— Café pronto, *tia*? — perguntou sem virar, voz rouca de sono. A palavra *tia* já não soava como parentesco, mas como uma chibata.
— Quase… — respondi, ajustando o roupão que ele detestava.
Antes que pudesse pegar a xícara, suas mãos cercaram minha cintura. O cheiro de mar e desejo impregnou meu pescoço.
— Você tá usando aquela calcinha de renda que eu odeio — rosnou, mordiscando minha orelha. Uma de suas mãos deslizou para dentro do roupão, rasgando o tecido frágil com um puxão. — Já avisei. Aqui dentro, você é *minha*.
O café queimou no fogão enquanto ele me virava contra a pia, entrando em mim com uma só investida. Meus dedos agarravam a borda de granito, tentando não gemer alto demais.
— A… a sua mãe ligou… — consegui articular entre os empurrões.
Ele riu, o ritmo acelerando.
— E você atendeu? — Suas mãos apertaram meus seios com força calculada. — Imaginou ela ouvindo? A irmãzinha perfeita transando com o próprio sobrinho…
A punição veio antes do orgasmo – uma palmada forte nas nádegas que me fez gritar. Lucas cobriu minha boca com a palma suada, sussurrando:
— Quietinha. Vai acordar os vizinhos…
***
À tarde, enquanto ele limpava o terreno (camisa aberta, jeans caído nos quadris), eu levava suco gelado. Seus dedos sujos de terra me puxaram pelo colar de pérolas falsas – presente dele, com fecho de trava que só ele abria.
— Tá com saudade? — provocou, deslizando o copo gelado entre meus seios.
— Lucas, não… Ela pode chegar a qualquer —
O beijo interrompeu minha frase. Sabor ácido de laranja e poder. Ele me levantou como um brinquedo, sentando-me sobre a mesa
— Deixa ela vir — desafiou, abrindo meu vestido de alça única. — Quero que ela veja o que você é.
A ameaça era mentira. Sabíamos. A mãe dele, minha irmã mais velha, vinha toda terça-feira para ver se ele estava se comportando Chegava às 15h07, batia três vezes na porta. Lucas cronometrava cada encontro:
— Você tem até as 14h55 para me deixar louco — ordenava, deitando-me na rede da varanda com um olhar que derretia minha resistência.
***
Às 23h17, com a casa cheia de sombras e o mar rugindo lá fora, Lucas me acordava com suas mãos em meu pescoço ele sabia momento exato de parar antes que perde-se a consciência
— Sonhou com ele de novo? — perguntou, voz carregada de ciúme primitivo.
— Com quem? — menti, virando-me sob os lençóis.
A lâmina parou na minha jugular. Seus olhos brilhavam no escuro.
— Com o *outro*. Aquele coroa da livraria que te olhou hoje.
Surpresa me fez rir nervosamente. Ele passara a tarde todo no telhado consertando telhas.
— Você me… *vigia*?
Em resposta, Lucas amarrou meus pulsos com o cinto de couro que usara no jantar. Seus lábios percorreram meu corpo como um carrasco irado, extraindo promessas e gemidos. Quando finalmente me permitiu gozar, eram 3h44 e eu chorava de exaustão doce.
— Você é minha vadia de estimação — sussurrou, lambendo minhas lágrimas. — Minha. Só. Minha.
***
Na quarta-feira, enquanto lavava suas roupas íntimas (ele proibira-me de usar a máquina – "quero seu cheiro em mim o dia todo"), encontrei o bilhete no bolso do jeans rasgado:
*"Mãe, não venha hoje. Tô indo pra cidade buscar material. – L"*
Sorri, levando o papel aos lábios. Lucas planejara tudo. Sete horas de solidão forjada. Sete horas para eu definhar de saudades, roendo as unhas diante do telefone silencioso, até que ele voltasse com um novo "presente" – algemas de veludo, óleo de hortelã-pimenta, outra tatuagem escondida com nossas iniciais entrelaçadas.
Quando a chave girou na fechadura às 21h13, eu estava nua e de joelhos na entrada, como ele ensinara.
— Boa garota — elogiou, puxando-me pelos cabelos até seus lábios salgados. — Vou te dar sua recompensa.
Enquanto ele me levava pela casa como uma boneca de ventriloco, soube que as grades desse amor eram forjadas em meu próprio sangue. Lucas não era mais o menino que eu ensinara a nadar. Era o dono das minhas marés, meu pecado favorito, a perdição que vestia a máscara de anjo.
E no silêncio abissal entre um orgasmo e outro, eu rezava:
*Que a mãe dele nunca bateria à porta às 15h07.*
*Que o verão nunca terminaria.*
*Que um dia ele me pediria para gritar seu nome bem alto, bem na hora da visita.
Nossa! Fiquei com o pau duro! votado!