No pequeno quarto alugado, a cama de solteiro parecia um forno para Michele. Ela se revirava entre os lençóis finos e já úmidos de suor, buscando uma posição que lhe trouxesse algum alívio do calor opressivo que parecia emanar de seu próprio corpo. Mas o frescor era elusivo, constantemente dissipado pelas imagens persistentes que assaltavam sua mente. A visão de Flávio sem camisa, a pele bronzeada salpicada de gotas de água, o calor do toque de seus dedos em sua mão, o sussurro rouco e carregado de promessas em seu ouvido… cada detalhe voltava com uma intensidade avassaladora, reacendendo a chama do desejo que ela tentava em vão apagar. Inquieta, apertou as pernas com força, na vã tentativa de conter as ondas de calor e a pulsação crescente entre suas coxas. A fina calcinha de algodão já estava úmida, a umidade quente começando a ensopar o tecido leve do shorts do pijama, denunciando a excitação que a dominava.
De repente, no meio daquele turbilhão de sensações, um som suave e inesperado rompeu o silêncio do quarto: uma batida hesitante e quase inaudível na porta.
Michele sobressaltou-se na cama, o coração dando um salto repentino no peito. A batida suave, quase um arranhão na madeira, a pegou desprevenida, rompendo o fluxo de suas fantasias. Uma onda de expectativa e nervosismo a invadiu enquanto se levantava num impulso hesitante, as pernas ainda bambas pela excitação anterior. Caminhou lentamente até a porta, cada passo amplificado pelo silêncio da noite, e girou a maçaneta com cuidado, abrindo-a apenas uma estreita fresta a princípio. Seus olhos encontraram a figura familiar que sua mente tanto evocara. Era ele.
Flávio estava ali, parado no corredor mal iluminado, encostado displicentemente no batente da porta. Seus pés estavam descalços sobre o chão frio, e vestia apenas uma camiseta fina de algodão que delineava seus ombros largos e o início de seus músculos peitorais. A pouca luz do corredor lançava sombras suaves em seu rosto, mas não obscurecia o mesmo olhar intenso e ardente que a havia perturbado mais cedo, um olhar que agora parecia ainda mais carregado de uma promessa silenciosa.
— Desculpa te incomodar, mas... — ele começou, a voz um sussurro rouco que ecoava no silêncio da noite. Um sorriso de lado curvou seus lábios, um sorriso que parecia guardar um segredo compartilhado. — Fiquei sem sono. Pensei que talvez você também estivesse.
As palavras eram simples, quase casuais, mas o tom e a intensidade de seu olhar diziam muito mais. Michele sentiu a respiração falhar por um instante. Sua mente lutava para formular uma resposta coerente, mas as palavras pareciam presas em sua garganta. Em vez de falar, apenas abriu um pouco mais a porta, um gesto silencioso e carregado de permissão, convidando-o para o santuário de seu pequeno quarto, para o território incerto de seus desejos.
Flávio adentrou o quarto, seus olhos percorrendo a penumbra, capturando os contornos da cama desarrumada e a silhueta hesitante de Michele. Ela girou a chave na fechadura com um clique suave, selando-os naquele pequeno espaço, isolados do resto da pensão adormecida. No instante em que se voltaram um para o outro, a tensão que pairava entre eles desde o primeiro olhar finalmente se materializou, explodindo em um reconhecimento mútuo e inegável. Ele a puxou pela cintura com uma firmeza possessiva, mas com uma lentidão que intensificava a expectativa. Seus corpos se encaixaram como duas metades há muito separadas, buscando o encaixe perfeito que seus olhares ansiavam desde o primeiro encontro.
— Você me enlouquece, Michele — ele sussurrou roucamente em seu ouvido, a respiração quente roçando sua pele antes de seus lábios encontrarem os dela em um beijo faminto.
Foi um beijo incandescente, profundo e urgente, uma torrente de desejo reprimido que finalmente encontrava vazão. As mãos de Flávio deslizaram pelas costas de Michele, apertando suas curvas com possessividade, sentindo a tremer em seus braços. Um gemido baixo e incontrolável escapou dos lábios dela, uma rendição silenciosa ao fogo que a consumia. A promessa de abstinência, feita a si mesma horas antes, evaporava a cada toque, desintegrando-se como poeira soprada pelo vento da paixão.
Com um movimento lento e deliberado, Michele o empurrou suavemente até a beira da cama, sentando-se sobre ele com as pernas firmemente entrelaçadas em sua cintura. Seus corpos agora eram a linguagem que as palavras hesitavam em expressar durante todo o dia, um diálogo silencioso de anseio e entrega.
Os beijos intensos e as carícias exploratórias foram o catalisador para a quebra da promessa de Michele. Em pouco tempo, ela estava sentada firmemente sobre o corpo forte de Flávio, as mãos agarradas em seus ombros largos, as unhas arranhando levemente suas costas em meio aos suspiros ofegantes. Flávio, por sua vez, parecia disposto a investir toda a sua energia naquela noite incandescente, absorvendo a saudade reprimida de Michele com cada toque e gemido. Ele cumpriu sua missão com uma entrega total, correspondendo à intensidade dela em uma dança de corpos que ele nunca havia vivido antes em sua vida.
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Gisele, com o coração acelerado, percorreu o corredor da outra ala da pensão. A cada passo, o murmúrio distante da chuva contra as janelas parecia ecoar seus próprios pensamentos turbulentos. Parou diante da porta de madeira escura, a placa discreta indicando "Dr. Almeida". Uma respiração profunda, quase um suspiro hesitante, precedeu a leve batida em madeira.
A porta rangeu suavemente ao se abrir, revelando a figura imponente do juiz Almeida. A luz fraca do abajur ao lado da cama delineava seus contornos, destacando o brilho do cetim escuro do robe que vestia. Em uma das mãos, um copo de uísque âmbar cintilava, refletindo a luz tênue. Seus olhos escuros percorreram Gisele de cima a baixo, uma expressão indecifrável neles.
— Entrei para ver se o senhor precisava de algo — disse Gisele, sua voz habitualmente suave agora carregando uma doçura calculada, quase melíflua. Seus olhos, fixos nos do juiz, brilhavam com uma intensidade que contradizia a aparente inocência de suas palavras, entregando a intenção oculta por trás daquela visita noturna.
Um leve sorriso curvou os lábios do juiz. — Preciso sim — respondeu ele, a voz grave e rouca preenchendo o silêncio do corredor. Com um gesto lento da mão, abriu mais a porta, convidando-a a entrar naquele espaço carregado de uma tensão palpável.
O quarto exalava uma atmosfera densa e abafada. O cheiro característico de madeira antiga se misturava a um perfume masculino forte e adocicado, criando uma aura inebriante. A luz baixa do abajur lançava sombras dançantes nas paredes, obscurecendo detalhes e intensificando a sensação de intimidade. Assim que a porta se fechou com um clique suave, aprisionando-os naquele refúgio isolado, o juiz se moveu com uma lentidão calculada, encurralando Gisele entre seu corpo e a porta. Seu olhar fixo no dela era como um toque físico, carregado de expectativa e um desejo inegável.
Gisele manteve o contato visual, o rubor começando a colorir suas bochechas, mas sem desviar o olhar. Ela sentia o tremor sutil que percorria seu corpo, uma mistura de excitação e apreensão. Ela sabia o que ele queria, a leitura clara em seus olhos famintos. E, no fundo, uma parte dela, a parte que a trouxera até ali, queria dar.
— Você sabe o que está fazendo? — ele sussurrou, a voz ainda mais baixa, quase um roçar contra o ar. A proximidade era quase insuportável, seus corpos a centímetros de se tocarem, o calor emanando de ambos preenchendo o espaço entre eles.
Um sorriso pequeno e enigmático curvou os lábios de Gisele. Ela ergueu o olhar, encarando-o com uma ousadia crescente. — Eu sei exatamente o que estou fazendo, doutor. E... o senhor também sabe, não é? — A pergunta pairou no ar, carregada de uma cumplicidade perigosa e da promessa de um segredo compartilhado.
O sorriso do juiz se alargou, tingido de uma satisfação lasciva diante da ousadia que emanava de Gisele. Seus dedos firmes, porém surpreendentemente delicados, levantaram o queixo dela, inclinando seu rosto para que pudesse examiná-lo com a intensidade de um colecionador diante de uma peça rara, avaliando cada curva, cada sombra, cada traço que a compunha. Havia um brilho possessivo em seus olhos escuros.
— Então tire essa roupa — ordenou ele, a voz agora carregada de uma rouquidão excitada. — Devagar. Quero apreciar cada instante.
Gisele obedeceu sem hesitação, seus movimentos lentos e deliberados, quase uma dança silenciosa sob o olhar faminto do juiz. A blusa de tecido leve escorregou por seus ombros, revelando a pele morena e macia. Em seguida, a saia caiu suavemente aos seus pés, um sussurro de tecido no silêncio do quarto. A luz bruxuleante do abajur banhava seu corpo em tons dourados, realçando suas curvas generosas e a plenitude de sua forma. Seus seios, firmes e com os bicos já endurecidos pela excitação, pareciam clamar por um toque, atraindo o olhar do juiz como um imã.
Ele a observava com uma intensidade voraz, os olhos percorrendo cada centímetro de sua pele exposta com um prazer quase predatório, demorando-se nas curvas de sua cintura, no arco de seus quadris, na sensualidade de suas coxas. Havia uma admiração crua em seu olhar, misturada a um desejo incontido.
Quando a última peça de roupa tocou o chão, Gisele deu um passo à frente, aproximando-se dele com uma confiança surpreendente. O juiz estendeu os braços, envolvendo-a em um abraço possessivo, seus dedos cravando-se levemente em sua pele. Guiou-a em direção à cama com uma determinação silenciosa, como quem finalmente assume a posse de algo que há muito considerava seu por direito.
A noite que se seguiu foi um turbilhão de sussurros roucos, toques ávidos e respirações ofegantes. Gisele não se limitou a satisfazer os desejos do juiz; ela se entregou por completo àquele encontro proibido, explorando cada sensação com uma intensidade surpreendente. Seus gemidos ecoavam pelo quarto abafado, carregados de um prazer que parecia consumi-la por inteiro, pronunciando o nome dele como se ele fosse a única ancora em um mar de volúpia. Cada toque, cada beijo, cada entrega a fazia sentir-se estranhamente pertencente àquele momento, àquele homem, naquele quarto banhado pela luz da lua crescente. A madrugada avançou, tecendo uma tapeçaria de paixão e segredos compartilhados entre as paredes daquele quarto de pensão.
O cansaço bom da entrega preencheu o corpo de Gisele. Seus membros relaxados se aninharam ao lado do corpo ainda tenso do juiz. A respiração antes ofegante agora era um suspiro lento e satisfeito. O silêncio pós transa pairou no ar por breves instantes, quebrado apenas pelo som suave da chuva lá fora.
O juiz, com um movimento lento e calculado, pegou a caixa de charutos sobre a mesa de cabeceira. Acendeu um, a chama breve iluminando seus traços pensativos antes de se dissipar, deixando apenas a ponta incandescente brilhar na penumbra. A fumaça densa e aromática começou a dançar no ar, envolvendo-os em uma nuvem efêmera. Ele tragou profundamente, o olhar fixo no teto, como se ponderasse algo importante.
Finalmente, sem desviar o olhar do teto, falou em um tom baixo e rouco, a voz carregada de uma intensidade que surpreendeu Gisele. Era um tom diferente do comando lascivo de minutos antes, agora havia uma nota de seriedade, quase de confidência.
— Você tem muito mais valor do que imagina, Gisele. — Ele virou a cabeça lentamente, seus olhos escuros encontrando os dela, avaliando-a com uma intensidade renovada. Havia algo novo ali, uma promessa velada por trás daquelas palavras. — E eu vou te mostrar isso... aos poucos.
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Já passava das duas da manhã quando Rubens saiu silenciosamente de seu quarto. Seus passos eram cuidadosos, quase felinos, como se já soubesse que estava fazendo algo proibido. A porta do quarto de Marisa estava entreaberta, como se o esperasse. Ele não resistiu.
Marisa estava de costas, vestida apenas com um robe de seda vinho que deixava as curvas generosas em evidência. O cabelo preso com descuido e a pele iluminada pela luz tênue do abajur criavam uma imagem de pura tentação.
— Eu sabia que você viria — disse ela, sem se virar.
Rubens sorriu, fechando a porta atrás de si.
— E você sabia que eu viria porque...?
— Porque homens como você não resistem a mulheres como eu — respondeu, se virando lentamente.
O olhar dele ficou vidrado. Marisa caminhou até ele, desatando o robe e deixando-o escorregar pelos ombros até cair no chão. Totalmente nua, seus olhos seguravam uma fome silenciosa. Os seios enormes daquela senhora, a disposição que ela estava para dar para aquele nerd era enorme. Os bicos apontados para o alto.
Rubens a agarrou com força. A boca encontrou a dela com voracidade. As mãos tatearam o corpo maduro, quente, desejoso. Marisa o conduziu até a cama com firmeza. Ali, ela não era só uma anfitriã. Era uma mulher que sabia exatamente o que queria — e como queria.
— Me mostra do que é capaz, garotinho. — sussurrou no ouvido dele, provocando.
Rubens, ansioso por impressioná-la, se entregou completamente. Beijou, tocou, mordeu. Marisa gemeu alto, pedindo mais, e ele deu. A cama rangia, as respirações ofegantes preenchiam o quarto, e o suor misturava os corpos em uma dança crua e sem censura.
Marisa gemia como se estivesse renascendo. Rubens, tomado pelo desejo, parecia outro homem — mais seguro, mais ousado. Satisfez cada desejo dela, em todas as formas, em todas as posições. E no fim, ela o puxou contra seu corpo, rindo baixinho, vitoriosa.
— Você foi melhor do que eu esperava, Rubens.
Ele sorriu, deitado ao lado dela, exausto, mas satisfeito.
— E eu espero ter sido inesquecível.
Ela se levantou lentamente, pegando o robe do chão e o vestindo com elegância.
— Ah, você foi. — respondeu, andando até um pequeno armário no canto do quarto.
Rubens ficou observando curioso, até que ela puxou uma alavanca escondida e o armário se abriu, revelando um painel de monitores.
Rubens sentou na cama, confuso, surpreso... e depois chocado.
As telas mostravam vários cômodos da pensão. Ele viu claramente Michele com Flávio no quarto... os dois juntos, entre beijos e movimentos intensos. Viu também o juiz Almeida com Gisele, o corpo dela se curvando sobre ele, os gemidos abafados pelas paredes.
Rubens ficou boquiaberto.
— O que é isso?
— É a minha pensão. E eu gosto de saber o que acontece dentro dela — disse Marisa com um sorrisinho malicioso, sem o menor constrangimento. Ela não se importava com o babaca do Rúbens, ela poderia acabar com ele.
Rubens sentiu um arrepio na espinha. Estava nu, vulnerável, diante de uma mulher que tinha controle de tudo. Marisa se aproximou mais uma vez, sentando ao lado dele e deslizando os dedos pelo seu peito.
— Agora que sei do que é capaz... talvez eu te use mais vezes.
Ele engoliu seco, sem saber se estava sendo ameaçado... ou premiado.
Seu conto é viciante!