A Casa Noturna - Prazeres Psicodélicos - Parte 2



O dono da casa noturna, pai de Miriam e Moshe, vestia um sobretudo escuro por cima de uma camisa social bem passada, cujas linhas impecáveis contrastavam com a atmosfera descontraída do local, e uma corrente de ouro pendendo sob o colarinho, um brilho sutil que denunciava um certo gosto pelo poder e pela ostentação discreta. O cabelo grisalho bem aparado, cada fio no seu devido lugar, refletindo a luz de forma organizada, a barba alinhada, conferindo-lhe um ar ainda mais austero e imponente, e aquele olhar que parecia atravessar qualquer um, uma análise fria e calculista que não deixava escapar detalhes.

Saul não sorria. Nunca sorria. Seu rosto era uma máscara de seriedade, talvez até de cansaço, mas principalmente de autoridade incontestável. Ele não precisava. A presença dele já dizia tudo: ali mandava ele. Isabel, a mãe de Rafael, estava logo atrás dele, mantendo uma distância respeitosa, mas sempre atenta, ela era a sua advogada e braço direito, sua sombra leal e estrategista silenciosa.

Enquanto atravessava o salão com passos lentos, mas firmes, cada movimento calculado para transmitir controle, a pista parecia abrir espaço por puro instinto. Não havia um comando verbal, apenas um reconhecimento tácito de sua importância. As pessoas sabiam quem ele era. Miriam o avistou no mesmo instante, seus olhos encontrando os do pai com uma mistura de respeito e talvez um leve apreensão, e, sem pressa, saiu do bar para ir ao seu encontro, movendo-se com uma elegância natural, mas com um propósito claro.

Mas foi ali, no meio do caminho, entre o brilho estroboscópico e a multidão agitada, que os olhos de Saul encontraram Rafael no camarote. Um ponto fixo em meio ao caos.

Foi só um olhar. De longe. Uma fração de segundo em que duas presenças se confrontaram através do espaço. Mas foi o suficiente. Naquele breve contato visual, parecia haver uma troca silenciosa, uma leitura mútua carregada de história, de tensão, talvez até de um prenúncio do que viria. O ar ao redor do camarote pareceu se adensar por um instante.

Saul arqueou uma sobrancelha, um movimento sutil, mas carregado de significado, cerrou levemente os olhos, estreitando a visão como se quisesse perfurar a distância, e continuou andando, sem desviar o curso, como se o encontro visual fosse apenas uma breve constatação.

A reprovação no olhar era clara, seca, direta como um tapa silencioso, uma censura fria e imediata que ecoava no ar. Rafael, que até então estava distraído tomando seu whisky, o copo girando preguiçosamente em sua mão enquanto observava algo na pista, virou o rosto no mesmo instante, desconfortável, seus ombros encolhendo levemente, como se tivesse levado uma bronca sem palavras, uma repreensão tácita que o atingiu com força.

— Puta merda… — ele murmurou só pra mim, a voz rouca e baixa, ajeitando o boné na cabeça com um gesto quase automático, tentando disfarçar o nervosismo que agora era palpável em sua postura. — Ele me viu. Era a confirmação de um temor antigo, uma linha que ele sabia que não deveria ter cruzado.

— E ele não pareceu feliz — respondi sem tirar os olhos de Saul, que agora já conversava com Miriam perto do bar, a cabeça dela ligeiramente inclinada enquanto ouvia o pai, sua expressão séria e atenta.

— O velho nunca quis que eu pisasse aqui, — Rafael engoliu seco, a garganta apertada pela ansiedade, e virou outro gole do whisky, buscando no álcool um alívio imediato para a tensão. — Agora já era. A resignação em sua voz era evidente, como se um destino inevitável tivesse sido selado com aquele breve olhar.

— Relaxa, você tá comigo. Não se preocupa, eu não vou te deixar sozinho nessa. Por que você nunca me contou que sua mãe trabalhava com ele? — falei, tentando transmitir um pouco de confiança, embora uma ponta de curiosidade e talvez apreensão também me atingisse.

Do bar, Miriam lançou um olhar rápido na nossa direção, seus olhos avaliando a situação com uma calma surpreendente. Não parecia preocupada. Se algo incomodava Saul, ela saberia como lidar, conhecia o pai como ninguém. Mas aquela troca de olhares entre Saul e Rafael… tinha coisa ali que eu ainda não entendia, uma história pregressa, talvez um conflito familiar silencioso pairando no ar.

Já passava das três da manhã, a madrugada avançava consumindo as horas da festa, quando Alan me chamou com um aceno discreto da entrada dos bastidores, um gesto quase imperceptível em meio à agitação. O som da música ainda estremecia o chão, vibrando em meu peito e nos meus ouvidos, e a pista continuava fervendo, um mar de corpos suados e incandescentes, mas algo no olhar do segurança dizia que não era uma simples chamada, havia uma urgência silenciosa em sua expressão.

— Isabel tá te esperando no escritório dela — ele disse, sério, a voz baixa, quase um sussurro, apesar do barulho ao redor. — Vai agora. A firmeza em suas palavras não deixava margem para questionamentos.

Dei uma última olhada no camarote, onde Rafael disfarçava o nervosismo bebendo, o copo já quase vazio em sua mão, o olhar perdido em algum ponto distante, e Ana dançava despreocupada com Taís e Larissa, movendo-se com a mesma energia contagiante de antes, alheia à tensão que pairava no ar.

A luz estroboscópica refletia o suor dos corpos delas na pista, criando um efeito brilhante e efêmero a cada movimento, mas aquela visão, por mais hipnótica e vibrante que fosse, foi cortada abruptamente pela tensão fria que subiu pelas minhas costas, uma sensação de alerta percorrendo minha espinha. Isabel. A mãe de Rafael. E advogada pessoal de Saul Cohen. A simples menção do seu nome trazia consigo um peso de formalidade e poder, destoando completamente da atmosfera festiva da boate. O que ela queria comigo?


Atravessei os corredores internos da boate, onde o som abafado da música dava lugar a um silêncio mais denso, passei pelos camarins, onde vislumbres de figurinos e maquiagens espalhadas contavam a história da noite, e escritórios administrativos, com suas luzes fracas e pilhas de papéis, até chegar numa porta preta, sem nome, apenas uma plaquinha discreta: "Reservado", um aviso silencioso de que ali se tratavam assuntos importantes.

Bati duas vezes, o som seco ecoando brevemente no corredor.

— Entra. — A voz veio firme, quase fria, sem qualquer traço de cordialidade, apenas autoridade.

Abri a porta, a maçaneta gelada sob meus dedos.

O escritório era pequeno, elegante e minimalista, um contraste com a atmosfera vibrante lá fora. Prateleiras repletas de livros de direito, com lombadas desgastadas pelo uso constante, duas poltronas de couro, com marcas sutis de quem ali se sentara para decisões importantes, uma escrivaninha impecável, sem uma única folha fora do lugar. E atrás dela, Isabel.

Cabelos presos num coque apertado, realçando as linhas firmes do seu rosto, óculos na ponta do nariz, o olhar por cima das lentes avaliador e penetrante, blazer vinho sobre uma blusa preta justa que realçava seu corpo de maneira sutil, uma elegância discreta, mas inegável. Ela era o tipo de mulher que entrava numa sala e dominava sem levantar a voz, sua presença emanando controle e inteligência.

— Fecha a porta, por favor. — Ela tirou os óculos com um movimento lento e calculado e me olhou nos olhos como se lesse cada um dos meus pensamentos, uma intensidade que me fez engolir em seco.

— Alan disse que você queria falar comigo. — Falei, tentando parecer tranquilo, mas sentindo um nó se formar na garganta.

Ela se recostou na cadeira de couro, cruzando as pernas devagar, um gesto que denotava confiança e um certo poder.

— O que você pensa que está fazendo trazendo meu filho aqui? — Isabel disse olhando diretamente nos meus olhos, a dureza em sua voz cortando o ar, e então continuou — Aqui não é lugar para brincadeira, fedelho. O tom condescendente me atingiu como um aviso. Ela ficava ainda mais bonita brava, uma faísca de intensidade acendendo em seus olhos, me lembrava do nosso beijo, do sabor de sua boca, uma memória inesperada que surgiu em meio à tensão, eu já tinha ficado com a mãe do meu amigo e isso me excitava, uma corrente quente percorrendo meu corpo apesar da situação.

Ela se levantou e veio em minha direção, seus saltos finos marcando o chão com um clique seco. Por trás da cadeira, ela começou a massagear minhas costas, seus dedos firmes, mas surpreendentemente delicados, transmitindo uma ambiguidade perturbadora. Suas mãos delicadas, o esmalte cor de rosa, a cada toque minha rola pulsava mais e mais, uma reação involuntária e embaraçosa à sua proximidade.

— Você precisa entender com quem está lidando. — Ela falou em um tom quase conspiratório, a voz baixa e rouca roçando em meu ouvido. — O Saul não é apenas um dono de boate. Ele não é só um pai protetor ou um empresário judeu que gosta de dinheiro. Ele é... perigoso. A última palavra carregou um peso sombrio.

Fiquei em silêncio, a tensão em meus ombros aumentando sob seus dedos. Aquilo não era novidade total, as histórias sobre Saul corriam pela cidade, mas ouvir da boca da advogada — e da mãe do Rafael — dava um peso diferente, uma confirmação sombria dos rumores.

— Ele já fez desaparecer concorrentes, parceiros, até amigos. Se ele sentir que você está puxando mais luz do que deveria… você vira problema. E o Saul não tolera problema nenhum, entendeu? A ameaça, embora não explícita, era clara e arrepiante.

Ela se aproximou um pouco mais, seu perfume forte e elegante invadindo minhas narinas. O rosto dela estava sério, mas havia algo mais — talvez um tipo estranho de respeito, ou talvez uma manipulação calculada.

— Eu gosto de você, sinto atração por você - Isabel começou a tocar no meu pênis por cima da calça e o massageava bem devagar, seus movimentos calculados, testando meus limites. -Tome cuidado, você pode acabar machucando pessoas próximas a você, inclusive meu filho e eu nunca vou permitir isso- Isabel apertou a minha rola com força, a dor aguda me fazendo arfar, gritei de dor e então ela parou, o alívio repentino quase tão chocante quanto a dor.

Ela se levantou e abriu a porta de sua sala, o som da música da boate invadindo o escritório por um breve instante, se despedindo com um demorado beijo no meu rosto, seus lábios frios e firmes em minha bochecha, deixando uma marca invisível de advertência.


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Comentários


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sexgrafia Comentou em 07/04/2025

Belíssimo conto.




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Ficha do conto

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Nome do conto:
A Casa Noturna - Prazeres Psicodélicos - Parte 2

Codigo do conto:
232688

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
06/04/2025

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