Tesão e Perigo em Alto Mar - Parte 1

Tesão e Perigo em Alto Mar
A situação tornara-se insustentável. Nunca morri de amores pelo meu padrasto, mas tolerava-o a bem da harmonia familiar. Não que ele fosse um mau sujeito, talvez até tivesse suas qualidades. No entanto, jamais se valeu delas a meu favor. Quando muito, qualquer atenção que demonstrasse comigo, era para se vangloriar de sua generosidade e condescendência para com um enteado que veio junto no pacote de seu segundo casamento.
Por meu lado, eu confesso que também pouco fiz para me aproximar daquele estranho, que depois de dois anos da morte prematura do meu pai, veio, na minha cabeça de menino de doze anos, roubar o lugar que era daquele que o destino me privara de conviver e, que ainda figurava em meus pensamentos como o herói que tudo podia e que me amava acima de qualquer coisa.
Uma década de convivência fora insuficiente para criar entre nós um elo, por ínfimo que fosse. Ao contrário, os anos apenas acentuavam as nossas diferenças. De uns tempos para cá elas se tornaram as responsáveis pelas nossas discussões que, no menor dos estragos, deixava o clima péssimo na maioria dos dias. E, por achar que isso influenciava negativamente meus dois meio irmãos que, para pesar do meu padrasto, me idolatravam em sua ingenuidade de oito e seis anos estava decidido a sair de casa e viver minha própria vida.
Eu não tinha muito a quem recorrer. Meus avós eram falecidos. Por parte de pai não havia tios e, por parte de mãe as únicas duas tias não tinham uma relação muito próxima. Primeiro, por viverem distantes e, segundo, por que também não simpatizavam muito com meu padrasto. Enquanto avaliava quem poderia me valer nesse momento difícil, me lembrei de um colega de escola que morava no mesmo condomínio e que, pelos anos em que convivemos sempre se mostrara muito devoto de nossa amizade. Embora meu contato com ele tivesse rareado depois dele se mudar para os Estados Unidos, nossas trocas de e-mails demonstravam que aquele relacionamento sólido ainda nos unia de alguma forma, apesar da distância.
Nelson sempre foi um cara muito expansivo, e eu nunca entendi o que ele viu em mim que pudesse ser a causa de nossa amizade. A ousadia dele não conhecia limites, o que muitas vezes o colorara em situações embaraçosas e complicadas junto aos professores e a diretoria no colégio, e com seus pais que pagavam um dobrado para coloca-lo nos trilhos. A rebeldia dele também foi o motivo que o levou a sair de casa e ir cursar a faculdade nos Estados Unidos. Logo após a sua partida, nossas correspondências eram quase diárias. Ele me contava como estava sendo a adaptação à nova vida e toda sorte de sacrilégios que estava aprontando com as garotas americanas que, segundo ele, não eram tão cheias de frescuras e pudores como as brasileiras, que só queriam dar, mas ficavam dando uma de recatadas. Esse seu lado mulherengo era algo que eu também nunca acompanhei, mas pelo qual ele não me censurava. Já fazia um ano que ele me mandara seu último e-mail. Fugindo completamente dos parâmetros dos demais, esse foi curto e um tanto evasivo. Me cumprimentava pelo meu aniversário de vinte e um anos e não mencionava nada a respeito do que estava acontecendo com ele. Minha resposta a esse e-mail questionando-o sobre o que andava aprontando ficou sem notícias.
Só pode ser ele, pensei, ponderando todos os prós e contras de uma decisão tão radical. Fico com ele por um tempo e dou um jeito de arrumar qualquer trabalho para não virar um estorvo. Decisão tomada só faltava escrever para ele e ver se podia me ajudar. A mensagem dele confirmando seu apoio à minha causa veio no dia seguinte ao meu pedido, e estava atrelada a uma série de recomendações. A mais relevante delas, que eu mantivesse segredo junto a seus pais quanto ao endereço que ele estava me passando, num pequeno vilarejo na província da Nova Escócia, Canadá. Mas, você não estava estudando na Philadelphia? O que está fazendo num lugarejo onde nem sequer existe uma faculdade? Essas respostas eu só obteria ao nos reencontrarmos respondeu ele, sem maiores detalhes. Era evidente que havia algum de seus famosos imbróglios por trás dessa novidade. E, o que eu faria numa cidade pequena, onde provavelmente não havia muito que eu pudesse fazer para me sustentar. Minhas incertezas começavam a me fazer repensar meus planos. Manter a atual situação das coisas também não dava mais, e eu sabia que estava entrando numa aventura que talvez pudesse cobrar de mim um preço alto demais.
Nada podia ser mais angustiante do que esse impasse. Era certo que eu não teria nenhum tipo de apoio vindo daqui de casa. E, pela primeira vez, eu me vi encarando sozinho os desafios da vida. Estava apavorado. Nunca serei ninguém se não tentar, argumentei com minha própria consciência, e parti.
Com a passagem só de ida paga, e US$ 9.640 no bolso eu cheguei a Halls Harbour, na extremidade norte da Baía Fundy, depois de uma longa e exaustiva viagem. O verão estava chegando ao fim, e a calmaria voltaria e reinar no pacato lugar dentro de poucos dias. O vilarejo de tradição pesqueira tem pouco a oferecer em termos de emprego. Quase tudo gira em torno das atividades portuárias. Além da pesca, sobretudo de lagosta, haddock e bacalhau, o porto também serve de escoadouro de gesso e produtos agrícolas. As belezas naturais atraem turistas no verão e servem de cenário para trabalhos de fotógrafos e pintores, o que mantem os museus e galerias de arte locais.
Demorei cerca de uma hora e meia para percorrer os 120 quilômetros entre o aeroporto de Halifax, a capital da província, e o vilarejo, num carro que aluguei junto com um casalzinho em lua-de-mel; o que me fez economizar uma boa grana, já que eles continuaram com o carro para conhecer toda a costa da Baía Fundy. Eles me deixaram em frente à casinha branca no 4173 da West Halls Harbour Road ao cair da tarde, com um ‘boa sorte’ que eu desejei fosse verdade, pois estava muito precisando dele. Ao olhar para o entardecer sobre a baía pude compreender a razão pela qual, artistas e fotógrafos se valiam dessa paisagem para compor suas obras. Era um cenário lindo e inspirador. Eu mal havia me despedido dos meus caronantes quando uma picape barulhenta e enferrujada encostava na lateral da casa, com o Nelson ao volante. Seu sorriso era mais tenso e econômico do que eu me lembrava, mesmo assim ele veio ao meu encalço e me abraçou com força tirando-me do chão e me fazendo rodopiar no ar. Nesse tempo, uma loira, não muito bonita e com um barrigão pontiagudo, desceu pela porta do passageiro e me cumprimentou como se nos conhecêssemos há muito.
- Esta é a Nancy! Este é meu quase irmão Bruno, de quem lhe falei todos esses dias. – disse o Nelson, num inglês já sem sotaque, exagerando como sempre.
- Oi! Como vai? – cumprimentei tímido, começando a vislumbrar a enrascada na qual meu amigo havia se envolvido.
O interior da casinha era bastante modesto, com poucos móveis que pareciam ter sido garimpados às pressas numa venda de garagem. A sala e a cozinha conjugada formavam o maior cômodo, um banheiro e mais um quarto onde uma antiga cama de casal de ferro forjado ocupava quase todo o ambiente, compunham todo o espaço habitável. Fiquei um pouco chocado com o que meus olhos viam disfarçadamente, e fiquei imaginando o que teria acontecido para que ele viesse para num lugar assim. Tão diferente do apartamento que ocupava todo um andar no condomínio onde morávamos. Seria esse o destino dos desgarrados? Minha sorte estava me sendo revelada nua e cruelmente? A confiança que eu vinha construindo durante todo o percurso até aqui, sofrera um baque com essa visão.
Conversamos pouco mais do que uma hora quando a Nancy se preparou para encarar seu turno de garçonete num bar e restaurante do outro lado do canal do porto. Assim que ela partiu, o Nelson me contou como vieram parar ali, depois que tiveram que abandonar os estudos e encarar a dura realidade daquela gravidez indesejada.
- Ainda não consegui juntar coragem para dar a notícia a meus pais. Dizer que deixei a faculdade para trabalhar como auxiliar de carpinteiro na construção civil, jogando por terra todas as expectativas deles, não vai ser fácil. – disse ele, amargurado com seu comportamento irresponsável. – Sei que vai ser um choque para eles, e imerecido depois de tudo que fizeram por mim. – acrescentou.
- Não compreendo como vocês puderam deixar as coisas chegarem a esse ponto. Teria sido muito mais razoável vocês tomarem uma providência logo no início da gravidez. – ponderei.
- Foi o que eu sugeri, mas ela ficou em dúvida, e me acusou de pressioná-la. – revidou. – Fiquei desnorteado, sem saber o que fazer e como agir. Para ser bastante sincero, acho que ela usou essa gravidez como desculpa para se ver livre da pressão da mãe, que sempre a obrigou a estudar e seguir uma carreira, coisa que ela não está nem um pouco inclinada a fazer.
- Nenhuma mulher engravida sem querer. Elas sabem muito bem como conduzir as coisas quando isso lhes interessa! – exclamei. – Vocês pelo menos se amam? – indaguei.
- Pois aí é que está. Eu estava ficando com ela há poucos meses. Para dizer a verdade nem sei o que sinto por ela. Ela foi legal comigo no início, e eu fui ficando, não imaginava que estaria tão enrolado como agora. – seu desabafo acontecia depois de meses sem um ombro amigo que não o censurasse assim que os fatos fossem revelados.
- E eu ainda vim complicar mais a sua situação. – sentenciei, arrependido da minha escolha.
- Não diga isso! Se estou nessa enrascada é por culpa minha. É bom ter você por perto, alguém que se importe comigo. – revidou, me abraçando comovido.
- Acho que temos uma tendência para complicar nossas vidas! – exclamei, pensando que talvez eu também tivesse feito uma cagada, saindo intempestivamente de casa.
- Eu com meu jeito inconsequente de agir, não resta dúvida, mas você sempre foi ponderado e certinho. Me conte, o que aquele babaca do seu padrasto fez para você tomar essa atitude? - perguntou.
- Não houve uma coisa em específico, foram anos de desgaste que culminaram com a gente discutindo por qualquer bobagem. Não dava mais para aguentar. – retorqui. – Por isso estou aqui, sem grana e enchendo seu saco. Mas não me preocupo se tiver que voltar e baixar a orelha diante daquele idiota. – professei, como se estivesse vendo o final da minha loucura.
- Nada disso! Vamos conseguir dar um jeito em tudo. Agora que você está aqui, meu problema nem me parece mais tão tenebroso. E, você vai conseguir algum trabalho que te mantenha por aqui. – falou animado.
- Tomara. Só não quero virar mais um peso para você. – retruquei.
- Você nunca vai ser um peso para mim! – disse, abrindo aquele velho sorriso que eu tantas vezes vi em seu rosto. – Aliás, você está muito mais gostoso do que da última vez em que eu te vi. – acrescentou, maldando de mim.
- Deixe de besteira! – censurei irritado, e retomando a mesma indignação que tantas vezes havia demonstrado quando ele se insinuava para mim, me dizia obscenidades, ou passava a mão na minha bunda.
- Não, sério! Essa sua pele bronzeada é de tirar o juízo de qualquer um. – continuou, me medindo de cima abaixo.
- Se você vai começar com isso, juro que vou embora! – sentenciei furioso.
- Só estou fazendo um elogio! Não precisa ficar zangado. – retrucou. – Estava com saudades desse seu jeitinho enfezado e difícil. – acrescentou rindo.
- Veja no que deu essa sua mania de enfiar esse negócio onde não deve! – disse, apontando para o meio das pernas dele.
- Essa foi cruel! Que culpa eu tenho se ele precisa de um lugar macio e apertado para se satisfazer? Eu sou um homem que precisa de muito sexo. Minha autoestima está diretamente ligada à quantidade de sexo que eu faço. – falou, fechando a cara.
- Desculpe! Não quis ser rude. – ele tinha esse dom de se fazer de vítima só para ser paparicado.
- Vou te confessar uma coisa. No começo a Nancy não dava trégua. Meu pau passava mais tempo na buceta dela do que nas minhas calças. Agora mal posso chegar perto dela. Estou a um tempão no cinco contra um, e você bem sabe que isso não me refresca em nada. – confessou.
- Mais uma evidência que ela tinha tudo planejado. – deixei escapar no impulso. – E, eu não sei de nada no que se refere às suas sem-vergonhices, viu? – emendei. Ele riu e veio me abraçar. Sua carência era tão evidente naquele abraço caloroso que eu não quis quebrar o encanto daquele momento.
Eu havia me ajeitado no sofá da sala, que passou a ser minha cama, antes da Nancy retornar do trabalho. Estava cansado da viagem, no entanto, percebi quando ela se esgueirou para pegar um copo d’água na cozinha e desapareceu pela porta do quarto. Antes de pegar no sono ouvi alguns cochichos vindos de lá, e decidi que na manhã seguinte já começaria a procurar um trabalho, pois minha presença naquela casa era um fardo que eu não queria ser.
Ela ainda dormia quando acordei com os passos do Nelson. Ele desfilava de bermuda preparando o café quando percebeu que eu havia acordado.
- Desculpe se te acordei! – disse, aproximando-se de mim e me abraçando mais uma vez.
- Não faz mal. Tenho mesmo que sair por aí procurando trabalho. – respondi, meio sem graça por ter que sentir seu corpo seminu e aquele volume inspirado se comprimindo contra mim.
- Calma! Hoje é sábado. Você acaba de chegar. Na semana que vem você faz isso. Agora vou te mostrar os recantos desse paraíso. – bronqueou.
- Não quero perder tempo. Você sabe, minha grana é curta. Não dá para ficar na esbornia. – revidei. – Também precisamos estabelecer qual vai ser a minha contribuição nas despesas. – acrescentei.
- Depois a gente senta, os três, e decide isso. Deixe de ser tão fresquinho e venha me ajudar a preparar o café, que eu sei que você manda muito bem nessa parte. – disse, dando um tapa na minha bunda enquanto eu recolhia e dobrava a roupa de cama.
Ele deixou um bilhete sobre o balcão da cozinha antes de sairmos. A costa ao longo da baía era povoada de casas de veraneio espalhadas esparsamente entre a vegetação de coníferas, plátanos e bordos. As embarcações que cruzavam as águas reluzentes pelo sol da manhã levavam os últimos turistas de verão para explorar as redondezas. Um ou outro barco pesqueiro voltando do mar aberto também zingrava a maré baixa, acompanhado por bandos de gaivotas e pelicanos num sobrevoo baixo, atraídos pelo cheiro dos peixes estocados nos porões. Por ser o último fim de semana do verão o movimento nas ruas sinuosas era intenso. Os veranistas que tinham casa juntavam as tralhas para voltar ao seu destino. E os turistas abarrotavam as ruas tentando aproveitar as últimas aparições daquele sol já morno, que em poucas semanas só sobreviveria nas fotografias.
O Nelson me mostrava cada canto daquele lugar pitoresco, A Baía Fundy se estende por 270 quilômetros no oceano Atlântico entre as províncias canadenses de New Brunswick e Nova Escocia. É sede dos maiores fluxos de marés do mundo, que apresentam, num período de aproximadamente treze horas, uma enorme diferença entre a maré baixa e a maré alta, alterando significativamente a paisagem por ocasião desses dois níveis da água do mar. Próximo a Halls Harbour há uma série de faróis perfilados ao longo da costa. São construções ora de alvenaria ora de madeira que se sobressaem na vegetação litorânea indicando o caminho nas águas revoltas da baía. Enquanto percorríamos esses caminhos costeiros com sua picape barulhenta, eu cheguei a me esquecer dos problemas que me trouxeram até aqui. E, acho que o Nelson também se desligara de suas mazelas curtindo minha companhia e aquela liberdade passageira.
Três semanas se passaram eu ouvindo sempre a mesma resposta aonde ia atrás de uma vaga de trabalho. O verão terminou e nossas vendas caíram. Estamos dispensando os contratados temporários. Ou ainda, não contratamos estrangeiros sem a documentação legal. Algumas justificativas até eram verdadeiras, mas outras não passavam de uma desculpa esfarrapada. Eu via o mês terminando e nenhuma perspectiva de surgir alguma coisa. Nós três estávamos empenhados nessa busca, e até aquela imagem inicial que eu fizera da Nancy ia se diluindo quando percebi seu empenho em me ajudar.
- Agora começa a temporada de pesca, vários donos de embarcações aparecem no bar durante o dia para contratar mão-de-obra, vou ficar atenta e te indicar quando surgir uma oportunidade. – disse ela numa noite antes de sair para o trabalho.
- Obrigado Nancy, agradeço muito a sua ajuda. – agradeci de coração.
- Não sei se você sabe, mas esse é um trabalho duro e muito perigoso. As embarcações ficam meses fora enfrentando as ondas gigantescas que se formam durante o outono no Atlântico norte, em busca dos cardumes de bacalhau, linguado e haddock, ou mesmo de lagostas. São jornadas extenuantes sob o convés varrido por ventos gelados. – disse o Nelson, numa tentativa de desestímulo.
- Não estou em condições de escolher nada. Tenho que pegar o que aparecer. – decretei.
- Esse é um trabalho para caras acostumados ao mar, não para aventureiros. – sentenciou.
- Bem, Nancy! Se surgir algo me avise, não vou deixar seu namorado me assustar. – retruquei.
Na primeira semana de outubro, quando ela cobria a folga de uma colega durante o turno do dia, mandou um garoto me avisar que havia uns caras no bar contratando pessoal. Dei uma ajeitada no visual e parti para o bar e restaurante. O alvoroço era semelhante ao do último final de semana do verão, o lugar estava cheio de gente. Ela me apresentou a um sujeito enorme na casa dos cinquenta e poucos anos, com alguns cabelos grisalhos nas costeletas longas e mal aparadas. Mike era o capitão e proprietário do Black Owl, e tentava recompor sua tripulação. Próximo à mesa que ele ocupava, e sobre a qual uma montanha de papeis se misturava com latas de cerveja vazias, se aglomerava a maior parte dos candidatos. Ele dava duas ou três puxadas num charuto babado e soltava baforadas cinza azuladas que impregnavam o ar ao seu redor com um cheiro enjoativo de fumo. Enquanto aguardava minha vez de ser entrevistado, não foi difícil descobrir que ele havia perdido quase a metade de sua tripulação durante a última temporada. Dois foram tragados pelas ondas numa noite de tempestade e o restante debandou depois da tragédia, temendo pelo mesmo fim. Além disso, a temporada fora péssima para a tripulação do Black Owl, haviam pescado pouco, o que colocara o Mike a beira da bancarrota.
- Já trabalhou num navio em alto mar? – foi sua primeira pergunta quando me sentei diante dele, sob seu olhar de descrédito.
- Não, nunca. Mas tenho todo o interesse em aprender, e aprendo rápido. – respondi confiante.
Uma sonora gargalhada ecoou pelo salão. Ele chegou a se engasgar com a fumaça do charuto enquanto seu corpanzil sacolejava com a risada. Se eu já estava nervoso quando ouvi sua voz grave tronando nos meus tímpanos, depois desse surto minhas pernas começaram a tremer, e eu agradeci por estar sentado.
- E você acha que dá para aprender a se virar num navio pescando nessas águas? Isso é para homens feitos e não moleques como você. – proferiu, controlando a gargalhada. – Ainda mais um fedelho com essa carinha bronzeada e bonitinha demais, que parece saída de uma revista de celebridades. – acrescentou, começando a fechar a cara.
- Nem todos os seus homens nasceram sabendo como fazer esse trabalho. Se eles aprenderam, eu também sou capaz de me virar. – revidei encarando-o.
- Mas não no meu navio! – berrou. – E você sabe fazer exatamente o que, além de tomar sol ao lado dos amigos e das garotas? – inquiriu, tentando me subjugar com seu olhar.
- Ele está hospedado lá em casa, e desde então meu namorado e eu estamos sendo surpreendidos com as melhores refeições das nossas vidas. – sentenciou a Nancy, que apoiava uma de suas mãos em meu ombro.
- Cozinhar a bordo de uma embarcação flutuando ao sabor das ondas para uma tropa faminta não é bem como fazer um almoço de domingo para dois amigos. – devolveu ele. – Procure um emprego onde as panelas fiquem em cima do fogão! – concluiu.
Fiz o caminho de volta para casa, arrasado. Caminhava sem ânimo pelo acostamento da rua sabendo que mesmo sendo aceito em algum lugar, esse seria o tratamento que receberia. Apesar do esforço, não consegui conter a umidade nos olhos, e os esfreguei com as mãos fechadas, tentando melhorar minha visão borrada. Nem meu padrasto tinha conseguido me deixar tão para baixo. Assim que o Nelson chegou em casa e me viu olhando perdido pela janela da sala para o mar lá embaixo da colina, aquele nó que me apertava o peito chegou até a garganta. Bastou nossos olhares se cruzarem para ele entender a minha frustação. Ele me abraçou e ficamos um longo tempo vendo o sol se por sobre a baía. A casa mergulhou na penumbra e nós continuávamos ali, junto à janela, em silêncio, sentindo a agonia que se apoderara de nossos corações.
O primeiro beijo dele apenas me distraiu dos meus devaneios. Foi um beijo suave e cauteloso na pele da minha nuca. Os dedos dele acariciaram meu rosto e eu me virei em sua direção. Os olhos brilhantes dele estavam tão perdidos quanto eu, e me encaravam com extrema doçura. O segundo beijo veio se alojar em meus lábios, e eu senti o sabor dos dele. Lambi delicadamente aqueles lábios úmidos e mornos. Ele me puxou para junto dele e eu o abracei. Enquanto eu me conscientizava do sabor daquele beijo, ele penetrou minha boca com sua língua potente. Senti os batimentos em seu peito se acelerando, ao mesmo tempo em que minha respiração se tornava mais superficial e rápida. Minha camiseta foi subindo junto com suas mãos, ambas pararam na altura dos meus mamilos. Os polegares dele apertaram meus biquinhos. A camiseta saiu por cima da minha cabeça quando a boca dele tocou um dos meus peitinhos, meus dedos se afundaram em sua cabeleira. Eu segurava sua cabeça junto ao meu peito e desfrutava inebriado daquela boca voraz me chupando o mamilo. As luzes lá fora começavam a se acender, tanto nas casas quanto nas ruas. Uma vez ou outra um carro passava pela curva que a rua fazia exatamente em frente a casa, e jogava um facho de luz pelas janelas da fachada. As mãos calejadas dele desceram pelas minhas costas e entraram na bermuda. Nem pareciam as mãos daquele Nelson que me azucrinava a paciência quando ouvíamos música em seu quarto. Estas eram mãos de um homem atribulado, mas eram gostosas de sentir sobre a pele das minhas nádegas. Num canto do sofá estava empilhada a minha roupa de cama, e ele me debruçou sobre elas. Eu já estava sem a bermuda e a cueca que ficaram pelo chão naqueles dois passos até o sofá. Ele me encarava como se estivesse diante de uma tela exposta nas paredes de um museu. As costas de seus dedos deslizavam pelo meu corpo. Eu acariciei seu rosto sentindo a barba crescida espetar as palmas das mãos. O terceiro beijo misturou nossas salivas e foi longo e significativo, com ele debruçado sobre mim. Éramos apenas duas silhuetas se movendo na escuridão, mas eu distingui perfeitamente o cacetão que pendia entre as coxas dele bem diante do meu rosto. Aquele cheiro constante de mar ficara em segundo plano, minhas narinas aspiravam um cheiro almiscarado e másculo. Minha mão se fechou ao redor daquela pica e eu a coloquei na boca, não sabia bem o que fazer, mas o néctar que começou a molhar meus lábios fez com que eu quisesse chupar aquilo. O Nelson gemeu. A pica se avolumava na minha boca e eu abocanhava pouco mais que a chapeleta intumescida, e aquilo era saboroso demais. Ele se deitou sobre mim como uma criança que se abriga no colo da mãe. Eu afaguei seu rosto enquanto nos beijávamos. A ereção dele pressionava minha coxa, e ele apartou uma da outra colocando uma delas sobre o encosto do sofá. Um dedo roçou minhas pregas expostas e eu soltei um gemido recatado. Meus braços se enrodilharam em seu tronco e eu o senti pressionando a pélvis contra a minha bunda. O dedo saiu das minhas pregas enrugadas e a chapeleta molhada tomou seu lugar. Minha respiração cessou por alguns segundos, e uma dor pontual e profunda no cuzinho me fez sentir que havia algo imenso entalado nele, a rola grossa, quente e latejante do Nelson. Eu dei um ganido curto, absorvendo todo o impacto daquela penetração fulminante, e apertei todo aquele volume com a musculatura anal, enquanto apertava com mais força o tronco pesado daquele homem angustiado. Nossas bocas voltaram a se procurar, e todos os nossos gemidos foram selados nesse toque fervoroso, enquanto a pica se movia cadenciadamente num vaivém interminável de estocadas no meu cuzinho. O prazer me fazia erguer a pelve de encontro a virilha dele, e sentir o sacão batendo no meu rego. Por alguns segundos ele me encarou, a respiração ofegante e acelerada, a pica inchando no meu cu, e o ar sibilando entre os dentes cerrados ao mesmo tempo em que a porra escorria para dentro de mim. Eu próprio havia me lambuzado instantes antes, e agora vertia uma lágrima solitária pelo canto do olho.
- Ai Nelson! - balbuciei num gemido, antes de apertá-lo com mais força em meus braços.
Meu corpo todo tremia debaixo do dele. O cacete cravado nas minhas pregas amolecia lenta e pesadamente, enquanto o silêncio só era quebrado pelo grasnar de alguma ave de arribação sobrevoando o telhado. Nossos corações batiam descompassados, tão tranquilos como há muito não acontecia.
A Nancy voltou mais tarde que de costume naquela noite. O Nelson já havia ido dormir depois de termos nos enfiados juntos na ducha e jantarmos sentados lado a lado no balcão da cozinha. Eu estava com a televisão ligada, mas não prestava atenção ao que se passava na tela, era apenas um pretexto para afugentara minha inquietação. Ela entrou silenciosa, me deu um daqueles sorrisos cansados de quem teve um turno puxado. A barriga imensa fazia com que ela se movimentasse como uma leitoa gorda, a respiração arquejante dava para ser ouvida de onde eu estava. Enquanto olhava para aquela barriga disforme, senti a porra pegajosa do Nelson nas minhas entranhas, e não consegui me furtar de fazer uma analogia com aquela barriga. Percebi o quão sublime era carregar uma parte de quem se ama dentro de si, e que isso jamais poderia servir como forma de coação, coisa que as mulheres sabem muito bem como fazer. No entanto, não a invejei, acho que o que ele deixou em mim o atormentou menos do que aquilo que se desenvolvia naquele ventre.
Dias depois a Nancy voltou para casa me comunicando que o capitão Mike queria falar comigo do dia seguinte. Será que ele reconsiderou? Ela não sabia dizer se sim, apenas que ele teve dificuldade para fechar a tripulação. O Nelson sugeriu que eu não fosse, depois da humilhação pela qual passei. Eu ainda me sentia inclinado a ouvir o que ele tinha para falar comigo, pois nenhuma outra oportunidade havia aparecido. Estava tão ansioso que cheguei antes dele ao bar e restaurante. Pouco depois já havia umas vinte pessoas esperando. Fui um dos últimos que ele chamou, certamente estava testando meus limites e minha perceverança.
- Quero você a bordo do Black Owl amanhã logo depois do meio dia! – disse, sem me questionar sobre mais nada. – Pago quatro por cento do total pescado depois de descontados os gastos para cada tripulante. Mas, no seu caso serão apenas três por cento. É pegar ou largar! – sentenciou.
- OK, eu aceito! O senhor não vai se arrepender, eu aprendo rápido, vai ver. – respondi.
- Pelo contrário! Eu sei que vou me arrepender dessa idiotice, não tenho dúvida! – exclamou me medindo com um olhar de reprovação.
Como era sábado, o Nelson me levou até o cais. Das quatro embarcações aportadas o Black Owl era a maior. Era um navio imponente, o comprimento chegava aos 42 metros, e a largura aos 10 metros. No bico de proa, acima da quilha bem pronunciada, o casco todo pintado de preto formava uma barriga com duas aberturas simétricas das quais pendiam as âncoras pintadas num tom cinza prata. O conjunto lembrava mesmo uma enorme coruja com seus olhos reluzentes. A ponte de comando rodeada de janelas sobressaia toda branca do convés, encimada por um deque repleto de antenas, dois enormes faróis montados sobre torres, anemômetro e mais uma infinidade de instrumentos de navegação. No convés estavam montadas duas gruas, uma a bombordo e outra e estibordo. As cabines da tripulação ficavam no mesmo andar da cozinha, despensa e do refeitório, separadas por um corredor estreito. Cada uma delas tinha dois beliches e armários incrustados nas paredes, além de um diminuto banheiro. Depois das seis cabines ficava uma espécie de vestiário com chuveiros. No porão da popa dois motores Cummins de 1080 cavalos de potência garantiam a propulsão do barco e a geração de energia. No restante do navio ficavam as enormes câmaras frigoríficas que guardavam os peixes e dois tanques que também serviam como local de armazenagem, porém de lagostas ou caranguejos gigantes que tinham que ser mantidos vivos, pois o barco também se destinava a esse tipo de pesca. O próprio Mike me levou para conhecer o navio e minha cabine, depois me deixou na cozinha para que eu me inteirasse de todos os detalhes.
- Esta noite mesmo você deve estar com o jantar pronto, às dezenove horas, para dez esfomeados. No balcão do refeitório sempre deve haver alguma coisa para beliscar e beber. – disse, sem me olhar.
- Está certo. Devo fazer alguma coisa em especial? – perguntei.
- Você deve colocar comida na mesa. Se conseguir fazer isso já é uma grande coisa. – sentenciou me deixando a sós, num ambiente onde eu jamais estivera antes.
Tive vontade chorar quando me despedi do Nelson, assim que soou o apito indicando que faltavam dez minutos para zarparmos. O único elo que eu tinha com o meu passado, e com o que me ligava a alguém estava se desfazendo. Eu estava completamente só e por minha conta. Ele me abraçou com seu jeito acolhedor e me desejou boa sorte. A previsão era a de que ficarmos dois meses e meio ou talvez três em alto mar. Prometi encontra-lo, e ao bebê, que até lá já teria nascido. A bordo, ninguém havia sido apresentado a ninguém. Talvez nós mesmos devêssemos fazer isso ou, quem sabe isso pouco importava. Não me preocupei mais com o assunto; afinal, eu certamente seria conhecido por todos em breve. Senti um frio na barriga ao me dar conta da responsabilidade que tinha nas mãos.
O cais estava lotado. Mulheres, mães, namoradas e filhos vieram se despedir. Os homens acenavam por cima do costado para aqueles que só voltariam a ver daqui a muitas semanas. As expressões de preocupação estavam em todos os semblantes que ficaram em terra. A comoção daquelas pessoas simples me abalou. Elas conheciam histórias e conheciam de perto, inúmeras pessoas, que depois de uma despedida dessas nunca voltaram a ver. Os perderam para o mar. As quatro embarcações foram saindo uma a uma até o cais se tornar um ponto longínquo no horizonte.
Depois de entender toda a configuração da minha área de atuação, comecei a por mãos à obra. Tinha pouco mais de três horas para servir a primeira refeição. De início achei engraçado ver que cada utensílio, cada legume, cada pedaço de carne parecia ter vida própria com o movimento intermitente que balançava o barco. O cheiro dos alimentos sendo preparados era muito diferente daquele que eu conhecia. O cheiro do barco e do mar se misturava aos dos alimentos, e o resultado era pouco apetitoso. Percebi isso quando coloquei a cebola e o alho para fritar, e vi minha boca se enchendo de saliva que teimava em não se deixar deglutir.
Quarenta minutos antes das sete eu estava com tudo pronto e fiquei feliz com o resultado. Estava torcendo para que os outros tripulantes e, principalmente o Mike, aprovassem o que eu tinha feito. O primeiro jantar foi uma espécie de confraternização. Todos se conheceram e os novatos tiveram que contar suas histórias até chegarem aqui. Nesse jantar descobri que o Mike trouxera seu filho, Nate, para ajuda-lo, uma vez que não conseguira todo o pessoal de que precisava. A contrariedade em estar participando dessa viagem era evidente na cara fechada do Nate. Ele devia ter uns vinte e oito anos, era um sujeito musculoso e corpulento como o pai; aliás, como todos que estavam a bordo, exceto eu. Trazia o cabelo cortado muito curto, quase do tamanho da barba que ele não devia fazer a pelo menos uma semana. Mesmo debaixo do agasalho de moleton que ele usava dava para perceber que o tronco e os braços formavam um triângulo invertido, onde os ombros muito largos formavam a base. Ele me encarava com um olhar muito diferente do pai, sorriu quando veio se apresentar e me cumprimentar com um aperto de mão que fez meus dedos estalar. Gostei dele no mesmo instante.
Minha primeira incursão da cozinha estava se revelando um sucesso. Todos elogiaram a comida e eu pude verificar que tinha que fazer mais para as próximas refeições, pois aqueles homens haviam devorado literalmente tudo o que eu havia preparado.
- Até que enfim você arranjou alguém que sabe fazer comida, hein Mike? E não aquela lavagem que os outros faziam. – disse um dos tripulantes veteranos.
- Isso está muito mais saboroso do que a comida lá de casa! – exclamou outro.
Enquanto a maioria deles fazia coro elogiando o que tinham nos pratos, o Mike resmungava em resposta, mas estava visivelmente satisfeito ao engolir em grandes garfadas um jantar digno desse nome. No entanto, não dava o braço a torcer, e não fez nenhum comentário a respeito.
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Comentários


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lordedante Comentou em 14/02/2016

Quero te parabenizar pelos seus contos. São ótimos, muito bom ver alguém que escreve com tanto domínio por aqui. Continue fazendo suas ótimas histórias!

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betopapaku Comentou em 20/07/2015

Você escreve muito bem. Votado




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Ficha do conto

Foto Perfil kherr
kherr

Nome do conto:
Tesão e Perigo em Alto Mar - Parte 1

Codigo do conto:
68064

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
19/07/2015

Quant.de Votos:
11

Quant.de Fotos:
2