Não que eles se sentassem comigo e me dissessem coisa alguma. Não. Eles assobiavam, diziam que me pegavam sem pena, que eu era mais "bonita" que muitas garotas; paravam em seu caminho e ficavam me olhando, chupando os dentes, pegando no pau... Não entendia bem o porquê. Eu não tinha, nem tenho, um corpão desses que fazem os caras pararem, não tenho bunda, nem cara de ninfeta, mas, talvez, pra quem gostasse do tipo bailarina, alta e reta, e novinha, eu oferecesse alguma promessa de prazer.
Mas eu não demonstrava gostar daquele assédio. Não porque eu fosse blazé ou porque me sentisse invadido. Eu tinha era medo do que podiam fazer caso eu desse qualquer tipo de mole e também não tinha vontade de nenhum outro homem, por mais bonito, que não fosse Maurício, mas como este se visse as voltas com sua Eliza, resolvi me dar uma chance e corresponder ao sorriso do Fernando pra ver se me livrava do Caim da minha vida.
Fernando era bem bonito. Pouco mais baixo que eu e também um pouco gordinho.
"Tava pensando que nunca mais ia ver você." Ele disse quando comecei a lhe entregar as frutas pra salada que Eliza tinha dito que queria de sobremesa pro jantar.
"Ah, eu venho sempre nesse mercado." Eu não sabia como flertar, dá pra ver né? Não tinha nenhuma experiência. Tudo o que eu sabia, nesse campo, tinha a ver com ficar à espreita esperando migalhas.
"Mas nem olha pra mim direito." Sem saber o que responder, só fiz que não com a cabeça, sorrindo, tentando fazer com que ele entendesse que estava errado. O bom era que ele era atirado. "Eu daria um braço pra sair contigo."
"Não sou tão caro assim." Ri.
"Então, posso te convidar pra sair comigo?"
"Convida."
"Tá convidado. Quando?"
"Hoje?" Eu não queria ficar em casa pra comer salada de frutas com Eliza...
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Você é o melhooooor <3