Armadilha entre as pernas da biba – Parte II
Daniel tinha se saído muito bem no exame nacional do ensino médio e sua nota o habilitava a uma vaga na Universidade Federal de Viçosa, distante quase setecentos quilômetros de São Paulo, o suficiente para viver sua vida sem o jugo opressor do pai. Optou pelo curso de agronomia que era uma referência da universidade. Mudou-se num janeiro tórrido e chuvoso para um dos alojamentos da universidade. Embora precário e bastante simples, teria que dividir o espaço com outros três estudantes, mas isso não o impediu de se arriscar em mais essa empreitada. Ele ainda não sabia como seria a reação dos outros estudantes quando soubessem de sua condição peculiar e, nem bem como revelaria essa condição. Do que ele tinha certeza é que precisava fazê-lo, pois a descoberta acidental poderia gerar reações intempestivas. Estava acostumado a esse tipo de reação desde que se conhecia por gente, e não queria ter que enfrentar uma batalha se essa descoberta fosse feita sem um devido preparo psicológico dos outros estudantes que conviveriam com ele.
Encheu-se de coragem numa noite em que os outros voltaram um pouco alterados depois de uma das inúmeras baladas que aconteciam aos finais de semana na cidadezinha, ainda no primeiro semestre. Ou o nível alcoólico que encharcava seus cérebros, ou o fato das coisas inusitadas perturbarem menos a juventude universitária, o fato é que, depois de um silêncio, algumas perguntas visando esclarecer a curiosidade de cada um, eles não fizeram daquilo um cavalo de batalha, como Daniel havia imaginado. Poucas semanas depois, foi como se ele nada tivesse dito de tão extraordinário que os impedisse de continuarem o bom convívio que tinham estabelecido. Alguns mexericos aconteceram, como seria de se esperar, uma vez que a capacidade de guardar um segredo nunca foi o forte do ser humano. Alguns gracejos começaram a pipocar daqui e dali, vindos de algumas pessoas de sua turma, essencialmente masculina, dado o caráter da profissão. Lidou com eles da mesma maneira que tinha feito sua vida toda, ignorando-os na medida do possível. Mesmo porque não passavam de gozações sem muito lastro de verdade, uma vez que ninguém tinha posto os olhos sobre a sua genitália, nem mesmo os que moravam com ele no alojamento.
As zoações que mais o incomodavam, ou pela persistência, ou pelo fato de partirem de dois estudantes de sua turma, cuja atenção logo lhe caiu nas vistas, por serem dois primos que tinham aquele mesmo porte físico que mexia com seus hormônios desde que conhecera Marcos. Pedro e Fernando eram primos e filhos de fazendeiros da região do triangulo mineiro. Tinham uma condição social muito diversa de Daniel. Talvez por conta disso estivessem mais empenhados em curtir a vida longe do controle dos pais do que em se dedicarem aos estudos. Ambos dividiam um apartamento num dos melhores condomínios da cidade, cada um tinha uma picape reluzente do ano e, não poupavam nos barzinhos da cidade, onde noitadas regadas a chopp e, garotas penduradas em seus pescoços, só terminavam com o raiar do dia. Pedro foi o primeiro a reparar na beleza e no encanto que Daniel provocava nas pessoas, induzindo o primo, que também acabou por ter sua atenção voltada para aquele corpo um tanto andrógino, mas indiscutivelmente lindo. O bullying começou com os boatos que circulavam sobre Daniel, pois até então ambos o tratavam normalmente, até mesmo com certa indiferença, uma vez que ele não pertencia ao círculo de amizades deles.
Daniel tinha conseguido um bico no barzinho mais famoso da cidade. Nas noites de sexta-feira a domingo ele preparava drinques atrás do balcão concorrido do barzinho. Isso o tinha colocado na berlinda, uma vez que quase todo o campus universitário passou a conhecê-lo. A beleza, que estava cada dia mais evidente, e os mexericos acendiam todo tipo de sentimento sobre sua pessoa. Uns o amavam, outros o odiavam e, outros ainda, não sabiam como lidar com o que ele despertava neles. Talvez Pedro estivesse nesse último grupo, bem como seu primo, por consequência. Os dois eram movidos a disputas. Um tentava superar o outro com as mais estapafúrdias façanhas, tinham crescido assim. Ao mesmo tempo em que essas disputas os tornavam mais afeitos do que irmãos, havia ocasiões em que quase chegavam às vias de fato.
- Vamos apostar cinco mil reais para ver quem vai comer o cuzinho daquela bichinha de primeiro? Aposto que ganho. E mais, que tiro umas fotos com o celular na hora que estiver enrabado aquele tesão de bunda e coloco na Internet. – desafiou Pedro, quando faziam comentários, numa rodinha de amigos e garotas, ao redor de uma mesa onde quase não cabia mais nada de tão abarrotada de garrafas de cerveja.
- Duvido! Não pense que ele é daquele tipo de viado que sai dando para o primeiro cacete que aparecer. Dizem que ele é jogo duro. Já teve uma porrada de malandro querendo comer aquela bundinha e, que se deu mal. – retrucou Fernando.
- É uma questão de cantada! Os trouxas não souberam levar o lero certo. Olha só, me diz se essas ancas não estão pedindo por um cacete? Cada uma das metades ginga dentro das calças como que suplicando, me arromba, me arromba. – zoou, ao ver Daniel colocando uns drinques que havia preparado sobre a mesa ao lado da deles.
- Fechado! Você com sua boca suja não tem a menor chance. É só ver o jeitinho dele, todo sério e recatado. Essa eu ganho fácil, fácil. – apostou Fernando.
O empenho de ambos começou no dia seguinte. Pedro valeu-se da tática de estar com dificuldade para acompanhar a disciplina de cálculo para se achegar a Daniel, que era um excelente aluno em todas as disciplinas, pois de seu desempenho dependiam os auxílios que recebia do programa de assistência estudantil.
- Cara, parece que o professor está falando chinês, não estou entendendo absolutamente nada e já me ferrei no bimestre passado. Qual é o jeito de a gente aprender essa porra? Você teve a maior nota da turma na prova passada, me dá umas dicas. – desembuchou Pedro, todo amável e sorridente, num dos primeiros papos que levava com Daniel desde o início do curso.
- Não tem muito mistério. Precisa prestar atenção nas aulas, anotar o que o professor fala e fazer uma revisão antes das provas. Pelo menos é assim que eu faço. – respondeu Daniel, um tanto desconfiado daquela aproximação repentina. Tendo ainda frescas em sua memória as últimas tiradas de sarro dele.
- Você falando parece fácil, mas eu não estou conseguindo melhorar meu desempenho desse jeito. – mentiu, pois nunca sequer pensou em anotar nada do que era dito em aula, e nem se deu ao trabalho de abrir um livro que fosse para estudar antes das provas. O que ele queria era comover o colega que sabidamente não se negava a ajudar ninguém. – Você podia me dar uma força revisando o conteúdo comigo, na biblioteca ou lá em casa, o que for melhor para você, por favor! – usou de todo seu cinismo para fazer aquela cara de cão sem dono.
- Tenho pouco tempo. Não sei se consigo te ajudar. Por que você não conversa com a Monica, ela também foi super bem na prova passada? – argumentou, tentando se livrar dessa tarefa ingrata.
- Ela é meio esnobe. Não vai com a minha cara. Pô, me dá essa força, cara? – Pedro se não era bom aluno por pura falta de interesse, era pós-graduado em cinismo, a cara de pau dele era infalível.
- Me desculpe, cara, mas eu realmente não tenho tempo para tirar umas horas e te ensinar. Trabalho naquele barzinho, você bem sabe, nos finais de semana, e tenho um monte de coisas para fazer durante a semana. – a conversa já estava durando mais do que Daniel desejaria, e tentou encerrá-la.
- Me diz o que eu posso fazer para te ajudar. Faço qualquer coisa. Assim você fica com um tempinho e a gente ajuda um ao outro. Fala que topa, vai! Vou te buscar de carro, te levo de volta, faço o que você mandar. – cada argumento valia, afinal estavam em jogo cinco mil reais.
- Não é isso. Olha, só para você não dizer que estou de má vontade, quando eu for revisar a matéria eu te aviso, e a gente combina alguma coisa, OK? – era ceder ou, ficar horas ali contra argumentando. Assim que tinha se afastado um pouco de Daniel, Pedro cerrou o punho e deu um soco no ar, comemorando. Tinha dado o primeiro passo para enrabar aquele cuzinho.
Fernando foi menos performático. A sorte também parecia estar conspirando a seu favor. Uma chuva torrencial despencou justamente no final da aula de fundamentos de química orgânica. A bicicleta com a qual Daniel se deslocava pelo campus estava engatada no bicicletário diante do edifício dos laboratórios. Chegar com ela até o edifício dos alojamentos significava encharcar-se até os ossos.
- Quer uma carona? – a voz rouca e grave veio pelas suas costas quando já estava perto da porta de saída. – Colocamos sua bicicleta na caçamba e eu te deixo no alojamento, pois, pelo visto, parece que essa chuva vai demorar a passar. – a gentileza não era forçada, mas continha algo de estranho que Daniel não conseguiu decifrar.
- Se não for te desviar do seu caminho, eu aceito. Valeu! – agradeceu, com um daqueles seus sorrisos que os amigos diziam serem capazes de derrubar muralhas.
- É meu caminho, vamos? Numa boa! – retrucou Fernando.
A distância a ser percorrida mal passava dos três quilômetros, tempo que Fernando usou para se aproximar de Daniel com um papinho descontraído e simpático, que acabou por tirar dele aquela impressão pouco favorável que fazia de Fernando. Mesmo com a carona, ambos ficaram molhados enquanto tiravam a bicicleta da caçamba e a prendiam no bicicletário. Vendo que a camisa de Fernando estava colada ao corpo de tão encharcada e que seus cabelos pingavam como uma goteira, Daniel convidou-o a subir e se secar antes de ir para casa. Nada podia estar dando mais certo, pensou Fernando, e aceitou o convite. Um dos estudantes que moravam com Daniel estava de saída no exato momento em que este destrancava a porta.
- Nossa! A coisa está tão brava assim aí fora? Vocês estão ensopados! Será que esse guarda-chuvinha vai dar conta? – inquiriu o rapaz que saía.
- Pode se preparar! Está caindo um toró. – respondeu Fernando.
Entraram no apartamento e Fernando se chocou com o que viu. Tudo estava relativamente bem arrumado e limpo, mas era de uma simplicidade paupérrima diante dos lugares que conhecia como moradia. Não disse nada, mas seu silêncio foi o suficiente para que Daniel percebesse o que se passava por sua mente.
- É bem simplão. Meus pais quase não me mandam grana. Dependo do auxílio moradia da universidade, mas dá para levar. Estou aqui para estudar e me formar e não passando férias, não é? – o tom sincero e singelo das palavras dele refletia o que se passava em sua alma.
- É claro! – enquanto as palavras de Daniel ainda ecoavam em seus ouvidos, Fernando pensou em sair dali e dizer ao primo que estava desistindo da aposta. Aquele coração exposto nestas poucas frases, certamente não merecia ser vítima do ardil abjeto que ele e o primo estavam tramando.
- Pendura a camisa naquele varal, vou pegar uma toalha para você. – disse Daniel, sumindo por uma porta.
- Valeu! – o olhar do Fernando continuava varrendo cada canto daquele apartamento.
- Toma! Vou fazer um chá, você quer? – ofereceu Daniel, estendendo uma toalha e se dirigindo ao pequeno balcão que servia de cozinha, sem se importar com aquela mudez repentina.
- Aceito, obrigado. Mas, não precisa se incomodar. – subitamente ele teve vontade de continuar conversando com aquele garoto que acabara de despertar nele um interesse inusitado.
Eram quase nove horas da noite quando a chuva começou a amainar. Durante horas eles haviam conversado sobre uma porção de coisas e nenhum dos dois sentiu o tempo passar. Fernando tinha conseguido colocar alguns sorrisos naquele rosto lindo e, só então, se deu conta de que nunca tinha visto um naquela face.
- Acho que a camisa já secou, vou indo. Obrigado pelo chá! – disse, cobrindo o torso nu para tristeza de Daniel que, do início acanhado, tinha se sentido recompensado pela visão daquele tórax viril e potente.
- Eu que agradeço a carona e lamento ter feito você perder tanto tempo. – retrucou Daniel.
- Ganhei meu dia. Foi muito gostoso conversar com você. Eu que agradeço. – revidou, encarando aqueles olhos expressivos, e sem vontade de partir. – Ficou tarde e nenhum de nós jantou, topa ir comigo até a lanchonete do Denis? Assim a gente continua nosso papo. – convidou.
- Já está tarde. Tenho aula no primeiro horário, e você também, não se esqueça. – respondeu, embora estivesse com vontade de continuar naquela companhia interessante.
- Tarde nada! A gente não demora, come alguma coisa, rapidinho, e eu te trago de volta. Deixa de desculpas e vamos embora! – disse, pegando Daniel pelo braço e o arrastando até a porta, sem deixar de notar que aquela pele tinha a temperatura exata para despertar uma coisa boa nele.
Depois de deixar Daniel de volta ao alojamento, Fernando voltou para casa e, numa conversa rápida com Pedro, abordou a questão da aposta e a perspectiva de desistirem dela. Ele já não se sentia tão indiferente a Daniel e, a possibilidade de causar alguma mágoa o incomodava.
- Se você arregar está me devendo cinco mil, aposta é aposta. – respondeu Pedro, convencido de que, de qualquer maneira, a aposta estava ganha.
- Acho uma disputa ridícula, feita sob o efeito de um bocado de cervejas e que pode ferir os sentimentos do Daniel. – retrucou Fernando.
- É só uma bicha, cara! Você acha que vai melindrar uma coisa daquelas? Aquilo é mais safado do que você e eu juntos. – argumentou Pedro.
- Não dá para conversar com você! Um dia desses você acaba se ferrando por ter atitudes como essa. – ponderou Fernando.
- Você sabe que vai perder a aposta para mim, é por isso que vem com esse papinho.
Enquanto Pedro inventava uma estripulia atrás da outra para conseguir seu intento junto a Daniel, nada dava certo. Ao contrário, parecia que ele ficava cada vez mais desconfiado e arredio com as propostas que Pedro lhe fazia. Com Fernando a coisa era totalmente diferente. Os encontros com ele sempre eram leves, traziam uma alegria que Daniel só tinha sentido nos braços de Marcos, por conta disso estava crescendo entre eles uma amizade que se consolidava dia-a-dia.
Pedro não estava gostando nem um pouco dessa amizade não programada. Percebeu que estava perdendo terreno e que o primo estava cada vez mais próximo de conseguir comer aquele cuzinho. Às vezes, se perguntava se já não o tinha feito e estava escondendo o fato. Depois, refletia e chegava à conclusão de que ele não se calaria se tivesse ganhado a aposta. Pressionado por essa dúvida, resolveu que havia chegado a hora de usar métodos mais drásticos, pois o segundo semestre estava terminando e aquilo não estava resolvido. O bando de colegas que tinha testemunhado o acordo dos primos também mantinha a coação sobre Pedro, uma vez que sabiam ser ele o menos escrupuloso quando se tratava de levar adiante uma brincadeira de mau gosto. Como todo ser humano tem aquele lado sarcástico implantado em seu subconsciente, eles queriam ver o circo pegando fogo, e pressionavam Pedro a tomar uma atitude.
Algumas festas no campus da universidade eram contempladas com a presença de algum cantor ou banda famosos, e sempre movidas a muita droga e bebida. Um desses shows estava para acontecer em duas semanas e Pedro decidiu que a hora era aquela. Teria que atrair Daniel até o show, coisa que não ia requerer muito esforço, uma vez que os estudantes gostavam desses shows, e batizar alguma bebida e servi-la a Daniel. Daí para frente seria fácil alcançar seu objetivo. Não era fácil atrair Daniel para o seu lado, mas a presença do primo facilitou tudo para ele. Ultimamente Daniel nutria um interesse crescente pelo Fernando, podia-se dizer que aquilo já era tesão, e gostava de estar na companhia dele, mesmo que para isso tivesse que aturar aquele mala do Pedro. Após relutar um bocado, pois não tinha o hábito de beber bebidas alcoólicas, Daniel aceitou aquele drinque que Pedro fez questão de pagar para toda a galera do grupinho. Ingeriu aquilo sem vontade e, indiferente ao sabor da bebida, não se deu conta de que estava batizada. A dose, sem trocadilho, cavalar que colocaram no drinque fez com que Daniel logo se desinibisse e entrasse num estado psicodélico. Tudo o que estava reprimido em seu subconsciente desabrochou e ele sentiu que podia viver uma vida de puro gozo e prazer. Tanto aquela fenda, pouco explorada e disforme que estava entre suas coxas, quanto o cuzinho, que lhe tinha proporcionado as melhores experiências da vida, estavam tão ouriçados que ele mal se continha. Pedro era um macho atraente, vigoroso, o volume que trazia entre aquelas pernas grossas, e sempre muito abertas, quando ele caminhava já tinha sido alvo das observações de Daniel. No auge do delírio, com a cabeça rodando e a visão enxergando as mais loucas imagens que já tinha visto, Daniel amparou-se entre aqueles bíceps parrudos e deixou que eles o transportassem. Nada foi mais idílico do estar aconchegado neles, foi a última coisa de que se recordava quando acordou num quarto estranho, estirado completamente nu sobre uma cama de motel. Seu corpo não queria obedecer aos comandos emitidos pelo cérebro, só a muito custo conseguiu se mover e, ao fazê-lo, viu que estava deitado ao lado do Pedro, também nu, ressonando de sono. Uma dor transfixante vinha do meio de suas coxas, tanto do cuzinho quanto daquela fenda. Ele estava úmido e havia manchas de sangue no lençol. Todo o leito tinha cheiro de porra, e ele sentiu vontade de vomitar. Engatinhou em direção a uma porta que lhe pareceu ser um banheiro, pois não conseguia manter-se em pé. Todo conteúdo bilioso que estava em seu estômago foi lançado numa golfada dentro do vaso sanitário, sobre o qual se debruçou e, sem forças, deixou-se apoiar por um longo tempo. Alcançou o chuveiro com o restante das forças que lhe restaram, e começou a lavar toda aquele umidade que não lhe pertencia do meio das coxas. Pedro entrou no banheiro enquanto a água tépida escorria por seu corpo entorpecido. Pegou no caralhão e mijou sonoramente no vaso. Sem dizer uma palavra, caminhou em sua direção e também se enfiou debaixo dos jatos fortes da ducha. Abraçou Daniel pela cintura e esfregou o cacetão, com aquela tensão priápica do acordar matinal, em suas nádegas.
- Nunca imaginei que você fosse tão fogoso! Cara, que cuzinho apertado é esse? Gozei pra caralho! – gorgolejou numa voz que ainda não havia acordado.
- Tire as mãos de mim! Por que estamos aqui? O que você fez comigo? – nem as palavras tinham força para deixar a garganta de Daniel.
- Fiz o que você me pediu. Você mal conseguia se controlar pedindo para eu te foder. Foi o que eu fiz. Só me explica uma coisa, que troço é esse aí na frente, no meio das suas coxas? Cara, nunca vi um troço desse antes, mas como tinha onde se alojar, minha rola não perdeu tempo. – sentenciou despretensioso.
- Você é nojento! Eu nunca que ia te pedir uma coisa dessas. Eu te odeio! – esbravejou Daniel, cerrando os punhos e desferindo-os contra aqueles bíceps sólidos como uma rocha.
- Ei, ei! Calma aí. Não vai querer dar uma de puritano agora. Ontem você arregaçou essas pernas e implorava para eu entrar aí dentro. – revidou Pedro, exasperado, apontando para os genitais de Daniel.
Um choro convulsivo sacolejou todo o corpo de Daniel. Algumas imagens perdidas em sua mente, sem nenhum nexo de continuidade, realmente confirmavam as palavras de Pedro. Aquele mesmo cacetão que estava agora diante dele, numa flacidez repousante, tinha pairado diante de seu rosto e, ele lembrava-se de que o tinha colocado na boca e sentido toda a masculinidade dele descendo por sua garganta.
- Você não vai começar a fazer drama agora, não é? Que saco! – vociferou Pedro. – Se quiser que eu te deixe no alojamento é bom andar logo.
Não se falaram mais até a picape estacionar diante do edifício dos alojamentos e Daniel descer caminhando com dificuldade até as escadarias da entrada. Não se virou quando ouviu o ronco do motor desaparecendo gradualmente.
Pedro chegou em casa e deixou-se cair sobre o sofá, o couro rangeu sob seu corpo. Tirou o celular do bolso e abriu as últimas imagens. Uma sequência de fotografias, bastante nítidas, comprovava sua aventura da noite anterior. Ele as reviu uma meia dúzia de vezes. A cabeça da rola começou a coçar e ele ajeitou a pica na calça, ela liberou um tanto de fluído pré-ejaculatório. De repente, aquela convicção de exibir as provas ao primo, de que tinha ganhado a aposta, desapareceu. Sentiu raiva de si mesmo, mas não ia contar a ninguém o que tinha acontecido, ia apenas inventar uma história que fosse plausível. Que se danasse a aposta, que se danassem os outros.
Daniel despiu-se e deitou-se na cama sem abrir a janela e deixar a luz do sol entrar. Ficou feliz por não encontrar ninguém em casa. Teria que mentir para justificar a noite passada fora e seu estado deplorável e, ele não gostava de mentiras. Ele sabia que aquela dor em sua pelve ia passar, tinha sido assim quando fazia sexo com Marcos. Subitamente lembrou-se dele e sentiu que os olhos estavam marejados. A saudade era tanta que ele queria estar nos braços dele agora, mais do que qualquer outra coisa. Sempre fazia isso quando aquela jeba imensa o esfolava deixando sua pelve dolorida. Recostar a cabeça no peito viril do Marcos parecia curar aquela dor mais rapidamente. Sentiu-se só. Pegou no sono e só acordou quando o colega de quarto, mesmo se movendo discretamente, chegou.
- A noitada deve ter sido daquelas, hein? – brincou o colega.
- Que me dera! Estava exausto, ainda bem que estamos chegando ao final do semestre. – respondeu Daniel, que viu a desconfiança do amigo estampada em sua cara, frente ao que estava presenciando.
- Você já decidiu se vai para a casa dos seus pais quando as aulas terminarem? – quis saber o colega.
- Ainda não. Acho que não. Faz quase um ano que estou aqui e ninguém sequer me deu um telefonema. Minha ausência parece ser um alívio para eles. – comentou pesaroso.
- Bobagem! Família é assim mesmo, um porre de aguentar. – retrucou o colega, cujos planos para as férias também não incluíam um retorno ao lar.
Fernando o procurou por diversas vezes nos últimos três dias e Daniel estava conseguindo fugir desse encontro. Sentia-se culpado sem saber por que. No quarto dia o encontro foi inevitável, pois tinham a prova de uma disciplina que cursavam em comum.
- Por onde você tem andado? Estou te procurando há dias? Você não recebeu meus recados? – havia um quê de preocupação na voz de Fernando, e Daniel gostou dessa sensação.
- Trabalhei muito nesse final de semana e ainda fiquei estudando para a prova de hoje. Recebi seu recado sim, mas não te encontrei pelo campus. – respondeu Daniel.
- Poxa! Eu estava preocupado com o seu sumiço. Pensei que íamos estudar juntos. – a sensação de que Daniel podia estar lhe escapando por entre os dedos, surpreendentemente, o incomodou.
- Desculpe! Não queria deixar você preocupado. – o tom dengoso de sua voz logo transformou a cara apreensiva de Fernando num sorriso disfarçado.
- Meu primo anda perguntando por você insistentemente. Está acontecendo alguma coisa entre vocês dois? – perguntou Fernando. Daniel sentiu o chão se abrindo sob seus pés.
- Não! Claro que não! Mal falo com ele. Depois daquela força que dei a ele para a disciplina de cálculo no semestre passado, trocamos meia dúzia de frases, se tanto. – Daniel percebeu que tinha corado e que sua voz tremia e, pior, que isso tinha plantado uma dúvida na cabeça de Fernando.
- Então não consigo atinar com essa persistência dele em saber de você. Tome cuidado com ele. Somos parentes, eu gosto muito dele, mas ele não é flor que se cheire. – concluiu. A suposição de que Pedro estivesse pondo em andamento seu plano agora o irritava.
- OK! Não tenho afinidade alguma com ele, não se preocupe. – era preciso por um ponto final naquele assunto, caso contrário, sua inabilidade para a mentira logo o colocaria em maus lençóis. E tudo o que ele não queria, era explicar que Pedro o tinha fodido por todos os seus orifícios.
Ao ficar sabendo, por um dos colegas de alojamento, que Daniel não iria para a casa dos pais e ficaria em Viçosa, Fernando o convidou para passar umas semanas com ele na fazenda da família em Tupaciguara, município próximo a Uberlândia onde morava. A princípio Daniel relutou em aceitar o convite, pois sabia já há algum tempo que Pedro andava com umas intenções esquisitas, dado que ele vinha demonstrando claramente que estava a fim dele. No entanto, o dono do barzinho onde fazia bico aos finais de semana, já tinha demitido dois funcionários e dito a Daniel que iria reduzir sua jornada durante as férias por conta da queda de movimento que sempre acontecia nessa época. Outro bico que Daniel tinha arrumado para as férias, numa loja de material de construção, só iria começar na segunda quinzena de janeiro. Portanto, ele teria ao menos quatro semanas de ociosidade.
Partiram assim que fizeram as últimas provas do semestre. Fernando apareceu uma hora antes do horário combinado, nem um pouco preocupado que Daniel percebesse sua ansiedade. Daniel também tinha dormido pouco e acordara de madrugada para arrumar sua bagagem, achando que isso fosse minimizar sua inquietação com aquela viagem. Enquanto arrumava suas coisas, foi atormentado por um pensamento inusitado. Pela primeira vez, teve receio de como os pais de Fernando o receberiam. As pessoas costumavam olhar para ele com uma boa dose de preconceito, embora ele tivesse um comportamento normal e discreto. Havia, contudo, uma essência feminina em sua aparência e seus modos que era responsável por essa opinião antecipada que faziam de sua pessoa. Ele vinha lidando com isso desde a infância, mas por algum motivo que desconhecia, desta vez isso o incomodava, a ponto de tirar-lhe o sossego e o sono. Será que esse envolvimento com Fernando não tinha ultrapassado o limite da simples amizade? Por que ele vinha se inquietando tanto quando Fernando se aproximava perigosamente dele e, o calor de seu corpo, ao chegar até ele, provocava um frio em sua barriga? Era isso que estava se passando em sua cabeça quando Fernando bateu à porta. Deixou-o entrar colocando o dedo sobre os lábios para que Fernando não fizesse barulho, pois os outros ainda estavam dormindo. Só que, para sua surpresa, Fernando pisou na sala sem dizer nada, apenas o abraçou e tocou seus lábios quentes perigosamente próximos aos dele, e depois abriu um sorriso maroto.
- Preparado? Temos um bocado de chão pela frente. Com estas estradas mineiras péssimas, vamos chegar lá no final da tarde, se não pegarmos nenhum bloqueio pelo caminho. – disse Fernando, dando um tapa na bunda de Daniel, após ajeitar sua bagagem na caçamba da picape.
- Vamos lá! Quem está na chuva é para se molhar! – exclamou, prevendo que a intimidade iniciada com aquele simples tapa não ia parar por aí. E, isso o preocupava.
Era noite quando chegaram a Uberlândia. Ficaram completamente parados por mais de duas horas na BR-040 devido a um grave acidente e tombamento de uma carreta que bloqueou totalmente a pista. A recepção que os pais de Fernando deram a Daniel foi quase tão afável e carinhosa quanto a que deram ao filho. Muito provavelmente Fernando deve ter preparado os pais quanto a ele, pensou Daniel com seus botões. Já não bastasse estar na casa de estranhos, coisa que ele raras vezes tinha feito na vida, o luxo da casa o deixou ainda mais inibido. Era algo tão diferente daquilo a que estava acostumado que até respirar parecia difícil. Ele nunca tinha sido um bronco, apesar de sua simplicidade. Seus pais o educaram muito bem apesar das dificuldades, e ele nunca tinha feito feio em lugar algum. No entanto, estava apavorado.
Dois dias depois o pavor tinha cedido lugar a uma disponibilidade prestimosa. Os pais, a irmã e outro irmão de Fernando o travam muito bem e ele se sentiu mais confiante; baixou a guarda, e deixou que seu jeito carismático e amável conquistasse a todos. Estava tudo combinado para irem à fazenda no fim de semana. E, como era de praxe, a mãe de Fernando costumava ligar para a irmã, que também morava em Uberlândia, e era a mãe de Pedro, avisando para se encontrarem por lá, uma vez que a fazenda da irmã ficava no município de Monte Alegre de Minas, não muito distante da fazenda deles. Depois dessa ligação, Pedro acabou aparecendo e foi surpreendido com a presença de Daniel.
- Você chamou o Daniel para passar as férias aqui? – ele encurralou o primo na primeira oportunidade que teve de ficar a sós com ele.
- Convidei. – respondeu Fernando, secamente.
- Qual é a sua? Que ideia besta foi essa? O que você pretende com isso? – cada frase saía como um projétil de uma arma.
- Qual é, pergunto eu? Deu vontade eu convidei. E daí? – revidou Fernando.
- O que você está querendo com isso? Ganhar a aposta? – questionou Pedro.
- Esquece isso cara! Eu já falei que acabou essa história de aposta. Estou fora! – respondeu irritado.
- Então qual é a razão de você trazer o Daniel para cá? – insistiu desconfiado.
- Gosto da companhia dele. Só isso. Precisa mais? – retrucou Fernando.
- Faz tempo que estou de olho em vocês. Você está se engraçando para o lado dele. Sei muito bem do que você está afim! Você está querendo comer aquela bundinha. Confessa. – exigiu Pedro.
- Você está louco, não sabe do que está falando. Cala essa boca para não falar besteira. – Fernando aproximou-se dele e enfiou-lhe o dedo em riste na cara.
- Eu sabia! Você está a fim dele! Que merda! – Pedro não se intimidou, e deu soco no móvel que estava ao seu lado.
- E você está assim, por quê? O que você tem haver com isso? Não é da sua conta! – retorquiu Fernando.
- Tudo bem! Vamos terminar com esse negócio da aposta. Acabou. Você não precisa usar mais tática alguma para comer aquele rabinho. A gente encerra isso por aqui. – sentenciou Pedro.
- Tudo bem! Eu já tinha proposto isso, faz tempo. – revidou Fernando.
- Portanto, você pode despachar o Daniel, não precisa ficar com ele por aqui. – quis determinar Pedro, achando que o primo acataria sua solução.
- Ele não é nenhuma mercadoria para eu o despachar. Aqui em casa todos gostaram dele, estamos nos dando muito bem e está bem legal ter ele conosco. Ele fica até que comece o trabalho que arranjou, sei lá quando. – confirmou Fernando.
- Porra! Confessa de uma vez que você está querendo enrabar o cu dele. – exasperou-se, percebendo que de nada adiantavam seus argumentos. – Você vai ter uma surpresa, ele é bem mais esquisito do que você pode imaginar, vai por mim. Depois não diga que não te avisei. – emendou, deixando transparecer que sabia algo mais do que revelava.
- Esquisito? Como? Do que você está falando? Onde você está querendo chegar com isso? – a irritação com o primo tinha se transformado em raiva, pois a maneira como Daniel evitava ficar na presença de Pedro indicava que ele não estava sabendo de alguma coisa entre os dois.
- Estou avisando! – Pedro sabia como provocar.
A conversa com o primo fez com que Fernando entrasse no quarto de Daniel naquela noite quando ele já estava dormindo. Aliás, a casa toda já estava mergulhada no silêncio. Daniel levou um susto quando percebeu o vulto sentado em sua cama, quase soltou um grito. Fernando estava ali bem uns quinze minutos, observando o respirar tranquilo daquele rosto de traços suaves. Teve vontade de beijá-lo, de conectar seus lábios àqueles tão polpudos e vermelhos, mas conteve-se.
- Oi! Aconteceu alguma coisa? O que você faz aqui? – perguntou Daniel, puxando o lençol sobre o corpo, como que o protegendo do olhar aguçado de Fernando.
- Nada, fique tranquilo. Está com muito sono? – retorquiu.
- Para falar a verdade, não. Estou cochilando e acordando a toda hora. – respondeu, sentando-se na cama e agarrando, ainda mais, o lençol para cobrir seu torso.
- Que medo todo é esse que eu o veja de pijama?
- Medo nenhum, ora!
- Então por que você está se embrulhando todo nesse lençol?
- Deixa de ser enxerido! Quanta pergunta! – as palavras saíam tremidas.
- Você sempre esconde seu corpo. Tem alguma coisa que você não goste nele? Mesmo debaixo das roupas folgadas que você usa, ele me parece bastante bonitinho. - observou.
Lá estava ele novamente diante de um dilema. Mentir ou dizer que toda a anatomia entre suas pernas era a coisa mais confusa e difícil de explicar? Fernando tinha se tornado uma pessoa especial para ele e, ele não queria mentiras entre eles. Mas, começar a falar sobre algo tão íntimo, àquela hora da madrugada, quando estava usando apenas um pijama, não estava em seus planos.
- O que aconteceu entre você e o Pedro? Eu já te perguntei isso uma vez e você deu uma desculpa. Hoje ele veio com um papo que você é mais esquisito do que parece. O que ele quis dizer com isso? – Fernando não aguentava mais ficar sem algumas respostas. Estava gostando de Daniel e esse mistério todo o deixava apreensivo.
- Nada! – não deu mais para engolir o choro. A hora havia chegado. Ele não suportava mais essa situação. Sentia que, de alguma forma, estava enganando a pessoa pela qual certamente já estava se apaixonando.
- Me conta tudo. Eu acho que mereço, ou não? – questionou Fernando, pegando o rosto por onde desciam as lágrimas entre as mãos.
- Merece! Eu gosto muito de você para continuar a fazer esse suspense. – respondeu, encarando aquele macho que lhe dava tanta segurança.
Daniel contou resumidamente todos os perrengues pelos quais passou dada a condição com a qual nasceu. Não fez menção aos detalhes escabrosos a que tinha sido submetido pelos colegas de escola e, nem detalhes sobre a insistência do pai em transformá-lo naquilo que ele não se sentia apto a ser. Nas entrelinhas Fernando conseguiu enxergar cada um desses dissabores, e pode compreender de onde vinha toda aquela timidez e retraimento. Quanto mais compreendia da situação, mais atraído por Daniel ele se sentia. Em dado momento não se conteve e tomou-o nos braços. Beijou-o com tamanha sofreguidão que Daniel se entregou aos seus desejos, abraçando-o e retribuindo cada beijo com todo seu desvelo. Por estarem imersos na penumbra do quarto, Daniel deixou-se tocar. O rosto assustado foi dando lugar à observação das expressões de Fernando à medida que ele ia descobrindo seu corpo. Fernando sentia aquela pele sob sua mão e ia se enchendo de tesão. Ela era tão alva, aveludada e perfeita quanto ele havia imaginado. Os peitinhos eram iguais aos de uma menina no início da puberdade, dois montículos que culminavam numa aréola rosada de onde apontavam dois biquinhos enrijecidos pelo toque de sua mão ávida. A rola de Fernando começou a adquirir desejos próprios lá embaixo, enquanto seu olhar era atraído para aquele corpo esguio e escultural, que ia se descortinando à medida que sua mão ia afastando a bermuda do pijama. Daniel encolheu-se. Fernando insistia. Como estava sentado de lado, as nádegas de Daniel iam se descortinando, roliças e carnudas, gostosas e tesudas. Aos poucos, Fernando ia tentando entender aquela forma bizarra que estava entre as coxas lisas e torneadas de Daniel. O lusco-fusco do quarto não deixava ver com clareza, embora algo parecido com um pintinho estivesse localizado sobre o que parecia o saco, havia um racho oblíquo, ligeiramente aberto no meio do saco.
- Eu nasci com a genitália ambígua. – murmurou Daniel, procurando juntar as coxas para camuflar aquilo que o torturava desde que se conhecia por gente.
Havia tanta suavidade naquele corpo e naquele recato que Fernando não conseguiu mais se dominar. Beijou os lábios trêmulos de Daniel e o trouxe para junto de si, inclinando-se sobre aquele corpo sedoso. Daniel o envolveu em seus braços e, enquanto correspondia aos beijos de Fernando chupando de mansinho a língua intrépida que este lhe metia na boca, começou a abrir as pernas até que Fernando estivesse encaixado nelas. Ergueu os joelhos até quase tocá-los nos ombros espadaúdos de Fernando e sentiu que a rola dele pincelava seu rego distendido. Gemeu cada vez que cacetão roçava suas pregas, e capitulou ante o desejo ferrenho estampado no rosto que o encarava. Fernando manobrou a pica de encontro à portinha ouriçada daquele cuzinho e a meteu no buraquinho estreito. Não fossem os lábios estarem se esfregando lascivamente, o gritinho de Daniel teria chamado a atenção para a luxúria que se desenrolava naquele quarto. Fernando sentia a rola se atolando nas entranhas mornas e tão justas de Daniel como se aquelas pregas o agasalhassem. O pau estava tão duro que Fernando chegava a sentir dor. Estocou-o na maciez que o apertava com um desespero voluptuoso. Daniel gania com aquela rola imensa devassando sua pelve contraída, mas se entregava sem nenhuma reserva. Suas mãos passeavam pelas costas largas que o encobriam e, quando a dor superava o prazer, ele cravava os dedos nos músculos rijos de Fernando, como se quisesse se agarrar a uma tábua de salvação. Ele estava tão feliz que afagava os cabelos e o rosto de Fernando, cobrindo-o de beijos carinhosos. Fernando acelerou o vaivém cadenciado que fazia sua pica ser acariciada pelos esfíncteres anais retesados de Daniel. Seus movimentos eram só tesão. Um tesão que chegou ao seu saco batendo contra as nádegas de Daniel, como uma descarga elétrica. As bolonas estavam dolorosamente cheias e ele sentiu uma comichão na cabeçorra do caralho. A porra eclodiu em jatos espessos, fazendo-o gozar um prazer de aliviação que assomou à garganta na forma de urros roucos e estertorosos. Ele encharcava o cuzinho com sua porra abundante e sentia Daniel erguendo os quadris de encontro a sua virilha para que seu sumo másculo se alojasse o mais profundamente na intimidade dele. Foi a mais recompensadora foda que tinha experimentado. Enrodilharam-se num abraço envolvente. Enquanto o arfar acelerado de suas respirações ia se acalmando, o sono os embalou num torpor prazeroso.
Na manhã seguinte, Fernando acordou com aquelas ancas nuas encaixadas em sua virilha e o caralhão à meia bomba, como de costume. Daniel tinha a respiração serena, que fazia seu torso se mover num sobe e desce mansinho, enquanto um dos seus peitinhos, apoiado sobre a mão de Fernando, roçava os dedos dele. Fernando sentiu tanto tesão que voltou a enfiar a rola naquele cuzinho desguarnecido de qualquer precaução. A jeba se alojou inteira antes que as pregas de Daniel se contraíssem num espasmo abrupto e defensivo. Ele ganiu assustado, mas gemeu um ‘bom dia’ quando sua mente o tranquilizou por estar nos braços de Fernando.
- Bom dia, meu tesudinho gostoso! – sussurrou Fernando entre dentes, deixando que a volúpia extravasasse numa foda demorada e condescendente.
Ao se juntarem aos outros, no café da manhã, constataram surpresos que Pedro já estava lá. Tinha vindo cedo para ir à fazenda junto com eles, ao invés de ir com a própria família. Ele foi o único a reparar naqueles rostos onde uma cumplicidade recente e pecaminosa resplandecia feito o sol que brilhava lá fora. Sua mão se cerrou com tamanha força que isquemiou a ponta de seus dedos, e o gole de suco que acabara de ingerir quase entalou em sua garganta. Sentiu-se traído, embora não conseguisse compreender a razão da fúria que se apossou dele.
As duas famílias se juntaram num final de semana agitado e descontraído, como sempre acontecia quando iam para a fazenda, fosse na de uma, ou na de outra família. Contrariando a regra, o único que se mostrava mais reservado era Pedro, o que logo chamou a atenção, pois ele sempre era o mais agitado e expansivo nesses encontros. Logo virou motivo de piadas e, a insatisfação com isso vinha se acumulando perigosamente, como o vapor dentro de uma panela de pressão.
Embora o sol a pino e o calor reinassem absolutos, Daniel continuava de bermuda e camiseta, enquanto os demais estavam de biquíni ou sunga em volta da piscina junto ao quiosque da churrasqueira.
- Tome um pouco de sol, você está tão branquinho! – exclamou a mãe de Fernando, encorajando o amigo do filho a se soltar mais.
- Obrigado. Estou bem assim. Fico parecendo um camarão quando tomo sol. – retrucou Daniel.
- Vai te fazer bem. É só ficar sob o guarda-sol e aplicar um protetor. Aproveite esse dia lindo! – insistiu ela.
Daniel não queria se mostrar ingrato à dedicação e cuidados que estavam tendo com ele, por isso, muito a contra gosto, foi vestir uma sunga que o irmão mais novo de Fernando lhe deu. A peça ressaltou a bunda carnuda e as cavas acentuadas das pernas faziam com que ela se enfiasse dentro do rego assim que ele dava alguns passos. Voltou para a piscina trocado, mas ainda com a camiseta cobrindo seu tronco, sob o olhar surpreso de todos. Despir-se diante dos outros sempre foi um trauma. Relutou o quanto pode para tirar aquela camiseta. E, quando a tirou pela cabeça, seus peitinhos salientes apontavam rijos para uma direção qualquer a sua frente, içando-se com o calor dos raios solares que os atingiram. Ninguém deixou de observar aquele torso andrógino e lindo, esculpido como se fosse o de uma obra renascentista. Acanhado, Daniel distribuía o protetor solar com movimentos lentos sobre a pele branca.
- Dá até comichão na mão de vontade de espalhar aquela loção por cima daquela pele! Você não está a fim de se candidatar? – pilheriou um jovem funcionário da fazenda com outro que estava ajudando no preparo do churrasco sob o quiosque.
- Vai falar isso para o caralho que já não está me dando uma folga desde que o garoto veio caminhando para cá feito uma modelo de passarela. – respondeu o outro, tentando não dar bandeira com o tesão que estava sentindo.
- O garotão tem umas ancas mais aprumadas que uma potranca. Vá ser gostoso assim lá na minha cama! – revidou o primeiro.
- Dá só uma sacada naqueles peitinhos! Se eu caio de boca neles não deixo um inteiro. – recomeçou o outro.
- Imagina aquela boquinha mamando meu cacete. Sou capaz de dar mais leitinho para aquela boca que todas as vacas do curral. – disse o primeiro, jocoso e sacana.
- O que é que está rolando aqui? Quem é que vai dar leitinho para quem? – interrompeu Pedro, ouvindo apenas o final da conversa entre os funcionários, mas deduzindo que falavam de Daniel, visto que não tiravam os olhos de cima dele.
- Nada não Pedro! Que isso? Você deve ter ouvido errado. – exclamou um, procurando esconder a ereção sob um avental que amarrou às pressas.
- Ouvi errado e escambau! Vocês tomem tento se não quiserem se foder. – ameaçou irritado. Era assim que ele estava se sentindo desde a manhã, irritado e sem paciência para ouvir baboseiras. Os dois funcionários estranharam aquele humor azedo.
Não era para menos. O que tinha dado no Daniel para estar tão à vontade com o Fernando? E que raios de porra era aquela de ficar passando protetor solar naqueles peitinhos e naquelas coxas? Merda! Por que ele estava sentindo todo aquele tesão ao comtemplar isso? Se soubessem o que tinha no meio daquelas pernas a coisa seria diferente, pensou contrafeito.
Estava entardecendo, o sol tinha adquirido um tom alaranjado e já havia começado a se inclinar no ocaso. As latinhas de cerveja que ele havia tomado não tinham conseguido tirar seu desassossego. O pessoal já tinha deixado a beira da piscina. Uns haviam ido tirar um cochilo, outros tinham voltado para dentro de casa onde estava mais fresco. Ele e o primo quase se esbarraram quando ambos tiveram a ideia de ir pegar uma água gelada dentro do quiosque.
- Você comeu o cu dele, não foi? – despejou Pedro. A garganta dele estava seca e as palavras saíram numa espécie de rosnado, o que irritou Fernando.
- Isso não é da sua conta! – objetou Fernando.
- Você fodeu a bichinha só para levar a aposta, mesmo eu te avisando que o trato estava desfeito. – continuou Pedro. – Gostou do que encontrou no meio das coxas dele? – provocou.
- Gostei! Para falar a verdade foi a transa mais maravilhosa que já tive. Ele não só foi extremamente carinhoso como apertou minha rola no meio daquela maciez toda e me fez gozar feito um garanhão. – revidou Fernando, percebendo que isso ia contra tudo do que o primo o queria privar.
- Você é um bosta!
- O bosta aqui é você! Um canalha de merda! O Daniel me contou o que você fez com ele. – retrucou Fernando.
- E o viadinho foi se queixar na sua cama, aposto que até chorou para te comover antes de abrir as pernas para provar o calibre da sua rola. – cuspiu Pedro.
- Ele não se queixou de nada. Apenas me contou o que aconteceu, como uma espécie de desculpa por não se entrar puro para mim. E se você quer saber, ele gostou muito do calibre da minha rola sim. Gemeu enquanto me acariciava agasalhando meu cacete. – Fernando sabia que aquilo ia mexer com os brios do primo.
- Filho da puta! Você não tinha nada que convidar ele para ficar com você, nem tinha o direito de enfiar a pica no cuzinho dele. Eu cheguei primeiro. Só eu podia ter comido ele. – rosnou, partindo para cima do primo.
Instantes depois, ouvia-se a pancadaria rolando no quiosque. Os funcionários que estavam por perto, terminando de arrumar as coisas, acorreram tentando apartar os dois. Daniel tinha ido ao encontro de Fernando que estava se demorando a voltar com a água gelada que tinha ido buscar, e ouviu parte da conversa acalorada entre os dois.
- Parem! Parem com isso, pelo amor de Deus! Vocês vão se machucar. Acode aqui, acode aqui. – desesperou-se Daniel, implorando pela intervenção dos funcionários e tentando apartar a briga. Mirando o rosto do primo, Fernando acabou por acertar um soco nas costas do Daniel atirando-o longe. A pancadaria cessou assim que ele se estatelou no chão.
- Olha o que você fez, canalha! – berrou Fernando, indo acudir Daniel.
- Eu não, foi você quem o acertou, desgraçado! – gritou Pedro, também indo amparar Daniel.
- Que história de aposta é essa? O que foi que vocês apostaram? – questionou Daniel, enquanto se punha em pé. Subitamente ninguém tinha uma palavra a dizer. – Vamos lá. Eu ouvi que vocês fizeram uma aposta, e que isso tem haver comigo. Quero saber, o que foi que apostaram?
- Não é nada. É bobagem do Pedro. Você sabe como ele é. Um mau caráter de merda. – respondeu Fernando.
- Agora eu é que sou o mau caráter. Seja homem e conta por que é que você transou com ele ontem à noite. – insinuou Pedro, sabendo que se Daniel estivesse minimamente interessado no primo aquilo ia afastá-los definitivamente.
- Cala essa sua boca! Eu vou quebrar a sua cara! – retrucou Fernando.
- Como ele sabe de ontem à noite? O que você contou para ele? Que droga de aposta é essa? – Daniel se sentiu vilipendiado e tinha medo de ouvir a verdade.
- Não liga. Ele está falando besteira, só para te provocar.
- Ele não é o bonzinho que está querendo aparentar, te convidando para passar as férias, te enchendo os ouvidos de baboseira e fazendo sabe-se lá o que com você na cama. – sentenciou Pedro. – E vocês, o que estão fazendo aqui ainda, se metendo em assunto de patrão? Sumam daqui! – emendou, ralhando com os funcionários que estavam se inteirando demais no assunto.
- Fernando, não mente para mim! Do que ele está falando, por favor. – suplicou Daniel.
- Fique tranquilo, é só provocação dele. – mentiu Fernando, com receio de perder o que tinha conquistado.
- Covarde! Fala para ele que nós apostamos o cuzinho dele. Conta para ele que você o enrabou para ganhar cinco paus. – a raiva do Pedro explodiu em definitivo.
- Miserável! Filho da puta! – berrou Fernando, voltando a se atracar com Pedro.
Um nó subia pela garganta de Daniel. Seu corpo apenas coberto pela sunga lhe pareceu devassado e ele cruzou os braços cobrindo os peitinhos. Saiu correndo dali como se uma fera o estivesse perseguindo, e sua vida dependesse dessa fuga. Ambos ameaçaram correr na direção dele, mas bastou um olhar de Daniel para que desistissem da ideia.
- Está contente agora, seu bosta! – vociferou Fernando.
- É bom que ele saiba de tudo de uma vez. Assim você não posa de santo. – revidou Pedro.
Daniel passou feito um raio pela sala onde os pais do Pedro e do Fernando conversavam. O que não impediu que eles vissem que ele estava chorando. O questionamento sobre a algazarra que tinham ouvido lá fora ficou sem resposta. Em seguida, os dois apareceram no encalço dele. Estavam transfigurados e via-se que tinham se engalfinhado. Pedro sangrava no canto da boca e Fernando tinha um calombo em franco desenvolvimento no olho esquerdo.
- O que é que está acontecendo? – a voz do pai do Fernando soou grave e inquisidora.
- Nada! – responderam a um só tempo.
- Então o que significam essas caras amassadas? Quero saber agora mesmo o que foi que aconteceu. Andem, desembuchem! – não havia como fugir pela tangente. Foram apenas lacônicos com os fatos.
- Vocês são homens ou moleques? Deviam ter vergonha do que fizeram. – disse o pai do Pedro, entrando na conversa.
- Para sua informação, Fernando, você vai demorar a ver cinco mil reais na sua mão outra vez. Isso ultrapassou todos os limites da decência. – sentenciou o pai dele.
- O mesmo se aplica a você, seu moleque! Suma da minha frente se não quiser que eu termine de arrebentar essa sua boca inchada. – vociferou o pai do Pedro.
Daniel não se juntou a eles no jantar e, na manhã seguinte, estava com a bagagem arrumada e pediu o favor de algum funcionário leva-lo até a rodoviária. Os pais do Fernando tentaram demovê-lo da ideia, mas foi inútil. Eles mesmos o deixaram na porta do ônibus e se despediram dele com um pedido de desculpas pelos atos dos filhos.