Ao entrar, Michele encontrou um ambiente acolhedor e singelo, mas que parecia ter sido preparado com um cuidado especial. A cama de solteiro estava impecavelmente arrumada com um lençol branco de algodão e uma colcha florida delicada. A janela de madeira, pintada de branco, estava escancarada, permitindo que uma brisa suave da tarde invadisse o quarto, movendo as cortinas de tecido leve e transparente, criando um movimento ondulante e sutil. Ela depositou sua mala de rodinhas sobre a colcha macia e, finalmente, retirou os óculos escuros que escondiam seus olhos pensativos. A imagem de Flávio, com sua presença física marcante, permanecia vívida em sua mente, como uma gravação persistente.
Com um movimento lento e elegante, sentou-se na beirada da cama, cruzando as pernas com desenvoltura, fazendo com que o tecido fino de seu vestido se ajustasse suavemente às curvas torneadas de suas coxas. Um suspiro escapou de seus lábios, carregado de uma resignação melancólica. Ela se esforçava para trazer seus pensamentos de volta ao trabalho, à importante missão que havia se autoimposto com rigor: um ano inteiro de abstinência, uma barreira intransponível contra as tentações carnais. Mas aquele jardineiro... a imagem persistente dele com a jardineira parcialmente aberta, revelando o peito nu salpicado de gotas de suor brilhante sob a luz do sol, a definição de seus músculos a cada movimento — era quase como se o universo conspirasse para testar sua resolução, uma provocação viva e pulsante. Havia algo de visceral e autêntico emanando dele, um charme rústico e despretensioso que a atingia em um nível primal, fazendo um tremor percorrer sua espinha e acender um fogo perigoso em sua buceta, ela estava completamente ensopada.
“Não posso... não posso fazer isso...”, murmurou Michele para o travesseiro macio, a voz abafada pela negação, mas seu corpo a traía, pulsando em um ritmo frenético e desconhecido. Era como se cada fibra de seu ser, cada célula nervosa, gritasse silenciosamente o nome daquele homem que mal conhecia. Com um abandono quase desesperado, ela se jogou sobre a cama, o vestido subindo ligeiramente acima dos joelhos. Mordeu o lábio inferior com força, os olhos cerrados em uma tentativa vã de bloquear a torrente de sensações que a invadia, de se desligar daquele desejo crescente que a consumia por dentro.
Em um movimento quase involuntário, sua mão direita deslizou por baixo do tecido do vestido, encontrando a familiar umidade que a denunciava. Seus dedos hesitantes tocaram a entrada de sua vagina, que latejava em antecipação, mais do que molhada. Ali, naquele quarto estranho e acolhedor daquela pensão gentil, iniciava sua primeira masturbação desde que chegara. A imagem de Flávio era o combustível, o único pensamento que nublava sua mente: a pele branca levemente avermelhada pelo sol, o motivo de seu tormento, o fogo incontrolável que ardia em seu baixo ventre. Em um ato de autoengano, Michele tentava se convencer de que masturbação não era sexo, que não quebrava sua promessa. Mas a verdade brutal era que sua mente estava obcecada por uma única coisa: pica. A pica rústica e viril do jardineiro, a textura imaginada de sua pele, o calor que ela nunca havia experimentado, mas que seu corpo ansiava desesperadamente.
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Do outro lado da pensão, na área movimentada da recepção, Rubens observava Marisa com uma intensidade disfarçada sob uma máscara de profissionalismo. Ela estava absorta em uma conversa animada com Gisele, a cozinheira de sorriso fácil, enquanto juntas davam os toques finais na organização das acomodações dos hóspedes. A brisa suave que entrava pelas janelas abertas fazia o vestido verde de Marisa se moldar ainda mais às suas curvas, realçando sua silhueta elegante a cada movimento. A forma como ela se movia, com uma combinação de graça e determinação, capturava a atenção de Rubens de uma maneira surpreendente e inédita para ele.
Até então, Rubens nunca havia sentido uma atração genuína por mulheres mais experientes. Seus interesses românticos sempre gravitavam em torno de jovens da sua idade ou um pouco mais novas. No entanto, havia algo inegável em Marisa que o desarmava, quebrando suas preferências anteriores. Não era apenas a beleza física bem preservada, a forma como ela cuidava de seu corpo. Era a sua presença magnética, a aura de confiança que a envolvia. A autoridade suave com que conduzia a pensão, o respeito e a admiração que emanavam dos outros funcionários em sua direção. Marisa não era apenas uma mulher bonita; ela irradiava poder, uma força tranquila que comandava o ambiente sem precisar de palavras. Essa constatação o excitava de uma maneira completamente nova, despertando nele sensações e fantasias que nunca havia experimentado antes.
Inconscientemente, Rubens mordeu discretamente o canto da boca, a mente vagando por um território proibido. Imaginou-se desfazendo o zíper invisível daquele vestido verde, vendo os cabelos castanhos de Marisa se soltarem em ondas suaves ao redor de seus ombros, sentindo a respiração quente dela roçar em seu ouvido enquanto sussurrava palavras inaudíveis. A intensidade da fantasia o deixou momentaneamente sem ar, o coração acelerado. Por um instante de completa distração, quase deixou a prancheta com as anotações dos quartos escorregar de suas mãos, caindo ruidosamente no chão de madeira. Uma onda de curiosidade ousada o invadiu: como seriam os seios daquela mulher poderosa sob o tecido fino? Será que ele, um jovem assistente de tribunal, seria capaz de corresponder à intensidade de um mulherão como Marisa? A dúvida e o desejo se misturavam em sua mente, criando uma tensão excitante e perturbadora.
Marisa, com a sagacidade de quem já viveu o suficiente para decifrar olhares e intenções, percebeu a fixidez do olhar de Rubens. Ela não era ingênua; sabia perfeitamente quando estava sendo observada com intensidade, quando sua presença despertava o desejo alheio — e, para ser honesta, aquela atenção a agradava profundamente. Com uma desenvoltura calculada, passou por ele lentamente, seus passos leves e elegantes, o perfume floral suave que usava preenchendo o espaço entre os dois com uma fragrância delicada e inebriante. Ao se aproximar, seus lábios se curvaram em um sorriso mínimo, quase imperceptível, mas carregado de significado, um aceno sutil, como quem diz: "Eu sei exatamente o que você está pensando." Seus olhos encontraram os dele por uma fração de segundo, transmitindo uma mensagem silenciosa de reconhecimento e talvez até uma pitada de desafio.
Rubens engoliu em seco, sentindo o nó na garganta. Aquele breve contato visual, o sorriso enigmático e a aura de Marisa o atingiram como uma descarga elétrica. Aquela mulher, com sua beleza madura e sua confiança inabalável, estava mexendo com ele de uma forma que ele jamais poderia ter previsto, despertando nele um turbilhão de emoções e fantasias proibidas. A compostura que ele tanto se esforçava para manter no ambiente profissional começava a ruir sob o peso daquela inesperada atração.
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Michele, sentindo a garganta seca após a turbulência de seus pensamentos, decidiu descer as escadas em busca de um copo d’água. Ao chegar ao hall de entrada, deparou-se novamente com Flávio. A cena agora era diferente da anterior no jardim: a jardineira havia desaparecido, revelando seus ombros largos e braços musculosos cobertos por uma regata branca um tanto desbotada. Uma bermuda jeans gasta completava seu traje casual. Ele estava concentrado em sua tarefa, passando um pano úmido no chão de ladrilho, seus movimentos firmes e eficientes, alheio à presença de Michele que parou discretamente, alguns metros de distância, para observá-lo.
Os olhos de Michele percorreram cada detalhe de sua figura com uma intensidade quase predatória. Os braços fortes, com as veias saltadas sob a pele bronzeada, o movimento rítmico dos músculos enquanto esfregava o chão, o pescoço largo e viril que sustentava uma cabeça de cabelos castanhos um pouco úmidos de suor. De repente, como se sentisse o peso de seu olhar, Flávio ergueu os olhos e seus olhares se encontraram. Um sorriso espontâneo e genuíno iluminou o rosto de Flávio, revelando dentes brancos e um vinco suave ao redor dos olhos. No instante em que seus olhos se cruzaram com aquele sorriso desarmador, Michele sentiu um calor súbito e inegável invadir suas entranhas, um incêndio silencioso que se espalhava por todo o seu corpo.
— Precisa de ajuda com alguma coisa? — perguntou Flávio, interrompendo sua tarefa e limpando as mãos úmidas na lateral da bermuda, o olhar curioso e prestativo fixo em Michele. A simplicidade da pergunta contrastava com a complexidade dos sentimentos que ela lutava para controlar.
— Eu... só vim beber água — Michele conseguiu articular, embora sua voz soasse um pouco mais rouca e hesitante do que pretendia. Ela forçou uma risada breve e nervosa, na vã tentativa de disfarçar o verdadeiro motivo de sua descida. — Mas... talvez eu precise de uma pequena ajuda para me localizar melhor por aqui. Você se importaria de me mostrar o resto da pensão? Assim, não me perco depois.
Flávio ergueu uma sobrancelha, um misto de curiosidade e um brilho divertido nos olhos. O sorriso em seu rosto se alargou um pouco mais, como se tivesse captado uma nuance além do pedido literal.
— Claro, senhorita. Será um prazer mostrar a você os cantos e recantos da nossa humilde morada — respondeu ele com uma gentileza natural, inclinando levemente a cabeça em um gesto convidativo.
E assim, os dois se afastaram da área da recepção, caminhando lado a lado pelos corredores da pensão. Os olhos de Michele ardiam com um desejo crescente e inegável, fixos nas costas largas de Flávio enquanto ele a guiava. Seu corpo estava inquieto, cada fibra vibrando em resposta à proximidade dele, ao aroma terroso e levemente suado que emanava de sua pele, um cheiro que, paradoxalmente, a atraía como um imã. O passeio pela pensão mal havia começado, mas para Michele, já prometia ser muito mais do que uma simples apresentação das instalações. Uma nova e intensa dinâmica acabava de se iniciar entre eles, carregada de uma eletricidade silenciosa e de possibilidades excitantes.
Já quero a continuação!