Deitados na cama, nos beijávamos sem parar. Em meio à respirações pesadas e secas, nossos corpos entrelaçavam - se como duas cordas grossas e quentes. Éramos dois homens unidos à uma só carne.
Estávamos prestes a fazer "aquilo" quando ouvimos o click da porta.
"Esconda - se, rápido!" , falei baixinho, mas em desespero.
Pedro enfiou - se para debaixo da cama e eu fiquei sentado nos lençóis úmidos, olhando para o nada, tentando disfarçar o que acontecera.
"Bruno?", chamou minha mãe na porta.
"Sim?", falei sorrindo.
"A mãe do Pedro ligou e disse que ele ainda não voltou para casa. Você sabe de alguma coisa?".
Meus olhos percorreram momentaneamente o chão.
"Não sei de nada, não, mãe".
"Aconteceu alguma coisa com você? Está suando que nem um porco."
"Nada aconteceu, mãe. Também não sei nada sobre o Pedro. Ele é meio louquinho às vezes...
Senti a mão de Pedro socando o colchão debaixo de mim. Pedro parou.
"Quer dizer... Ele não é tão louquinho assim. Tem cara de louco, mas não é".
Outro soco debaixo de mim.
"Pedro é um amor, Bruno. Uma pena que esteja perdido agora. Faça o favor de ligar pra ele. Talvez esteja encrencado"
"Tá bom, mãe. Boa noite!"
"Boa noite, filhote - disse minha mãe fechando a porta".