Equipe Júridica - A Pensão - Parte 4



Com o coração pulsando forte contra as costelas, Michele atravessou a soleira da porta do quarto vazio, seguindo os passos lentos e hesitantes de Flávio. O silêncio dentro do aposento era quase ensurdecedor, quebrado apenas pelo som abafado dos sapatos dele no chão de madeira e pela respiração um pouco mais acelerada que ele se esforçava para controlar.

— Então... este é o famoso quarto mais bonito? — ela indagou, sua voz um fio de sussurro enquanto se virava lentamente para encará-lo, os olhos curiosos percorrendo o ambiente simples, mas com uma inegável aura de tranquilidade.

— Absolutamente. Não tenho a menor dúvida — respondeu Flávio, seus olhos escuros fixos nela com uma intensidade admiradora, como se cada curva de seu corpo, cada traço de seu rosto fosse uma obra de arte singular. Sua voz grave soou ainda mais baixa, carregada de uma rouquidão sensual. — Mas... acho que hoje, com você aqui, ele está ainda mais... especial.

Michele sentiu um sorriso quente se espalhar por seus lábios, quase cedendo àquele charme desarmador, mas em um último esforço de autocontrole, desviou o olhar, fixando-o em um ponto qualquer da parede. Ela se apoiou na cômoda de madeira escura, cruzando os braços sobre o peito em uma tentativa inconsciente de criar uma barreira física e emocional, buscando desesperadamente retomar o controle daquela situação que escalava rapidamente.

— E você, Flávio... — ela começou, sua voz agora um pouco mais firme, tentando soar casual — costuma usar essas cantadas baratas com todas as hóspedes que se hospedam por aqui?

— Cantadas? — ele repetiu, um sorriso divertido dançando em seus lábios. — Não, senhorita. Digamos que... só com aquelas que têm o poder de me deixar assim... meio sem ar, sabe?
— Ele se aproximou mais um passo, a distância entre eles quase desaparecendo. Com uma lentidão calculada, seus dedos roçaram levemente a pele de seu braço, um toque suave e fugaz, mas carregado de uma eletricidade inegável, como quem testa os limites de um campo magnético invisível.

Michele sentiu um arrepio percorrer sua espinha, sua pele eriçando sob o contato leve. Havia algo nele que a desarmava completamente. Ele era intenso, direto em suas intenções, mas sua abordagem possuía uma autenticidade que a impedia de considerá-lo vulgar. Essa combinação perigosa a deixava ainda mais vulnerável à sua investida. Ela inspirou profundamente, enchendo os pulmões de ar, uma batalha silenciosa travada em seu interior entre a razão e o desejo avassalador.

— E você? — ele perguntou, a voz agora carregada decuriosidade , os olhos fixos nos dela. — Vocês chegaram como um exército, uma verdadeira frota de SUVs pretas, cercados por seguranças com olhares duros e aquele senhor de terno, o tal juiz... Confesso que a estrutura toda parece um tanto excessiva para o que imaginei ser uma simples visita. Qual o verdadeiro motivo dessa expedição? O que exatamente vocês estão fazendo por aqui?

Michele sentiu um calafrio percorrer sua espinha, o sorriso vacilou por uma fração de segundo, denunciando sua surpresa. Ele havia percebido. Sua fachada de desinteresse não o enganara. Ele era observador, perspicaz, muito mais inteligente do que a primeira impressão sugeria.

— Trabalho. — respondeu com uma concisão quase cortante, a voz firme, desprovida de qualquer traço de cordialidade. Com um movimento sutil, elegante, desvencilhou seu braço do toque dele, estabelecendo uma barreira física entre os dois. — Apenas e estritamente trabalho.

— Um trabalho que demanda a presença ostensiva de homens armados? — ele insistiu, o tom agora impregnado de uma ponta de desafio, os lábios curvados em um sorriso intrigante. — Que tipo de ocupação profissional requer um aparato de segurança tão... imponente?

— O tipo de trabalho cujos detalhes não são apropriados para discussões com pessoas que acabamos de conhecer. — Ela retribuiu o sorriso, mas a frieza em seus olhos era como gelo, um aviso claro de que a conversa havia chegado ao limite de sua tolerância. Era um sorriso que não convidava à intimidade, mas que, pelo contrário, erguia muros invisíveis.

Flávio captou a mensagem com clareza. A aura de inacessibilidade que emanava dela era quase palpável. Contudo, a advertência não pareceu intimidá-lo. Pelo contrário, um brilho travesso acendeu em seus olhos, e o sorriso em seus lábios se intensificou, revelando um interesse ainda maior. Ela era um enigma, uma fortaleza a ser conquistada, e ele, aparentemente, apreciava desafios.

— Entendo perfeitamente. Confesso que sempre fui um apreciador de segredos. — disse ele, dando um passo cauteloso em sua direção, diminuindo a distância entre eles até que sua respiração quente roçasse a orelha dela. A voz agora era um sussurro rouco, carregado de uma promessa implícita. — Mas tenha certeza de uma coisa, Michele... um dia você vai me contar tudo. Nem que seja no silêncio da noite, sussurrando cada detalhe em meu ouvido.

Michele sentiu um tremor percorrer cada fibra de seu corpo, desde a ponta dos dedos até a raiz dos cabelos. Um calor súbito a invadiu, e por um breve e perigoso instante, a impulsividade gritou dentro dela, implorando para que ignorasse a razão e o puxasse para perto, para sentir o toque da pele dele, o calor de seu corpo contra o seu. A proximidade de Flávio havia despertado uma corrente elétrica adormecida, uma química inegável que a pegou de surpresa, desestabilizando sua compostura habitual.

Com um esforço quase físico, reprimiu o desejo avassalador. Endireitou a postura, ergueu o queixo em um gesto de autocontrole e se virou bruscamente, evitando prolongar o contato visual que parecia incendiar seus sentidos.

— Acho melhor eu voltar. — Sua voz saiu um pouco mais baixa do que pretendia, denunciando o turbilhão de emoções que a assolava. Forçou um sorriso breve e formal. — Obrigada pela apresentação, Flávio. Foi... interessante.

E sem esperar por uma resposta, afastou-se rapidamente. Seus passos ecoavam ligeiramente no chão de madeira enquanto ela se distanciava, tentando desesperadamente deixar para trás a intensidade do olhar dele, o aroma sutil e inebriante que ainda pairava no ar, e principalmente, a perturbadora e inegável pulsação de desejo que teimava em vibrar entre suas pernas, uma lembrança física da proximidade proibida. Cada passo a afastava fisicamente, mas a sensação da presença de Flávio parecia grudada à sua pele, um lembrete constante do encontro inesperado e da atração perigosa que ele havia despertado.


_____

Na sala que agora parecia menor sob o peso daquele olhar fixo, Gisele continuava sua tarefa de limpeza, mas o ritmo antes ágil havia se transformado em lentos e hesitantes movimentos. A sensação de estar sendo observada era quase física, um calor sutil na nuca que a fazia sentir-se vulnerável. Inquieta, finalmente cedeu à crescente sensação e girou sobre os calcanhares, o pano de limpeza ainda em mãos. Seus olhos encontraram a figura imponente do juiz Almeida, parado como uma estátua de autoridade, os braços cruzados sobre o peito largo. Seu olhar era intenso, perscrutador, como se estivesse tentando decifrar cada detalhe de sua presença ali, cada movimento seu ganhando uma importância inesperada.

— Terminei aqui, doutor — conseguiu dizer Gisele, a voz pretendendo soar profissional e distante, mas quebrando em uma suavidade quase inaudível, denunciando seu nervosismo crescente.

Um breve silêncio pairou no ar, carregado da eletricidade daquele contato visual prolongado. Então, a voz grave e aveludada de Almeida rompeu o silêncio, cada palavra pronunciada com uma firmeza que não admitia réplica. — Você é eficiente. — Houve uma pequena pausa antes da segunda observação, dita com uma intensidade que fez o coração de Gisele acelerar. — E encantadora.

O elogio inesperado a atingiu como uma onda de calor, fazendo o rubor subir por suas bochechas e a obrigando a desviar os olhos, buscando refúgio no chão polido. A aproximação dele foi lenta, deliberada, cada passo encurtando a distância entre eles e aumentando a palpável tensão no ambiente. Primeiro um passo, o som discreto de seus sapatos de couro ecoando no silêncio, depois outro, até que ele estava perigosamente perto. Gisele podia agora sentir o calor emanando de seu corpo, e o aroma sofisticado e amadeirado de seu perfume caro invadiu suas narinas, um cheiro inebriante que a deixava ainda mais perturbada e consciente de sua proximidade.

— Uma mulher como você... — a voz de Almeida era um sussurro rouco agora, ainda carregado de autoridade, mas com uma nova camada de sugestão que fez o corpo de Gisele estremecer levemente — deveria estar fazendo mais do que limpar salas.

Ela mordeu o lábio inferior, a pele macia entre os dentes, um gesto involuntário de nervosismo e crescente confusão. As palavras dele pairavam no ar, carregadas de um significado implícito que ela hesitava em decifrar. O coração batia descompassado contra suas costelas, um ritmo frenético que ecoava o turbilhão de emoções dentro dela. Nunca um homem como aquele — com a aura inegável de status, a voz que parecia ditar leis, o olhar que a desnudava sem tocá-la — havia dedicado a ela tamanha atenção, um olhar tão carregado de... algo mais. Era palpavelmente diferente dos olhares casuais, dos cumprimentos formais. Ele possuía uma presença magnética, uma força silenciosa que emanava dele, poder. E poder era um fogo sutil que sempre a atraíra, uma faísca de curiosidade em sua alma.

— O senhor quer... que eu faça outra coisa? — perguntou Gisele, a voz agora quase um fio, hesitante, mas carregada de uma curiosidade cautelosa. Seus olhos se ergueram novamente para encontrar os dele, buscando uma resposta na profundidade escura de suas pupilas.

O juiz não respondeu de imediato. O silêncio se estendeu, denso e carregado de expectativa. Os olhos de Almeida percorreram o corpo de Gisele lentamente, demoradamente, cada instante parecendo uma eternidade. Era um olhar possessivo, avaliador, como se ele estivesse considerando todas as possibilidades, decidindo se a tomaria ali mesmo, naquele instante, sem se importar com o local ou as convenções.

— Talvez — disse por fim, a sombra de um sorriso curvando seus lábios firmes. Era um sorriso enigmático, que não alcançava seus olhos penetrantes. — Você teria coragem de dizer não para um homem como eu?

Um arrepio frio e excitante percorreu a espinha de Gisele, eriçando os pequenos pelos de seus braços. Aquele homem exalava perigo, uma aura de controle absoluto que a intimidava e, paradoxalmente, a fascinava. Era uma dança perigosa que ele estava propondo, uma beira de precipício onde a razão vacilava. Mas, em meio ao medo, pulsava uma inegável tentação, a promessa proibida de algo desconhecido e talvez... excitante.


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sexgrafia Comentou em 10/04/2025

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Ficha do conto

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Nome do conto:
Equipe Júridica - A Pensão - Parte 4

Codigo do conto:
232901

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
09/04/2025

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2

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