Armadilha entre as pernas da biba - Final

Armadilha entre as pernas da biba - Final
No reinício das aulas os primos procuraram por Daniel. No princípio em separado, e sem que um soubesse do outro, sem sucesso. Depois, resolveram se aliar na procura, temendo que o que tinham feito pudesse ter levado Daniel a desistir dos estudos. Procuraram no alojamento, onde os colegas informaram que ele tinha viajado; procuraram na casa de material de construção onde Daniel tinha feito bico durante algumas semanas, e o proprietário lhes disse que ele havia trabalhado conforme o combinado, mas não sabia do paradeiro dele; procuraram nos registros da faculdade e o nome dele constava como aluno regularmente matriculado. No entanto, ninguém o tinha visto e ele não compareceu as aulas nas disciplinas em que estava inscrito. Foi apenas na terceira semana, após o reinício das aulas, que ele assistiu à primeira aula na disciplina de entomologia geral. Eles o abordaram ao término da aula, era a última do dia.
- Por onde você andou? Estávamos te procurando. – disse Fernando, indiferente à disposição de Daniel de recusar qualquer papo com eles.
- Pisamos na bola, mas estamos aqui para nos desculparmos. – disse Pedro.
- Afinal, o vencedor já torrou a grana da aposta? Quem foi mesmo que ganhou? – o tom irônico refletia toda a mágoa que Daniel sentia.
- Não teve aposta, não teve vencedor! A gente se sente derrotado. – respondeu Pedro.
- Ah! Vocês se sentem derrotados. E eu, eu devo me sentir como? Mas o que importa a vocês como eu me sinta. Sou um lixo mesmo, não é verdade? Aliás, uma coisa bizarra com a qual a gente pode fazer qualquer tipo de sacanagem, até apostar quem vai ser o primeiro a foder a coisa, não é isso? – despejou Daniel, procurando disfarçar o choro que vinha junto com as palavras.
- Foi uma canalhice, a gente sabe. Mas eu quero que você saiba que o que aconteceu naquela noite não foi nenhuma sacanagem. Juro! – confessou Fernando.
- Eu comecei essa história. Fui desleal e sujo dando aquele boa noite cinderela e te levando para o motel, mas me arrependi naquele dia mesmo. Tanto que não contei nada para ninguém. Sei lá, eu não consegui depois de ... bem, depois do que aconteceu. – confessou também Pedro.
- Você me estuprou. É esse o nome que se dá ao que você fez. Você sabia que eu não ia cair no seu joguinho então resolveu me foder, entorpecido mesmo. – Daniel se sentia cada vez mais diminuído diante deles.
- Eu nem sei o que dizer. Acho que se ficarmos aqui te pedindo desculpas pela eternidade não vai diminuir o sofrimento que te causamos. Mas, acredite, eu estou muito arrependido de ter entrado nessa de aposta, de verdade. – disse Fernando.
- Eu idem! Perdão Daniel. – completou Pedro.
- Vamos fazer o seguinte. Cada um segue sua vida. A gente não se conhece, a gente não se fala, a gente não se magoa. Valeu? – concluiu Daniel.
- Não, cara! Eu não quero isso. Quero me redimir. Quero ser seu amigo. – apressou-se Pedro.
- Eu gosto de você e preciso da sua amizade. Me diz o que fazer para conseguir seu perdão. – disse Fernando.
- Vamos encerrar por aqui. Vai ser melhor para todos. – finalizou Daniel, deixando-os.
As tentativas de uma reaproximação continuaram, mas sem sucesso. Pedro e Fernando iam todos os finais de semana ao barzinho onde Daniel fazia bico, procurando quebrar aquela muralha que havia se formado entre eles. A garota que estava ficando com Pedro desde o ano anterior começou a desconfiar dessa persistência em conseguir a simpatia do barman charmosão. A garota era uma alpinista social, saída dos rincões perdidos do norte do estado. Cursava economia doméstica na universidade, que era o curso que mais agregava aquele tipo de mulheres, saídas do nada e à caça de algum incauto e desprevenido macho, mais abastado e incapaz de manter a rola fora de uma buceta oferecida, cursando faculdades com um futuro mais promissor. Ela vinha notando a indiferença com a qual Pedro a tratava depois da volta das férias. Apesar da insistência dela, ele se recusara a leva-la para conhecer os pais. Fez uma cena na semana anterior, quando Pedro tentou dispensá-la no final da madrugada de sábado, sem tê-la fodido. E, voltou a se pendurar nele, dois dias depois, como se ele não a tivesse despachado.
- Você está tão diferente comigo. Me conta o que é. Você está se enrabichando com alguma vadia? – insistiu, passando a mão na rola dele por debaixo da mesa do barzinho.
- Para com isso! Que saco! Quem está dando uma de vadia é você, com essa mão boba no meu cacete. – protestou Pedro, levantando-se e seguindo até o balcão, onde um banco havia vagado.
- Não precisa ficar tão mal humorado! Eu só quis ser carinhosa com você. – sussurrou ela junto ao ouvido dele, numa intimidade que já não existia mais.
- Chega, cara! Dá um tempo! Não estou a fim, eu já terminei com você. – advertiu, afastando os braços dela que o envolviam feito as garras de uma aranha.
Ela disfarçou, pois ele havia elevado o tom da voz e as pessoas em volta tinham escutado o fora que ele lhe deu. Ela ardia de raiva, mas dissimulada como toda mulher, manteve uma postura de blasée. Ela permaneceu na rodinha de colegas que cercavam Pedro, digerindo a atitude dele. Enquanto ele estava no banheiro o celular abandonado sobre o balcão tocou e ela o atendeu, na esperança de descobrir qual era a piranha que tinha lhe roubado o macho. Frustrada, disse à mãe do Pedro que daria o recado de que ela tinha ligado. Aproveitou a oportunidade e começou a vasculhar o celular. Não demorou a encontrar entre as fotos armazenadas o que nem seus olhos queriam acreditar. Tão nítidas quanto podiam ser as cenas reais, ela viu o barman completamente nu, deitado em diversas posições, com uma bunda muito mais atraente e gostosa que a dela e, uma estranha combinação de genitais, sendo enrabado pelo agora ex-namorado. Enviou, sem demora, as fotografias para seu e-mail pessoal e, enquanto Pedro contestava o fato dela ter atendido uma ligação que era dele, ao regressar do banheiro, ela já saboreava o gosto da vingança.
No dia seguinte, as fotos circularam pelo Whatsapp e pelas redes sociais, despertando as mais diversas reações e emoções em quem as recebia. O domingo calorento e o cansaço do trabalho na noite anterior tinham segurado Daniel na cama até o meio-dia. Fernando e Pedro, mais os colegas do alojamento estavam na sala e nada mais que alguns cochichos podiam ser ouvidos.
- Ah não! Vocês outra vez. Olha, eu já não estou aguentando mais essa pressão. Não ficou combinado que cada um seguia seu rumo. – desabafou, assim que viu os primos sentados na sala, e retomou a direção do quarto.
- Espera Daniel! Tem um babado muito louco acontecendo. É bom você ficar sabendo. – disse o colega que dividia o quarto com ele.
- Cara, eu não estou a fim de saber de nada que envolva esse dois. Para mim já deu! – respondeu Daniel.
- Tem umas fotos suas circulando na Internet. – soltou Fernando, de supetão. Estendendo o celular ao alcance de suas mãos. A sala caiu num silêncio sepulcral.
- Meu Deus! O que é isso? – um dos moradores do alojamento, que estava mais próximo de Daniel, amparou-o no exato momento em que ele ameaçava se estatelar no chão.
- Calma! Senta aí. Vocês têm uma água com açúcar aí para a gente dar para ele? – inquiriu Fernando preocupado.
Quando aquela zonzeira foi amenizando, Daniel encarou Pedro com um olhar fulminante. Ele jamais tinha visto uma expressão como aquela e, foi só então, que compreendeu toda a desgraça que tinha causado a Daniel.
- Como você pode chegar a esse ponto? Você acaba de me matar, cara. Você consegue entender isso? Eu sou um cara morto. – desabafou aniquilado, deixando-se afundar no encosto do sofá.
- Não fale assim. Por pior que tudo esteja parecendo agora, daqui a algum tempo ninguém mais vai se lembrar disso. – tentou amenizar um dos colegas do alojamento. No fundo ele temia uma reação drástica de Daniel, pois tinha assistido há menos de uma semana a um filme no qual um recruta se suicidava depois de ter sua homossexualidade descoberta dentro da escola militar.
- Não fui eu quem espalhou essas fotos, juro. Eu vou fazer de tudo para descobrir quem foi e te garanto que essa pessoa vai pagar caro por isso. – disse Pedro, tentando se redimir.
- Não importa quem as fez circular. Foi você quem as tirou. Para que? Para que tanta sacanagem comigo? O que foi que eu te fiz? – Daniel soluçava feito uma criança desamparada. – A maldita aposta, não é? – emendou, sem que ninguém dos outros, exceto Fernando, soubesse do que ele estava falando. Acharam até que já estava delirando por conta do choque.
Pedro baixou o olhar e saiu dali. Não conseguia encarar o que tinha engendrado, e sabia que nada podia ser feito para mudar aquilo. Estava tão desesperado que quase acabou com a picape debaixo da caçamba de um caminhão basculante, freou antes da desgraça e socou o volante com os punhos cerrados. Então, lembrou-se do celular na mão da garota e do recado que ela lhe dera. Os pneus cantaram sobre o calçamento de paralelepípedos enquanto a picape gingava descontrolada pela rua estreita, assustando os transeuntes e tirando blasfêmias dos que observavam a cena. Chegou até a república onde a garota morava e quase derrubou a porta aos socos. Ela própria tinha vindo atender e, antes de abrir um sorriso patético, sentiu aquele punho cerrado atingi-la com toda a força. Ela despencou no chão como um saco desestruturado. Pedro a levantou só para conseguir acertar outro soco naquela cara traiçoeira. A expressão no rosto de Daniel quando viu as fotografias veio-lhe à mente como uma acusação pelo seu delito. Descarregou toda a sua raiva naquele corpo como se estivesse socando um saco de pancadas. Os vizinhos a acudiram quando um braço e uma costela já estavam fraturados, e ela mal se mexia no chão ensanguentado e frio de cerâmica.
- Experimenta abrir essa sua boca nojenta para contar a quem quer que seja quem foi que te fez isso, e eu te garanto que vai ser a última coisa que você vai fazer na vida. – os olhos dele estavam injetados e vermelhos e, antes de sair, encarou as duas vizinhas que vieram acudir, dissipando qualquer intenção que tivessem de acusa-lo de alguma coisa.
Daniel viveu o inferno nos três meses seguintes. Na faculdade era quase impossível assistir às aulas. A simples presença dele causava murmurinhos e olhares que iam de piedosos a inquisidores. Seu rendimento escolar caiu e ele recebeu uma comunicação de que não teria mais o auxílio moradia no semestre seguinte, devendo deixar o alojamento. No barzinho ele teve que aturar todo tipo de gozação. Era abordado por garotas e machos interessados em todo tipo de sacanagem e perversão sexual. Alguns o abordavam com espírito solidário. Nas noites em que ele trabalhava o barzinho bombava. Agora, além da fama de charmoso que já atraía muitos fregueses, ele era procurado justamente por sua condição sexual, tal como acontecia nos circos de antigamente quando bizarrices eram exibidas como atração.
Pedro e Fernando o procuraram quando souberam que ele tinha que deixar o alojamento, temeram que ele interrompesse os estudos. Ele, no entanto, recusou a oferta de ir morar com eles. Na semana em que precisava deixar o alojamento, foi surpreendido pela visita não anunciada do pai do Pedro.
- Eu lamento a canalhice que meu filho aprontou com você. Desde que o Pedro saiu de casa para vir cursar a faculdade eu estou desconhecendo meu próprio filho. Suas atitudes estão muito distantes daquelas que nós conhecíamos. Tanto eu quanto meu cunhado estamos dando um corretivo nos dois, na esperança de que o comportamento dos nossos filhos melhore. Eu tenho plena ciência do que você está sentindo em relação a eles, mas gostaria sinceramente que você considerasse a possibilidade de ir morar com eles. O apartamento é grande e você teria um quarto exclusivamente seu. Ele está a sua disposição pelo tempo que desejar, sem nenhum custo. É o mínimo que meu cunhado e eu podemos fazer. Não prejudique seu futuro e seus estudos por conta das inconsequências dos nossos filhos. É isso que eu te peço para considerar. – ele tinha uma fala mansa e ponderada. Conversou com Daniel como se fosse um filho, imprimindo a cada palavra o carinho de um pai.
- Eu sou muito grato por sua preocupação comigo. Não sei se tenho condições psicológicas para conviver com eles depois de tudo. – respondeu Daniel.
- Eu sei disso. Você tem algumas semanas pela frente antes de tomar sua decisão. Pense apenas em você, até de uma forma um pouco egoísta mesmo. Só não estrague seu futuro. Minha casa também está a sua disposição durante estas semanas de férias. Seria muito bom tê-lo conosco. – acrescentou, com uma dolorosa pena pairando sobre suas costas pela atitude do filho.
- Mais uma vez muito obrigado. Mas estou indo visitar meus pais. – respondeu Daniel.
Daniel arrependeu-se de passar as férias em casa tão logo desembarcou na rodoviária. O pai e o irmão o aguardavam junto ao desembarque e, o cumprimento árido do pai já acenava com o que estava por vir. Obviamente alguma alma malévola tinha se encarregado de fazer chegar às mãos da família a depravação pela qual o filho tinha passado.
- Alguns meses fora de casa e o que temos agora, um filho viado e rameiro. – sentenciou o pai, quando estavam reunidos à mesa no primeiro almoço juntos. – Não bastaram os corretivos que eu te apliquei enquanto estava aqui, ou se esfregando com os funcionários da oficina, ou com os clientes. Aquela correia de motor devia ter descido sobre seu lombo muitas vezes mais, para você aprender a virar macho. O que foi que sua mãe e eu fizemos para merecer uma aberração, feito você? Me diz. – ele remoída toda sua frustração em cada palavra, que atingia Daniel como um punhal.
- Eu nunca fiz nada para desmerecer o que vocês fizeram por mim. – balbuciou Daniel, prestes a chorar.
- Não? O que você fazia com o Marcos pelos cantos da oficina e nas nossas costas era o que? Essas fotografias suas sem roupa sendo enrabado sabe-se lá por quantos machos, são o que? Um agradecimento pelo estamos fazendo por você? É isso? Pois saiba que para mim isso tem outro nome. – sentenciou, enquanto a mãe e o irmão iam tentando engolir a comida que estava nos pratos. – Você é adulto, a partir de agora lavo minhas mãos. Faça o que quiser da sua vida, mas faça isso o mais distante possível de nós. – emendou, com a frieza de um carrasco.
Sem opções, Daniel, ao retornar a Viçosa para um novo semestre, alojou-se no quarto disponível no apartamento do Pedro e do Fernando. Nenhum dos dois escondeu a alegria que sua decisão tinha lhes causado.
- Que fique claro para vocês que só estou aqui por pura falta de opção. Não seremos amigos, não seremos colegas, não seremos nada além de três pessoas vivendo sob o mesmo teto. É só me dizer quais são as tarefas que me cabem e eu as cumpro. De resto, me esqueçam. – avisou, sem que isso fosse levado em consideração pelos dois, que já tinham cada um seu plano para reconquistar a amizade dele.
Em pouco tempo ninguém mais falava sobre o acontecido, foi como se a memória coletiva fosse mais instantânea do que um raio. O ambiente universitário era tão dinâmico, sujeito a tantos novos acontecimentos licenciosos, que não dava para ficar emperrado num único caso. Logo a nudez picante de Daniel tinha o mesmo interesse que as bravatas de Calígula na Roma antiga.
Os anos seguintes do curso de agronomia foram pautados por uma convivência, de início, apática entre os três ocupantes do apartamento. Com o tempo, os diálogos monossilábicos foram sendo substituídos por palavras mais gentis. O recato inicial foi sendo trocado por uma informalidade que já permitia a livre entrada de qualquer um nos respectivos quartos a qualquer hora e circunstâncias. No último ano já era possível admitir a cena dos três deitados em trajes sumários sobre a mesma cama assistindo a um filme ou programa na televisão. Não raro acabavam adormecendo ali mesmo e Daniel muitas vezes acordava com a higidez priápica de um deles roçando sua bunda. Tinha feito as pazes com ambos e Daniel já conseguia ser tão carinhoso com os dois quanto seu jeito afetuoso determinava.
Pedro, que tinha sido seu mais cruel algoz, agora era seu mais acalorado protetor. Sentia ciúme do primo e das atenções que Daniel lhe dedicava. Era um pouco exclusivista, mas encarou a parceria com o primo como um mal necessário e sem importância. Nunca deixou sua ousadia de lado e, quando teve a certeza de que Daniel o tinha perdoado, deixou seu tesão reprimido aflorar sem nenhum prurido. Recordava-se de cada segundo em que sua rola esteve mergulhada naquele cuzinho, e fazia de tudo para vivenciar isso novamente.
Daniel sempre se achou uma pessoa confusa. Sua condição nunca lhe dera uma certeza de quem ele era realmente. Com o convívio, resgatou prontamente o que sentia por Fernando, inclusive foi com ele que se deitou primeiramente, no entanto, algo com a mesma intensidade brotou em seu coração com relação ao Pedro. Estava outra vez diante de duas coisas distintas sem saber exatamente qual delas tinha uma representatividade maior. Talvez até não tivessem, como acontecia com seu sexo, ambos eram bons e ambos o deixavam feliz.
Mesmo sabendo que Pedro não tinha agido de forma decente com ele, possuindo-o sob efeito de drogas e inconsciente, sentia muito tesão quando o corpão musculoso e viril dele estava parcialmente exposto, ou deitado a seu lado ao alcance de um afago. Fernando tinha se recolhido cedo naquela madrugada de sexta para sábado, por conta dos sintomas de uma gripe que se exacerbaram. Daniel estava exausto, o trabalho no barzinho tinha sido estafante pela ausência de outro funcionário. Ele chegou em casa pouco depois das quatro. Achou que uma ducha morna fosse relaxar seus ombros tensos e meteu-se no chuveiro. Pedro não conseguia pegar no sono. Há uma semana vinha tenho ereções espontâneas com muito fluido pré-ejaculatório engomando suas cuecas. Estava numa abstinência motivada por um súbito desinteresse em sair à caça. Ele não se sentia motivado a procurar as garotas que, de uns tempos para cá, sempre lhe pareciam ter o mesmo perfil, os mesmos papos, a mesma falta de originalidade. Levantou-se fulo da vida ao sentir que precisava urinar e que, a pica à meia bomba, já tinha melado novamente a cueca. Entrou no banheiro com a mão ainda coçando o saco e estagnou junto à porta quando ele e Daniel se encararam. Daniel tinha acabado de sair do box e passava suavemente a toalha sobre os mamilos, ainda sob o torpor da água morna que tinha escorrido pela pele. Pedro já se preparava para levar um esbregue por não ter batido na porta antes de entrar, mas isso não aconteceu. Daniel apenas continuou a encará-lo e à impudica condição de sua virilha.
- Ops! Não tinha percebido que você estava aqui. Estou louco para mijar. – disse, desculpando-se.
- Tudo bem! Pelo visto, por pouco não chega a tempo. – disse Daniel, entre um sorriso tão inocente que a rola do Pedro deu um pinote involuntário.
- Chegou tarde! – desconversou, enquanto mirava a privada e despejava a urina ruidosamente na água do vaso.
- Tarde e moído! Sinto o corpo todo alquebrado. – devolveu Daniel, fazendo a toalha percorrer as partes do corpo ainda molhadas.
- Você está lindo! – observou Pedro, sentindo a jeba engrossando na mão.
- Você também! – retorquiu Daniel, sem se dar conta da espontaneidade daquela resposta.
Pedro deu a descarga e se aproximou de Daniel, tão descarado quanto a ereção e seu desejo de tocar aquele corpo liso e esguio. Nem a cueca ele se deu ao trabalho de subir. Daniel não o impediu quando ele tomou a toalhas nas mãos e se encarregou da tarefa de enxuga-lo. O frescor do perfume da pele recém-lavada invadiu suas narinas e ele apertou Daniel contra o peito. Aspirou seu cangote antes depositar cuidadosamente um beijo naquela pele. Daniel sentiu um estremecimento percorrer seu corpo e se concentrar em seu ânus.
- Quero você! – segredou Pedro, num gemido junto ao ouvido dele.
Daniel virou-se para ele e passou os longos e delicados dedos sobre a barba por fazer, assentindo com um olhar doce e sem objeções. Pedro tomou-o no colo e o levou ao seu quarto. Inclinou-o sobre a espaçosa cama com um cuidado zeloso. Viu que os biquinhos dos peitos estavam em riste, sobressaindo das aréolas ingurgitadas. Só o hálito quente do Pedro se aproximando cobiçosamente de seus mamilos fez com que Daniel gemesse. Quando a boca se fechou ao redor de um deles e começou a chupá-lo, Daniel sentiu que entre as pernas algo mais se hasteava e que começava a se sentir molhado. Deslizou as mãos sobre aqueles bíceps volumosos antes de envolver o tronco largo em seus braços. Pedro deu um sorriso esboçando o prazer que isso lhe causava, e beijou os lábios tentadoramente vermelhos que o aliciavam. Enlaçou sua língua lambona na de Daniel e deixou-se chupar sensualmente por ele. Inquieto pela urgência de suas necessidades, ajoelhou-se ao lado do rosto de Daniel e fê-lo encarar seu mastro. Daniel esmiuçou detalhadamente cada centímetro da jeba, as veias sinuosas que a circundavam, o calibre da carne massuda, o volume descomunal do saco peludo, o prepúcio que cobria metade da cabeçorra saliente. O prepúcio o encantou e ele o tomou delicadamente entre os dentes, todo pré-gozo que estava contido debaixo dele escorreu para sua boca, inundando-a com o sabor da virilidade do Pedro. A ereção se completou, deixando a glande arroxeada livre na boca de Daniel. Ele a chupava com carinho o que fazia a profusão do fluído aumentar. Pedro rugia satisfeito com aquela boquinha macia mamando sua rola. Daniel encolheu as pernas e Pedro meteu um dedo no cu dele. Ficou dedando e circundando a portinha anal completamente impúbere até que os gemidos de Daniel se transformassem em quase súplicas. Separou as nádegas apertando-as com as mãos, e começou a lamber o rego lisinho, onde só a rosca rosada, profundamente inserida, destoava de toda aquela alvura castiça. As bordas da rosquinha se elevaram formando um tufo saliente que parecia estar implorando pela verga dele. Pedro colocou a cabeçorra sobre ele e forçou a penetração. Quando a glande destacada e imensa atravessou as pregas anais, fazendo Pedro sentir que se rasgavam e Daniel dar um gritinho angustiado, deixou o peso do corpo cair sobre a bunda roliça, e encaixou a virilha em suas protuberâncias. Engatado naquele traseiro sedutor, e tendo a rola acolhida num aperto úmido e morno, Pedro cuidou de meter seu falo potente numa sequência cadenciada no cuzinho que o engolia vorazmente. Daniel gania excitando-o ainda mais e aumentando a intensidade de suas estocadas. A eloquência do sexo rolando no quarto anexo fez com que Fernando despertasse. Em instantes, soube o que acontecia por trás da parede que os separava. Levantou-se e meteu a cara na porta entreaberta. Imediatamente uma ereção começou a hastear sua jeba. Sentia-se revigorado depois da medicação que havia tomado antes de se recolher. Pedro mandou Daniel ficar de quatro sobre a cama enquanto ele se reposicionava em pé numa das cantoneiras. Ao reintroduzir a pica num golpe brusco no cuzinho mais franqueado, eles notaram a presença de Fernando manipulando a jeba dentro da bermuda. Daniel deu um gemido estrídulo na direção dele juntamente com um olhar tentador. Ele entrou no quarto e se aproximou deles. Arriou a bermuda e fez a rola saltar para a liberdade. Daniel tomou-a nas mãos e levou-a à boca, chupando e lambendo a pica e o sacão sem se importar com os pentelhos encarapinhados e grossos que roçavam seu rosto. Teve a impressão de se ia desmanchar de tanta felicidade e prazer, sentindo a cobiça dos dois machos por seus orifícios. Depois de um tempo, Daniel começou a escalar o tronco peludo do Fernando até alcançar seu rosto e juntar seus lábios aos dele. Fernando gostou de sentir o sabor de sua rola na boca de Daniel. Os primos se entreolharam, Pedro deu uma leve erguida no corpo de Daniel segurando-o pela cintura, Fernando o amparou com as mãos debaixo das nádegas e Daniel passou seus braços no pescoço musculoso de Fernando. A ereção de Fernando roçava o racho molhado de Daniel. Pelo ganido estridente de Daniel, Pedro soube que Fernando havia metido a rola na fenda dele. Os primos o comprimiram entre seus corpos e Daniel foi estocado por trás e pela frente numa sanha desenfreada. As picas profundamente atoladas em suas entranhas provocavam espasmos por toda pelve, fazendo-o gemer como um animal lanhado. Seu corpo vibrava como as cordas de um instrumento quando um impulso tão intenso quanto um choque perpassou sua coluna, na frente ele estava encharcado e atrás seu cu se fechou pela contração abrupta dos esfíncteres, um prazer inebriante apossou-se dele. Pouco depois, as estocadas do Pedro se tornaram tão curtas e brutas que ele se viu obrigado a ganir. Pedro sentiu a comichão no saco e uma contração fez despejar a produção armazenada das bolas em jatos pegajosos que umedeceram todo o cuzinho de Daniel. Ele os sentia entrando fartos e cremosos, aplacando a ardência do cu. As estocadas de Fernando feriam tão profundamente seu íntimo que ele apertou as coxas ao redor da rola e jogava a pelve de encontro à virilha dele. Não demorou a que o gozo de Fernando se misturasse a umidade dele, alagando tudo até transbordar pelo racho arregaçado. O retesamento de seus corpos foi lentamente cedendo lugar a uma letargia reconfortante. Quando Daniel voltou a se apoiar sobre os próprios pés, soltou um derradeiro gemido e começou a cobri-los com seus beijos profícuos e carinhosos.
- Meus dois queridos! Meus dois queridos! – balbuciou, extenuado como se tivesse acabado de correr uma maratona, mas indefinivelmente pleno de felicidade.
- Ah tesão! – gemeu Pedro.
- Tesudo do caralho! – grunhiu Fernando.
A coligação entre os três só ganhou força e cumplicidade desde então. As disputas entre os primos deixaram de se desenvolver em outros campos, e só aconteciam para obter a primazia com Daniel, que as abrandava com sua meiguice e uma paixão crescente. Foi assim até o dia da formatura. Os três haviam não só conquistado um canudo que atestava seus conhecimentos, mas uma conjunção que atrelava seus corações a um único objetivo, viver aquele amor, mesmo que torto, mesmo que incompreensível para a sociedade.
- Nós não sabemos o que você fez para domar a irresponsabilidade e a rebeldia dos nossos filhos, mas o seu convívio com eles os transformou exatamente nos homens íntegros que sonhávamos. – disse o pai do Pedro, durante a festa de formatura, na presença do pai do Fernando.
- Queremos você perto de nós, pois não tenho dúvidas de que o mérito disso é todo seu. – acrescentou o pai do Fernando. – Venha morar conosco!
- Eu não fiz nada! Nós apenas resolvemos nos entender e esquecer as mágoas, a partir daí tudo entrou nos eixos. – esclareceu Daniel. – E, há muito não dito que, se os senhores ficarem sabendo, talvez não continuem a pensar da mesma maneira. – ele temia que seus segredos fossem lhe ocasionar mais uma frustração, e estava tão apaixonado pelos dois que não saberia lidar com essa perda.
- Digamos que o Pedro e o Fernando não mantêm segredos conosco e, que acima de qualquer tabu, nós valorizamos o amor que você sente por eles e eles por você. – declarou o pai do Fernando.
- Não queremos cercear o que vocês três construíram, uma vez que o fizeram se respeitando e sem impingir a ninguém um acordo que é só de vocês. Nós só queremos compartilhar a felicidade que vocês construíram, o resto não importa.
- Quer dizer que vocês sabem, isto é, que o Pedro e o Fernando ... – concluiu Daniel, dando-se conta de que sua condição já era do conhecimento deles.
- Sim! Como eu disse, não há segredos. No entanto, queremos que tenha a certeza de que tudo aquilo que sabemos, ou viermos a saber, fica exclusivamente entre nós. – garantiu o pai do Fernando.
- Vamos submeter aqueles dois molengas a mais uma prova. Queremos ver se são capazes de conduzir umas terras que compramos nas cercanias das nossas fazendas, com os conhecimentos que adquiriram. Achamos que você seria o melhor parceiro deles nessa empreitada. Talvez aquele que impeça que eles se devorem um ao outro. – disse, com um sorriso, o pai do Pedro. – Diz que aceita! Vai nos dar uma alegria e uma tranquilidade que você nem imagina. – acrescentou, colocando sua mão sobre o braço de Daniel.
- Nem sei o que dizer. Vocês têm sido tão bondosos, compreensivos e generosos comigo que eu nem sei como expressar minha gratidão. – Daniel não conseguia deixar de ser emotivo e já estava com aquele nó na garganta outra vez.
- Só diga que topa! É o melhor presente que pode nos dar. – responderam os dois.
Ele aceitou.
- Vocês são uns linguarudos. Daqui a pouco está todo mundo sabendo de mim. Vou encarar as pessoas e ficar na dúvida, será que essa sabe da minha condição? – queixou-se Daniel, depois de saber que seu segredo tinha sido revelado.
- Era a única maneira de continuarmos tendo você junto conosco. Como é que você acha que íamos explicar que queríamos levar você com a gente? – respondeu Pedro.
- Nós ainda dependemos da grana dos nossos pais. Ou colocávamos as coisas às claras ou ficaríamos sem você. Depois, não há com o que se preocupar, ninguém vai espalhar isso por aí, tenha a certeza. – garantiu Fernando.
Foi assim que em pouco menos de três meses Daniel estava se instalando com Pedro e Fernando em terras sem nenhum beneficiamento no município de Goiatuba. As terras tinham feito parte de uma enorme fazenda improdutiva que os antigos proprietários venderam, ficando apenas com alguns hectares ao redor da antiga sede compondo um sítio para lazer. As terras tinham se degradado ao longo dos anos de abandono e havia muitos desafios e trabalho para recompô-las novamente. Os três jovens, unidos por um amor ímpar, estavam com toda a disposição para fazer daquilo seu sustento e seu lar.
Os dois primeiros anos foram marcados por muito trabalho, com jornadas que ultrapassavam as doze ou catorze horas. Com maquinário emprestado das fazendas dos pais, eles próprios conduziam os tratores para recompor as pastagens, preparar o solo para receber o plantio das lavouras, construir galpões e a própria casa, pois não podiam arcar com muita mão-de-obra remunerada. A grana era curta e a demanda enorme, o jeito era por a mão na massa. Eles não se intimidaram. As energias eram todas empregadas nesse afã, sete dias por semana, trinta dias por mês. As poucas horas de descanso que sobravam entre a meia-noite e as cinco da madrugada serviam para cultivar seu amor. Quem mais penava era Daniel. Primeiro por que sua constituição física não era tão portentosa quanto a dos dois primos, embora ele trabalhasse tanto quanto eles. Segundo, por que ambos requisitavam seus cuidados no leito conjugal com uma disposição leonina.
Desde o dia em que aquele primeiro sangue escorreu por suas pernas em condições vexatórias no vestiário do colégio, Daniel sofria por alguns dias de uma cólica extremamente dolorosa e incômoda, toda a vez que aquilo se repetia. Por sorte, o fenômeno era raro e irregular. Ele chegava a ficar até quatro meses sem experimentá-lo. De uns tempos para cá, no entanto, os intervalos diminuíram. Daniel atribuiu-os a requisição constante de sua fenda. Embora a predileção tanto do Pedro quanto do Fernando fosse pelo seu cuzinho, que eles alegavam ser menos elástico e, portanto, mais apertado e deliciosamente prazeroso. As necessidades deles muitas vezes levavam Daniel a ser penetrado simultaneamente pela frente e por trás. Daniel culpou as dores em forma de cólica ao avantajado tamanho dos cacetes deles. Afinal, Pedro tinha um colosso insaciável de vinte e quatro centímetros pendurado no meio daquelas coxas peludas e Fernando um de vinte e três centímetros, agraciado com um calibre animalesco que, depois de deixar seus orifícios esfolados parecendo um túnel de tão arregaçados, ainda continuava a exigir suas carícias.
Um final de março muito chuvoso obrigou-os a mudar a rotina de trabalho, visto que trabalhar a terra tinha se tornado impossível. Dedicaram-se a outras tarefas, entre elas a conclusão da casa onde moravam. Estavam faltando detalhes, coisas que o capricho de Daniel planejara, e que foram concluídos enquanto a chuva torrencial, lá fora, não dava trégua.
- Ficou perfeito! – elogiou Pedro, apertando Daniel contra o corpo com um desejo latente.
- Lindo! Não podia ser mais aconchegante! – observou Fernando, juntando-se aos dois, e aproveitando a chance para encoxar Daniel naquele short que deixava as dobras entre suas nádegas e as coxas sensualmente expostas.
A coisa geralmente começava assim. Um deles se achegava a Daniel cheio de tesão e um apetite voraz, dando início às preliminares. O outro se excitava e se juntava a eles. Cada centímetro do corpo de Daniel era disputado por aquelas mãos ásperas e por aquelas bocas ávidas. Ele se entregava e, com o tesão aflorado por sentir a gana de seus dois machos, começava a satisfazer as necessidades deles. O tilintar constante da chuva caindo do telhado serviu de cenário para o que começava a acontecer. Alguns beijos tórridos prenunciavam mais uma daquelas transas demoradas e regadas à luxúria. Pedro sentia o corpo de Daniel sendo prensado contra o dele cada fez que Fernando o encoxava. Não demorou a trocar o sabor dos lábios de Daniel nos seus por uma mamada em sua rola. Ao se inclinar para chupar a pica do Pedro, que continuava a crescer em sua garganta, Daniel projetava as nádegas num encaixe libidinoso na virilha do Fernando. A jeba, já assanhada e babando, precisou ser liberada das calças e teve destino certo, o rego lisinho que ficou vulnerável com o afastamento daquele short libertino. Daniel ganiu quando ela foi enfiada em seu cu. Não estivesse ele sugando cada gota do pré-gozo da rola do Pedro teria dado um gritinho, pois aquela jeba grossa sempre entrava fazendo um estardalhaço doloroso. Bastou esse ganido, pungente e tentador, para que Pedro, numa sanha desesperada, metesse o caralhão no racho molhado. Embora as estocadas no cu e no racho fossem doloridas como sempre, desta vez Daniel sentia uma tensão estranha em seu baixo ventre. Uma necessidade calorosa de dar abrigo à rola do Pedro, aliada aos beijos cheios do sabor viril de sua saliva estavam deixando Daniel não apenas hiper-excitado como também mais sensível e submisso. Por uns instantes, ele estava tão enlevado por esse sentimento que até se esqueceu de que seu cu estava sendo bombado sem dó nem piedade. Pedro se perdeu naquele olhar doce e gozou feito um touro. Os jatos de porra chegaram a vazar e escorrer pelas coxas do Daniel. Ele sentiu o espasmo do clímax atormentando suas entranhas e, enquanto o caralhão do Pedro ia amolecendo entre suas pernas, ele aguardava Fernando terminar de se satisfazer em seu cuzinho. Daniel não sabia explicar, mas sentia algo diferente dentro dele depois que o Pedro gozou nele. Alguns dias depois, veio àquela cólica tão abrupta e dolorosa que o fez acordar a noite e ficar caminhando pela casa até o amanhecer, pois analgésico algum estava dando conta de suprimi-la desta vez. A fenda sangrou por dois dias.
- Está na hora de você procurar um médico! – exclamou Pedro, diante da prostração que se abatera sobre Daniel.
- É verdade. Faz tempo que comentamos sobre isso e você fica adiando essa avaliação. – interveio Fernando.
- Não me sinto bem com estranhos examinando minha intimidade. É tudo tão esquisito que quando vejo alguém olhando para o que tenho entre as pernas fico apavorado. – confessou Daniel, que tinha em relação aos seus genitais um travamento psicológico mortificante.
- Bem, não importa. É mais importante você saber a causa dessas cólicas, desses sangramentos tão bizarros, enfim, do que acontece com você. – disse Pedro.
- Eu sou uma aberração. É isso que acontece comigo. – resignou-se Daniel.
- Deixe de bobagem! É certo que você é diferente, mas você é lindo, é dócil, é o que temos de mais precioso. – elogiou Fernando, tomando-o nos braços.
A avaliação médica aconteceu em Uberlândia, semanas depois. A conclusão foi a mesma que lhe tinham dado na infância. Era preciso fazer uma série de exames e uma avaliação genética. Os pais do Pedro e do Fernando também intervieram na história e, pela complexidade do que havia a avaliar, aliada à sugestão do médico, os exames foram conduzidos num centro de excelência em São Paulo. O diagnóstico definitivo não deixou dúvidas. O clitóris grande que se parece com um pequeno pênis, a abertura uretral, por onde saía urina, a tal fenda que Daniel tinha ao longo e abaixo da superfície do clitóris; as bordas dessa fenda eram na verdade os lábios vulvares que se pareciam com um escroto, o que fez Daniel ser tratado como sendo do sexo masculino com testículos que não desceram, uma vez que entre os lábios uma protuberância de tecido, tornava-os semelhantes a um escroto com testículos. Daniel, na verdade, tinha o cariótipo com dois xis. Era uma fêmea, contrariando o desejo obstinado do pai que o forçara a viver como um macho.
- Vamos fazer uma genitoplastia feminilizante, o que vai te dar mais segurança e uma compreensão melhor sobre si mesma. – disse o médico. – Ela deveria ter sido conduzida na sua infância, o que teria evitado muitos sofrimentos. – emendou, solidário.
- Viu? De agora em diante nada mais vai ser tabu, nada mais vai ser confuso. – disse Pedro, que segurava a mão do Daniel de um lado enquanto Fernando fazia o mesmo com a outra.
- Você ainda vai enfrentar alguns procedimentos, mas depois tudo vai ser melhor. – disse Fernando.
- Há mais um item que eu quero esclarecer. Independente dos procedimentos que vamos iniciar é bom que você saiba que está grávida, o que vai requerer que nos apressemos. Seus hormônios femininos sofrem uma oscilação muito grande e será necessário estabilizá-los para levar adiante essa gravidez, e fazer suas mamas se desenvolverem como devem. – sentenciou o médico.
Pedro e Fernando se entreolharam e, pela primeira vez, desde que tinham entrado naquele consultório, estavam sem chão. Quando Daniel olhou para os dois, sentiu o quanto estavam precisando dele naquele instante, e beijou cada um deles com a mais suave ternura de sua alma. Os pais do Pedro e do Fernando estavam do lado de fora, tão ansiosos e preocupados com o diagnóstico, que mal se continham. No entanto, quase caíram na risada quando os três saíram pela porta do consultório. Daniel tinha um semblante tranquilo e uma alegria nunca vista naquele rosto angelical, enquanto Fernando e Pedro pareciam dois zumbis.
- Que caras são essas? Parece que são vocês que têm uma doença grave. – disse o pai do Pedro.
- Você está bem? Está com cara de quem está em estado de choque. – disse a mãe do Fernando.
- É que um desses dois bobalhões mais queridos do meu coração vai ser papai! – exclamou orgulhoso Daniel. Os velhos quase caíram nas cadeiras que estavam atrás deles.
- Quer dizer que você ... – balbuciou o pai do Fernando.
- Você não é um .... – falou incrédula a mãe do Pedro.
- É isso mesmo! Daniel, agora nem sei como chama-lo, temos que pensar nisso também, é mulher. Sem por nem tirar. – gaguejou Fernando, conseguindo vencer o bloqueio que tinha tomado conta dele.
- Ele, digo ... é mesmo confusa essa coisa ... ela vai precisar fazer uma cirurgia, mas é isso mesmo, é uma mulher. E está grávida! – sentenciou Pedro, comovido ao ponto de ter os olhos embargados pelas lágrimas.
Daniel, após a desgastante recuperação dos procedimentos pelos quais tinha passado, estava agora prestes a ter seus registros modificados, passando a ser Daniela.
Pedro e Fernando tentavam esconder ao máximo dela a preocupação com a paternidade biológica. Queriam poupá-la da incerteza que os afligia, embora cogitassem fazer um teste de paternidade pré-natal. Rondavam-na com o assunto sem explicitar suas intenções, não queriam de forma alguma magoá-la. Daniela era tão ligada aos seus machos que logo sacou o que se passava. Ela deu um sorriso condescendente quando pegou o rosto hirsuto de cada um deles em suas mãos beijando-lhes delicadamente o queixo. Havia nela uma certeza que carregava em silêncio, guardada com o maior zelo em suas entranhas desde que aquela porra do Pedro a fizera transbordar com o tesão dele. Só eles não sabiam que ela já sentia revolver-se em seu ventre um serzinho tão impulsivo e matreiro quanto o Pedro. Desde aquele dia ela estudava um meio de dizer isso ao Fernando sem perdê-lo. Como as coisas tinham se engendrado, não dava mais para conceber a vida sem um deles.
- Os mais de 99,9% de probabilidade da paternidade dessa criança que você está esperando são compatíveis com o material cedido pelo Pedro. – disse o médico, ao revelar o resultado do exame de paternidade pré-natal não invasivo a que Daniela se submeteu para acalmar os ânimos dos dois.
Pedro agarrou-a, tirando-a da poltrona onde estava sentada em frente à mesa do médico, apertando-a em seus braços e soluçando feito uma criança. Não cabia em si de felicidade. Daniela tentou, em vão, conter a efusividade do amado, pois estava constrangida diante do médico e preocupada com Fernando. Antes de deixarem o consultório, enquanto Pedro ainda enchia o médico de perguntas com suas dúvidas, a um canto da sala, Daniela abraçou Fernando cheio de ternura.
- O próximo vai ser seu. Eu garanto! Com a mesma paixão e amor enorme que sinto por você. – segredou no ouvido dele.
- Jura? – perguntou, com a mesma carinha desamparada com a qual uma criança recebe a notícia de que seu presente cobiçado vai chegar no Natal.
- Juro! – sussurrou Daniela, encarando o sorriso confiante que se formava no semblante dele.
A festa de aniversário pelos dois aninhos do Eduzinho precisou ser interrompida às pressas. Daniela, depois de uma pontada violenta no baixo ventre, sentiu o líquido amniótico escorrendo por suas pernas após o rompimento da bolsa amniótica, deixando Fernando desesperado e trotando, todo atrapalhado, de um lado para o outro, sob o olhar gozador do Pedro.
- É papai, agora você vai ver o que é bom para a tosse! Tirou uma com a minha cara há dois anos, agora é a sua vez. Quero ver se vai ser um paizão como eu. – vangloriou-se.
- Aposto que vou me sair bem melhor do que você! – exclamou, amparando Daniela a caminho da maternidade.
- Pelo amor de Deus, seus malucos! Não aguento mais essa história de apostas entre vocês. – protestou, enquanto todos caíam numa risada que refletia toda a felicidade que aquele trio, tão incomum, estava dando às famílias.
Foto 1 do Conto erotico: Armadilha entre as pernas da biba - Final

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Comentários


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cadu87 Comentou em 29/01/2017

kkkk conto bom, este personagem Daniel e um daqueles "Homem com vagina" mas e legal saber que o fim do conto foi feliz os dois primos se entendeu e o sortudo do Daniel vai ser mulher de dois gatao rsrrs Muito legal valei a pena acompanhar a leitura do conto.

foto perfil usuario negro1,90pass

negro1,90pass Comentou em 29/01/2017

Um dos contos mais longos que já li, porém mais excitante, intrigante, rico em detalhes, atiça nossa curiosidade, a escrita perfeita faz-nos imaginar tudo que Daniel viveu. AMEI!




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Ficha do conto

Foto Perfil kherr
kherr

Nome do conto:
Armadilha entre as pernas da biba - Final

Codigo do conto:
96135

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
26/01/2017

Quant.de Votos:
10

Quant.de Fotos:
2