Desastrosa primeira vez

Desastrosa primeira vez
Aos dezoito anos eu era um garoto quase normal para a minha idade. Um pouco mimado por uma família burguesa de classe abastada, um pouco confuso quanto à minha identidade sexual e, um pouco bonito demais em relação aos padrões convencionais. Como tudo na vida, isso tinha o seu preço. A grana da família me protegia e me afastava da vida real. A confusão em relação à identidade sexual vinha do apego exagerado à figura do meu pai que, aos quarenta e cinco anos, tipificava a minha concepção de homem ideal e, por quem eu nutria um amor platônico e quase incestuoso. Quanto à beleza, eu só podia ser grato ao Criador, pois me foi dada à revelia da minha vontade própria e, eu tinha aprendido a conviver com ela, ora mais facilmente, ora a duras penas. Digo isso porque, porquanto o rosto harmonioso de perfil suave, olhos de um azul tão intenso quanto o céu de um dia de verão, e uma boca quase sempre delineada por um sorriso franco, me abriam portas com certa facilidade; o corpo alto e esguio, todo proporcionalmente distribuído, à exceção de um par de coxas extremamente grossas e uma bunda muito arrebitada e carnuda, me tornavam o foco de olhares cobiçosos e abusos libidinosos. Em casa eu desfrutava das regalias, atenções e gozações de todo caçula. Já no colégio, era alvo de suspiros femininos e zoações de frustrados inconformados com tantos predicados.
A relação com meu pai sempre foi de admiração e carinho recíprocos. Eu cresci vendo aquele homem corpulento e musculoso se derramando de amores por mim, até o dia em que descobri que sentia tesão quando ele me apertava longa e exageradamente contra seu peito peludo e acolhedor. Ao invés de me culpar por esse sentimento, eu redobrava meu afeto por ele e, mesmo crescidinho, continuava a sentar em seu colo, abraçava-me ao seu pescoço e beijava-o com intensidade prodigiosa que, ao mesmo tempo, era consentida e voluptuosamente desfrutada. Aliás, meu primeiro beijo na boca partiu dele. Foi um beijo impulsivo, muito discreto e comedido já que não passou de um toque suave de seus lábios úmidos no canto da minha boca, além de retratador, uma vez que ele estava se penitenciando por ter me dado uma bronca injusta. No entanto, deste dia em diante, não se tornaram raros beijos mais explícitos como aquele, trocados longe da presença de outros e, tão íntimos e pouco castiços que podiam ser taxados de pecaminosos, não fosse o amor verdadeiro que ensejavam. Outra relação pouco ortodoxa acontecia entre meu irmão dois anos mais velho do que eu. Judoca fanático, seu tipo físico era uma cópia fiel, porém mais jovem, do meu pai. Tínhamos nossas desavenças e implicâncias como qualquer irmão. Mas, ele desempenhava com grata satisfação seu papel de protetor do irmão menor, a ponto de cercear em certas ocasiões a minha liberdade. A testosterona que aferventava seu jeito impulsivo também foi a responsável por valer-se da sensualidade da minha bunda para iniciar sua vida sexual. Tudo aconteceu durante um Reveillon em nossa casa de praia. Amigos e parentes reunidos para comemorar o início de um novo ano, casa cheia, quartos sendo divididos para acomodar a todos, e lá me encontrava eu com meu irmão sobre a mesma cama dupla, quando a madrugada já começava ceder lugar para um sol despontando no horizonte. Acordando com o pau doendo de tão rijo, a visão do irmãozinho deitado quase nu ao alcance de sua afoiteza, com uma cueca branca, sinal incontestável de pureza, a cobrir sensualmente aquele bundão provocador, não havia como dizer não ao que os hormônios em ebulição lhe determinavam. Acordei sobressaltado com ele grudado nas minhas costas, tentando meter aquele cacetão babando no tenro e encrespado orifício do meu cuzinho. Após algumas tentativas afoitas ele logrou êxito.
- Ai, ai, ai .... para! Está doendo, seu animal! – resmunguei, afastando o sono com a urgência de salvaguardar a minha integridade.
A pica foi retirada com a mesma pressa com a qual havia sido enfiada naquele éden de prazeres, insatisfeita e contrariada. Proferindo palavras de frustração, o jeito foi bater uma punheta aliviadora debaixo do chuveiro. Outras duas investidas aconteceram depois disso, mas em ambas o desfecho foi semelhante. Permaneceu o segredo entre nós, e ele foi procurar o prazer sexual entre as bucetas que esperavam ansiosas por sua virilidade. Sem que isso o impedisse de tomar as minhas dores frente aos que aprontavam comigo.
Lucas era um carinha invocado. Acho que o fato de ter se dedicado ao judô desde garoto para controlar essa agressividade nata e, isso tê-lo deixado tão fortão e musculoso colaborava para que suas atitudes para comigo fossem um misto de hostilidade e sensualidade reprimida. Embora não conseguisse admitir para si mesmo, ele me achava extremamente atraente. Era uma unanimidade no colégio que eu era o cara mais bonito da escola. Durante as aulas de educação física era comum o professor dividir a turma em dois times e incentivar partidas de vôlei, basquete ou futebol de campo, ocasião em que as arquibancadas das quadras ganhavam uma plateia que, na maioria das vezes, só estava lá para ver os garotos com pouca roupa. Quando eu estava em quadra, virava a sensação e das arquibancadas vinham ora gritinhos histéricos de meninas excitadas pela visão de machos suados correndo em quadra, ora berros de ‘bundudo gostoso’ dos carinhas que me viam marcando pontos para o meu time. Essa dificuldade do Lucas em lidar com o que nutria por mim acabava se transformando num bullying constante. Na presença de outros ele era sempre agressivo comigo, mas quando estávamos a sós ele me falava um monte de sacanagens, o que, eu percebia, o fazia sentir muito tesão.
Durante a festa de aniversário do Marcelo, um dos colegas de turma, ele não me deu trégua desde o instante que cheguei à festa. A casa tinha um amplo jardim com piscina em cujo espaço, numa noite quente de um novembro, já com clima de encerramento do curso médio e antecedência de final de ano, se concentravam quase todos os convidados. Ele, e uma galerinha que fazia coro a todas as bobagens que ele inventava, começou a me atazanar. O aniversariante era um dos garotos mais populares da escola por ser um tipão que tinha mais cara de homem do que de garotão no final da adolescência. Embora muito discreto, não escondia seu interesse por mim. Em algumas ocasiões em que estudávamos juntos para uma prova ele chegou a se declarar e me dar uns amassos. Fora a retribuição de alguns beijos, eu sempre desconversava e dizia que não sabia se era isso que eu queria. Ele acabava respeitando minhas dúvidas, mas não deixava de insistir quando tinha oportunidade. Esse assédio não passava despercebido pelo Lucas, que se sentia no direito de me agredir assim que notava o carinho com o qual eu tratava o Marcelo.
- E aí viadinho! Você deu de presente o seu cuzinho para o Marcelo? – provocou, esperando as risadinhas maliciosas dos dois lambe-botas que estavam na companhia dele.
- Vá se ferrar babaca! – retruquei, deixando-o plantado feito uma estátua a acompanhar meus passos com um olhar grudado na minha bunda.
Alguns minutos depois ele voltou a me abordar junto à mesa onde serviam o bufê. Desta vez ele estava sozinho, mas segurava um copo de uísque numa das mãos enquanto disfarçadamente enchia a outra apertando as minhas nádegas.
- Estou louco para comer essa bunda roliça! Por que você não dá uma pegada no meu pau para sentir o meu tesão? – murmurou, encostando-se em mim.
- Você é um doente, cara! Pede para um dos teus amiguinhos liberar o rabo para você. Não são eles que adoram todas as besteiras que você faz?
- Nenhum deles tem uma bunda tão gostosa. Quebra essa, vai? – insistiu, antes que eu lhe desse uma cotovelada no estômago.
Eu ficava tenso cada vez que estávamos no mesmo ambiente, num estado constante de alerta esperando pelos achaques dele e tentando me safar deles. E, nessa noite em especial, creio que por ser seu aniversário, o Marcelo também estava com um comportamento mais incisivo. Tinha me dado um beijo nada discreto quando fui parabeniza-lo e entregar o presente. Depois, elogiou meu perfume e deu um chupão no meu cangote. Não satisfeito, em outro momento argumentou que o melhor presente que eu poderia dar a ele seria passar a noite no quarto dele. Acabei não me divertindo tanto quanto eu esperava durante a festa, embora uma galera que eu curtia estivesse muito animada e divertida.
A uns vinte metros da piscina havia uma edícula parcialmente camuflada pela densa vegetação do jardim que dava suporte à piscina, com um vestiário, banheiro e sauna, mais uma sala ampla pela qual se espalhavam alguns aparelhos de ginástica parecendo uma academia. Eu estava numa rodinha de colegas próximo dessa edícula quando o Lucas ressurgiu às minhas costas. Sem me dar muita chance, foi logo pegando no meu braço e me forçando a acompanha-lo para dentro da edícula. Eu resistia, mas a determinação e a força com a qual ele apertava o meu braço não estavam conseguindo contê-lo. Como a última coisa que eu queria era protagonizar um escândalo em plena festa, não fiz mais do que impor minha resistência, que de nada servia para demovê-lo de suas intenções.
- Solta, cara! – falei exaltado, procurando livrar meu braço de suas garras potentes.
- Me dá um beijinho igual àquele que você deu no Marcelo. Eu estou com tesão, sente aqui. – exclamou, procurando fazer com que a minha mão tocasse sua virilha. O hálito rescendendo a álcool chegou até minhas narinas.
- Você está bêbado! É nisso que dá moleque abusar de coisas que só servem para homens. – retruquei.
- Eu sou muito homem! E vou te provar isso! – revidou furioso. – Não são três copos de uísque que vão me derrubar. – acrescentou, com o orgulho ferido.
- Não aposto uma única ficha num cara que precisa provar que é homem. Ainda mais num babaca feito você, mal saído dos cueiros. – respondi. Era essa falta de medo que o deixava maluco. Ele achava que eu tinha que me intimidar com as coisas que ele aprontava. No entanto, eu nunca deixei que ele experimentasse essa sensação.
- Você bem sabe que eu tenho vinte anos. Já deixei os cueiros faz tempo. É só você pegar aqui para saber o que é um homem de verdade, não uma bichinha feito você! – revidou.
- Me esquece! Vá se tratar!
Antes que eu conseguisse dar um passo em direção à saída, ele me arrastou até o quartinho da sauna. O espaço não tinha mais do que um metro e meio de largura por dois metros de comprimento e um teto baixo talvez com pouco mais do que dois metros de altura, era todo revestido de madeira nas paredes e, ao longo das duas maiores, corria um banco de cada lado também revestido de madeira a uns cinquenta centímetros do chão, foi sobre um deles que ele me prensou com o peso de seu corpo enorme. Com a porta da edícula fechada e a da sauna também, o som que vinha da festa chegava abafado, um murmúrio distante. Eu usava uma camisa branca de mangas compridas enroladas até o cotovelo e uma calça caqui que se ajustava sedutoramente as minhas nádegas e coxas grossas. Quando ele enfiou a mão desajeitadamente dentro da minha camisa os dois primeiros botões se abriram e a mão dele chegou facilmente ao meu mamilo. Eu quis golpeá-lo com uma joelhada entre as pernas, mas ele conseguiu se esquivar.
- Se você tentar isso de novo eu vou te dar um bofetão! – ameaçou furioso.
- Você é muito agressivo e bruto comigo, o que foi que eu te fiz para você me tratar desse jeito? – minha voz saiu um pouco trêmula, pois, pela primeira vez, eu estava com medo dele.
- Você me irrita! Esse seu jeitinho todo, todo viadinho... Você me provoca! – sentenciou, não conseguindo expressar corretamente aquilo que eu provocava nele.
- É simples! Me ignore, faz de conta que eu não existo. Pronto! – respondi, sob o peso daqueles músculos.
- É o que você acha! Você não sai dos meus pensamentos nem quando estou dormindo, seu viado! Você me deixa de pau duro. Mas, é hoje que eu resolvo isso! – exclamou, junto ao meu rosto com aquele bafo etílico.
A bebida tinha liberado nele aquele instinto selvagem, havia suprimido as repressões, enchera-o de coragem, fazia-o sentir-se no direito de me subjugar. Os olhos dele brilharam quando meus peitinhos ficaram expostos. Logo senti a boca dele mordendo com força um deles e meu mamilo sendo mastigado como um chiclete.
- Para com isso!
- Tua pele é um tesão! – eu o empurrava, mas não conseguia tira-lo de cima de mim.
A calça e a cueca desceram pelas minhas pernas enquanto eu as agitava no ar tentando dar chutes nele. Ele tirou a camiseta polo que estava usando para conseguir mais liberdade de movimentos, e abriu as calças dele tirando o caralhão para fora, enquanto se esfregava em mim prensando meu corpo contra o ripado de madeira do banco.
- Você está me machucando! Eu quero sair daqui. – esbravejei.
- E eu quero você! – retrucou decidido.
De repente, percebi que era minha agitação que alimentava a sofreguidão dele, e decidi que não ia mais resistir. Talvez o fato de perceber que ia conseguir obter facilmente o que desejava, fosse demovê-lo, pensei. Mas, não foi o que aconteceu. Quando notou que eu tinha parado de lutar pela minha liberdade ele me encarou de um jeito esquisito, abriu um sorriso que me pareceu de alívio, e começou a apartar minhas pernas. Uma carne quente e rija, cujo tamanho eu não fazia a menor ideia de ser descomunal, começou a roçar meu rego. Eu resfolegava apreensivo com o que viria a seguir. O uísque percorria as veias dele e, embora ele não estivesse embriagado, sentia uma estranha sensação de poder. Os movimentos dele também estavam alterados pelo álcool, e se tornaram mais brutos e injuriosos. A percepção de que eles podiam estar me machucando também ficou embotada. E foi com um deles, segurando o cacetão numa das mãos, que ele enfiou desajeitada e apressadamente seu membro no meu cu, depois de ter percorrido todo meu reguinho à procura daquela fenda corrugada e diminuta.
- Ai! – gritei desesperado. – Tira isso de mim, você está me machucando. Pelo amor de Deus, está doendo demais, tira...tira. – continuei gritando, enquanto ele enfiava toda rola, até o talo, no meu cuzinho apertado. Eu sentia minhas pregas se dilacerando quando voltei a me agitar debaixo dele num frenesi alucinado para me libertar.
Quando ele sentiu a pica mergulhando naquela maciez profunda e tenra, foi como se lhe tivessem injetado uma dose de glicose nas veias, o efeito dos uísques desaparecera como num passe de mágica. Com a lucidez recobrada ele se permitiu usufruir daquele cuzinho exíguo. Nem ele acreditava que uma sensação tão plena e compensatória pudesse acolher seu cacete, que já tinha penetrado outras fendas, mas nada tão estreito e pequeno. Ele tapou minha boca sufocando meus gritos e gemeu nos meus ouvidos.
- Gostoso! Você é de deixar a gente louco.
À medida que ele ia estocando aquela tora dentro de mim eu sentia uma dor lancinante se espalhando pela pelve. Nunca tinha sentido nada parecido, mas tive a certeza de que estava machucado.
- Para com isso Lucas, por favor. É sério, estou sentindo muita dor. – argumentei, na vã ilusão de que isso o faria parar.
- Eu imaginava que você fosse bem apertadinho, mas nunca imaginei que fosse tanto assim. É gostoso demais! – sussurrou, num tesão tão alucinado e possessivo que nada o trazia à razão.
Por sorte o intercurso não demorou mais do que uns dez minutos. Por alguns segundos os urros dele superaram meus ganidos encarniçados, foi quando percebi que ele estava gozando no meu cu. Possuído pelo prazer indolente do orgasmo ele se permitiu deixar fluir todo o tesão acumulado. Um alagadiço pegajoso e morno começou a se espalhar nas minhas entranhas, acompanhado de estocadas tão profundas e brutas que eu recomecei a gritar. Foram segundos tão torturantes que eu pensei que nunca chegariam ao fim. Subitamente, tudo cessou. Sobraram o meu arfar agitado e a respiração acelerada dele. Um movimento tênue do ar entrando nos meus pulmões fazia meu corpo se mover cadenciadamente debaixo do dele. Ainda sob o efeito do intenso prazer que acabara de sentir, aquele movimento sincronizado parecia embalá-lo, e ele se deixou ficar naquela posição.
- Tira isso de dentro de mim Lucas. – consegui finalmente balbuciar, sem forças.
O caralhão não tinha amolecido completamente quando ele o tirou do meu cu. A madeira do banco estava machada de sangue. Confuso e atordoado, aos poucos, fui notando que aquela sensação viscosa e morna também estava entre as minhas coxas. Eu estava sangrando. Um filete rutilante descia pela minha perna, e eu voltei a ficar agitado.
- Olha o que você fez! Eu disse que você estava me machucando. O que é que eu faço agora? – questionei agoniado.
- É só o cabaço do seu cuzinho! Já, já isso para. Não precisa fazer essa frescura toda. – sentenciou, visivelmente satisfeito ao constatar nessa minha fraqueza que, finalmente, tinha conseguido me subjugar.
- Não é frescura! Você não está vendo que eu não paro de sangrar? Seu bruto! – desferi indignado.
- A florzinha está toda cheia de mimimis. – satirizou, embora eu visse com mais preocupação as rugas que iam se formando em sua testa.
- Não fica aí parado feito um panaca! Me ajuda! – ordenei.
- Fica calmo que isso logo vai parar. – nem ele estava convencido disso.
Mesmo sangrando puxei minha cueca para cima e, caminhando com dificuldade, peguei uma toalha de rosto que estava pendurada num gancho ao lado da porta, dobrei-a umas vezes no sentido longitudinal e a enfiei entre as pernas. Em seguida, puxei a calça para cima e me recompus o melhor que pude. Saí da sauna sem olhar para trás, cruzei a multidão que dançava animada ao som de ‘Sugar’ do Maroon 5 interpretada por uma banda cover. A cada passo parecia que algo estava se rompendo dentro de mim. Uma amiga quis que eu dançasse com ela, mas meu rosto transfigurado a assustou.
- O que aconteceu com você? Que cara é essa? – perguntou, enquanto eu inventava uma desculpa e seguia determinado, caminhando com as pernas bem separadas, em linha reta em direção à saída.
O taxi não demorou nem quinze minutos para chegar. Quando dei o endereço de casa para o motorista, vi o Lucas junto à porta me vendo partir. Eu morava a menos de trinta minutos de carro da casa do Marcelo, mas, mesmo àquela hora da madrugada, me pareceu que não ia chegar em casa nunca. Entrei em casa fazendo mais barulho do que pretendia. Corri para o meu quarto e entrei no banheiro, ao arriar as calças o meu celular começou a tocar dentro do bolso. Coloquei-o sobre a pia e vi que era o Lucas que estava ligando. Não atendi. O sangue já havia manchado a calça e a toalha que eu havia enfiado entre as coxas estava cheia de sangue, bem como a cueca. Entrei no chuveiro e a água que descia pelo meu corpo e escorria em direção ao ralo estava tingida de vermelho. Comecei a chorar. Que merda era essa? O que é que estava acontecendo?
Perdido nessas dúvidas e tentando encontrar uma solução para aquilo, nem percebi que meu pai tinha acordado e, como sempre que eu voltava tarde, vinha ao meu quarto perguntar se eu tinha me divertido e me dar seu beijo de ‘boa noite’.
- O que significa isso? O que aconteceu com você? – perguntou desesperado, quando viu as roupas ensanguentadas no chão do banheiro, e deslizou a porta do box constatando que era do meu cu que vinha aquele sangue.
- Não sei! – balbuciei, me atirando todo molhado dentro do peito seguro dele.
- Como foi que isso aconteceu? Procure se acalmar e não precisa chorar. Vamos para um pronto-socorro. – disse, aflito, mas resoluto.
Meu pai dirigia feito um louco. Não trocamos uma única palavra durante todo o trajeto. Eu soluçava baixinho e não conseguia encontrar as respostas para as perguntas que ele me fazia. Como eu ia contar a ele que tinham fodido o meu cu? Quem se encarregou de lhe dar as respostas que ele tanto queria foi o médico plantonista.
- O pênis devia ser muito grosso, ou foi penetrado com violência, o que causou uma dilaceração das pregas e uma ruptura mais profunda da musculatura do esfíncter anal interno. Nessa ruptura uma pequena artéria também se rompeu e, a hemorragia provém dela. A ampola retal ainda está cheia de esperma. Temos que leva-lo para o centro cirúrgico e fazer a ligadura ou a coagulação dessa artéria. Não é nada sério, mas vai requerer uns dias de repouso. – sentenciou, sob o olhar abismado e incrédulo do meu pai.
A um só tempo ele descobriu que seu filhinho, por quem ele nutre uma afeição e um desejo que transcende a simples relação pai-filho, é homossexual e, além disso, acabava se entregar a um cafajeste qualquer que nem sequer se preocupou em zelar pela sua integridade. Ele, que tanto se reprimia para não dar vazão a seus desejos mais íntimos e secretos, se sentia traído e enganado naquele amor incestuoso e platônico.
- Perdão papi! Eu não queria, desculpe, por favor. – disse chorando, assim que o médico nos deixou para tomar as providências para a minha internação.
- Não vamos falar nisso agora. Depois você me conta o que aconteceu. – a voz dele nunca havia me soado tão seca e distante.
Eu acordei com a claridade atingindo meu rosto, e que entrava por uma fresta das persianas que estavam parcialmente abertas. O dia devia estar nublado lá fora, pois eu só conseguia distinguir umas nuvens acinzentadas. Meu pai estava sentado numa poltrona ao lado da cama e parecia estar cochilando. Comecei a chorar vendo-o sentado ali. Eu sentia a boca seca e fiquei olhando para uma bolsa de soro de onde pingavam lentamente algumas gotas que desapareciam dentro de um tubo instalado no meu braço esquerdo. Mexi as pernas e uma dorzinha se fez sentir dentro do meu cuzinho. Uma enfermeira entrou no quarto e, para meu desgosto, acordou meu pai. Deu-me um sorriso profissional, mas sincero. Disse que vinha fazer a medicação que o médico havia prescrito e que logo ele passaria para ver como eu estava. Acenou até com a possibilidade da alta. Saiu com a mesma delicadeza com que havia chegado.
- Quem é Lucas? – perguntou meu pai, quando voltamos a ficar a sós. Eu queria poder evaporar no ar.
- Bem ... ele, por que? – chegara a hora das explicações.
- Foi esse sujeito, esse marginal que fez isso, não foi? – ele parecia já saber a resposta.
- Papi, eu preciso te contar tudo. – embora eu não quisesse, minha voz gaguejava, feito o cacarejar de uma galinha.
- Esse desgraçado esteve aqui enquanto você estava no centro cirúrgico. Eu precisei dar umas porradas nele para conseguir me estabilizar. Eu e seu irmão também. É um desaforo esse marginal aparecer aqui com a cara e a coragem perguntando por você. De onde você conhece esse camarada? – perguntou.
- Do colégio. – respondi.
- Isso ainda está no colégio! Cara de imbecil ele tem mesmo! Não admira estar entre a molecada. – deixei-o vituperar, era a forma de deixa-lo extravasar a raiva que estava sentindo.
Minha mãe entrou no quarto interrompendo a conversa. Estava toda preocupada e numa aflição de dar dó. Agora ela também sabia do meu segredo. Como seria a minha vida depois de voltarmos para casa? Eu tremia só de pensar em quantas explicações eu não teria que dar. E o restante da família, o que ia dizer? Que inferno! E tudo por culpa do Lucas. Eu sentia tanta raiva dele que podia estourar aquela cara petulante. O cara tinha gozado no meu cuzinho e tinha gostado. Desgraçado.
O clima pesado pairava dentro daquele quarto de hospital com a família quase toda reunida num silêncio constrangedor, quando o médico entrou. Não era o mesmo que me atendera na véspera. Foi o que realizou o procedimento. Mal consegui encará-lo de tanta vergonha. Ele sorriu e pegou minha mão entre as dele ao me desejar ‘bom dia’. Perguntou como estava me sentindo, e depois de me ouvir, disse que eu podia ir para casa. Fez uma série de recomendações e entregou umas prescrições diretamente nas mãos da minha mãe. Tornou a pegar minha mão entre as dele ao se despedir, e estranhamente, eu pressenti que ele tinha tido muito prazer em manipular meu cuzinho. O olhar malicioso e safado dele dizia isso.
- Vou descer e providenciar a sua liberação na recepção do hospital. – disse meu pai, logo que o médico saiu.
- Você tem uma visita! – exclamou uma enfermeira que enfiou a cara pela fresta da porta, assim que meu pai desceu.
- Quem é? – perguntou minha mãe.
- Ele disse que é um amigo seu. – respondeu a enfermeira, enquanto atrás dela o Lucas se materializava adentrando no quarto.
- Ah! Um colega do colégio! – exclamou minha mãe, supostamente sem saber que meu pai e meu irmão tinham chegado às vias de fato com ele. – Quanta gentileza, não é, querido?
- Mãe, deixa a gente conversar um instante, por favor. – pedi embaraçado.
- Claro! Vou ver onde se meteu seu pai que não volta nunca. – respondeu ao nos deixar.
- Oi!
- Você está horrível! Tua cara está mais feia do que nunca. O que aconteceu? – perguntei, vendo os hematomas e o rosto inchado dele.
- Um pai furioso defendendo seu filhotinho! – exclamou. – Não revidei por que entendo as razões dele, mas no teu irmão eu não dei mole. Ele me deu uns socos e levou outros tantos. – declarou, sem remorsos.
- Não tiro a razão deles. Faria o mesmo se tivesse forças para te encarar. – confessei.
- Me desculpe. Fui um idiota. Não tinha a intenção de te machucar. Não sei o que deu em mim. Quando percebi já estava ... bem, já estava dentro de você. - ele estava arrependido e dava para sentir a sinceridade dele.
- Você sempre implicou comigo. Não entendo o porquê de tanta maldade. Nunca te fiz nada. – retruquei. – Eu pedi para você parar. Falei que estava me machucando. – acrescentei.
- Só que eu estava gostando, caralho! – exclamou.
- Gostando de me machucar. Isso você já faz há muito tempo. – revidei.
- Não! Gostando de ... gostando de transar com você. – ele não me olhou nos olhos quando disse isso.
- Você não estava transando comigo. Você me fodeu! Literalmente. – afirmei.
- O que esse filho da puta de uma merda está fazendo aqui? Eu já te dei uma surra e não me custa dar outra. Fora daqui. – berrou meu pai, quando viu o Lucas ao meu lado na cama do hospital.
- Espere papi. Deixe-o ficar. Quero conversar um pouco com ele a sós. – pedi, enquanto minha mãe tentava acalmar meu pai.
- Você me rasga o menino e ainda tem a petulância de aparecer aqui. Qual é a sua, seu pervertido! – continuou meu pai, disposto a tirá-lo dali a qualquer custo. Era demais para ele ter descoberto que aquele estranho tinha metido a rola no cuzinho do filhinho que ele tanto tinha protegido, e me desvirginado. – Saia daqui ou não respondo por mim!
O tumulto fez com que enfermeiras e dois seguranças entrassem no quarto. Em seguida apareceu meu irmão determinado a ajudar meu pai a expulsar aquele comedor de cuzinhos virgens. Um caos. Eu só queria sumir. Os seguranças tiraram o Lucas com esforço dali, pois ele estava determinado a não se deixar escorraçar feito um marginal. Ele só cedeu depois que eu intervi e pedi que fosse embora.
Vieram as provas finais, terminou o ano letivo, iniciaram-se os vestibulares que determinariam o futuro de nossas vidas e, ao final do verão, eu começava a cursar a faculdade. O Lucas havia ficado em algum lugar no meio desse caminho. Onde, nem eu mesmo sabia.
O sábado havia amanhecido com garoa e vento frio, impeditivos para que eu desse meu passeio semanal nos arredores de casa com meu labrador Bono. Estava precisando de umas camisas e decidi ir ao shopping Iguatemi, era lá que as lojas pareciam saber exatamente aquilo que me agradava. Um vendedor se empenhava em satisfazer meu desejo, mostrando tudo o que tinha nas prateleiras. Era discretamente afeminado e, me pareceu que, assim que entrei na loja, reconheceu que gostávamos da mesma fruta. A empatia foi instantânea e mútua. As sugestões dele eram de muito bom gosto e não foi difícil encontrar o que eu procurava. Em meio das opções que ele me apresentava uma interrupção abrupta me desconcertou.
- Roberto! – a voz grave e rouca vinha por detrás de mim, acompanhada de um olhar aguçado e voluptuoso, fazendo com que o vendedor que me atendia sentisse uma ponta de inveja.
- Lucas! – constatei estarrecido, ao ver aquele homem desenvolvido e irresistivelmente másculo sorrindo para mim, oito anos depois de ter visto aquele rosto anguloso e pérfido pela última vez. Meu cu se contorceu numa lembrança distante.
Naquele dia o cafezinho que se seguiu numa cafeteria do shopping e, para o qual ele havia me convidado de forma bastante retraída, foi acompanhado de uma conversa quase formal, procurando desvendar como havia sido o tempo em que perdemos contato. Ele havia mudado. Não encontrei mais traços daquele garotão atrevido que desfiava os outros apenas por diversão e para se autoafirmar. Ele se transformara num homem interessante pela alegria espontânea e pela consolidação daquela figura viril que estava em formação quando estudávamos juntos. Não sei como ele me viu naquela ocasião, que impressão causei nele, só sei que pediu o número do meu celular e me ligou dois dias depois para um novo encontro. O pretexto foi o de ele estar nas imediações do meu local de trabalho justamente na hora do almoço, e ele conhecer um lugar bem legal nas proximidades onde poderíamos almoçar e continuar o papo iniciado no shopping. Os telefonemas se intensificaram e os convites ora para isso, ora para aquilo também.
Hoje faz seis meses que estamos namorando. Tudo ainda é muito incerto, mas estamos nos adaptando bem um ao outro. Meu cuzinho até que está tentando se amoldar ao caralhão imenso e calibroso do Lucas, não sem que fique esfolado e sensível por alguns dias. O que percebo é que quanto mais nosso amor se fortalece, mais conformado ele fica. Embora, como agora que ele está terminando de assistir a partida de seu time de futebol pela televisão, com a mão enfiada dentro da bermuda, e dando um trato no cacete com um olhar ganancioso para a minha bunda, ele ainda se contorça tanto de desejo quanto de suplício pelo que vai lhe acontecer. Contudo, a felicidade que isso me dá não tem preço.
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Comentários


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lordricharlen Comentou em 28/11/2016

Gostei por um lado, mais por outro achei que ele ficaria com o pai dele, achei que fez esse conto muito curto ou tu não tivesse tempo. Esperando o próximo.

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kzdopass48es Comentou em 28/11/2016

A bunda linda, a sua e o picudo, o que te enrabou! Muito bom! Betto

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yuta Comentou em 27/11/2016

Dá-me gosto ler um texto tão bem redigido e que me conduziu a um climax gostoso! Parabéns, e pude perceber por tua redação, que tiveste uma formação exemplar, deves ter estudado numa escola de elite da Sampa. Só tenho uma coisa a ressaltar em relação ao teu texto: ficou-me um tanto confuso a descrição do Lucas, pois veio logo abaixo da descrição da noite de reveillon, pois pensei ser ele, teuirmão




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Ficha do conto

Foto Perfil kherr
kherr

Nome do conto:
Desastrosa primeira vez

Codigo do conto:
92484

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
27/11/2016

Quant.de Votos:
7

Quant.de Fotos:
3