A Promissora Jeba do Legionário Romano

A Promissora Jeba do Legionário Romano
Corria o ano de 113 DC quando as legiões romanas finalmente conseguiram vencer a resistência e marchar sobre as aldeias da Germânia Superior. Embora os romanos ocupassem boa parte do território há mais de meio século e mantivessem governos provinciais com certa autonomia, restavam algumas cidades inconquistadas e, por vezes rebeldes, ao longo da franca e avassaladora expansão do Império Romano. Eram tempos difíceis, vivia-se numa inconstante e frágil política de acordos e conchavos, que podia se fragmentar conforme os ideais de conquista dos generais que comandavam os exércitos, rumo ao norte, para ampliar as fronteiras do império.
Alexis . Era o mais novo dos quatro filhos do burgomestre de uma aldeia, situada num vale entre o alto Reno e o Nécar, e de uma prima do duque de Argentorato, como era chamada a atual cidade de Estrasburgo. Alexis passava seus dias entre a confortável casa na aldeia, próxima aos muros da cidade, e uma propriedade rural nos arredores, cujos limites se avizinhavam às terras de um mosteiro. A privilegiada situação do pai permitia que ele e os irmãos tivessem um tutor, que os alfabetizara e lhes ensinava os mistérios da ciência, as certezas da matemática, as abstrações da filosofia e alguns rudimentos da astronomia, pois que nesta ciência nem o próprio tutor era muito versado. Os dias em que costumava passar, geralmente com a mãe, na propriedade rural, Alexis se distraía acompanhando os lavradores arando a terra, roçando e enfardando o feno para o inverno, ou participando da lida com os animais. Mas, sempre arranjava um tempo para dar uma escapulida até o mosteiro, onde um monge certo dia o introduziu na biblioteca. Aquele cheiro de pergaminho, os frontispícios multicoloridos dos livros abertos sobre uma imensa mesa de carvalho, as paredes ocupadas até próximo ao teto com milhares de volumes encadernados em couro donde fulguravam os títulos em dourado, tornaram-se sua paixão. Ele passava horas entre os monges que ali trabalhavam traduzindo e escrevendo textos, e sempre contava com a benevolência de algum deles para ensiná-lo sobre o conteúdo daqueles livros e, principalmente, sobre o latim, a língua que os invasores de quase todo aquele território falavam, e que Alexis assimilou depressa, como praticamente tudo que lhe ensinavam. Era um garoto curioso e esperto.
Com os rumores, cada dia mais preocupantes, de que uma enorme legião romana se aproximava da cidade, o pai de Alexis resolveu transferir temporariamente a esposa e os filhos para a propriedade rural, visto que os generais em sua sanha conquistadora visavam, principalmente, a queda das muralhas que protegiam as cidades, quando então as saqueavam e anexavam ao império. Essas conquistas eram muito bem recompensadas pelo imperador em Roma, financeiramente ou com um título de nobreza.
Era o início de uma tarde sufocante de julho quando Alexis, após o almoço, dirigiu-se até o mosteiro, onde estaria ao abrigo do calor nas frescas paredes de pedra da biblioteca. Vez ou outra uma aragem fazia com que as hastes da lavanda em plena florada, cheias de flores azuis, se inclinassem ao sabor do vento e exalassem seu perfume, impregnado o ar quente e úmido, como se os campos estivessem sendo acariciados por uma mão invisível e gigante. Sua entrada nunca era barrada, os monges já o conheciam e, a sua curiosidade pelo saber. Apenas dois monges estavam debruçados sobre suas mesas próximas às janelas, curvados e entretidos com seus afazeres, e nem se deram pela presença dele. O garoto puxou uma pesada encadernação em couro verde de uma estante, que lhe havia chamado a atenção pelo desenho de uma árvore abaixo da gravação em relevo dourado da palavra ‘Herbarium’. Sentou-se aos pés da estante e começou a folhear as páginas ricamente ilustradas com imagens de folhas e flores e seus respectivos nomes. Enquanto ia juntando as sílabas em latim, ainda com um pouco de dificuldade, decifrava a nomenclatura das partes das flores que ele mesmo já vira muitas vezes espalhadas pelos campos e jardins. Tomado dessa alegria pueril, assustou-se quando ouviu os estrondos que vinham do noroeste, da direção da aldeia, e que também quebraram a concentração dos monges. Em menos de meia hora, chegava ao mosteiro um mensageiro que mal se mantinha em pé, e que entre uma respiração extenuada e fragmentada, dava notícias de que uma legião com centenas, talvez milhares, de soldados acabava de transpor os muros da cidade e, que esta ardia em chamas. Os portões do mosteiro foram cerrados inutilmente. Poucas horas depois, a horta, partes do pomar e os corredores estavam sendo pisoteados pelos invasores, legionários trajando túnicas vermelhas, com um escudo preso a um braço e uma espada na outra mão. As velas dos candelabros da biblioteca foram apagadas e a luz embaçada do crepúsculo, que se infiltrava pelas janelas, mal permitia distinguir a silhueta dos monges e do garoto, que haviam se agachado debaixo de uma mesa num dos cantos mais escuros do aposento. Os ferrolhos da pesada porta entalhada não resistiram a mais de algumas pancadas, fazendo-a abrir-se de um só golpe. Os primeiros soldados que entraram foram derrubando tudo o que havia sobre as mesas, encontraram primeiramente os dois monges, cujas cabeças foram degoladas a golpes de espada, sem dó nem piedade. Em seguida, o que parecia ser um oficial, adentrou acompanhado de mais alguns soldados. Ele examinou as paredes repletas de livros, que não lhe interessaram, como se procurasse por algo de mais valor. No meio da confusão, foi o único que notou a figura do garoto encolhido num canto ao lado de uma escrivaninha. Deu alguns passos até ele, e com um braço que mais se parecia com o tronco de uma árvore, levantou Alexis no ar. O rosto de uma pele nívea, branca como a neve recém-caída, os cabelos cacheados de um loiro caramelado e os olhos de um azul tão intenso quanto o mar, lembravam um querubim e encaravam-no com pavor, enquanto o corpo esguio, de músculos longos e pernas bem torneadas, se debatia tentando safar-se da morte. A espada de um soldado que se aproximava estava prestes a atravessar-lhe o esqueleto, quando o oficial que o segurava, levantou o braço onde segurava sua espada e impediu o golpe mortal.
- Vamos poupá-lo, há de servir como escravo. Tem bons dentes. – disse o oficial, no idioma que Alexis já conseguia compreender.
Amarraram-no a uma corda, junto com mais uma dezena de outras pessoas, que faziam caminhar no centro duas fileiras de soldados. A noite havia caído quando eles tomaram a estrada na direção sudeste. As chamas e a fumaça da cidade que ardia iam ficando para trás. Alexis pensou no pai, sabia que ele não havia abandonado seus concidadãos e, a essa hora, talvez já estivesse morto. Os olhos do menino se encheram de lágrimas, cuja abundância, foi aumentando quando as fileiras passaram pelos campos da propriedade, onde estavam sua mãe e os irmãos, arrasados e cobertos de cinzas que ainda emitiam uma fumaça que se contorcia pelo vento feito fantasmas.
Por onde passavam as legiões romanas iam deixando um rastro de destruição e morte. A crueldade dos soldados não conhecia limites. Aquilo que não pilhavam não ficava em pé, fossem casas ou pessoas. Alexis pensou na ironia contida no fato de os romanos chamarem seu povo de bárbaro, por não falar o latim, ter outros costumes, pertencer à outra etnia e, supostamente, ser menos civilizado. Sendo que ele, em sua curta existência, jamais havia visto tamanha barbárie, como a que estas legiões promoviam. Ao curso dos dias, os soldados incultos, para os quais aqueles rabiscos indecifráveis nada significavam, limpavam o cu com os pergaminhos e folhas, adornadas com ricas iluminuras, arrancadas dos livros saqueados na biblioteca, quando se embrenhavam no mato para fazer suas necessidades. Para esses civilizados a sabedoria deve entrar pelo cu, intuiu Alexis, começando a desanuviar assim, a dor a que estava sendo submetido.
Passaram-se alguns meses quando Alexis se deu conta, por meio das frases que ouvia da boca de um e de outro, de que o exército estava voltando para Roma. Intrigas palacianas e o reconhecimento, por parte de Adriano, o imperador, de que a expansão do império estava chegando ao seu limite, fez com que ele mandasse retornar a Roma os seus mais fiéis e confiáveis generais. Alexis nunca estivera tão longe daquilo que conhecia como seu lar e, de certa forma, estava gostando dessa aventura. O desespero de ver-se sozinho no mundo, foi dando lugar ao incitamento da curiosidade, e ele procurava tirar o máximo de proveito daquilo que via. Seu olhar vivo e aguçado despertou o interesse de um dos generais, que o tomou para si como uma espécie de criado, que lhe limpava e polia a armadura, cuidava dos arreios de seu cavalo, e lhe servia as refeições na tenda quando estavam acampados. A marcha até Roma durou três anos, retardada aqui e acolá por cidades rebeladas. Enquanto caminhavam para o sul Alexis percebeu que nestas terras fazia menos frio, os longos dias envoltos em brumas e neblina, foram sendo substituídos por dias mais ensolarados e, no dia em que as legiões chegaram ao mar, seu rosto se extasiou com aquela imensidão de água tão azul quanto o céu. Seu coração quase saltou pela boca quando sentiu o gosto salgado daquela água e seus pulmões respiraram aquele ar de perfume marítimo.
Os exércitos estavam acampados a noroeste de Roma, nos arredores do Lacus Sabatinus, hoje Lago Bracciano, próximos aos aquedutos que levavam a água até a cidade, preparando-se para a entrada triunfal, em desfile, pelas ruas da cidade. Os preparativos se iniciaram dois dias antes da data prevista. Os soldados consertavam, limpavam e poliam suas armaduras, o gládio, elmos e escudos; os bálteos eram encerados com cera de abelhas e verificava-se o ajuste do púgio, a adaga levada à cintura, a cáliga, ou sandália tinha seus reforços costurados com crina de cavalo, as túnicas eram lavadas nas margens do lago, e os cavalos também foram banhados e tiveram suas crinas escovadas. Alexis bem como os outros ajudantes de ordens dos centuriões que comandavam as oito coortes em que dividia a legião, mal tinham tempo para se alimentar, tamanha a quantidade de tarefas que tinham a executar. Quando o desfile passasse diante da tribuna do imperador, eles deviam estar ao lado dos cavalos de seus chefes e, um oficial tentava ensiná-los a caminhar numa espécie de marcha. Alexis demorou um pouco para pegar o jeito, mas não tanto quanto alguns que só o conseguiram depois de algumas chibatas do oficial que berrava as ordens a plenos pulmões. Na manhã do grande dia ele pode verificar de onde vinha tanto poder, a ponto de subjugar uma aldeia tão longínqua quanto a sua, e terras muito além dela. Roma era uma metrópole como ele nunca tinha visto. Inúmeras construções, vias largas e calçadas, edifícios gigantescos, e milhares de pessoas se acotovelando e correndo pelas ruas. Era certo que o retorno de dois exércitos servia de espetáculo e muita gente havia acorrido à cidade mas, mesmo assim, tudo parecia gigantesco aos olhos de Alexis. Do Coliseu pendiam estandartes com as cores, brasões e símbolos dos dois exércitos e, pelas vias apinhadas de gente, erguiam-se pequenas torres de madeira, acima das cabeças das pessoas, onde corneteiros marcavam a evolução da marcha. Havia tanto o que ver que o olhar de Alexis se sentia perdido, tão perdido quanto ele mesmo no meio daquela multidão, seu coração pulsava acelerado dentro do peito e reverberava tanto quanto os tambores que os batedores que abriam o cortejo faziam soar.
Após o desfile, enquanto os generais se banqueteavam nos salões do palácio com o imperador e os senadores, Alexis foi deixado com outros escravos e serviçais num pátio onde seriam selecionados para suas futuras incumbências. Foram os primeiros a serem retirados da leva de cativos. Era difícil controlar os sons que seu estomago produzia, e Alexis sentia no ar o cheiro da comida que devia estar sendo preparada em algum lugar nas proximidades. Ele estava mais concentrado nisso do que nas pessoas que se aproximavam daquele grupo desvalido. O chefe da guarda do palácio, um homem alto e troncudo, de uns quarenta e poucos anos, cujo rosto trazia uma cicatriz que se iniciava no lábio inferior e seguia atravessando até o queixo, o que o fazia distorcer a boca quando falava; uma mulher, que parecia ser uma cortesã, embora Alexis não soubesse o que essa palavra significava, esbelta, de cabelos negros e olhos castanhos com os braços adornados por braceletes largos, trajando um vestido que deixava a mostra um dos ombros e, um eunuco gordinho, quase careca, que tinha o contorno dos olhos pintados de preto. Eles começaram a examinar cada um dos novos chegados. O chefe da guarda separou os jovens de compleição mais robusta, apertava seus braços na altura dos bíceps e apertava seu queixo mandando-os abrir a boca e examinava seus dentes. Apartou assim pouco mais que uma dúzia de homens. Chegou a encarar Alexis e mandou que ele se aproximasse.
- A altura é boa, mas esses músculos alongados e este corpo esguio são muito femininos. Talvez ele sirva aos seus propósitos, Vitélio. Ou até aos seus, Milônia. Entre os meus homens só há de deixa-los de pau duro. – disse com uma expressão debochada, dirigindo-se ao eunuco e à mulher.
Em seguida o eunuco se aproximou de Alexis e lhe enfiou a mão por baixo da túnica apertando suas nádegas como se estivesse sovando pão, ele saltou de lado e se indignou com a atitude. Prontamente um bofetão solapou seu rosto, desferido por um dos guardas que acompanhava o grupo. Nunca alguém o havia apalpado tão intimamente e, ao tentar esboçar uma resposta, a mão ameaçadora se levantou novamente e ele soube que devia permanecer com a boca fechada.
- Há de servir, depois de treinado. Pegue-o. Pressinto que estamos apenas diante da pedra bruta, lapidado há de ser um valioso diamante! – disse a mulher ao eunuco, soltando uma gargalhada, ao examiná-lo da cabeça aos pés.
Os que não foram recrutados foram levados pelos guardas, e Alexis pressentiu que não teriam um futuro muito longo. Embora não tivesse a mínima noção de como seria o seu, lastimou o deles. Naquele dia, durante a cena, a única refeição que o estomago faminto de Alexis provou, consistiu de uma tigela de puls fabata, uma espécie de mingau de cereais contendo favas. Depois, foi levado a uma espécie de dormitório coletivo na ala dos serviçais, onde o único acesso se fazia por uma larga porta de madeira, cuja chave vivia adornando o pescoço do eunuco. O lugar era limpo e asseado, havia uma sala de banho e um salão cujas janelas davam para um pequeno jardim arborizado e centralizado numa fonte que vertia água por uma bica e, pelo qual se distribuíam oito enxergas, cobertas com tecidos macios, e enfileiradas sob as janelas. Com ele, mais um garoto se juntou aos que já ocupavam o dormitório. Eles os examinaram sem maior curiosidade, esboçaram um sorriso tímido, mas fingido, quando o eunuco os mandou cumprimentar os novos companheiros. Alexis logo intuiu que ali era mister saber dissimular para sobreviver. Esta foi a primeira noite, em três anos, que seu corpo descansou no que podia ser considerada uma cama. Ele adormeceu instantes depois de recostar a cabeça no colchão de palha que farfalhava sob o lençol, e só acordou na manhã seguinte com o sol a lhe iluminar o rosto.
- Acordem seus preguiçosos! Pensam que vão ficar o dia todo debaixo das cobertas? – berrava o eunuco quando entrou no dormitório. Os garotos esfregavam os olhos sonolentos e começavam a se mexer, à medida que levavam uns safanões. – Andem, apressem-se para o jentaculum, comam-no rapidamente e tratem dos seus afazeres. E, quanto a vocês dois, terão um dia cheio e quero vê-los no átrio em meia hora. – a última ordem foi dirigida a Alexis e ao garoto que havia sido escolhido juntamente com ele no dia anterior.
A refeição consistiu de pão regado com azeite, leite de cabra e ovos, que os garotos devoraram prontamente sob o olhar zeloso de uma cozinheira gorda de faces rosadas. Os outros deixaram a cozinha e desapareceram, enquanto o garoto e Alexis foram ao encontro do eunuco. Ele os aguardava no átrio e estava conversando com um sujeito de faces encovadas, uma barba grisalha que descia do queixo afilado e que lhe dava o aspecto de um bode.
- Finalmente! Eis os dois. – disse o eunuco, com sua cara amarrada.
Ambos foram levados ao valetudinário, uma construção que não distava mais do que quinhentos metros do palácio. O eunuco partiu deixando-os aos cuidados do homem que lhes acabava de ser apresentado como sendo um medicus. Introduziram os garotos numa sala grande cujo centro era dominado por um tablado de mármore no formato de uma mesa. Havia mais alguns homens ali e Alexis recebeu a ordem de tirar sua túnica. Assustado, recusou-se a obedecer e, logo foi contido pelos homens e deitado sobre a mesa, nu como veio ao mundo. Ataram-lhe os pulsos e, as pernas foram mantidas abertas por um travessão de madeira, com grossas correias de couro amarradas em seus pés. Um dos homens lavou o pintinho e o saco de Alexis por três vezes, com um líquido contido numa vasilha. Em seguida, o medicus se aproximou dele, segurou seus testículos enquanto outro homem apertava uma tira trançada a redor deles. Com o olhar arregalado e suplicando clemência, sentiu o medicus decepando-lhe as bolas e aplicando uma atadura fria, enquanto ele gritava antes de perder os sentidos. Recuperou a consciência a tempo de ouvir o urro desesperado do outro garoto. A dor lancinante na virilha fazia com que ele alternasse estados de consciência e inconsciência. Sentia a boca seca e o corpo enregelado. Finalmente, despertou e percebeu que estava em outro aposento, por uma fileira de fenestras, rente ao teto, conseguiu ver a lua em minguante e algumas estrelas. Começou a chorar convulsivamente até sentir que as forças lhe faltavam novamente. Por quase três semanas permaneceu naquele lugar, recuperando-se da mutilação, antes do eunuco voltar e leva-los de volta ao palácio. Os garotos mais antigos os encararam com uma solidariedade tristonha, e Alexis intuiu que eles também eram castrados.
Tal como os outros garotos, designaram-no para os serviços de untor numa ala do palácio onde residiam as concubinas. Não eram muitas, uma vez que o imperador não era dado a essas promiscuidades. Mas, as concubinas presenteadas a Adriano por meio de acordos políticos ou como reconhecimento de sua supremacia e amizade dos povos conquistados, tinham seu lugar e algumas regalias asseguradas no cotidiano da corte. Embora o imperador não se servisse delas, por estar constantemente ausente em suas viagens aos territórios conquistados, ou por preferir partilhar o leito conjugal na companhia do jovem Antínoo. Quem mais se valia dos favores delas eram outros parentes e agregados de Adriano e, também um tio do imperador, homem já passado dos sessenta, ávido por um cálice de vinho e um par de ancas. Embora seu cacete fino e curto, somado a problemas de ejaculação precoce, não saciassem as necessidades femininas. O serviço não era pesado, constava basicamente de servir algumas refeições quando as concubinas não as partilhavam nos salões, atender a pequenas solicitações, ajuda-las a se banhar, untá-las com óleos e perfumes, ou vesti-las com mais pompa quando havia algum evento no palácio. Com isso sobrava bastante tempo livre, e Alexis, gostava de desfrutá-lo na zoteca, entre a rica coleção de pergaminhos, livros e objetos de arte como esculturas e pinturas que o imperador trazia de suas viagens. Ele contava com a condescendência e, o assédio libidinoso dos sábios que cuidavam desse tesouro para frequentar regularmente aquele espaço.
Os predicados físicos de Alexis se tornavam cada vez mais atraentes com o passar do tempo. Ele agora era um jovem muito bonito, caminhava com uma desenvoltura sensual e contida, seu sorriso angelical havia se tornado tímido com a castração, suas coxas haviam engrossado e sua bunda se tornara roliça e carnuda, a pele clara herdada dos ancestrais tinha uma mescla de aromas de cravo, anis, bergamota e sândalo devido aos óleos aromáticos que preparava para os banhos das concubinas. Eram da mesma organza, veludo ou cetim presenteado pelas concubinas agradecidas com seu cuidado, as armiclausas, as túnicas que trajava, e cujo comprimento alcançava o meio da coxa. Os homens da guarda palaciana, em longos períodos de privação dos prazeres sexuais, não desviavam o olhar daquele corpo sedutor quando ele circulava pelos corredores ou pátios do palácio. As conversas picantes entre eles na casa da guarda e, as próprias observações do chefe da guarda quanto às transformações ocorridas com Alexis, desde quando chegou junto com os outros cativos, fizeram-no se interessar pelo jovem. Mandou que Vitélio o encaminhasse aos seus aposentos junto à casa da guarda umas duas ou três vezes durante a semana, sempre à noite. Nessas ocasiões, deslumbrado com a pele viçosa, a sensualidade da carne firme e macia das coxas e nádegas de Alexis, apoderava-se dele e o possuia, passando a mantê-lo como seu concubino. Fodia o cuzinho dele com voracidade, duas ou até mais vezes durante a noite, metendo seu caralho cabeçudo naquele orifício apertado, morno e úmido, despejando sua gala acumulada e delirando de prazer. E, com o mesmo empenho que usava para cuidar da segurança do palácio, tratou de proteger seu pupilo da cobiça alheia. O jovem não o repudiava, aprendeu a se resignar. Desde que foi arrancado de sua família e de sua terra, compreendeu que não era mais dono de seu destino e, muito menos, de seu corpo. Servia-o com desvelo, até carinho, gostou e acostumou-se. No primeiro mês foi penetrado mais de trinta vezes. A cada manhã, depois de haver passado a noite com o chefe da guarda, saía do quarto com o cu ardendo e as entranhas encharcadas de sumo viril.
Certa vez, ao desfrutar de seu tempo livre na zoteca, depois que um dos sábios liberasse sua permanência por tê-lo deixado enfiar sua jeba em seu cuzinho, Alexis foi surpreendido, pelo próprio imperador, debruçado sobre um rolo de papiro versando sobre narrativas históricas etruscas, que ele havia visto um dos escribas copiando há poucos dias atrás.
- És um serviçal do palácio, não és? Sabes falar e ler latim? – perguntou Adriano, examinando a beleza dos traços de Alexis e estranhando a sua presença naquele espaço.
- Sim, senhor! Aprendi com alguns monges da minha terra. – respondeu cabisbaixo, fazendo uma reverência, como lhe ordenaram quando estivesse diante do imperador.
- Pois recite em voz alta o que estás lendo. – disse, acomodando-se numa cadeira de bronze cujos braços eram ornados por duas cabeças de leão.
Desenvolto, Alexis começou a ler o papiro do mesmo ponto onde havia parado antes da entrada do imperador. O tom de sua voz ainda não ganhara o timbre adulto, e talvez nunca o ganhasse depois da castração, mas a entonação se mostrava melodiosa e clara. O soberano deixou-se cativar e ficou um bom par de horas a ouvir o jovem ler, entretido tanto com sua beleza, quanto com o assunto contido no papiro. Com a entrada de dois conselheiros a requisitar sua atenção, Adriano se levantou, tirou um dos anéis de ouro dos dedos e aproximando-se de Alexis, disse-lhe que era um presente, e colocou-o em sua mão. Este abriu um sorriso afável e voltou a fazer uma reverência. O anel era largo demais para os seus dedos longos e finos, mas ele ficou satisfeito por possuir algo de valor.
Em outra ocasião, Alexis fora incumbido de ajudar os servidores do imperador durante os preparativos para vesti-lo e servir-lhe o jentaculum nos aposentos, tendo em vista que alguns serviçais tinham tido um problema de última hora. Adriano ainda estava na cama com Antínoo ao seu lado, ambos nus, entre os lençóis.
- Veja com é lindo este jovem. Tem traços nobres e fala e lê latim. Não é surpreendente? – disse, dirigindo-se a Antínoo, abrindo um sorriso e tomando o queixo de Alexis entre as mãos.
- Sem dúvida! De onde sois? – perguntou Antínoo, fixando o olhar no corpo de Alexis.
- Da Germânia Superior, senhor. – respondeu, sentindo-se como uma das peças de arte pilhadas ou dadas por bajulação pelos povos conquistados.
- Percebo que soube o que fazer com meu presente. – disse Adriano, pegando, entre os dedos, o anel que pendia do pescoço de Alexis preso a um cordão de couro trançado. Enquanto este sentia suas faces enrubescerem.
No entanto, nem tudo eram flores naquele exílio forçado. Durante a Venerais, a festa em honra a deusa Vênus e, com o imperador em uma de suas viagens, comemorava-se também o aniversário do tio do soberano. Um banquete havia sido organizado e o palácio estava cheio de convidados. As concubinas e os jovens de Vitélio precisavam estar deslumbrantes, disponíveis e risonhos. De madrugada, saciados e já levemente entediados, os convidados foram brindados por uma cena protagonizada pelo velho. Com a lucidez embotada pelos cálices de vinho, vendo Alexis passar diante dele, o velho o agarrou pela cintura e o forçou a debruçar-se sobre um sofá, levantou sua pretexta de organza e acariciou suas nádegas rosadas, depois o encoxou e quis possui-lo diante de todos. Mas, assim que o cacetinho retorcido dele, parecendo um saca-rolhas, encostou no rego tenro e quente, o velho deixou a porra escapar; um líquido exíguo, ralo e aquoso. Frustrado com sua incapacidade, o velho quis bater em Alexis, mas alguns conselheiros sussurraram em seus ouvidos que Adriano havia feito elogios ao jovem, que o tinha em alta conta e que, talvez fosse prudente não cair em desgraça com o sobrinho.
De tempos em tempos o corpo da guarda era substituído. Jovens que haviam se destacado nos campos de batalha durante a conquista de territórios, eram promovidos e agraciados com um posto de circítor no palácio. Alexis repara então num jovem espadaúdo, recém-chegado, de uns vinte e cinco anos, grande e troncudo, com um pescoço que o elmo deixou musculoso como o de um touro, pernas grossas e peludas sob a túnica e braços potentes e viris, e percebe que este também o nota, o olha com desejo. Descobre que ele se chama Herculano, que foi centurião em uma das legiões que retornaram a Roma depois que o imperador cedeu a Dácia, atual Romênia, aos sármatas. Alexis completou dezenove anos no último outono, começa a sentir em seu peito uma sensação nova, que o paralisa, que o inquieta, que faz seu coração se acelerar quando encontra Herculano e, descobre que está apaixonado por esse macho. Quando sabe que Herculano não está em seu posto, vai até a casa da guarda com um mimo nas mãos. Geralmente os busca na cozinha, onde as três cozinheiras que a comandam, matronas gordas cujas tetas pesadas se debruçam sobre o avental amarrado à cintura, já se habituaram ao seu jeito jovial e brincalhão de beijá-las e chamá-las de ‘mamans queridas’, quando entra todas as manhãs na cozinha. Elas atendem aos seus caprichos e não se recusam a lhe entregar um pão ou bolo recém-saídos do forno, um queijo, um pedaço de assado ou uma tigela de compota, que ele usava como subterfúgio para suas visitas. Herculano retribuía. Assegurava-se de que ninguém os estivesse vendo e oferecia uma prenda a Alexis, ora um bracelete, ora um cristal lapidado fruto dos bens confiscados aos conquistados em terras distantes.
- Nunca vi nada tão lindo! – exclamou Alexis, quando a mão vigorosa de Herculano, depositou o pedaço de lápis-lazúli em suas mãos suadas e trêmulas.
- É da cor dos seus olhos, mas não tão lindo e brilhante quanto eles. – retorquiu Herculano, cingindo seu braço pesado ao redor da cintura do efebo loiro, trazendo-o tão perto de si a ponto de sentir o calor e o perfume daquele corpo escultural, enquanto Alexis se deixa encaixar naqueles braços acolhedores sem nenhuma resistência.
Quando, por algum motivo, Alexis não consegue se encontrar com Herculano durante o dia, à noite sonha com ele o enrabando, encantado com a ternura com que aquele macho o trata. Já Herculano tem em muitas de suas noites, um sono perturbado, que o faz acordar todo melado depois de sonhar que estava possuindo Alexis.
O chefe da guarda percebeu a mudança no comportamento do jovem. Enquanto ele o estava enrabando, parecia que o mancebo tinha os pensamentos distantes. Depois de galado, ele já não lhe dava mais aqueles beijos agradecidos e, nem ficava brincando com os pelos de seu peito por muito tempo. Quando questionado, dizia que sentia saudades de casa, da dúvida que o assolava sobre o paradeiro da família, e se fechava em si mesmo. Ele sabia que não era isso, e começou a desconfiar daquelas trocas de olhares entre seu centurião e o amante. Sendo ele um homem casado, alguns dias da semana ele não dormia em seu aposento na casa do corpo da guarda. Ia passa-los com a família e, nessas ocasiões, raras vezes levava Alexis consigo, especialmente depois que a mulher notou a dedicação exagerada que ele tinha com aquele jovem.
Estavam no fim do período estival, as magnólias floridas nos pátios exalavam seu perfume na noite quente, e Alexis não conseguia conciliar o sono. Mesmo por que, sabia que Herculano estava lá embaixo em algum lugar, sozinho e pensando nele entre as folgas de cada turno. Alexis calçou as sandálias e desceu ao pátio atrás da cozinha sem se preocupar em trocar a leve túnica de organza que estava usando para dormir. Herculano sentiu o coração palpitando quando viu aquele anjo vindo em sua direção, e o tesão atiçando seu membro numa ereção sob a túnica pesada. Tão logo ele chegou ao seu alcance, ele o tomou em seus braços e sofregamente começou a enfiar a língua na boca de Alexis. Este deixou a língua afoita e saborosa entrar em sua boca a procura da sua, enquanto seu cu começava a fazer beicinho de tanto tesão. Quando se tocavam, nessa proximidade voluptuosa, as peles se roçando, afogueadas e carentes, seus corpos sentiam como se um raio os estivesse atravessando. Era uma energia tão intensa e tão singular, que nada se comparava ao que já haviam sentido. Herculano tomou a mão de Alexis entre a sua e o conduziu até um paiol que ficava a uma distância discreta e segura da casa da guarda. Só havia uma claraboia no teto abobadado por onde se via uma lua cheia derramando sua luz prateada e fria. Num canto, onde a claridade difusa mal alcançava, amontoavam-se alguns sacos de aniagem, fazendo um leito branco e macio. Herculano enfiou as mãos pesadas e ásperas por baixo da túnica de Alexis, percorreu cada curva e a levantou até tirá-la pelo pescoço, deixando-o nu. Uma penugem rala e dourada cintilava sobre a brancura do corpo perfeito. Dos peitos rosados e pequenos apontavam os biquinhos duros, sensuais e provocantes, que ele beliscou e chupou como uma criança que só consegue se acalmar nas tetas da mãe. A nuca fresca e sedosa tinha aquele perfume que o inebriava. Alojado atrás de Alexis ele o apertava contra o corpo e mordiscava suas orelhinhas macias, provocando-lhe cócegas, e fazendo com que ele rebolasse a bunda tesuda contra sua pica empinada. Herculano desafivelou e tirou o bálteo, depositando-o, junto com a espada, próximo aos sacos de aniagem. Em seguida, despiu a túnica vermelha expondo um caralhão imenso que se reflete no olhar arregalado de Alexis, que jamais imaginou que um macho podia ter um membro tão grande, cabeçudo e grosso entre as pernas. Voltou a apertar aquele corpo delicado contra o seu, aninhando o caralhão entre as coxas de Alexis. Herculano hesitou um pouco, sua experiência nesse assunto não é vasta. E, nesse momento, censura-se por não ter se deitado mais vezes com as prostitutas que o abordavam como abutres diante de um banquete, ou daquelas mocinhas que trabalhavam nas tabernas, com calores sob as saias que ardiam como brasa. Ele imagina que Alexis seja virgem e teme machuca-lo. Não faz ideia que seja um puto disfarçado de anjo. Embora não por vontade própria. Sedento como nunca e, pela primeira vez, desejando ardente e voluntariamente acalentar aquele cacetão em seu cuzinho, Alexis rebola e empina a bundinha contra a virilha pentelhuda do amado. Herculano treme na emoção de penetrá-lo. Deita-o de bruços no ninho improvisado e lhe mordisca as nádegas tenras e firmes. Lambe o cuzinho rosado que se contrai em espasmos tão potentes que fazem o orifício desaparecer, deixando apenas um ponto ao redor do qual as preguinhas formam um círculo raiado. Ele aloja a verga novamente no rego apertado de Alexis e a faz deslizar, comprimida pela carne trêmula e morna. Um pré-gozo farto e viscoso brota da cabeçona arroxeada, melando as nádegas de Alexis. Os pelos da nuca de Herculano estão ouriçados e seus músculos tensos, num tesão doentio. Ele força o cacete na porta do cuzinho e o arromba, a cabeçorra atola no orifício anal puxado para dentro pelas preguinhas e pelos esfíncteres que se contorcem dolorosamente. Alexis sente que está sendo arregaçado, para uma jeba daquele tamanho é como se ele fosse virgem. Herculano sente aquela maciez agasalhando e apertando o seu cacete que parece querer explodir, e desfruta a posse submissa de seu anjo, que solta um gritinho agudo e angustiado.
- Está doendo, meu anjo? – ele procurou ser o mais delicado que sua força e rudeza permitiam.
- Um pouco. Mas, eu não me importo. – respondeu Alexis, e estava sendo sincero. Quando a pica do chefe da guarda o desvirginou ele sentiu muita dor, mas essa dor logo cedeu, ao contrário da de agora, muito mais intensa e, que nem fazia menção de amainar.
Herculano soca a tora até o talo, e começa a estocar o cuzinho num vaivém ritmado e lento, enquanto Alexis geme e gane feito uma cadela no cio, o que se afigura a Herculano como sendo a primeira vez que o mancebo é enrabado. O cuzinho arde enquanto está sendo esfolado, mas ele sente tanta felicidade por aninhar aquele macho em suas entranhas, que uma lágrima rola por sua face, tão solitária como ele sempre se sentiu todos esses anos. E, essa pica voraz entrando e saindo de seu cuzinho, é a certeza de que seus dias de solidão acabaram. No sacão globoso de Herculano algo ferve, e ele sente a musculatura ao redor de sua virilha se retesar. Ele mete o cacetão o mais fundo que pode, as bolonas batem nas nádegas de Alexis e ele goza no cuzinho receptivo. Os jatos explodem numa profusão copiosa, leitosos, espessos e pegajosos, lambuzando as profundezas do ânus de Alexis. O pintinho deste não esboça nenhuma reação, é a efetividade da castração, e todo o tesão que ele está sentindo, se localiza no cuzinho que aperta desesperadamente o caralhão cravado nele. Eles se entregam ao êxtase daquele momento sublime, arfam engatados, e deixam que seus corpos se recuperem. Alexis é mais carinhoso do que nunca, beija o rosto de seu amado com frenesi, enquanto o segura delicadamente em suas mãos, antes de selar seus lábios nos de Herculano. Este se entrega àquelas carícias, enquanto segura firmemente a nádega macia que o aninhou. Beijam-se demoradamente, até que o caralhão de Herculano recomeça a enrijecer, e eles voltem a copular apaixonadamente, esquecendo-se de que existe um mundo além daquele refúgio.
O período estival foi dando espaço ao outono, as estações se sucediam ora sutis, ora definidas por eventos marcantes, tal como a paixão entre Herculano e Alexis. Herculano, cuja postura séria e compenetrada, tinha sido a característica pessoal mais evidente, passou a ser visto assoviando e cantarolando, desapegado daquele furor incômodo que a testosterona provocava em sua genitália. Alexis cuidava de seus afazeres ainda mais sorridente e alegre que de costume, como se o esperma do amante agisse como um tônico em seu corpo. Temendo pelo futuro dessa felicidade, omite de Herculano sua relação com o chefe da guarda. Este sente o concubino cada dia mais distante e menos focado em suas necessidades de macho, e redobra sua vigilância sobre o mancebo. Numa noite, em pleno inverno, quando já havia dispensado os favores sexuais do amancebado, e intentava ir para casa, um aguaceiro torrencial despencou sobre a cidade e ele mudou de planos. O frio, o tilintar da chuva nos telhados e o desejo priápico melando seu pinto eram mais do que justificáveis para ele se aconchegar ao corpo carnudo, rijo e estimulante de Alexis. Pediu a Vitélio que lho enviasse mas, o eunuco já não tinha o mesmo controle sobre o pupilo. De uns tempos para cá, não passava a noite no dormitório, por vezes ficava desaparecido durante horas sem que ninguém soubesse de seu paradeiro, e essa verdade precisou ser revelada. Esta afirmação deixou o chefe da guarda mais certo de que o amante lhe escapava por entre os dedos. Mandou chamar Herculano que também não se encontrava em lugar algum, e a desconfiança virou uma certeza. Juntou alguns homens e passou a vasculhar cada canto do palácio, indo parar no paiol. Pelas frestas do pranchado de cedro da porta, tenuamente iluminados pela claridade vinda da claraboia, encontrou Alexis e Herculano trocando beijos lascivos. Herculano havia trazido a barra da túnica de Alexis até o fim de sua coxa e a mão libertina acariciava a nádega branquinha, exposta e vulnerável. E este, pendurado no pescoço do rival, desfazia-se em carícias excitantes. Louco de ciúme, ultrajado em seus brios por aquele a quem ensinou toda minudência dos prazeres carnais, teve vontade de mata-los ali mesmo. Mas, o que alegar em sua atitude para justificar o crime? Com o sangue fervendo nas veias, afastou-se um pouco da construção antes de começar a chamar pelo nome de Herculano. Assustado, o casal temeu pelo pior, mas Herculano não era homem de se deixar intimidar, e com frieza deixou o paiol sozinho, alegando que escutara sons vindos de seu interior e fora verificar. Do olhar pérfido que o superior lhe lançou, ele intuiu que este havia presenciado o encontro. A relação entre eles se deteriorou a partir daí. Herculano sentia o ódio do chefe transbordando nas ordens que lhe dava e passou a nutrir o mesmo sentimento. Passaram a se estranhar, como dois lobos alfa disputando o mesmo território, até o dia em que chegaram às vias de fato. Procurando respaldo para uma decisão que havia tomado, entre as influências que tinha no palácio, designou Herculano para uma luta com gladiadores, na esperança que ver o rival morrer em combate.
Alexis foi punido na cama. O amo queixou-se da míngua dos favores sexuais que recebia. Faltava empenho ao chupar sua rola. As pregas anais do amante chuchavam seu cacete sem entusiasmo. Os beijos eram gelados e as mãos macias massageavam seus culhões mecanicamente. O mancebo tentava se justificar, mas não encontrava desculpas à altura, pois sua mente e todo seu tesão estavam focados em Herculano. Agora levava uma bofetada a cada encontro, seu cuzinho era vilipendiado e seviciado por penetrações brutas e, dedos grossos e cruéis torturavam suas entranhas. Ele se entregava, fechava os olhos e imaginava que era Herculano que se estava alojado dentro dele e, quando voltava a abri-los, as lágrimas brotavam copiosas sofridas.
Herculano lutou como um touro, para salvar sua própria vida, e para ter o direito de possuir seu anjo. A barbárie acontecia entre os brados histéricos da multidão. Alexis fora forçado a assistir ao espetáculo com o intuito de ver seu predileto sendo morto diante de seus olhos. Mas, Herculano vencia as lutas, mesmo com o corpo coberto de ferimentos e a beira da exaustão. Deixou a arena em triunfo, aclamado até, insuflando ainda mais o ódio do chefe da guarda. Desapontado com o resultado, este mandou que alguns homens amarrassem Herculano e o açoitassem diante de Alexis. As chibatadas imprimem vergões sangrentos nas costas poderosas de Herculano que aguenta firme, enquanto sua mente começa a articular a vingança que vai perpetrar. Alexis, impotente, soluça e as lágrimas saltam de seus olhos azuis, como se fossem gotas da água do mar. Com a ajuda dos garotos do dormitório, solidários com seu sofrimento, ele leva seu amado até o valetudinário, onde o medicus o havia castrado. Suplica pela benevolência dele e, paga os cuidados e unguentos com seu próprio corpo, que em todas as ocasiões onde precisou de favores, foi a moeda de barganha. Ele conseguiu cuidar de Herculano num aposento improvisado próximo a despensa da cozinha. Lavava os ferimentos e os cobria com unguento e ataduras, dava de comer caldos e mingaus diretamente na boca e, se deitava nu, enroscado no corpo de Herculano, para aquecê-lo, propiciando um casulo protetor e reconfortante. Sorria carinhosamente quando o cacetão de Herculano se empinava e a cabeçorra dura se aninhava em suas nádegas, sinal de que estava se recuperando. Passaram-se pouco mais de quatro semanas até a completa recuperação de Herculano. Verdade que ele já havia recobrado suas forças e se sentia bem depois de quinze dias, mas aquela mãozinha macia aplicando delicadamente cataplasmas em seus ferimentos, dando-lhe um beijo se porventura soltasse um gemido, e enrodilhando aquele corpo cheiroso no seu fizeram-no não ter pressa em mostrar seu restabelecimento. Alexis era puro carinho.
Quando finalmente se aprumou, Herculano compartilhou seu plano de vingança com Alexis. Tivera tempo para arquitetar cada detalhe e, agora, era o momento de executá-los.
- Vou cuidar de você anjinho, não tenha medo. – afirmou, diante da apreensão que se apoderara de Alexis quando soube o que ele pretendia fazer.
Infortunadamente, naquele dia, Alexis ao terminar seus afazeres junto às concubinas, trombou com o tio do imperador nos corredores. O velho, que cismara com aquele corpo sedutor desde o primeiro dia e, que encasquetara que ainda meteria sua pica naquele cuzinho, comentou que havia tempos não o via, e quis saber o que andara fazendo. Mandou que ele fosse até seus aposentos, e diante da hesitação e quase recusa em obedecer, lançou um olhar para os guardas que o acompanhavam, insinuando que, por bem ou por mal, ele haveria de fazer aquilo que queria. Assim que estava a sós com Alexis, o velho começou a boliná-lo. Sem opções para se livrar do assédio, Alexis entrou no jogo e, sabedor de que o velho mais apreciava os prazeres de Baco que os de Himeros e Eros, começou a embebedá-lo, ao ponto em que este, sem ereção, desfaleceu na cama. Próximo ao jarro de vinho que usou para embriagar seu algoz, Alexis notou a presença de uma pochete de couro estufada de áureos e pensou que o dinheiro poderia ser muito bem utilizado para a fuga depois que Herculano pusesse em prática sua vingança. Hesitou por alguns instantes, não era um ladrão, mas depois encarou aquilo como uma forma de pagamento por tudo o que o fizeram sofrer. Ele não fazia ideia do valor do dinheiro, em sua situação não era comum possuir mais do que alguns asses, geralmente recebidos por algum serviço prestado. Assim, os dez mil áureos contidos na pochete, pouco representavam em sua ingenuidade.
A lua já estava alta no céu límpido. A guarda fazia a ronda ao mesmo tempo em que se processava a troca. Herculano conhecia todos os pontos vulneráveis, e agradeceu por isso. Esgueirou-se, sem ser visto, até o quarto do chefe da guarda. Este dormia no catre junto à parede ao lado da espada. Quando percebeu que não estava só, já era tarde. O movimento do braço para alcançar a arma se interrompeu. Herculano, de um só golpe, girou a cabeça do homem e ouviu os estalos. O corpo estrebuchou algumas vezes antes de se entregar à inércia total. Não houve tempo sequer para um gemido, e ele estava morto. Em seguida, foi ao encontro de Alexis, que o esperava aflito sob uma árvore no pátio próximo da cozinha. Quando pegou nas mãos do amante, sentiu-as frias e úmidas, e o conduziu até as cocheiras. Montaram em dois cavalos e saíram em disparada pela noite clara. Enquanto a cidade ficava para trás, eles seguiam pela Via Faminia tentando alcançar Rimini na costa adriática. Chegaram aos arredores da cidade depois do nono dia e, certos de ninguém estava em seu encalço, seguiram mais tranquilamente em direção ao norte, pela Via Aemilia, até próximo a atual cidade de Bolonha.
Desconhecidos, apresentaram-se como mercadores numa taberna às margens da via. O proprietário, um senhor de cabelos brancos e, levemente corcunda, queixava-se da vida. Dizia que estava farto daquele trabalho inglório, hospedando viajantes e servindo vinho em mesas abarrotadas de sujeitos sem eira nem beira. Culpava a taberna pela morte da mulher, e pela desgraça da filha, uma matrona, agora em seus quarenta e poucos anos, que engravidara aos dezesseis, depois de aliciada por um daqueles passantes. Sobrara-lhe o filho, um tanto abestado, que não servia para nada, e a desonra. Estava disposto a vender o estabelecimento se naqueles tempos difíceis, aparecesse um interessado para tocar o negócio.
Depois de se amarem, enquanto Herculano sacodia os culhões, satisfeito com a devoção de seu anjinho, Alexis mostrou a pochete com o dinheiro e sugeriu que se estabelecessem e começassem a viver a vida a quem tinham direito, ali naquele lugar aprazível e distante do passado.
- Acha que é o suficiente para ficarmos com a taberna? – pergunta Alexis, sob o olhar espantado de Herculano.
- Muito mais do que o suficiente! – exclama, enquanto o amante lhe conta como obteve o dinheiro.
Herculano foi esperto ao negociar o estabelecimento, e o velho diminuiu bastante o valor, querendo se livrar daquilo o mais breve possível.
Alexis praticamente transformou o estabelecimento numa hospedaria. Tinha boas ideias, um gosto refinado, e achou que os viajantes que percorriam a Via Aemilia estariam mais bem servidos com um estabelecimento como aquele do que com uma taberna cheia de bêbados. Seu palpite estava certo, e o negócio começou a prosperar. No mesmo terreno construíram uma espécie de mercado, que passou a abastecer boa parte das pessoas que moravam ao sul da cidade, que distava poucos quilômetros dali. Herculano costumava ir a Ravena, em cujo porto chegavam as mercadorias para abastecer seu mercado, demorando-se de três a quatro dias, tempo em que Alexis ficava tocando os negócios. Era o único período que ficavam longe um do outro. Alexis sempre ficava um pouco tristonho quando ia chegando o dia em que Herculano precisava partir, eram-lhe sofridos os dias que ficava sem seu macho. E, Herculano não via a hora de chegar em casa e enrabar seu anjinho, angustiava-se pensando nele à mercê de hóspedes que eventualmente pudessem se valer de sua ausência para se refestelarem no cuzinho do amado. Tinha ciúme, muito ciúme, pois nunca tinha sido tão amado e, em tempo algum sentira seu cacete tão satisfeito, nem sido o alvo de tantas carícias. Em três anos, haviam quintuplicado o patrimônio que Alexis havia confiscado do tio do imperador.
Nos últimos tempos Alexis se sentia acuado com as exigências e ciúmes de Herculano. Muitas vezes chorava magoado quando este insinuava que ele dera uma atenção exagerada para este ou aquele hóspede. Para aplacar sua raiva Herculano estocava o caralhão com força e brutalidade no cuzinho de Alexis. Quando percebia que o anjinho chorava sob seu jugo, arrependia-se e, abraçava o corpinho sedoso com paixão. Não conseguia suportar a ideia de que outro pudesse se aproveitar daquele tesouro.
A Via Aemilia é rota de soldados rumo ao porto militar de Ravena. A caminho do porto muitos passavam pela hospedaria. Numa manhã de primavera, pouco depois de Alexis ter acompanhado a colheita na horta, para o preparo da cena do dia, chegava ao estabelecimento um grupo de dez militares, entre centuriões e soldados. Herculano e dois funcionários estavam prontos para partir para Ravena naquele mesmo dia. Dois centuriões e alguns soldados reconheceram o casal, todos haviam prestado serviços no palácio. Parte do grupo, após deixar os cavalos descansarem e eles mesmos se valerem do abundante jentaculum, seguiram viagem com Herculano, enquanto o restante pernoitaria na hospedaria.
- Lembro-me de ti. Eras um dos mancebos untores de Vitélio, que untava e perfumava as concubinas do palácio. – disse um centurião, recordando-se com grata satisfação daquele corpo sensual trajando uma pretexta curta que, durante alguns movimentos, deixava entrever a bunda polpuda e roliça de Alexis. – E, aquele que partiu é Herculano, que o chefe da guarda tentou afastar de ti, uma vez que o servias na cama. Mas que, misteriosamente, amanheceu morto certa manhã, a mesma em que também sumistes. – emendou, intuindo toda a história.
- Não sei do que estás falando. Jamais estive no palácio de Adriano. – mentiu Alexis, sem sucesso.
- Pouco me importa o destino do chefe da guarda. No entanto, sempre que o via, sonhava com a oportunidade de agasalhar minha pica nessa sua bundinha tesuda. E eis que a oportunidade me caiu como um agrado nas mãos. – sorriu maliciosamente.
- Desculpe-me, estou cheio de afazeres. Não tenho tempo a perder com sua conversa. – sentenciou Alexis, bruscamente.
- Seja como for, hás de dar o melhor de si a teus hóspedes, não é? – completou, rindo-se sarcasticamente. – Isso se tiveres apreço à liberdade de teu macho. Uma palavra minha e tereis uma centúria no encalço do assassino do chefe da guarda. – emendou.
Alexis, abalado, mergulhou no trabalho, deixando o homem na sala onde eram servidas as refeições, e mandou um mensageiro atrás de Herculano, para preveni-lo da ameaça.
Entre o grupo que acompanhava Herculano, também havia dois homens que os reconheceram. Mas, nenhum deles tinha informações suficientes para relacionar o crime com a pessoa de Herculano. Lembravam-se apenas dele ter vencido os gladiadores contra os quais lutara com êxito. E, de Alexis, o mais delicioso dos mancebos de Vitélio, que satisfazia os soldados da guarda e mais uma dezena de residentes na corte, inclusive, talvez, o próprio Antínoo, amante do imperador, quando este estava em campanha por alguma das províncias do império.
- O que dizes miserável! Irritou-se Herculano, quando o soldado relatou o que sabia e o que imaginava ter acontecido.
- Ora, não hás de ficar tão acorçoado! – O palácio inteiro sabe para o que servem aqueles mancebos que Vitélio mantem como untores, quando não estão ocupados com seus afazeres. – sentenciou, fazendo com que, repentinamente, tudo se esclarecesse na mente de Herculano. – Até nós dois tivemos a felicidade de enrabar aquele cuzinho tenro! – exclamou, repartindo a glória da proeza com o centurião que estava ao lado.
Um ódio cego se instalou dentro de Herculano. Como pode ser tão ingênuo? Aquela desenvoltura com a qual Alexis lhe chupava a rola, saboreando sem nenhum asco, até a última gota de sua porra. A maneira como empinava e projetava aquela bundinha contra sua virilha para facilitar a penetração da cabeçorra de seu caralho, que ele sabia ser muito maior e mais grosso do que o normal. Tudo aquilo não podia ser aprendido tão rapidamente, ainda mais com ele, que pouca experiência tinha com essas performances. Alexis era um puto, agora o sabia. E esses dois, que estavam na sua frente, haviam desfrutado dos favores e do cuzinho de seu anjinho, vangloriando-se da façanha. Atraiu um após o outro, para o interior de um bosque na margem da estrada e estrangulou o centurião, que morreu com um olhar perplexo e, em seguida, esmagou a cabeça do soldado contra uma pedra, deixando uma pasta ensanguentada escorrendo dela. Sem entender o motivo, os funcionários acatam a ordem de Herculano e dão meia volta às carroças, rumando de volta à hospedaria, sem terem chegado a Ravena e se abastecido com as mercadorias. Herculano os dispensa assim que chegam nas proximidades do estabelecimento, enquanto o crepúsculo vai se tornando noite.
Herculano não anuncia seu retorno. Fica a espreita, vendo as velas e candeeiros serem acessos e a luz amarelada e oscilante iluminar o interior da hospedaria. O salão de refeições está cheio, os funcionários servem as mesas e poucas luzes cintilam no andam de cima onde estão os quartos, inclusive os aposentos onde eles moram. Alexis circula pelo salão, verificando se tudo está a contento dos hóspedes, e dá ordens aqui e acolá. Com o rosto quase colado à janela, Herculano vê quando um dos centuriões, antes de se sentar à mesa, passa por Alexis e o agarra por trás, encoxa-o e enfia a mão no rabinho oferecido. Ele fica louco, seus punhos se fecham e ele procura se controlar, por hora, pois não pode dar cabo do militar diante de tantas testemunhas. Como avançar da noite, começa a esfriar; mas, Herculano está tão tenso que não sente nada além do ódio que lhe oprime o peito. Aos poucos as luzes vão se apagando e só resta uma no quarto deles. Foi preciso subir num salgueiro próximo para enxergar o interior do quarto. Alexis sai nu da banheira onde se deitou na água tépida, o ritual de todo os dias, que ele fazia para relaxar o corpo cansado, após um dia atarefado; e se dirige para a cama, onde normalmente ele estaria a sua espera com as pernas abertas e a pica excitada, já meio dura, babando de expectativa. Mas, o que seus olhos presenciam é mais doloroso do que os ferimentos que os gladiadores deixaram em seu corpo. A porta do quarto é aberta abruptamente, Alexis se assusta, e o centurião e um soldado entram no quarto, fechando a porta atrás de si. Ele queria ser uma mosca para poder ouvir o diálogo que acontecia lá dentro. O Centurião despe sua túnica e puxa Alexis para junto de si, mete a mão nas nádegas que são suas e as acaricia lascivamente. O soldado também se despe e deixa a pica pender bem diante do rosto de seu amado. Alexis põe na boquinha aveludada aquela jeba grotesca e começa a lamber o membro que vai se empinando. Debruçado com a cabeça entre as pernas peludas do soldado, seu cuzinho fica à disposição do centurião, que mordisca a pele alva e lambe, impunemente, as preguinhas de seu anjo. Alexis vira o rosto para trás, antes que aquele homem musculoso enfie o caralhão em seu cuzinho. Mas, é puxado novamente de volta para a pica do soldado por um par de mãos que guia sua cabeça para junto dos pentelhos da virilha exposta. O rosto de Alexis se contrai e, ele não geme apenas se entrega, enquanto os dois se revezam em seu cuzinho. O centurião joga a cabeça para trás enquanto goza enchendo com sua porra aquele ninho morno e úmido. Em seguida é a vez do soldado, que estoca profundamente, enfiando até o talo e deixando que as bolas se aninhem no rego de Alexis, enquanto solta um urro gutural que alivia seus culhões.
Alexis fica encolhido estendido sobre a cama, e os dois saem quase simultaneamente do quarto, que cai na escuridão. As luzes caminham pelo andar superior e vão parar iluminando precariamente dois quartos quase contíguos. A hospedaria fica em completo breu. Herculano desce da árvore e entra sorrateiro na casa. Vai até o primeiro quarto e quando seu ocupante dá pela presença do estranho, mal tem tempo de identificar o invasor, o olhar aterrador fica em seu semblante quando tem seu pescoço quebrado por um braço musculoso e potente. Pé ante pé, a porta do outro quarto range um pouco quando se abre parcialmente. O ocupante do quarto ainda está massageando seu sacão leve e desoprimido, quando um par de mãos, feito garras, se fecha ao redor de seu pescoço e um joelho afunda seu peito contra o chão de tabuas. Sua respiração vai parando lentamente, enquanto ele tenta desesperadamente conseguir o ar que não lhe entra mais nos pulmões.
Herculano sente os músculos do pescoço retesados, chegam a doer. Ele controla a respiração e caminha em direção ao seu quarto. Consegue distinguir na penumbra a silhueta encurvada sobre a cama. Aproxima-se e toma o corpo trêmulo de Alexis nos braços. Ele procura se afastar, até perceber que os braços que o envolvem têm o cheiro viril e conhecido de seu macho. Enlaça o tronco e o pescoço de Herculano e o cobre de beijos apaixonados, seus olhos brilham quando o olhar de Herculano se fixa neles. Alexis emite um ganido quando o púgio se afunda entre suas costelas, e seus lábios se contorcem num sorriso doce.
- Senti sua falta, meu amor. – a voz de Alexis não passa de um sussurro, enquanto seu corpo vai se tornando cada vez mais pesado nos braços de Herculano.
Herculano aperta o corpo inerte contra o peito e sente todo o seu convulsionando entre os soluços que não consegue conter. Seus dedos grossos deslizam pelo rosto lindo e parcialmente coberto pelos cachos loiros que escorregaram sobre ele.
- Meu anjinho! Não consegui cumprir minha promessa de cuidar de ti. – rosnou, com as lágrimas a gotejarem de seus olhos.
Aos poucos ele foi puxando a adaga para fora do peito ensanguentado de Alexis e, com um riso sardônico nos lábios, cravou-o em si mesmo, de baixo para cima, da barriga para o tórax, sentindo a lâmina fria abrindo caminho com o vigor do golpe. Simultaneamente, colou sua boca na de Alexis e, penetrou sua língua nela, procurando, pela última vez, o sabor sensual de seu amado.


                                

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Comentários


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kzdopass48es Comentou em 28/10/2016

Um deus romano! Betto

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lordricharlen Comentou em 13/03/2016

Linda história como sempre arrasa nos detalhes.

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hersu Comentou em 11/03/2016

Muito bom mesmo, valeu cada detalhe

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moustache Comentou em 09/03/2016

Muito bom!!! Mas longo demais....




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Ficha do conto

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Nome do conto:
A Promissora Jeba do Legionário Romano

Codigo do conto:
80109

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
08/03/2016

Quant.de Votos:
9

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