O gay e o macho stalker
Bruto, ele fodia meu cuzinho com seu caralhão grosso com mais de um palmo de comprimento, retão e bem cabeçudo, socando-o profundamente sem piedade, enquanto eu gania de dor e, engatinhando, procurava sair debaixo do corpão pesado dele, que me cobria por inteiro. Confesso que procurei por isso desde a primeira vez que o vi. Porém, não esperava que fosse assim, com tanta brutalidade, apesar de saber que um macho daquele porte e excitado pelo tesão não ia ser propriamente delicado, algo que nem combinava com a potência de todos aqueles músculos. Contudo, por ter acabado de lhe revelar que ainda era virgem, achei que ele fosse pegar leve comigo. Me enganei.
- Ai! Ai Chandão! Para Chandão, para! Está doendo muito! Sério, não estou aguentando, é enorme e está me rasgando todo, Chandão! Para, por favor! – implorei ganindo alto, o que aparentemente apenas serviu para exacerbar a sofreguidão com a qual me fodia.
- Vai me dizer que não era isso o que você queria? Faz meses que está querendo dar esse rabão gostoso para mim, ou vai negar? – retrucou ele, sem parar de socar o cacetão insatisfeito até o talo no meu cu.
Ele estava certo, eu não tinha como negar. Havia correspondido às investidas dele, com sorrisos sutis e tímidos, com pequenas gentilezas, me fazendo mais recatado do que já era por natureza. Mas, fiz isso na intenção de fisgar um namorado, um homem para me apaixonar e para ser correspondido com o mesmo sentimento. No entanto, não era isso que estava acontecendo agora, quando esse macho estava usando de toda a sua força para me subjugar e exercer plenamente seu domínio sobre mim. Eu me conhecia bem, ao me descobrir homossexual, sendo um adolescente reservado e tímido, sabia que num eventual relacionamento futuro, seria o passivo e até me sujeitaria a certa submissão contanto que ela não aviltasse meu amor próprio, o respeito por mim mesmo, os limites do bom senso ditados pelo amor recíproco. O Chandão estava a me mostrar uma faceta da dominação que eu não queria vivenciar, pois a tinha sentido durante anos no colégio sob a forma de bullying, e do qual pensei estar livre quando me transformei em adulto e estar mais ciente do meu valor e das minhas capacidades. Com essa foda animalesca, o Chandão estava me provando que eu era, novamente, uma vítima de alguém bem mais forte do que eu e, que não seria eu a ditar as regras nessa relação.
Ao se saciar no meu cuzinho, ele deixou cair todo o seu peso sobre o meu corpo e, enquanto sussurrava sacanagens na minha orelha, que ele mordiscava de leve, juntamente com alguns chupões pelo pescoço, eu me sentia um trapo velho que fora usado e abusado até ficar tão roto quanto as minhas pregas e esfíncteres anais estavam nesse momento. Só consegui chorar, pois meu castelo de sonhos havia desmoronado como uma construção solapada por um terremoto. Debaixo daquele macho arfando feito um touro havia apenas um corpo exaurido, mutilado em suas partes íntimas, que só havia servido para a tara desmedida do homem cujo cacetão, ainda pulsando, tinha enchido meu cuzinho com sua porra espessa até ela vazar se misturando ao sangue vertido pelas pregas dilaceradas. Não consegui sentir a paixão e o amor cúmplice pelo qual tanto ansiei, apenas aquela dor pungente que se espalhava pelas minhas vísceras feridas.
Tudo começou a cerca de meio ano atrás. Eu vivia um sonho, tinha um emprego bem remunerado e de futuro numa multinacional onde ingressei como trainee, investi minhas economias num apartamento esplêndido cujas chaves acabaram de me ser entregues pela construtora do edifício, localizado num bairro da cidade cheio de possibilidades e atrativos, embora resguardasse a tranquilidade de uma rua curta e arborizada. Estava o mobiliando aos poucos com a ajuda de uma amiga arquiteta para deixá-lo com a minha cara, e onde sonhava desfrutar do merecido conforto e tranquilidade quando voltasse do trabalho, onde pretendia receber os poucos, mas sinceros amigos, que cultivei ao longo dos anos, onde pretendia guardar as pequenas lembranças que trouxera das minhas viagens que não só marcaram como burilaram minha personalidade, ainda um tanto quanto introvertida e tímida, mas que sabia dar valor ao que é importante na vida e nos relacionamentos.
Ainda eram poucos os moradores que ocupavam os apartamentos recém entregues quando o conheci numa manhã de sábado, ao descer à garagem para pegar o carro, na intenção de passar o dia garimpando o que precisava numa loja de bricolagem. Ele acabara de estacionar na vaga, uma depois da minha, desceu do SUV com aquele ar de quem passou a noite na esbornia, o que não lhe tirava o encanto e a sensualidade, pelos quais me vi imediatamente atraído.
- Olá! É o novo vizinho que se mudou esta semana? – perguntou, vindo diretamente a mim com a mão estendida e um largo sorriso no rosto que, de tão másculo, me deixou encabulado. – Prazer, Alexandre, Chandão para os amigos e chegados! – acrescentou, esmagando minha mão entre a sua.
- Sim, acabo de me mudar! Erick, muito prazer! – devolvi, sentindo como se uma descarga elétrica estivesse percorrendo minha coluna, com aquele olhar que me examinava da cabeça aos pés, e que parecia perfurar minha pele para conseguir enxergar mais profundamente além dela.
- É no 41, não é? Estou no 51! Passo lá uma hora dessas, as cervejas são por minha conta! Foi um prazer te conhecer, mas minha bateria está quase arriada, preciso de uma cama urgente! – disse, ao se despedir e rumar em direção aos elevadores.
Ainda fiquei estagnado ao lado do carro com a porta aberta, vendo aquela silhueta enorme e musculosa se distanciando com um caminhar firme, de pernas ligeiramente abertas, costas e ombros largos e uma virilidade capaz de desconcertar e atiçar qualquer vagina ou cuzinho, especialmente um como o meu que sonhava com um macho como aquele desde que se descobriu louco por rolas.
Não tornei a vê-lo a semana toda; pela manhã, a caminho do trabalho o SUV dele estava estacionado na vaga, à noite, quando regressava, a vaga estava vazia, mesmo nos dias em que fazia serão devido ao acumulo de trabalho que estávamos enfrentando na empresa. Sentia certa ansiedade em revê-lo, algo que nunca havia me acontecido antes com homem nenhum, e sabia que a maneira como ele olhou para mim naquele sábado de manhã tinha tudo a ver com essa ansiedade. O Chandão era um macho sensual, daqueles que não passam despercebidos pelos olhares femininos e, muito menos, dos gays, pois representava o que havia de melhor num macho, ou seja, porte, atitude, força, virilidade e tantas outras qualidades que poderiam ser acrescidas a essas. Nunca fiquei tão encantado por um homem como fiquei por ele, e talvez isso explicasse essa minha ansiedade por um reencontro.
Ele bateu à porta no domingo no início da noite. Quando olhei pelo olho-mágico, pois o porteiro não havia interfonado avisando da chegada de alguém, me desconsertei todo, uma vez que do outro lado estava um cara sem camisa, trajando apenas uma bermuda e chinelos, com algumas latas de cerveja nas mãos. Ajeitei meus cabelos, dei uma rápida conferida nas roupas que estava usando no espelho que ficava na parede do hall e me senti um maltrapilho, embora elas tivessem sido compradas há questão de dois meses, passei as mãos pelo rosto e achei que estava com uma expressão de cansaço e, senti a insegurança tomar conta de mim. Novas batidas na porta me tiraram daquele transe e, ao mesmo tempo em que girava a chave na fechadura, plantei um sorriso receptivo na cara.
- Oi Alexandre! Não o esperava! – gaguejei feito um apalermado, diante aquele tronco sólido onde pelos adensados formavam um sedutor conjunto que ia dos mamilos descendo numa trilha pelo abdômen até adentrar ao cós da bermuda.
- Eu prometi, não foi? Pois eis-me aqui com as cervejas bem geladas! Não estou atrapalhando, não é? – a voz grossa saía espontânea e era quase tão intensa quanto um trovão.
- Não, claro que não! Não atrapalha nada! Estava mesmo procurando algo com que me distrair. – respondi, embora estivesse trabalhando a tarde toda instalando quadros nas paredes, prendendo o varal de teto na lavanderia e tirando coisas de caixas para alocar nos armários do escritório que haviam sido entregues naquela semana. Ele percebeu que eu menti, mas disfarçou.
- Posso te ajudar com alguma coisa, sou muito hábil com uma furadeira, uma chave de fenda e um alicate nas mãos! – exclamou rindo, ao suspeitar que era com isso que eu estava entretido.
- Vou me lembrar disso da próxima vez que precisar! – devolvi um pouco encabulado por ter sido pego na desculpa esfarrapada.
- Estou às ordens, é só chamar! – retrucou, quando voltou a colocar aquele mesmo olhar do dia em que nos conhecemos sobre mim. – Bem, mas por hora, vamos às cervejas! Espero que sejam as da sua preferência, não faço ideia das que aprecia! – sentenciou, ao me seguir até a cozinha onde fui pegar os copos.
Na verdade, eu não era nem um pouco fã de cerveja, mas não era o momento de ele descobrir isso, especialmente porque eu estava radiante com a companhia daquele macho com o torso completamente nu andando pelo apartamento. O que me fez ver que, mesmo depois de todo mobiliado, ainda me faltaria um homem como aquele dentro de casa para a minha felicidade ser completa.
- Ei Erick! Erick! Vai mais uma? – meus pensamentos viajavam enquanto o admirava sentado na poltrona a minha frente, disfarçando os olhares que lançava para o volumão dentro da bermuda dele e para as coxas grossas e peludas que saíam dela.
- Hã? Ah, só mais uma, o álcool e eu não fazemos uma boa parceria! – respondi, depois de ele me tirar daqueles pensamentos libidinosos.
- Com duas cervejas? Está brincando! Isso mal dá para molhar a goela! Fala sério! – retrucou caçoando, antes de secar o segundo copo.
Era quase meia-noite quando ele partiu, devorou meia dúzia de latinhas de cerveja e continuava tão sóbrio quanto um abstêmio. Junto a porta, antes de sair, me puxou para um abraço que me fez encaixar no tórax largo e maciço, meu cuzinho se revolveu todo e meu abraço foi tão desajeitado que ele deve ter pensado que eu era meio descoordenado. No entanto, notei quando ele aspirou fundo o ar perto do meu pescoço, que rescindia ao perfume que tinha borrifado naquela manhã após o banho, o que o agradou.
Aos poucos, aquela amizade foi crescendo. Convidei-o para uma reuniãozinha com alguns amigos para comemorar meu aniversário, ele me levou à festa de casamento do irmão, resolvemos ingressar numa academia que ficava a quatro quarteirões do nosso condomínio, saíamos ora com alguns amigos dele, ora com os meus. Levei-o a casa de praia dos meus pais num final de semana. Pedíamos comida num restaurante tailandês do qual ambos gostavam e a degustávamos ora no meu apartamento, ora no dele, e aquele entrosamento tinha todas as características de uma amizade entre dois caras cujas idades estavam bem próximas. Foi quando percebi que não o via apenas como um amigo, mas como um potencial namorado, amante, marido ou algo desse calibre e, nutrindo essa esperança, deixei que ele me levasse para a cama e se apossasse de mim no primeiro coito da minha vida, pelo qual meu corpo ansiava há tempos. Então aconteceu, e como relatei, não aconteceu exatamente como nos meus sonhos românticos e pueris, deixando uma nebulosidade indecifrável obscurecendo meus sentimentos.
Demorei a reconhecer os sinais de que ele monopolizava a minha atenção, que intervinha e interrompia as conversas que eu tinha com outras pessoas, o que ficou bastante evidente numa reunião de condomínio quando se estava elegendo um síndico. Foi a primeira vez que me senti um pouco incomodado com ele evitando que eu conversasse e conhecesse os demais moradores do edifício. Ele cortava o assunto com questões que só diziam respeito a nós dois, o que ia desfazendo as rodinhas nas quais eu estava, até ficarmos apenas os dois. Fazia o mesmo quando eu ia me encontrar com meus amigos em sua companhia. Quando íamos a um barzinho ou restaurante, era ele quem tomava a dianteira e fazia o pedido por mim, sem me consultar. Para não fazer feio, ou criar um clima desagradável, eu me sujeitava. Porém, quando ficávamos a sós, eu o questionava quanto ao que havia feito e pedia educadamente que não voltasse a ter essa atitude, que isso me desagradava. Ele me ouvia e pedia desculpas, mas se fazia de magoado, ficava uns dias sem ligar ou aparecer e, quando voltava a dar as caras, trazia algum presente como forma de arrependimento, e eu ficava sem saber como agir e esquecia o assunto, até ele voltar a aprontar novamente.
O Chandão também passou a frequentar minha casa quase diariamente, sempre alegando algum motivo para estar ali; demorava-se até tarde quando, muitas vezes, me via na posição de ter que pedir para ele voltar para o apartamento dele, o que fazia descontente e ofendido. Comecei a notar que eu nunca estava sozinho, que ele estava em todos os lugares e a qualquer tempo, que estava perdendo a minha liberdade, que uma espécie de jaula estava me encarcerando junto dele. Só me restava a empresa, o único período no qual a presença dele não se fazia sentir e, vali-me dela para fugir daquele cerco cada vez mais constrito.
- Por que chegou tão tarde? Te liguei uma meia dúzia de vezes e mandei mensagens, você não viu? – cobrava-me ele, depois de eu ter me demorado propositalmente na empresa só para não ter que aguentá-lo no meu apartamento noite adentro.
- Estamos trabalhando num projeto que está demandando muito trabalho e esforço. – menti. – Não percebi que deixei o celular no modo silencioso. – menti de novo.
- Eu estava preocupado com você! Não faça mais isso! – retrucou ele.
Aquele – não faça mais isso – me deixou furioso e precisei me controlar para não afrontá-lo. Quem ele pensa que é para me dar esse tipo de ordem, pensei comigo mesmo. Mas, deixei passar. Não queria cultivar inimizades, especialmente com alguém que fatalmente encontraria pelos elevadores e dependências do edifício todos os dias.
Também comecei a inventar desculpas para não aceitar os convites para sairmos, que ele continuava me fazendo com uma insistência cada vez maior. Mudei o horário que saía de casa para o trabalho só para não dar de cara com ele na garagem. Deixei de frequentar a academia, alegando ter consultado um ortopedista devido a dores recorrentes nas costas e sido aconselhado a evitar esforços na coluna.
- Acho que você deveria procurar outro ortopedista, se sente dores nas costas os exercícios acompanhados por um fisioterapeuta só podem ser benéficos. Vou te agendar uma consulta com um ortopedista que atende alguns dos meus familiares há anos. – prontificou-se, em mais uma intromissão indesejada na minha vida.
- Não, Chandão, você não vai agendar consulta alguma para mim, eu cuido das minhas questões particulares sem a necessidade de outros se intrometerem nelas! – devolvi enfático.
- Eu só queria ajudar. Não precisa ser agressivo! – exclamou, surpreso com a minha postura
- Não estou sendo agressivo, só não gosto que me digam o que devo fazer! – retruquei, com o mesmo tom de voz assertivo.
- Tá bom, não está mais aqui quem só quer o seu bem! – quando eu me impunha, ele se fazia de vítima e ficava amuado.
Essas atitudes foram minando aquela primeira impressão que tive dele, foram transformando aquele macho sedutor e atraente numa pessoa da qual eu queria manter distância, por mais tesudo que ele fosse. Ao perceber que eu o estava afastando, o cerco começou a se fechar com mais força. Não importava a hora que eu saísse para o trabalho de manhã, lá estava ele, encostado no meu carro, me esperando para obter minha atenção. Cobrava-me explicações por não ter respondido suas inúmeras mensagens que me deixara no Whatsapp, propunha um encontro no apartamento dele, ou uma saidinha rápida para um chopp, ou qualquer outra coisa que lhe vinha à mente. Alegava estar com saudades, de estar carente, de estar louco para enfiar a pica no meu cuzinho outra vez, exibindo-me sua excitação. Me impedia de abrir a porta do carro com seu corpão bloqueando o acesso, e só o permitia depois de eu aceitar sua proposta.
Num final de tarde, pouco antes do término do expediente, a portaria da empresa me avisou de uma visita que pedia para subir, como neguei o acesso assim que o porteiro me disse o nome do Chandão, ele se pôs a esperar no saguão até eu aparecer.
- O que faz aqui? Como descobriu onde eu trabalho? Não posso permitir o acesso de pessoas estranhas ao departamento. – justifiquei, ao mesmo tempo que cobrava explicações sobre tudo aquilo.
- Eu estava por perto e resolvi te fazer uma surpresa, convidando-o para a happy-hour! – respondeu com um ar que me pareceu cínico.
- E como descobriu que eu trabalho aqui? – insisti
- Acho que você mencionou uma vez, de passagem! – respondeu mentindo
- Eu nunca te disse onde trabalhava! Tenho absoluta certeza disso! – afirmei
- Você deve ter esquecido, caso contrário como eu poderia saber onde fica a sua empresa! – devolveu, não me encarando
- Pois é isso que eu quero saber, Alexandre! Eu já lhe disse uma vez, não gosto que se intrometam na minha vida! – eu estava tão possesso que podia dar um soco naquela cara lavada.
- Cara, quanto estresse por conta de uma coisa tão insignificante! Sei lá, Erick, se não foi você, talvez tenha sido um dos teus amigos durante um encontro que mencionou o nome da empresa. Não me lembro direito agora! – disse, para despistar.
- Bem! Hoje eu não posso, já tenho outro compromisso! – revidei exasperado. Ele estava cruzando uma linha perigosa, da qual não haveria volta.
Um dos amigos do Chandão que costumava sair com a galera, havia começado a namorar uma das minhas amigas, depois que os apresentei. Eu sabia pouco sobre o cara, como de todas as amizades do Chandão que, ao contrário das minhas que vinham de muitos anos, era tão recente quanto as demais. Descobri que aquela galera que ele me apresentava como sendo seus amigos, tinha ingressado há alguns meses ou pouco mais de um ou dois anos no círculo de conhecidos dele. De qualquer forma, minha amiga gostou do cara e ele dela, o que me deixou feliz no papel de cupido. A família dessa amiga tinha uma fazendola na região de Sorocaba e ela convidou a galera mais chegada para um feriadão prolongado na fazenda.
O gerente de TI da empresa, Giullio, era o único no trabalho e um dos poucos que sabia que eu era gay. Havíamos sido contratados no mesmo dia e acabamos estreitando os laços, o que acabou fazendo com que a mãe dele me convidasse para um jantar na casa deles, de tanto que o Giullio comentava a meu respeito. Nessa visita, ele me apresentou ao irmão dele, um tesão de macho com quem logo me identifiquei. Ele deu a minha ficha completa para o irmão e, percebendo o interesse do irmão por mim, foi nos aproximando. Tudo ainda estava muito no início, dos poucos encontros que tivemos quando ele dava carona para o Giullio até a empresa, de longas conversas ao celular e de outros tantos papos por vídeo conferência que avançavam noite adentro. Faltava ainda mais contato físico, o que ambos estavam ansiando sem esconder esse desejo. O Lucca tinha aquele porte físico que fazia meu coração palpitar no peito, fazia minhas pernas bambearem, me deixava sem saber como agir e fazia meu cuzinho piscar feito um alucinado. Eu gostava do jeito seguro e safado dele, quando me provocava durante os papos na Internet, me mostrando, depois de alguns minutos de conversa, as ereções que se formavam dentro das bermudas, uma vez que trajava apenas isso depois que lhe revelei minha paixão por torsos viris de homens. As conversas que se repetiam quase diariamente antes de nos deitarmos, sempre acabavam descambando para a sacanagem, uma vez que ambos deixavam aquele tesão rolar desenfreado.
- Ainda estou esperando pelos afagos desses dedos longos e finos sobre o meu peito que você me prometeu. – cobrou ele, poucos dias antes do feriadão que passaríamos na fazenda dessa amiga. – Só de te ver teclando fico de pau duro e babando, vai dar um jeito nisso também?
- Não vejo a hora! Você deveria ser censurado, sabia! Com essas suas cantadas e quase nu a essa hora da noite, vai me tirar o sono e eu preciso seguir para o trabalho amanhã cedo. – devolvi
- Não estou nu, o melhor de mim ainda está todo coberto, e eu estou ansioso para você libertá-lo e cuidar dele para mim. Também perco o sono por sua causa, e hoje vai ser mais uma noite na qual, ao desligar o computador, terei que ir direto para o banheiro bater uma punheta pensando na sua bunda gostosa para conseguir pegar no sono. – afirmou.
Com essas conversas picantes acontecendo praticamente todas as noites, o que eu mais queria era sentir aqueles braços musculosos me envolvendo e aquela boca exalando luxúria, cobrindo a minha com beijos tórridos.
O Chandão foi tão insistente na questão da carona para a fazenda que não tive como recusar sem causar um clima desagradável. Fiquei de me encontrar com o Lucca na fazenda, pois ele também havia oferecido carona para outro amigo da galera que estava sem carro naquele feriadão. Uma vez chegados lá, eu me afastei do Chandão que, mais uma vez, começou a monopolizar minha atenção, até eu dar um basta de forma um pouco rude, pois não ia perder a chance de curtir aqueles dias na companhia do Lucca.
Assim que me viu sorrindo e muito próximo do Lucca com ele tocando de vez em quando meu rosto, jogando todo seu charme de macho para cima de mim, o Chandão começou a implicar com ele. Vinha, do nada, se intrometer no nosso assunto, soltava algumas indiretas ofensivas para o Lucca, outras tantas para mim, ao mesmo tempo em que queria se fazer de muito íntimo meu, relatando coisas de maneira indiscreta.
Na primeira noite, a galera fez uma fogueira numa área na lateral da casa e se juntou ao redor dela, bebericando e degustando uns petiscos que a esposa do caseiro havia preparado num fogão a lenha. Fazia uma noite fria de céu aberto e coalhado de estrelas, que pareciam mais reluzentes longe a claridade da cidade. O Lucca e eu nos afastamos um pouco da fogueira depois de algum tempo, e nos sentamos nuns troncos que foram esculpidos na forma de bancos ao redor do lado fronteiriço à casa, onde durante o dia deslizavam patos e gansos, mas que àquela hora só espelhavam a lua em quarto crescente na calmaria de sua superfície. O momento certo e tão esperado do nosso primeiro beijo havia chegado finalmente. O Lucca passou o braço sobre os meus ombros, me trouxe para junto dele, e quando foquei naquele rosto másculo cuja barba não havia sido feita há alguns dias, toquei-o com delicadeza e, como um imã, senti meu rosto sendo puxado para aqueles lábios que me esperavam cheios de tesão. Foi um beijo demorado que começou com suavidade e foi ganhando ímpeto à medida que nossas mãos deslizavam sobre nossos corpos ensandecidos pelo desejo, culminando nas línguas se entrelaçando numa dança sensual e permissiva.
- Que porra é essa, Erick? Esse filho da puta está te molestando? – questionou o Chandão aos berros perto de nós.
- Como é, seu merda? Quem é o filho da puta aqui? Vá se foder cara! – revidou furioso o Lucca, levantando-se para partir para cima do Chandão.
- Eu é que te pergunto qual é a sua Chandão? Me deixe em paz, cara! O Lucca e eu estamos juntos, embora isso não seja da sua conta! – despejei irado com aquela intromissão.
- Então agora é assim, vai dar o cu para o primeiro escroto que te dá uma cantada? – indagou o Chandão ofensivo
- Espera aí, de onde você tirou a ideia de que pode falar comigo nesses termos? Fica na sua Chandão! E some daqui, não me obrigue a olhar para essa sua cara de merda! – explodi.
- O único escroto aqui é você, seu filho da puta! – berrou o Lucca, desferindo um soco na cara do Chandão, e iniciando uma briga que precisou da concorrência de outros para ser apartada.
Serenados os ânimos, o Lucca e eu resolvemos regressar para São Paulo, o feriadão dos sonhos já era. Eu estava tão frustrado e envergonhado por ter sido o pivô daquela briga que nem sabia onde enfiar a minha cara.
- Me desculpe, Lucca! Nunca imaginei que ele fosse capaz de fazer algo assim, na frente de todo mundo, e sem motivo. Não tenho e nunca tive nada com ele, quero que saiba. – asseverei, enquanto o Lucca dirigia na estrada escura e quase deserta.
- Você não tem culpa de nada! Foi aquele cretino! Dava para perceber o ciúme doentio que ele tem de você. De onde surgiu isso, se vocês nunca tiveram nada? – perguntou, lançando dúvidas sobre o meu caráter.
- Não sei explicar! Desde o princípio ele age como se fosse meu dono, estou farto de me sentir encurralado por ele. – confessei.
- Tem certeza que não sente nada por ele? – essa pergunta doeu fundo em mim. Pela primeira vez senti que alguém não confiava naquilo que eu dizia. E, partindo do Lucca, aquilo feriu mais ainda.
- Cheguei a me sentir atraído por ele, não vou negar! Mas, não sinto nada por ele, eu juro! – respondi de pronto. – Você me perguntar uma coisa dessas me magoou. Se qualquer outra pessoa me fizesse a mesma pergunta eu não me sentiria tão ferido. Eu gosto de você, Lucca! Gosto de verdade, e gosto muito! – exclamei, sentindo minha voz embargar.
- Esqueça! Fui um tolo fazendo uma pergunta dessas. Não quis te ofender, estou puto, muito puto, e com um baita ciúme de você, se quer saber. – devolveu ele, mais calmo ao notar que eu procurava disfarçadamente amparar as lágrimas.
Ao me deixar em casa ele subiu ao apartamento, tínhamos uma questão não resolvida que não podia esperar mais, o tesão que vinha se impregnando em nossos corpos. O Lucca notou o quanto suas palavras tinham me magoado, tudo o que ele nunca quis e, diante do meu semblante amuado, não se conteve mais. Beijou-me num frenesi incontrolado, a brandura dos meus lábios quentes e úmidos retribuindo os beijos acendeu nele tudo aquilo que vinha tentando controlar cada vez que me sentia em seus braços. Enfiando as mãos debaixo da minha camiseta, tirou-a pela cabeça, sentindo a pele arrepiada do meu tronco a lhe atiçar a lascívia. Com o mesmo ímpeto que beijara minha boca, devorou o primeiro mamilo que surgiu ao erguer a camiseta. Ele o sugou como se estivesse me mamando a teta com seu biquinho rijo e saliente, e eu gemi ao sentir um calafrio percorrendo minha coluna até entrar pelo rego e fazer meu cu sentir o primeiro espasmo. Afaguei sua cabeleira e seu rosto enquanto ele mordiscava e chupava o mamilo como se o quisesse devorar. Não sei como minha calça e minha cueca foram parar entre os meus joelhos, pois só conseguia sentir as mãos dele amassando impudica e vorazmente as minhas nádegas carnudas. Ele apenas parou de boliná-las por uns segundos, tempo que levou para tirar a camiseta e me deixar frente a frente com seu tórax sólido e viril, o qual passei a beijar e acariciar sem perda de tempo. Com as pontas dos dedos rondando cobiçosas o entorno de seu umbigo peludo, pude notar a ereção dentro do jeans dele e, ousadamente, deslizei uma das mãos cós adentro até minha mão envolver o caralhão brioso que latejava lá dentro. O Lucca abriu um sorriso ao sentir a quentura macia da minha mão em seu falo, e abriu ele mesmo o zíper da braguilha arriando a calça para que o libertasse daquele sufoco. Meus dedos começaram a ficar melados com o pré-gozo que escorria da imensa glande no formato de um cogumelo, e o cheiro sensual que se dissipava no ar me levou a ajoelhar diante de suas pernas musculosas e peludas e colocar na boca o membro grosso e veiúdo, quase duro, e sugar delicadamente aquele sumo viscoso que não parava de fluir. Na primeira sugada o Lucca gemeu alto liberando o prazer que os movimentos dos meus lábios úmidos provocavam na cabeçorra sensível. Inebriado por todo aquele néctar e pela visão do cacetão ficando cada vez mais consistente e rijo, eu não parei de chupar; percorri toda extensão da verga, da cabeçorra até o sacão parcialmente imerso no matagal de pelos pubianos, que iam aderindo a minha língua, à medida em que eu abocanhava os testículos maçudos e os chupava tão ávido quanto tinha feito com todo o cacetão. Segurando minha cabeça entre as mãos, ele a enfiava em sua virilha e soltava ganidos roucos com o prazer que minha boca gulosa cobria seu membro. Por duas vezes ele afastou apressadamente meu rosto ao pressentir que estava na iminência de gozar. Na terceira, com meu olhar suplicante a encará-lo, ele o despejou na minha boca e no meu rosto, liberando em meio a um urro visceral os jatos de sêmen que eu ia engolindo como se minha vida dependesse de seu sumo viril.
- Ah, Erick, vai acabar comigo desse jeito! Mama minha porra, mama! Cacete, que puta tesão você me dá mamando meu leite! – grunhiu satisfeito.
No quarto, complemente nus, eu não parava de beijar aquele corpão másculo, percorria-o com as pontas dos dedos, enquanto ele me fitava em silêncio e com o esboço do um sorriso nos lábios. De quando em quando, ele me puxava para junto de si, me bolinava, passava a mão pesada nas minhas nádegas, e me beijava até me faltar o ar. Apesar da pegada forte, havia carinho nela quando me agarrava todo cheio de cobiça, repetindo com sua voz sensual que me queria, que queria ser meu macho, que iria me proteger de tudo e de todos, que precisava dessa paixão com a qual eu o estava presenteando. Deitado de costas, pernas bem abertas, mãos debaixo da cabeça sob o amontoado de travesseiros, ele se deixava acariciar como um gato manhoso pedindo dengo. Deslizei para cima dele até ficar sentado sobre suas coxas, sorri libidinoso para seu semblante safado que só pensava em me enrabar, fiquei brincando com os pelos do peito dele, torcendo-os até ficarem amontoados em pequenos cachos; ele me observava calado sentindo a onda de tesão aumentar e provocar nova ereção. Ela já tocava no meu rego aberto quando abri mais as pernas deixando meus joelhos emparelhados com os flancos dele. Rebolei de mansinho, deixando a rola pincelar meu reguinho, enquanto encarava os olhos dele ganhando o brilho da luxúria.
- Quero você! – sussurrei junto ao ouvido dele quando inclinei meu tronco por cima dele, ao mesmo tempo em que ele agarrava minha bunda com ambas as mãos.
- Sou todo seu! O que quer de mim? – indagou, como se fosse o mais ingênuo dos garotos.
- Isso! – ronronei, erguendo os quadris e sentando lentamente sobre o caralhão duro e empinado, que entrou no meu cuzinho rasgando as pregas e me obrigando a soltar um ganido.
Ele imediatamente me agarrou pela cintura, me forçou a sentar novamente sobre a rola ao mesmo tempo em que erguia a pelve e me dava uma estocada firme empurrando o caralhão para dentro do meu cu. Duas outras se seguiram até o falo inteiro estar pulsando no meu rabo, eu o cobria de beijos, sussurrando seu nome em meio a dor e o prazer, enquanto ele me obrigava a cavalgar sua jeba prendendo minha cintura com suas mãos potentes. Rebolando e cavalgando eu sentia o cacetão dele me estocando as entranhas e gemia alucinado desejando que aquilo nunca tivesse fim. Ficamos um tempo assim, naquela posição, ele se deliciando com os meus esfíncteres apertados deslizando ao longo de sua pica até ela ficar completamente enterrada no meu cu. De repente, ele ergueu o tronco, abraçou o meu com força, girou nossos corpos até ficar por cima de mim, encaixado entre as minhas pernas. Como nesse movimento o caralhão quase saiu do meu cuzinho, ficando preso apenas pela cabeçorra na saliência que ela formava entre o restante da pica, ele deu alguns impulsos vigorosos para atolá-la outra vez até o talo no meu rabo. Meus gemidos durante essa manobra o ensandeceram, o vaivém vigoroso e cadenciado com o qual me fodia com força, e ao mesmo tempo, com brandura e paixão deixava transparecer seus sentimentos por mim. Algo tão diferente do que tinha acontecido com o Chandão, onde em nenhum momento consegui sentir qualquer indício de um sentimento mais profundo e carinhoso.
- Ai Lucca! Lucca! Lucca! – gemia eu, na mais plena sensação de prazer que já havia sentido.
- Dói? Estou te machucando? Quer que eu pare? – questionou preocupado.
- Não, não quero que pare! Quero que me foda, quero te sentir inteiro dentro de mim! Estou apaixonado por você, Lucca! – ronronei delirando de prazer.
- Também estou apaixonado por você! E agora você é todo meu, me dá esse rabão tesudo e gostoso, fala que sou seu macho, fala, Erick! – implorava ele, socando afoitamente aquele cacetão no meu cuzinho.
Enquanto ele grunhia essa fala eu gozei, havia me segurado até onde pude, mas aquela voz grave, aquele rosto hirsuto me encarando com paixão, aquelas mãos dominando meu corpo e aquele pauzão me rasgando as vísceras me levaram ao clímax. Esporrei-me todo numa espécie de libertação, sentindo o corpo relaxar e mergulhar numa quentura lânguida. O Lucca ainda deu mais algumas estocadas profundas, mas também para ele havia chegado o gozo que não podia mais ser contido e precisava ser liberado com a mesma energia que estava fodendo meu rabo. Seu grunhido encheu o quarto, e enquanto ele se despejava todo em mim, os ecos iam reverberando pelas paredes denunciando a volúpia que acabávamos de perpetrar. O ar fora tomado pelo cheiro de sexo, e o aspirávamos nos encarando e nos tocando nos rostos realizados. Ele demorou a tirar o pauzão do meu cu, deixou-o amolecer lentamente dentro dele, enquanto estávamos enrodilhados em conchinha e adormecemos exauridos. Já se fazia madrugada quando despertei sonolento com ele se movimentando nas minhas costas.
- Volte a dormir, falta muito para o amanhecer, mas eu preciso ir, tenho um compromisso amanhã logo cedo. – sentenciou junto ao meu ouvido, enquanto mordiscava minha orelha. – Obrigado pela noite maravilhosa! Obrigado por todo esse carinho! – emendou, relutando em afastar-se do meu corpo.
- Que horas são? Fique mais um pouco, preciso de você! – balbuciei sonolento.
- Não posso, tenho que ir! Mas, te ligo, talvez possamos almoçar juntos. Volte a dormir, descanse, preciso de você com todas as energias quando for te pegar novamente. – retrucou, me dando uma encoxada.
- Amo você, meu macho! – sussurrei. Não precisei olhar para o semblante dele para saber que ele abriu um sorriso.
- Também amo você, meu tesudinho! Vou me lembrar a dia todo que o meu cheiro está na sua pele, meu sabor na sua boca, minha virilidade umedecendo seu ânus. – devolveu, junto com um beijo no meu ombro. Ainda escutei, por alguns segundos, a água da ducha escorrendo, mas minhas pálpebras se fecharam e só restou aquela umidade formigando entre as minhas coxas, que me indicava não haver felicidade maior do que aquela que eu acabara de vivenciar.
O quarto estava imerso na penumbra, um pouco de claridade entrava através das venezianas quando abri os olhos e dei de cara com o relógio de cabeceira marcando 05h43min, cedo demais para eu começar a me aprontar para ir ao trabalho. Estava me virando para o outro lado para prolongar aquela preguiça e a sensação maravilhosa que a umidade do Lucca ainda causava preenchendo meu cuzinho, quando vi o vulto enorme sentado na poltrona aos pés da cama.
- Achei que você já tinha ido embora! Entra aqui, estou cheio de carícias para te dar! – exclamei, tão sonolento que num primeiro momento nem pensei em identificar o vulto.
- Quero as carícias e esse rabão! – quando identifiquei a voz e me dei conta de que não era a do Lucca, quase tive uma síncope. Chandão, só com um short, sentado na poltrona me observado como um predador rasteia uma presa. Um grito assomou a minha boca.
- O que faz aqui? Como entrou na minha casa? – perguntei, ao me sentar apressadamente e cobrir minha nudez.
- Só vim ver como você estava! Não nos falamos depois do incidente de ontem! – respondeu ele.
- Como você entrou aqui, Chandão? – insisti, pois nunca havia lhe dado as chaves do meu apartamento.
- Isso é irrelevante! O importante é que estou aqui, e que estou com um puta tesão! Vai mesmo me cobrir de carícias, porque estou de pau duro como pode constatar? – indagou, levantando-se e tirando o pauzão para fora.
- Você não pode entrar aqui, não desse jeito! Você ficou louco? – indaguei possesso. – Depois do que você fez ontem, eu não quero ver a sua cara nem pintada a ouro! – despejei.
- Aquele filho da puta te fodeu a noite toda, não foi? E você se entregou feito uma putinha barata! Se tem algum louco aqui, é você! Não se dá ao respeito? – questionou.
- Quem é você para me perguntar uma coisa dessas? Não lhe devo explicações, Chandão! Quero que saia da minha casa agora, e não volte nunca mais! Você passou de todos os limites, e eu não vou tolerar mais nada que venha de você! – afirmei resoluto.
Ele se levantou, caminhou firme e lento na minha direção, o caralhão estava realmente tão duro que a cabeçorra arroxeada reluzia fora do short ao lado da coxa peludona, e colocou um dos joelhos sobre a cama. Eu imediatamente recuei, mas fui atingido pelo bofetão no rosto antes de conseguir me afastar o suficiente, despencando sobre os travesseiros.
- Quem passou dos limites foi você, dando o cu para esse desgraçado, e ainda por cima, chamando-o de seu macho! Eu sou seu macho, veadinho do caralho, não se esqueça disso! – sentenciou transbordando de raiva.
- Fora, Chandão! Fora! Ou, eu chamo a polícia! Você está completamente louco! E me entregue as chaves com as quais entrou aqui sem a minha autorização! Não sei como as conseguiu, pois eu nunca as dei para você! – revidei, sentindo raiva e medo ao mesmo tempo, pois aquele homem não podia estar em seu juízo perfeito. Não havia nada entre nós que lhe desse o direito de me tratar daquela maneira.
Embora tivesse acordado cedo com aquela aparição indesejada no meu quarto antes do dia raiar, acabei me atrasando para o trabalho. Quando cheguei à garagem dois pneus do meu carro tinham um rasco de aproximadamente cinco centímetros, fazendo-o pender para o lado dos pneus arriados. Foi ele, concluí de imediato, sentindo a revolta crescer em mim.
- Precisa de ajuda? – me assustei quando ouvi a voz dele atrás de mim, enquanto eu estava debruçado sobre o teto do carro tomado por uma angustia sem fim.
- Foi você, seu cretino! Eu sei que foi você! – berrei, partindo para cima dele e desferindo socos naquele tronco largo onde só se ouvia o som oco dos meus punhos.
- Você está ficando obsessivo com essa coisa de me acusar de tudo que é ruim acontecer com você! Eu não fiz nada! Que culpa eu tenho se algum maluco resolveu cortar os teus pneus? Deve ter sido um desses adolescentes que andam vandalizando no condomínio. – afirmou ele, se fingindo indignado.
- Não adianta negar, eu sei que foi você! Por que está fazendo isso comigo, Chandão? Que mal eu te fiz? – questionei.
- Você pode mandar conferir pelas câmeras da garagem, e vai ver que não tenho nada a ver com isso! Tem uma logo ali, ela capta exatamente esse ângulo onde ficam os nossos carros. Confira, e veja se eu por acaso apareço danificando seus pneus! – o cinismo estava estampado no risinho debochado dele.
- É o que vou fazer! Alguém vai pagar por esse prejuízo!
- Enquanto isso, não quer uma carona até o trabalho, você já deveria estar lá?
- Cínico! Não quero nada de você! Me esqueça, Chandão! Vá cuidar da sua vida! – exclamei furioso.
Segui a sugestão dele, assim que cheguei à empresa, contatei o síndico para que verificasse nas imagens das câmeras próximas a minha vaga quem cortara os pneus.
- Vou ficar lhe devendo, Erick! As duas câmeras mais próximas da sua vaga foram danificadas anteontem, e o técnico da manutenção ficou de substituí-las hoje. Não estou acusando ninguém, mas tenho para mim que foram aqueles moleques do oitavo andar, eles estão me deixando de cabelos brancos com o que andam aprontando. Já enviei três multas para os pais junto com a carta de advertência. – revelou-me o síndico. Minha suspeita ainda recaía sobre o Chandão, ele havia tramado tudo aquilo para me intimidar, depois que comecei a namorar o Lucca.
Acuado, eu passei a temer o Chandão. Troquei as fechaduras das portas e acrescentei um arsenal de travas internas nelas. Tentei, sem sucesso, trocar de vaga na garagem com outro condômino. Toda vez que descia à garagem ou quando regressava para casa, tinha a sensação de estar sendo observado, mas nunca me deparei com ninguém no meio daquele mar de colunas que sustentavam o edifício, e onde os ecos soavam fantasmagóricos à luz baça das luminárias. Nas poucas vezes em que o encontrei nas áreas comuns, ele pareia surgir do nada, materializando-se diante de mim que ficava com o coração aos pulos.
Naquele início de expediente vespertino, pouco depois de regressarmos do almoço, meu setor foi tomado de um burburinho. Todos estavam com os celulares nas mãos conferindo ávidos e perplexos as telas, uns em pequenos grupos, outros sentados em suas ilhas de trabalho, mas todos lançando olhares para a minha mesa, ao mesmo tempo que disfarçavam para não serem identificados individualmente. Aquilo já durava uns quinze minutos, e o alvoroço só aumentava, quando o Giullio, o meu amigo gerente de TI, entrou apressado e tenso no meu setor.
- Você já viu isso? – perguntou, me mostrando a tela do celular. – Foi você quem postou essa porra? O Lucca vai te esganar quando souber! – afirmou indignado
- Postei o quê? O que é isso? Oh, meu Deus ..... – respondi, sem conseguir continuar quando vi o Lucca montado em mim como se fosse um touro fodendo uma novilha na minha cama, e ambos com aquela expressão de prazer fulgurando nos semblantes. – Eu não ... eu ... quem fez essa merda de vídeo? Não fui eu! Quem postou essa merda? O que vai ser de mim aqui dentro agora? Não, não pode ser, isso não está acontecendo comigo! – sentenciava eu desesperado caminhando ao redor da minha mesa, totalmente descontrolado.
- Vocês filmaram a transa de vocês? Isso é uma loucura, podiam suspeitar que isso ia acabar caindo nas redes sociais. – argumentou ele
- Não fomos nós, eu juro! Não sei como isso foi parar aí! Preciso falar com seu irmão, urgente, agora! Olha para esse bando de urubus, estão se deliciando com as imagens. Estou fodido! – desabei
- Já falei com o Lucca, ele também jurou que não foi ele. Ele disse que vocês nunca filmaram as transas, mas reconheceu que as imagens foram feitas no seu quarto e que são recentes. Ele quase pirou quando viu as cenas! Uma porção de amigos dele recebeu o vídeo! – revelou-me o colega.
- Então como isso pode ter acontecido? – questionei
- Você instalou câmeras no seu apartamento, no seu quarto especificamente?
- Não, claro que não! Para que eu faria uma coisa dessas?
- Só pode haver uma explicação, nesse caso. Elas já estavam lá, ou alguém invadiu seu apartamento e as instalou. – senti um calafrio percorrendo meu corpo quando ele disse isso.
- Chandão!
- O quê?
- Chandão! Foi o Chandão, tenho certeza!
- Aquele seu amigo que mora no mesmo edifício? Por que ele faria isso?
- Porque é um psicopata, e não é meu amigo! Ele está me perseguindo, desde que comecei a ficar com seu irmão! No final da madrugada em que o Lucca e eu transamos nessas cenas que aparecem nas imagens, ele havia entrado no meu apartamento, sei lá como, e estava me observando sentado numa poltrona ao lado da cama. No começo dessa semana cortou dois pneus do meu carro na garagem, e danificou as câmeras que poderiam provar o que fez. Estou apavorado, acho que ele quer me matar! – revelei
- A troco de quê? Você teve um relacionamento com ele?
- Não, não tive! Estávamos iniciando uma amizade, e rolou uma vez, uma única vez! Eu contei para o Lucca que tinha sido desvirginado por ele, pois na época pensei que fossemos ficar juntos, que aquela amizade fosse virar uma paixão, mas isso nunca aconteceu e eu fui gradualmente me afastando dele quando percebi que ele me monopolizava e invadia minha privacidade. – esclareci
- Você precisa ir à polícia, denunciá-lo! Por que nunca conversou comigo a esse respeito? Sabe que somos amigos, e em breve cunhados! – devolveu ele
- Será que ainda seremos cunhados algum dia, depois disso? O Lucca deve estar me odiando! – afirmei pesaroso.
- Não vou negar, ele está muito puto agora! Falei com ele há pouco e conheço meu irmão, ele deve ter esmurrado tudo o que estava a sua volta.
- Você que manja dessas coisas de informática, me diga como o Chandão pode ter acesso aos meus contatos no celular, inclusive o pessoal aqui da empresa, para conseguir espalhar esse vídeo?
- Hackeando seu celular! Nada muito difícil para quem entende do assunto. – afirmou. – Basta ele ter tido acesso ao seu celular por uns poucos minutos e com o equipamento certo, invadir o sistema e passar a controlar à distância tudo o que você envia, conversa ou armazena no seu celular, é como se fosse um clone. Ele consegue enviar mensagens e fazer ligações para outras pessoas se fazendo passar por você. Para todos os efeitos, a mensagem e as ligações saíram do seu celular. – explicou
- E o que eu faço?
- Livre-se desse celular, troque o chip e o número, é a única maneira.
- Estou com muito medo!
- Por isso siga meu conselho, primeiro a polícia, você precisa fazer uma denúncia; depois, livrar-se desse celular e mandar fazer uma varredura no seu apartamento para remover todo e qualquer artefato que esteja te filmando ou gravando suas conversas. Vou estar ao seu lado, e o Lucca também, você não está sozinho nisso! – aconselhou.
- Será que o Lucca ainda vai me querer? Estou apaixonado por seu irmão e ele deve estar me odiando.
- Dá um tempo para ele, ele vai entender, e vai te apoiar! Tenho certeza que ele também te ama, não para de mencionar seu nome umas trocentas vezes por dia.
- E aqui, o que eu faço, estão todos se divertindo às minhas custas?
- Eu seguiria direto para a diretoria e exporia os fatos, ninguém pode te condenar por estar sendo vítima de um stalker.
- Vão saber que sou gay!
- Ser gay não é crime! Ser um stalker é!
Solicitei uma reunião com a diretoria e expus tudo o que estava acontecendo, inclusive me assumindo homossexual, o que foi a parte mais difícil e constrangedora. Ao contrário do que eu julgava, tive total respaldo da direção da empresa, inclusive dispor do departamento jurídico, caso fosse necessário. Contudo, isso não impediu que, ao cruzar com algumas pessoas nos corredores ou nos elevadores, ou ainda passando por algumas rodinhas, ouvisse comentários jocosos às minhas costas. Como sempre, muitos daqueles que se arvoravam de machões, ou daquelas mulheres destilando preconceitos jamais mencionaram algo estando frente a frente comigo, para isso tinham receio, se acovardavam como ratos assustados.
Após procurar uma delegacia para fazer a denúncia, acompanhado do Lucca, e que não deu em nada, uma vez que o delegado que nos atendeu não estava nem um pouco interessado nos problemas de um homossexual e deixou bem claro que essas questões dificilmente resultariam nalguma coisa, fui me encontrar com um amigo dos tempos de colégio que se formara advogado e estava trabalhando como sênior num escritório conceituado. Eu precisava de alguma orientação para me livrar do Chandão da melhor forma possível, sem brigas, sem escândalos.
- Stalking! É o que define a sua situação. – disse o Hugo, reforçando a opinião do Giullio.
- Como é? O que é esse stalking? Nunca ouvi falar! – devolvi
- É a palavra da moda, para uma situação que define o que está acontecendo com você. São quatro sinais comportamentais característicos – Fixação, Obsessão, Repetição e Atitudes indesejadas – é isso que esse sujeito está fazendo com você. – esclareceu. – É considerado um crime em muitos países, inclusive no Brasil, Artigo 147-A da Lei 14.132 do Código Penal – Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. Esse cara é um criminoso, e esse tipo de criminoso não tem limites, é bom que saiba! – acrescentou.
- Jamais pensei nisso nesses termos! Agora você me deixou mais assustado, Hugo! – eu nem sabia o que estava acontecendo comigo.
O Lucca e o Giullio vieram me ajudar a fazer uma devassa no apartamento, havia até duas minúsculas câmeras embutidas tão camufladamente no forro de cada um dos ambientes que demoramos a encontrar todas. O meu próprio roteador se encarregava de enviar as imagens a uma central que a polícia encontrou no apartamento do Chandão, depois que o Hugo solicitou uma liminar a um juiz que determinou uma busca e apreensão no apartamento dele. Com as provas em mãos, o juiz emitiu uma ordem de restrição, ficando o Chandão obrigado a se manter distante de mim por no mínimo 500 metros e proibido de manter qualquer tipo de contato comigo por quaisquer vias. Na prática, isso era pouco viável, até porque o apartamento dele não distava isso tudo do meu, embora estivesse em outro andar, e não havia como evitar encontros casuais nas áreas comuns do condomínio.
O que resultou disso tudo, no final das contas, foi que me vi obrigado a me mudar cerca de um ano e meio depois de ter me instalado no apartamento com o qual tanto sonhei. Coloquei-o a venda para adquirir outro. Nesse interim, o Lucca saiu da casa dos pais e se mudou para um sobrado de vila que havia adquirido e reformado, foi para lá que me mudei.
Nesses cerca de dezoito meses minha vida mudou completamente, eu já não era mais aquele cara seguro de si, cheio de ambição para conseguir progredir na vida; tinha me tornado assustadiço, onde quer que estivesse caminhando achava que me observavam, que me seguiam, acordava no meio da noite aos gritos com os pesadelos que me assolavam e, não fossem os braços do Lucca me trazerem para junto dele eu talvez não estivesse mais no meu juízo perfeito. O enorme e irrestrito amor que ele tinha por mim, bem como aquele cacetão rijo como uma rocha com o qual ele inoculava seu esperma nas minhas entranhas foram meu esteio no período mais crítico e turbulento da minha vida. Hoje, felizmente, relegado ao passado apenas como uma recordação sofrida do que um ser humano é capaz de fazer com outro.