Mas que noite bonita era aquela...
Eu estava apoiado na janela do meu quarto, olhando lá pra fora (a rua estava deserta e soprava um vento bem gelado que entrava e saía pela janela). Eu tinha acabado de brigar com minha mãe. E, com isso, meu peito ardia em chamas, de tanto raiva que tinha passado.
Eu tinha acabado de confessar a minha mãe que eu era gay.
A reação dela não fora das melhores, é claro, mas, lá no íntimo do meu coração, eu tinha esperanças de que ela ainda poderia concordar com tudo. Minha mãe sente raiva à toa, mas, quando a raiva passa, ela vêm se desculpar e acaba percebendo que não adianta em nada passar por tanta aflição.
Pena é que logo volta a ficar irritada e, com isso, eu também me irrito, e ambos acabamos exaustos.
Apesar daquela noite estar muito bonita, meu coração estava feio como um ogro.
Eu ainda estava na janela quando a porta do quarto se abriu de repente. Quando me virei, vi que era o Pedro, meu amigo de escola. Meu coração foi a mil. Pedro era, além de um grande amigo, a pessoa de quem eu era apaixonado. Meu crush.
--- Pedro, o que está fazendo aqui? Minha mãe deixou você entrar?
--- Sim, sua mãe deixou. Aliás, ela parecia irritada. O que aconteceu?
Abaixei a cabeça no mesmo instante.
--- Não, nada.
Ficou um silêncio por um momento e depois Pedro disse:
--- Eu vim conversar com você sobre o trabalho de biologia.
--- Ah, sim - falei, ainda de cabeça baixa, a mente ainda ligada à conversa que tive com minha mãe --- O que pretende fazer?
--- Posso me sentar?
--- sim Me desculpe. Sente - se na cama, se quiser.
Ainda de cabeça baixa, ouvi Pedro sentar - se na cama e senti seus olhos me fitando.
Um silêncio atormentador pairava entre nós.
(Continua..)