A viúva (parte I) Júlia e Carlos se conheceram no ensino fundamental. Tinham a mesma idade, onze anos e, desde então, um se encantou pelo outro. Nos primeiros tempos, eram namoradinhos apenas no nome, pois sequer andavam de mãos dadas. Lá pelos doze anos, já se permitiam caminhar lado a lado, no caminho de volta da escola, com os dedos mindinhos entrelaçados. O primeiro beijo, mesmo assim, foi um selinho apenas e só aconteceu quando ambos já estavam com quatorze anos. Essas imagens dos tempos inocentes e felizes giravam na mente de Júlia, enquanto o padre executava os últimos rituais da missa de sétimo dia de Carlos. Na semana anterior ele, trabalhando como representante comercial de uma grande empresa, sofrera um acidente na estrada e não resistira aos ferimentos. A dor de Júlia era profunda, sem medida, insuperável. Nos primeiros dias e meses, ela tinha certeza de que iria sentir aquela dor, no fundo do peito, pelo resto da vida. Seu único consolo, ao ir se deitar, após um dia em que tudo fizera de forma automática, sem emoção, era relembrar os momentos que viveram juntos na adolescência, na juventude e nos cinco anos de casamento. Ela não conseguia se conformar que ele se fora e a deixara viúva aos vinte e nove anos de idade. Naquela noite, suas lembranças se concentraram nos momentos em que começaram a ter as primeiras intimidades como casal. Foi num cinema, na sessão da tarde. Os pais de Júlia eram muito tradicionais e extremamente rígidos. Aos dezesseis anos, Júlia e Carlos nunca estavam sozinhos em nenhum ambiente, até mesmo para irem ao cinema, só o faziam se a irmã mais nova, Vera, os acompanhasse. Mesmo assim, foi no escurinho do cinema que eles começaram a descobrir os prazeres do relacionamento homem mulher. Um breve sorriso iluminou seu rosto entristecido, ao recordar como eram aqueles momentos. Carlos, percebendo que Vera estava entediada e sem nenhum interesse pelo filme, lhe oferecera algum dinheiro para a menina ir à bomboniere comprar pipocas ou doces. Ela aceitou, deixando-os a sós. Imediatamente, ele aproveitou para passar o braço por sobre o ombro da namorada fazendo sua mão ficar pendente na altura dos seios de Júlia, quase tocando-os. Ela pressentiu a intenção do namorado, mas não o impediu, ao contrário, beijou-o na bochecha e sussurrou baixinho em seu ouvido....”quer tocar? Pode”. Timidamente, Carlos deixou, primeiro, a ponta do dedo tocar o tecido da blusa de Júlia. Tomando um pouco mais de coragem, fez uma leve pressão. Sentiu que o mamilo da namorada endurecera com o contato. Prendeu-o entre dois dedos passando a boliná-la suavemente, ainda por cima da blusa. A mão esquerda dela, sobre sua perna direita, apertava a carne do rapaz, demonstrando o prazer que sentia. O momento durou uns poucos minutos, pois Vera já cruzava o espaço entre as poltronas para retornar a seu lugar. Ambos recolheram as mãos rapidamente. Na semana seguinte, outra vez resolveram que o programa de domingo à tarde seria o cinema. Propositalmente, escolheram um daqueles filmes “água com açúcar” que, certamente entediaria Vera. Tudo correu como eles esperavam. Lá pelas tantas, ao perceber a menina impaciente na poltrona, Carlos lhe deu uma quantia em dinheiro para comprar guloseimas e disse ela poderia ficar na sala de espera vendo os cartazes o tempo que quisesse, pois o filme ainda iria demorar um bom tempo. Mal a menina se afastou, ambos se entregaram a um longo beijo. A mão do rapaz,passou sobre o ombro da namorada mas, dessa vez, não ficou acariciando o seio por cima do tecido e sim, aproveitando que ela colocara uma blusa mais decotada, desceu por entre o vale dos seios indo direto ao mamilo por dentro do soutien, prendendo-o entre os dedos. Bolinou-a longamente, enquanto Júlia, apertava sua perna com força. Carlos decidiu ousar mais ainda e colocou a mão esquerda sobre o joelho de Júlia acariciando-a e fazendo sua mão ir subindo entre as coxas da jovem. Ela gemeu baixinho. Sua mão também subiu mais um pouco na perna do rapaz. Contudo, quando ele estava próximo a alcançar seu objetivo, repentinamente, Júlia trancou as pernas, prendendo a mão do namorado. - Não... não... não posso deixar, sussurrou ela. Carlos respeitou o desejo da namorada, mas, logo percebeu que apesar de ela não tê-lo deixado chegar em seu sexo, a mão continuava em sua perna, a centímetros de seu membro duro dentro das calças. Uma olhada ao redor, para constatar se alguém os estava observando e, principalmente, para ver se Vera estaria de volta, lhe deu coragem para tentar algo novo. Colocou a mão por cima da mão de Júlia e puxou-a, suavemente, em direção a seu membro. Ela não reclamou. Se deixou levar, até sentir, sob seus dedos e logo sob a palma da mão, o volume endurecido do membro do namorado. Beijaram-se novamente, com um desejo mútuo jamais sentido e Júlia apertou o pau de Carlos transmitindo todo o seu ardor. Todas as tardes de cinema passaram a ter o mesmo enredo desses dois domingos. Filme entediante, Vera indo comprar doces e os namorados aproveitando para se tocarem com mais intimidade. Júlia até já permitia que Carlos tocasse seu sexo, mas apenas quando estava de calças jeans, por cima do tecido grosso. Até abria bem as pernas para deixá-lo explorar a área em toda a sua extensão. Carlos, por sua vez, resolvera ousar mais ainda. Num desses dias, mal Vera saiu para a sala de espera, abriu o zipper da calça e, no escuro, tirou o pau para fora. Quando Júlia levou a mão e sentiu o contato pele com pele, reagiu como se tivesse levado um choque elétrico, retirando a mão imediatamente. O namorado sussurrou-lhe no ouvido... “É a mesma coisa, só que sem a calça atrapalhando”. Pela reação, a explicação fez efeito. Lentamente, Júlia voltou a subir sua mão até tocar o membro duro do rapaz. Ela não sabia o que fazer e nem como fazer. Ele segurou sua mão e suavemente a ensinou a segurar o membro ea fazer lentos movimentos de vai e vem, subindo e descendo. Nos primeiros instantes, a mão dele permaneceu sobre a dela, ajudando-a nos movimentos, até que Carlos deixou que Júlia continuasse por conta própria e ela o fez. Foi a vez dele. Aproveitando que ela, nesse dia, estava de saia, tentar novamente dar-lhe prazer semelhante. Colocou a mão em sua perna e foi lentamente subindo. Ao contrário da experiência anterior, Júlia não trancou as pernas, simplesmente afastou os joelhos um pouco mais numa espécie de permissão muda. Os dedos do rapaz alcançaram o elástico da calcinha da namorada, entrando por baixo dele. Júlia apertou mais forte o membro latejante em sua mão, acusando a expectativa de prazer. Carlos fez seu dedo médio penetrar levemente na fenda úmida e começou a dedilhar, buscando o mesmo ritmo que a namorada usava no vai e vem em seu membro. Pouco demorou para que ambos chegassem ao orgasmo, o primeiro gozo a dois do casal de jovens apaixonados.Sorrindo um tanto amargurada, Júlia lembrou da dificuldade de Carlos tentar, na saída do cinema, esconder as manchas esbranquiçadas na parte de baixo da camisa e em alguns pontos da calça. Ela deixou sua mente devanear nessas lembranças, até que adormeceu. No dia seguinte, de volta à rotina, Júlia percebeu que sua dor já não era mais tão intensa. Ainda doía, sem dúvida, mas a simples recordação dos momentos felizes a confortara muito mais do que qualquer outra coisa. Decidiu, então, que, todas as noites, passaria a registrar numa espécie de diário, todas as boas lembranças que havia vivido com o grande amor de sua vida. E assim fez. Entretanto, logo percebeu um efeito colateral desse processo, As lembranças relacionadas à vida sexual do casal também lhe traziam forte excitação física. Ela já estava há quase seis meses sem fazer sexo. Optou, então, primeiro timidamente, depois praticamente como um hábito diário, a se masturbar na cama, recordando toda a cumplicidade e absoluta liberdade que o casal alcançara em sua via a dois. Como se fosse um cardápio de opções ela, a cada dia, se dedicava a buscar recordar um tipo de prática sexual que tivera com o marido. Um dia era o sexo oral. Se masturbava demoradamente lembrando do pau de Carlos em sua boca, entrando e saindo lentamente, de sua língua contornando a glande, descendo pela haste dura até o saco e de lá voltando à cabeça para engoli-la até onde sua boca conseguia. Noutro dia, era a recordação dela de quatro, Carlos segurando-a por trás, pela cintura, e a fodendo primeiro devagar, depois acelerando o ritmo até ambos explodirem num gozo estonteante. Assim, todas as noites ela gozava aplacando um pouco os instintos e conseguindo diminuir, a cada dia, a sempre presente dor da perda. Numa dessas noites, Júlia lembrou a tentativa frustrada de sexo anal ocorrida com o marido. Desde antes do casamento, quando já tinham intimidade suficiente para masturbações mútuas e sexo oral um no outro, Carlos sempre sugeria que poderiam ir mais longe no prazer sem quebrar a promessa de ela subir ao altar ainda virgem. Poderiam praticar sexo anal. Júlia até gostava das carícias que ele fazia com os dedos no seu ânus, mas nunca aceitou a penetração. Depois de casados, vez por outra ele, apreciando seu traseiro nú, deitada, no banho ou passeando pelo quarto, sempre elogiava sua bundinha lisa e redonda e pedia, quase implorando, que ela topasse experimentar. Pois, um dia, sem quê nem porquê, Júlia lhe disse que naquela noite eles poderiam tentar uma brincadeira anal. Carlos ficou animadíssimo com a ideia. Passou todo o dia na expectativa da chegada da noite. Comprou gel lubrificante e até chegou mais cedo em casa. Na hora H, no entanto, apesar de todos os esforços, Carlos não conseguiu uma ereção dura o suficiente para fazer acontecer a penetração no ânus virgem da mulher. Eles consideraram que o que atrapalhou, de fato, foi a grande ansiedade de Carlos. Ficaram de tentar outro dia, o que nunca mais aconteceu nem poderia acontecer, com a morte do marido. Assim os dias foram passando e Júlia, aos poucos, retomando as rédeas de sua vida. Entretanto, sua vida sexual se resumia às solitárias masturbações noturnas.
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