, com a voz ainda tensa. - Eu jamais devia ter consentido com essa visita, foi um erro, um grande erro. Você ficou magoado, e isso era tudo que eu queria não fazer com você! Adeus, e obrigado por tentar me ajudar com o emprego. - Ainda não terminei! Você não vai me dizer adeus assim, me deixar confuso como estou. Me dê um tempo, eu preciso de um tempo! – devolveu ele. - Se quiser me bater para aplacar a sua raiva, eu vou entender. Mas, suplico que o faça sem muita violência, você é muito forte. – balbuciei inseguro, achando que ao me bater ele fosse se sentir menos enganado. - Eu jamais tocaria um dedo em você para te castigar! Jamais conseguiria suportar ver esse seu corpo lindo e esse seu rosto terno sendo feridos e maltratados por quem quer que seja. Eu só preciso de um tempo para assimilar que estou encantado e apaixonado por um Júlio e não por uma Julia, só isso! Você pode me ajudar com isso, por favor? – comecei a chorar feito uma criança desamparada. Aquele homem era diferente, aquele homem tinha uma alma, tinha um coração, e esse coração estava apaixonado por mim, uma aberração da natureza. - Sim, eu posso e quero te ajudar, por que estou perdidamente apaixonado por você! – respondi, indo me aconchegar naquele peito viril e quente, que mais parecia uma toca segura de qualquer perigo. Ele me apertou em seus braços e delineou com as pontas dos dedos o contorno do meu rosto, enquanto me encarava sob uma nova ótica. Curiosidade era o que me movia agora. Como podia haver um homem dentro daquele corpo escultural? Ele não agia como um homem, não se referia a si mesmo como um homem, era lindo e meigo demais para ser um homem. No entanto, tinha me conquistado de alguma forma, justo eu que não me deixava impressionar com pouca coisa. Enquanto dançava com ele no jantar de enceramento da Feira senti aquele belo par de seios roçando meu tronco, senti as curvas sedutoras daquele corpo gingando em meus braços, senti a suavidade e o carisma daquele rosto de sorriso tímido e, ao mesmo tempo, tão cheio de expressividade. A transexualidade era um grande mistério para mim, eu queria e precisava desvendar, pois disso dependia minha felicidade. Ela/ele, tudo ainda estava confuso em minha mente, me tirou a camisa das mãos quando abri a caixa que a Marta deixou apressada sobre a minha mesa, não sem antes, lançar um olhar inquisitivo para nós dois, parados a uma distância pudica um do outro. Eu até podia imaginar os comentários que estavam acontecendo na sala das secretárias sobre tudo aquilo. Tirou da camisa recém-comprada todas as etiquetas, alfinetes e adereços que a mantinham estruturada na caixa. Tinha um tom azul claro que me caia muito bem. Eu podia ter secretárias bisbilhoteiras, mas sem dúvida, eram muito eficientes. A Julia a desamassou o melhor que pode naquele improviso, aproximou-se de mim com uma sensualidade inquietante, tirou proveito discretamente da minha nudez antes de me ajudar a vesti-la, percorrendo meus ombros numa carícia sutil; ajeitou-a no meu tórax e começou a abotoa-la. Eu não conseguia desviar o olhar daquelas mãos, elas pesavam menos do que uma pluma quando estavam afagando meu saco. Ela desabotoou minha calça e voltou a baixar o zíper da braguilha para introduzir a camisa ao redor da minha cintura. Eu não consegui deixar de sorrir, estava ficando duro com aquela sensação de intimidade. Ela tocou no meu membro e o ajeitou na calça antes de fechá-la novamente. - Tem certeza que quer guardá-lo? Como pode ver, não é o que ele está querendo! – sentenciei, na esperança de ela se entregar para mim ali mesmo. - Acho que ele já fez estripulias demais para um único encontro! – exclamou ela, com um sorriso matreiro. - Foi só um aperitivo, está faltando o prato principal e a sobremesa! Ele é muito, muito guloso, vá se acostumando. – devolvi, sentindo uma vontade imensa de entrar fundo nela. Eu havia me afastado um pouco mais dele, mantendo uma distância respeitável quando a secretária veio entregar a camisa que ele havia mandado comprar. De onde eu estava, a luz dourada da tarde que se infiltrava pelos janelões e batia diretamente no corpo seminu dele, me fez sentir outra onda avassaladora de tesão. O Eduardo era enorme. Com o sol como holofote, seus ombros pareciam ainda mais largos e vigorosos; os braços, verdadeiros galhos de uma árvore frondosa, estavam ligeiramente afastados do tronco nu; as pernas grossas feito duas colunas estavam parcialmente separadas, como quando ele caminhava, como se houvesse algo no meio delas que o impedia de juntá-las, e eu sabia que havia, pois tinha acabado de me deliciar com a rigidez dela. Caminhei até ele e o vesti, achando que com isso meu cuzinho assanhado me daria um pouco de tranquilidade. Não foi o que aconteceu, quando o perfume amadeirado de seu corpo e o cheiro de esperma que ainda o envolvia chegou às minhas narinas. Minhas mãos trabalhavam trêmulas e ele parecia estar se deliciando com isso. - Cancele todos os meus compromissos desta tarde, Marta. Só volto amanhã! – ordenou ele, quando pegou o telefone sobre a sua mesa. – Agora, Júlio/Julia, você vai me dar uma aula sobre transexualidade. Vai me explicar, tim-tim por tim-tim, o que é uma mulher trans. – disse ele, com o mesmo tom de voz autoritário que tinha usado para com a secretária. – Mas, não aqui. Na minha casa, no meu quarto, onde quero saber tudo que está escondido aí dentro. – acrescentou, mais descontraído e libidinoso. - Não sei se estou preparada para isso, Eduardo. – afirmei, temendo revelar o que nunca revelei a homem algum. - Pois trate de se preparar durante o trajeto, você tem pouco mais de meia hora para isso, que é o tempo de chegarmos à minha casa. – ele tinha um jeito de se impor, de impor suas vontades, que ficava difícil lhe recusar qualquer coisa. Levei-a para minha casa, já não me aguentava de não saber o que havia no meio daquelas coxas gostosas e roliças. Ela estava encolhida, assustada, como uma gazela cercada de predadores. No entanto, eu percebi que confiava em mim, que me diria tudo o que eu queria saber, que cuidaria dos meus desejos se eu assim o quisesse. Criei todo um clima quando chegamos em casa, queria que ela/ele se sentisse confortável antes dos meus olhos varrerem cada centímetro daquele corpo. Comecei a tocá-la de leve, cada toque a fazia estremecer, a se encolher num misto de vergonha e timidez, isso me deixava cada vez mais tarado. - Diga-me o que deseja saber? – pediu ela/ele, a voz falhando um pouco. - Tudo! Quero saber tudo, quero ver tudo! – respondi - Isso é bem difícil para mim, por favor entenda! – ele/ela não conseguia me encarar. - Posso imaginar o quanto, mas saiba de uma coisa, eu não estou aqui para te julgar, para te deixar envergonhada, estou aqui para descobrir como é a pessoa pela qual estou apaixonado. – devolvi sincero. – Se me permitir, gostaria eu mesmo de ir descortinando sua nudez, enquanto você me explica aquilo que eu não sei. – emendei, minha voracidade estava difícil de controlar. - Como você quiser! Sou toda sua! – balbuciou ela. - Não repita isso de novo, ou não responderei por mim! Estou ardendo de tesão Julia, ardendo, sabe lá o que é isso para um homem como eu, um homem que não se sacia com pouco? – questionei. Ela apenas sorriu, compreendendo minha urgência como ninguém. Um suspiro entrecortado escapou dos meus lábios, minhas mãos suadas tremiam. - Você, por acaso, não engendrou um outro modo de me castigar, não é, Eduardo? Ficou magoado e furioso por que achou que eu o rejeitei e agora quer me castigar, fazendo com que me exponha a sua execração. – questionou ela, ainda relutante. - Castigar? A pouco mais de uma hora você estava mamando meu cacete, tomando minha porra, por que eu teria planos para te castigar, Julia? Não pense isso de mim. Acredite, eu te quero, seja qual for a embalagem externa, eu quero esse Júlio, essa Julia que há em você, é isso que me induziu à paixão. – afirmei convicto. - Me desculpe, estou tão nervosa que nem sei mais o que estou dizendo. Você deve me achar uma tola, mas não é fácil expor tudo aquilo que guardo a sete chaves durante anos. – disse ela. – Está bem, pode me despir! – acrescentou. Essa mera concordância, alterou todos os meus ritmos internos, coração e pulmão batalhavam por espaço em meu peito. Por Deus, como ela aguentaria o que eu estava para exigir dela quando estivesse completamente nua na minha frente? De repente, pareceu que se encheu de coragem, ela passou a mão na minha nuca, o afago de seus dedos foi tão leve quanto um tule sedoso roçando minha pele. Ela ficou na ponta dos pés e puxou minha cabeça em sua direção, colocando um beijo úmido nos meus lábios. Eu parecia estar sendo tocado por pétalas muito frágeis e macias, o beijo era uma mescla feita de suavidade, ternura e orvalho. Tive a inesperada e inusitada sensação de estar me rendendo, de algo terrível, e ao mesmo tempo sublime, estar me invadindo e me rearrumando por dentro. Pousei as mãos em seus ombros e as fiz deslizar até os cotovelos numa carícia gentil. Ela se arriscou a encostar as costas no meu peito, parecia que tinha verdadeira fixação por ele. Aos poucos, fui contornando suavemente a curva dos seios dela, demorando-me ali até perceber que o mamilo se enrijecia debaixo da blusa quase transparente. Para que tivesse certeza de que podia confiar em mim, eu a beijei na lateral do pescoço sobre a pele fresca e perfumada. Notei quando ela estremeceu ao roçar quente e erótico da minha barba por fazer em sua pele. A ansiedade a dominava quando comecei a abrir sua blusa, e enfiar minha mão contornando os seios dentro do sutiã rendado. Puxei-a para mais perto de mim, queria que sentisse minha ereção resvalando em suas nádegas. Ela se soltou em meus braços. Soltei o fecho do sutiã e o tirei junto com a blusa. Um par de seios bem torneados e firmes se projetava na minha direção, os mamilos de um tom acastanhado levemente mais claro que o dos cabelos dela tinha os biquinhos rosados duros e salientes, eu os apertei entre o indicador e o polegar, até ouvi-la soltar um gemido. Contornando o seio direito com uma das mãos, firmei-o com uma compressão talvez um pouco forte demais, pois ela voltou a soltar um gemido, e o beijei demoradamente, antes de começar a lamber e a chupar o mamilo, o que a fazia se contorcer toda. Na minha avidez descontrolada, mastiguei o mamilo, cravei os dentes na teta macia e só a soltei quando ela afastou minha cabeça que segurava entre as mãos numa aflição agoniada. - Se esperava por um homem gentil, devo te avisar que me esqueço desse detalhe quando estou nesse estado em que você me deixou. Precisa me lembrar que virei um animal quando começo a te machucar, como acabo de fazer com esse seio formoso. - Seja apenas você, deixe que eu te dê tudo do que precisa! – ninguém nunca se mostrou tão disponível, tão entendedor das minhas necessidades. Não fosse pelo contorno de um volume discretamente maior do que eu estava acostumado a ver na região da virilha dela, eu juraria que não havia aquele pintinho que se liberou quando arriei a calcinha da Julia. Mais parecia o pintinho de um recém-nascido, pouco estruturado, flácido, algo que estava longe de mostrar qualquer traço de virilidade, algo frágil que não ousei tocar com receio de lhe causar algum dano ou constrangimento. - Horrorizado, não é? – questionou ela, aflita - Nem um pouco! É tão delicado quanto você, não destoa da harmonia do seu corpo. – respondi. – Posso fazer uma pergunta indiscreta? - Sim, pode! Pergunte o que quiser, quero que saiba tudo sobre mim. - Você sente tesão na pica? Ela endurece quando está excitado? – caralho, eu não sabia de tanta coisa, havia mais mistérios no sexo do que a minha compreensão de macho e fêmea supunha. - Sinto uma excitação na virilha como um todo, não especificamente no pinto, é como se ela estivesse distribuída mais internamente do que externamente e, em algumas dessas ocasiões, o pinto enrijece um pouco. Sinto a maior parte do tesão concentrada no ânus, na impaciência que se apossa da musculatura que o contorna. – esclareceu ela, numa timidez envergonhada que a fazia parecer inocente como uma virgem vitoriana, conservadora e castíssima, tudo que fazia os brios de um macho saírem do controle. - Como é seu gozo quando atinge o clímax? - Os hormônios feminilizantes atuam fortemente sobre meus testículos que praticamente são inativos, mas ainda produzo líquido seminal, e ele se derrama quando me excito. Nunca tive um homem depois da transição, por isso não sei exatamente o que vai acontecer quando chegar ao clímax. – respondeu ela, com uma singeleza de fazer o tesão da gente explodir. - Isso significa que vou ser o primeiro? – aquilo não podia ser real, era um presente, ser o primeiro macho de alguém que ainda não conhecia seu corpo completamente. A rigidez do meu caralho já estava me causando dor. Eu parecia uma criança impaciente pelos presentes de Natal, queria ver tudo, queria me apossar de tudo a que tinha direito. Ela parecia ler meus pensamentos, virou-se devagar para que eu pudesse admirar e apalpar suas nádegas carnudas, deixou-se bolinar pelas minhas mãos sedentas. Eu as amassava com força, sentia como eram polpudas e firmes, como se confrontavam naquele rego estreito e profundo. Eu a ergui pela bunda, ela se enroscou no meu pescoço, seu arfar morno roçava meu rosto e ela o acariciava como se estivesse embevecida de jubilo. Tateei até encontrar a rosquinha plissada no fundo do rego, e glutão, enfiei um dedo no cuzinho dela, fazendo-a se contorcer em meus braços e soltar um gemido. A fenda era tão estreita que meu dedo grosso devia estar lhe causando algum suplício; mas eu precisava continuar minha exploração. Enfiei um segundo dedo e comecei a beliscar as preguinhas plissadas, ela gemia mais alto, era certo que estava doendo. Com movimentos circulares, fui prensando cada uma das preguinhas que mais se pareciam com pétalas frágeis e úmidas de uma flor, ela suspirava e acariciava a minha nuca, fazendo com que meus cabelos na região ficassem todos ouriçados. Vuoff, eu sabia que, ao enfiar meu cacete naquele casulo, ia destroçar aquela flor, causar dor, fazê-lo sangrar, desejei ser dotado de uma rola menor, que apenas deslizasse para dentro dela sem judia-la, mas não era isso que ia acontecer, ainda mais com essa voracidade leonina que estava sentindo. Por mais cuidadoso e gentil que fosse, eu era mais bruto do que ela merecia. Que o universo e o cosmos me ajudassem, nunca desejei tanto alguém como desejava o Júlio/Julia. - Quero tanto você, Juju! Seja todo meu! – pedi, encontrando a maneira como a chamaria dali em diante, Juju; era o Júlio e a Julia num único ser. Juju riu quando me ouviu chamá-lo assim. - É assim que vai me chamar de agora em diante, Edu? – não podia haver sorriso mais lindo do que aquele. Um sorriso de identificação. Fazia tanto tempo que nada se imiscuía no meu cuzinho que eu havia me esquecido de como isso era prazeroso, ainda mais se tratando de um macho como o Eduardo que me vasculhava impudicamente enquanto me encarava com seu olhar lascivo e concupiscente. Como eu queria esse homem, como queria lhe entrar todo o amor que carregava sufocado comigo, como queria ver a felicidade dele, nunca senti tanta necessidade de fazer alguém feliz como em relação a ele. Tive tanta vergonha de ser desnudada, medo de que ele sentisse repulsa pelo meu corpo, pela minha discrepância sexual e me rejeitasse como a maioria dos machos provavelmente faria; ou então, de que se valesse sadicamente dessa discrepância para me infligir castigos por não me enquadrar no binômio macho/fêmea. Eram tantos os meus temores que eu tinha como certo nunca encontrar a felicidade nos braços de um homem que sentisse o mesmo por mim. Cada vez que eu olhava para o fundo daqueles olhos, eu me convencia de que o Eduardo não se encaixava nesses meus receios, que ele era um tipo de macho especial, o tipo de macho que conhece seu potencial viril, que não teme comentários sobre sua masculinidade, pois a tem gravada em cada um de seus poros e sabe-se valer dela em qualquer circunstância. Eu me sentia vulnerável nas mãos dele, sentia uma ansiedade secreta inexplicável, como se aquele meu segredo trancado na minha alma só pudesse ser revelado a ele. O Edu me carregou até a cama e me deitou no colchão. Para me encorajar e me deixar menos avexado quando fosse me despir para me examinar, ele também havia se desnudado quase todo, restando apenas a cueca onde agora emergia o enorme falo excitado dele. Tirei-o lá de dentro, minhas mãos frias e hesitantes sobre o membro quente. A verga maciça de carne pulsava enquanto eu explorava sua forma e sua textura. Ele se desvencilhou da cueca e ficou parado, sem saber direito o que fazer e onde pôr as mãos. Pareceu-me que ele nunca tinha ficado sem saber como agir, que decisão tomar, como se expressar, era como se, subitamente, eu estivesse no comando, o que ele jamais deixaria acontecer com outra pessoa, era uma concessão inédita. Quando cheguei à cabeçorra do cacetão ereto ele se sobressaltou, prendeu a respiração e fixou o olhar na destreza com a qual meus dedos trabalhavam seu membro. Acariciei o caralhão com a mão esticada, levando-a até o globoso saco que pendia insinuante entre suas coxas vigorosas. Eu quase podia sentir a satisfação obscena e primitiva que a visão da minha mão trabalhando em seu sexo estava provocando em seu cérebro, como se o contraste entre a brutalidade e a graça o excitassem da forma mais selvagem. Fechei os dedos em forma de anel ao redor daquele tronco carnudo como se fosse uma algema e deslizei-o para cima. Ao chegar à cabeçorra exposta, acariciei-a com movimentos circulares do polegar. Ele soltou o ar entre dentes, num sibilo profundo e rouco, afastando apressadamente minha mão para não gozar. - Pare .... Não .... Ó céus Ju! – grunhiu ele Mas eu estava tão encantada com aquela pica que não consegui parar. Cheguei tão perto que ele podia sentir meu hálito roçando a cabeçorra sensível, como uma brisa suave. Beijei a glande úmida e cheirosa, demorando-me com os lábios a contornando e sorvendo aquele sumo translúcido e abundante que ela vertia. - Por todos os santos, Ju! – grunhiu ele, mais eloquente. - Gosta disso? – perguntei com um sorriso amoroso. Um som vigoroso de concordância aflorou nos lábios dele. Inclinei-o até ele ficar deitado e subi nele, esticando meu corpo nu contra o dele, como um gato se esfregando pedindo afagos, os seios roçando os pelos do peito dele. Ele todo foi ficando rijo como uma rocha, minhas carícias pareciam estar atuando como descargas elétricas sobre sua pele. - Fique quieta Ju! - É desconfortável eu ficar assim? - Não, é só que estou tentando não ejacular. – respondeu, procurando por todo autocontrole que podia juntar. Eu estava radiante por ele estar se sentindo tão à vontade com meu corpo. Fui deslizando uma das mãos entre os nossos corpos até chegar ao cacetão que pulsava indômito contra a minha coxa. Ele me agarrava e me segurava com uma suavidade enlouquecedora. Senti a necessidade dele de ficar por cima de mim. Ele me girou até minhas costas tocarem o colchão e começou a distribuir beijos sobre meu corpo, saboreando a pele arrepiada que ele dizia estar rescindindo a baunilha. Minhas coxas tremeram quando ele as apartou até o rego entre as nádegas se abrir um pouco. Atolando o queixo coberto pela barba espinhenta no sulco estreito ele começou a percorrê-lo com a língua impaciente e molhada; precisei me agarrar aos lençóis para controlar os espasmos que me percorriam da nuca à ponta dos pés como se fosse um raio gelado. Ele continuou impaciente e determinado, chegando até o fundo do rego onde a língua encontrou minha rosquinha rosada piscando desesperada. Ela pulsava quente e receptiva querendo aprisionar tudo que tocasse nela. O Edu enfiou o polegar grosso nela e eu gemi travando involuntariamente os esfíncteres para retê-lo em mim. Sorrindo lascivo, ele continuou lambendo, mordiscando e me excitando, dessa vez num dos biquinhos salientes do meu mamilo. Eu estava perdido nele, ignorando qualquer coisa fora daquele quarto, daquela cama, como se não houvesse um mundo além daquele. Ele voltou a montar em cima de mim, desceu com cuidado o peso do corpão parrudo posicionando o caralhão latejante sobre a fenda delicada do meu cuzinho, deixando-me sentir o que estava prestes a me dar. - É isso que você quer? – indagou num sussurro sensual. - Sim. Sim, é isso que eu quero! – murmurei em êxtase. A perspectiva iminente de ser enrabado deixou meu quadril inquieto e ele o prendeu com o peso do próprio corpo imobilizando-o para não me machucar quando me penetrasse. Eu ofegava debaixo dele, o olhar predador e cobiçoso me fez temer aquela enormidade que ele parecia não conseguir controlar mais. Guiando a jeba com uma das mãos, ele a posicionou sobre a rosquinha úmida. Na primeira forçada, sentiu com era apertada e se recusava a ceder. Na urgência que o assolava, ele arremeteu com força na segunda tentativa e a cabeçorra rasgou as preguinhas e se alojou entre os esfíncteres que se contraíram implacáveis. Eu gritei e passei os braços ao redor do pescoço dele, arquejando e gemendo baixinho enquanto ele ia cada vez mais fundo, arremetendo com estocadas curtas, avançando, pouco a pouco, até me fazer sentir o sacão batendo no reguinho aberto. Ele me beijava para compensar a dor que estava me causando, isso não a aplacava, mas fazia meus sentimentos por aquele homem se tornarem ainda mais sólidos. Meu cuzinho se contorcia, puxava centímetro a centímetro aquela verga grossa para dentro dele. O Edu me encarava maravilhado, encaixando-se no aconchego terno do meu quadril e das minhas coxas, fez a boca deslizar sobre os meus seios até ouvir deleitado o gemido baixo de prazer que deixei escapar. Ele apertava meus seios erguendo-os para provocar e mordiscar os mamilos que começavam a inchar sob a pressão que os dentes dele exerciam. Eu sentia toda a potência dele latejando dentro de mim, e queria mais. Apoiei a planta dos pés com firmeza e ergui as ancas, ele deslizou as mãos por baixo das minhas nádegas e me levantou me penetrando lenta e progressivamente até o fundo do cu. Eu quase enlouqueci ao sentir a plenitude daquele macho toda em mim, tocando minhas vísceras onde ninguém nunca esteve. - Ai, Edu! – ouvi escapar da minha boca seca. - Bom menino, boa menina, é assim mesmo ... meu tesudinho, minha tesudinha! Ah, Ju, você vai me matar. Em dado momento ele parou de me estocar, o cacetão pulsava nas minhas entranhas arregaçadas, eu me contorci aflita precisando daquele vaivém tanto quanto do ar para não sucumbir de tesão. Ele me conteve usando de sua força, mandou que me aquietasse, que lhe desse um minuto. - Isso é uma eternidade! – protestei, mas sabia que com esse pedido ele estava apenas querendo adiar o gozo que já começava a retesar sua pelve. Quando recomeçou, o ritmo cadenciado foi aumentando aos poucos. De vez em quando, ele voltava a parar, inspirava fundo, o caralhão todo agasalhado pela minha mucosa quente, ao se sentir desafogueado, continuava a arremeter. Eu gania alto, os espasmos anais se intensificavam pedindo mais. Ele se encaixou entre as minhas pernas, elevou-as até meus pés penderem no ar e me penetrou mais fundo. Deixei escapar um gritinho agudo, dor e prazer era o significado dele. O Edu colou a boca na minha, forçando-me a abri-la para que sua língua lambesse os sons que saiam dela. Fui tomada de um estremecimento implacável quando o clímax começou, eu havia chegado ao limite do que era capaz de suportar. Toda eletricidade que havia se acumulado foi disparada de uma vez, até o último fio de cabelo. Meu pintinho soltou um fluido leitoso que rapidamente se espalhou no meu ventre. O Edu estocava com fervor, meus tremores pareciam intermináveis, ele me encarava sabedor do que estava acontecendo, que tinha me dado toda a essência do prazer carnal. Eu o puxei para mim, a pele dele estava úmida, suada, eu capturei seus lábios com os meus desejando permanecer daquele jeito para todo o sempre, ele preso, fundido, guardado dentro de mim. Com uma derradeira estocada profunda, ele soltou um rugido rouco e gutural, e se despejou todo no meu cuzinho. À medida que os jatos eram liberados, eu ia me sentindo cada vez mais molhada, o esperma tépido escorrendo pegajoso para o fundo da ampola retal. Pesado, ele foi relaxando aos poucos sobre o meu corpo, enquanto eu o beijava e desenhava abstrações com as pontas dos dedos em suas costas suadas. O membro dele parecia não ter pressa, amolecia lentamente dando uns pinotes de quando em quando. Ele se deixou desabar para o lado quando saiu de mim. Juntei imediatamente as pernas para que aquela umidade quente não escorresse para fora. Precisava me lavar, pois toda aquela umidade não se devia exclusivamente ao néctar viril do Edu, mas, também a um evidente sangramento das preguinhas rotas; porém, me sentia sem forças para caminhar aqueles poucos passos até o banheiro. Um quarto de hora depois, arrisquei, com as coxas e o cuzinho travado, caminhei a passos curtos até o chuveiro. Um filete escarlate chegara até meu joelho, comprovando a laceração das pregas anais. A água morna que escorria sobre a minha pele atuava com um bálsamo, arrefecendo meus espasmos e me fazendo relaxar. Ao voltar ao quarto, ele estava recostado na cabeceira, os braços cruzados abaixo da cabeça e as pernas bem abertas, como se o cacetão precisasse de espaço e liberdade para se refazer o exercício extenuante. Era uma imagem linda, sedutora, cativante, aquela montanha de músculos e testosterona ali largada pedindo para ser acalentada. Tirei alguns lenços umedecidos da minha bolsa e comecei a limpar carinhosamente o caralhão pesado e flácido dele, tomando-o delicadamente em minhas mãos. Percebi como ele se deleitava com a visão de como eu cuidava dele de forma tão íntima, seus olhos brilhavam e tinham um sorriso doce embutido neles. Nunca havia me sentido tão cuidado, as mãos dela tinham um toque mais suave do que uma pluma ao remover meticulosamente toda a porra aderida ao meu cacete, parecia que ela segurava uma preciosidade frágil que, ao mesmo tempo a idolatrava e a fazia temer que se quebrasse. Puxei-a sobre o peito quando terminou e a aconcheguei nos meus braços, ela era minha agora, carregava a minha essência na profundeza daquelas nádegas carnudas. - Te machuquei muito, não foi? - Não sei, só sei que me fez a criatura mais feliz da face da terra! – respondeu, brincando com os pelos do meu peito e deslizando a ponta dos dedos até meus pelos pubianos. - Se não estiver em condições de assumir sua função amanhã eu vou entender, leve o tempo que precisar para se sentir segura, a vaga estará à sua espera. – sentenciei - Não vou trabalhar na sua empresa! – aquilo me pegou desprevenido. Mesmo tendo sentido todo meu poder viril ela continuava se negando a me obedecer. - Vuoff! Como não vai trabalhar comigo? – questionei contrariado. Como ela se atrevia? - Não vou! Eu lhe sou muito grata pela oferta, mas não daria certo misturar o que sinto por você com a rotina do trabalho. – no pouco que a conhecia, essa firmeza de opinião e a maneira como me desafiava me deixavam irritado. - Na empresa seremos apenas chefe e funcionário, aqui você será meu amante. – determinei. - Você é muito mandão! - E você, muito desobediente! – ela riu com a obstinação da minha resposta. Enlaçado no corpo quente e sedoso dela eu não raciocinava direito, me sentia compelido a aceitar tudo que ela me propusesse, isso me deixava furioso comigo mesmo, nunca fui homem de me deixar influenciar por quem quer que fosse. Ju tinha esse poder de me fazer ceder, de me ter em suas mãos mesmo quando eu achava que estava no comando, quando pensava que a estava dominando sob o jugo da minha pica. Era o feitiço daquele olhar doce e meigo, daquela sensualidade que trazia no corpo e que fazia meu sangue e meus hormônios ferverem nas veias, desejando-a como ao ar que precisava para viver. - Preciso ir para casa! Para quem saiu para uma entrevista de emprego, estou tempo demais fora de casa. – disse ela, roçando seu corpo languido e nu no meu. - Passe a noite comigo! Você agora e meu, tem deveres para comigo, não se esqueça! – retruquei, apertando-a com mais força em meus braços, enquanto ela esfregava uma de suas coxas nas minhas pernas peludas e começava a me deixar todo ouriçado novamente. - Você é sempre tão exigente na primeira vez? – questionou num sussurro excitado ao notar a ereção que se armava entre as minhas pernas, e a sedução explícita que meu dedo esquadrinhando seu cuzinho lhe provocava. - Sou exigente sempre! Vá se acostumando! – devolvi autoritário, para que não restassem dúvidas de quem estava dando as cartas nessa relação. - Entendi! Então vou acatar suas ordens. – retrucou ela, com um risinho ladino que foi direto para a cabeçorra da minha pica e a devorou entre lambidas, chupadas e mordiscadas carinhosa; contradizendo, sem usar uma única palavra, quem é que estava no controle de tudo. Enrabei mais uma vez o cuzinho lanhado e inchado pela minha brutalidade desenfreada, e o fodi até ouvir os ganidos que ela sufocava beijando meus bíceps e se agarrando aos lençóis para suportar minha voracidade selvagem. Eu quase não conseguia andar quando ele me deixou na porta de casa tarde da noite. O falo descomunal dele havia deixado um enorme vazio nas minhas entranhas, como se tivessem escavado um túnel nelas. Meu ânus ardia feito brasa e eu estava encharcada de esperma. Antes de se despir com um beijo longo onde sua língua chegou a vasculhar a minha garganta, ele me deu mais uma vez o ultimato sobre o emprego, que voltei a recusar enfiando sutilmente os dedos dentro da cintura da calça dele. Aquele – Vuoff – de contrariedade e fúria escapou grave e rouco de sua boca enquanto eu a cobria com a minha. Eu começava a gostar desse – Vuoff – que era uma espécie de marca registrada dele. Estávamos almoçando num pequeno restaurante uns quinze dias depois, quando já havia ficado estabelecido que estávamos namorando, e eu não havia passado praticamente nenhum dia sem ter sentido o cacetão dele no meu cu, quando meu celular tocou. - Sim, é Julia! – a voz do outro lado era firme e objetiva. Fiquei ouvindo a pessoa se apresentar e esclarecer o motivo da ligação. Era uma proposta de emprego numa empresa estrangeira que estava se instalando no Brasil do mesmo ramo na qual eu havia trabalhado. - Quem é? – quis saber o Edu. Precisei gesticular com a mão para que me deixasse falar. - Amanhã no início da tarde, sim é um horário bom para mim. Certo, fico aguardando o senhor me passar o endereço para a entrevista. – devolvi, antes de desligar. - Entrevista aonde? Com quem? Era um homem ou uma mulher com quem estava falando? – perguntava o Edu afobado. - Não é legal? É de uma empresa sueca que está se instalando no Brasil. Ele viu a minha apresentação na Feira de Nova Iorque e ficou sabendo que eu não trabalhava mais na empresa, e estão a fim de me contratar como diretora de marketing. A entrevista é amanhã! – esclareci eufórica. - É comigo que você devia trabalhar, não com quem não sei quem é, não longe das minhas vistas! – retrucou emburrado. - Já falamos sobre isso, amor! Não vou trabalhar para um chefe que me leve para a cama! Já deixei isso bem claro! – respondi. Por via das dúvidas, rocei minha perna na dele, por baixo da mesa, o que sabia ia desarmá-lo em segundos. - É bom mesmo! Vuoff! – devolveu ele, querendo se mostrar contrariado. Eu sorri, e ele se esforçou para que eu não notasse o sorriso que tentava esconder. - Amo você! – exclamei, cobrindo a mão dele que estava apoiada sobre a mesa com a minha, enquanto fazia deslizar meus dedos entre os dele. - Também amo você! – devolveu ele com um olhar maroto. – Sabe que vou te comer como sobremesa quando sairmos daqui, não sabe? – emendou lascivo. Esbocei um beijo nos lábios e o assoprei na direção dele. Eu começava a ter certeza de que nunca ia conseguir dominá-la completamente, como fazia com tudo ao meu redor. Eu sou um homem acostumado a mandar e, a ser obedecido. Tinha sido sempre assim desde que cresci na vida como empresário bem-sucedido. Aí surge a/o Ju, e subverte a ordem de tudo. Fico atraído por uma bela e sensual mulher que na verdade era um homem, pelo qual me vejo apaixonado antes mesmo de ter relações sexuais com ele. Ao ter seu corpo e todo seu ser submetido aos meus instintos primais de macho, percebo que era justamente isso que faltava na minha vida. Jamais havia me sentido incompleto, até o dia em que ele cruzou meu destino. Há amor em cada olhar que ele me lança, em cada gesto carinhoso que me dedica, em toda vez que se abre para me receber em seu corpo, tudo de uma maneira tão sublime como jamais havia imaginado. Sim, eu estou apaixonado, amo a/o Ju com todas as forças da minha alma, e sei que, se me faltar um dia, será como ter perdido uma parte de mim mesmo. Estou aprendendo a lidar com um sentimento novo, que só surgiu quando me dei conta do quanto o amo, o ciúme. Tenho a convicção de que todo macho está cobiçando essa beleza e sensualidade desse corpo ambíguo, ora fêmea, ora macho. Sei o quanto sou amado, mas nem isso consegue me deixar menos aflito quando vejo os olhares que os homens lançam para ele/ela. Se soubesse que amar trouxesse tanta instabilidade, não teria deixado meu coração se apaixonar. Porém, também esse controle ele/ela tirou de mim, desde a primeira vez em que o/a vi. Só me restava vigiar, provar o quanto o/a amo, penetrá-lo/a com todo o vigor do meu cacete para que não sobrasse espaço em sua mente e seu corpo para outro macho que não eu. Não fiquei nem um pouco surpresa quando, no meio da minha primeira semana no novo emprego, o Edu apareceu, sem avisar, me chamando para almoçarmos juntos. Ele era pouco criativo e menos sutil ainda, quando queria esconder o ciúme que sentia. Ele veio para sondar quem era meu novo chefe, se era um homem capaz de disputar com ele a minha atenção e cuidados. Fiz questão que se conhecessem. - Eduardo, esse é Nils Olofsson, presidente para a América Latina da empresa, meu chefe! – como eu esperava, o Edu franziu o cenho e deu um daqueles seus sorrisos econômicos. - Nils, esse é Eduardo Baumann, meu namorado. – foi a primeira vez que me referi ao Edu nesse termo, e ele me encarou ligeiramente atônito, mas seus olhos brilharam de satisfação, como quando terminava de derramar sua virilidade no meu cuzinho. O Nils era um quarentão divorciado, tinha uma aura que remetia à sua ancestralidade Viking, o que lhe dava um charme sexy atrás da beleza viril. A empatia comigo foi imediata durante a longa entrevista para me contratar, porém sem nenhum sinal de qualquer outro interesse escuso, o que me deu segurança para aceitar a proposta, sem magoar o Edu. Da empresa até o restaurante que ele havia escolhido, dirigiu os poucos quarteirões sem dizer uma única palavra. Por sua expressão, eu sabia que ele estava trabalhando consigo mesmo essa nova questão de um macho sexy e experiente ter o privilégio de passar oito horas de seu dia junto comigo, enquanto essa oportunidade lhe havia sido negada. Para desanuviar seus pensamentos, apoiei minha mão sobre a coxa musculosa dele. Ele desviou o olhar na minha direção e sorriu, o que me encorajou a deslizá-la sobre o enorme volume que preenchia a calça dele. Uma inspiração profunda encheu e estufou seu tronco, ao mesmo tempo que começou a poluir sua mente com pensamentos libidinosos em relação a mim. - Sabe que está brincando com fogo, não sabe? – ronronou excitado. - Temos mesmo que passar essa hora do almoço num restaurante cheio ouvindo o burburinho de conversas alheias? – devolvi, passando sutilmente a língua nos lábios. - Isso é um convite? Você está me saindo muito ousadinha! – ele estava relaxado, sua apreensão desapareceu por completo e o efeito da mão sobre seu falo já estava produzindo resultados, uma ereção maciça distendia e aumentava ainda mais aquele colosso de que fora dotado. - Culpa sua! Foi você quem me corrompeu! Que culpa eu tenho se me viciou nisso aqui? – indaguei, apertando o cacetão entre meus dedos. - Viciei, foi? – a alegria com que se expressou era a mesma de um garotinho que havia acabado de ser presenteado com um brinquedo dos sonhos. A rua na qual fez a conversão, não levava mais ao restaurante. Quarteirões mais diante, ele embicou na entrada de um motel, senti um espasmo no cuzinho, eu ia voltar para o expediente vespertino com as pregas arregaçadas, a umidade máscula dele formigando nas minhas entranhas e feliz como um beija-flor numa manhã ensolarada de primavera. Quando terminou de me galar o rabo, ainda deitado em cima de mim com o cacetão amolecendo sem pressa, ele me retribuía os beijos que eu pousava em seus lábios cheio de devoção. - Quer dizer que agora já sou seu namorado? E que está viciado na minha pica? – perguntou com um olhar ladino. - Por que? Não sou seu namorado? – perguntei para provocá-lo. - Não importa o adjetivo, você é meu, só meu! E, quanto ao seu vício, prometo que vou incentivá-lo com todo meu empenho. – retrucou, no mesmo instante em que eu sentia seu falo inchando novamente entre as minhas carnes esfoladas. - Amo você, Edu! Você é e sempre será o meu homem! Nunca duvide disso! – exclamei, tomando seu rosto nas mãos e afagando sua barba espinhenta e hirsuta. - É tudo o que quero ser, meu amor! Te amo tanto! – ronronou ele, feito um gato carente, antes de voltar a estocar seu membro rijo e colossal no fundo do meu cu. Estamos para completar dois anos de namoro. Vivermos sob o mesmo teto está se tornando um assunto cada vez mais constante em nossas conversas. Se ele soubesse que eu embarcaria até o fim do mundo nos braços dele, talvez já estivéssemos com nossas escovas de dentes lado a lado uma da outra.
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Nunca vi um conto, com tanta sensualidade, erotismo, linguajar perfeito como esse!!!
Não perde para uma NORA ROBERTS ou DANIELE STEEL.
Votado, viu ler os outros.
Beijos da Nanda 💋
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