Ma Petite Princesse (Minha Pequena Princesa) X

Sinopse: Nívea vive um dilema pois sabe que o reencontro com Eric será inevitável. Além de Melissa, um novo aliado surge e revela à jovem que vive um amor proibido aos olhos da justiça e moralidade.

...


As segundas-feiras do meu ano letivo nunca mais foram as mesmas após conhecer o Professor Eric. Me sentia motivada para vê-lo, para acompanhar suas aulas. Eu estava completamente encantada com a beleza e seu porte, mesmo ele adotando uma postura tão rígida em sala. E depois de me notar pela primeira vez, eu passei a ignorar o jeito grosseiro e me dediquei à disciplina que ele lecionara. Dedicação essa que me recompensou com a pontuação mais alta em sua prova.

E então, em uma situação onde não encontrava um meio de ir embora para casa debaixo de chuva, ele aparece me oferecendo ajuda. Eu me esforço e até agora não acho uma explicação para ter aceitado aquela carona. Poderia pensar em vários motivos: a chuva forte, o meu encanto por aquele rosto perfeito, a vontade de chegar rápido em casa, a vontade de sentir o perfume dele de perto...

Essa gentileza culminou no meu primeiro beijo. E partir daquele instante tudo mudaria. Como eu iria enfrentar isso? Como seria nosso reencontro na próxima aula? Eu seria ignorada? O professor Eric deixaria o colégio? Eu estava presa em um labirinto cuja saída eu não tinha certeza se encontraria.

Após o embate entre Melissa e Felipe, ao voltar para casa, eu olhei para o meu material escolar na minha cama e dei falta do meu guarda-chuva. "Eu esqueci no carro dele!". O desespero bateu. Não pelo guarda-chuva esquecido e sim porque um objeto simples estava me ligando ao dono do carro.

...

No decorrer da semana, as notas de todas as provas foram divulgadas para os alunos e sem surpresa alguma, eu era o destaque. Na 5a feira e ao chegar em casa, depois da aula, eu estava na portaria esperando o elevador quando uma senhora se aproximou de mim.

- Com licença, você é a Nívea? - me perguntou muito amigável.
- Sim, sou eu.
- Que bom, finalmente estou te conhecendo! - sorriu para mim muito simpática - A minha filha fala tanto em você!

Eu a observei e a beleza dela era familiar: cabelos curtinhos e ruivos em um corte bem formal. Usava óculos bem pequenos e reparando nos olhos verdes, não poderia ser outra pessoa.

- Claro, a senhora é a mãe da Melissa!
- Sim! - confirmou muito contente - A Mel e o Felipe tinham mesmo razão: você é uma mocinha muito linda!
- Obrigada... - sorri sem jeito.
- Nem disse meu nome. Me chamo Cecília. Muito prazer.
- Prazer em conhecê-la, Dona Cecília.

O elevador chegou ao térreo e então entramos. A mãe de Melissa usava uma  blusa social azul marinho junto de um blazer preto e calça social da mesma cor. Sapatos scarpins na cor marrom. Uma bolsa preta completava a seriedade do traje de uma promotora de justiça.

- Eu e Melissa passamos um fim de semana juntas e não tive chance de conhecê-la.
-  Eu sei, passei as últimas semanas atolada em trabalho, um caso dificílimo de ser julgado. Só agora que estou respirando.
- Posso imaginar.
- Mas quero consertar isso. Convidando você e os seus pais para jantarem hoje lá em casa.
- Hoje? - fiquei pensativa.
- Está muito em cima da hora não é? - ela reconheceu.
- Um pouco, mas você pode telefonar pra minha mãe e falar com ela. Está na clínica agora.
-  Claro! Falo com ela sim!

O elevador chegou em nosso andar,  saímos e passei o número da minha mãe.

- Sua mãe é médica? Melissa comentou comigo alguma coisa mas óbvio que eu esqueci.
- Ela é esteticista.
- Verdade! Isso é ótimo, agora eu tenho mais uma opção quando quiser um dia de beleza pra mim!
- Ela vai adorar atendê-la.

Nos despedimos no corredor e então em casa pensei que a simpatia natural de Melissa era herança de família. Minutos depois, recebo um áudio da minha mãe.

>"Oi filha, recebi um telefonema agora da mãe da Melissa nos convidando para jantar."

>"Sim, eu encontrei com ela no elevador. Ela foi tão simpática fazendo o convite que ia ficar feio se a gente recusasse mas tá em cima não é?"

>"Mais ou menos. Ela marcou comigo para as oito horas. Eu só tenho mais um atendimento hoje mas vou falar com o seu pai. Faz o seguinte: vai se arrumando. Tudo bem hoje na aula?"

>"Tudo sim. Foi tranquilo."

>"Que bom e, de novo, meus parabéns pelas notas, estou acompanhando pelo portal do site do colégio."

>"Obrigada. Um beijo."

>"Beijo."

...

O jantar oferecido pela mãe da Melissa não poderia ter sido o mais amigável possível. Chegamos na hora marcada e ela mesma nos recebeu. O aroma delicioso de comida tomava conta do ambiente. E com isso, conheci melhor o Sr. Henrique, o dono da casa. Meu pai e ele já se esbarraram rotineiramente pelo prédio mas aquele era o momento em que não apenas os dois, mas as duas famílias vizinhas estavam de fato se conhecendo. O pai do Felipe era um homem um pouco mais baixo que o filho com cabelos levemente grisalhos e de traços também parecidos. Quem olhasse a familia pela primeira vez diria que Melissa e Felipe eram filhos de sangue do casal.

- Aaaah amigaaa! - Melissa saiu correndo do quarto usando um hobby branco - A gente precisa conversar! Vem comigo!

Cumprimentou rapidamente meus pais daquele jeito agitado de ser e me puxou pelo braço para o seu quarto.

- Deixa eu trancar a porta! - virou a chave na maçaneta - Me conta, como que vc tá? - me olhou apreensiva.
- Bem... Ficarei bem até a próxima Segunda - disse suspirando.
- Ele não entrou em contato com você?Nadinha?
- Nada. E o pior: esqueci meu guarda-chuva no carro dele.
- Mentira! - arregalou os olhos - E agora?
- Agora é esperar... Esperar ele me devolver e talvez um abismo ser construído entre nós.

Dona Cecília bateu a porta no quarto avisando do lado de fora que o jantar estava servido. Melissa trocou de roupa rapidinho colocando um vestido estampado de flores mantendo os cabelos presos no coque habitual no alto do cabelo. Ao chegarmos na mesa, Felipe já estava sentado quieto mas sereno. Era estranho revê-lo depois do que aconteceu. Será que eu poderia confiar nele?

O jantar correu normalmente. Meu pai e o Sr. Henrique pareciam que eram amigos de infância igual a minha mãe e Dona Cecília. Política e negócios de um lado da conversa e estética e saúde de outro. Felipe continuava quieto mas eu percebia que ele me olhava estranho, não igual à noite da pizza. Era como se ele quisesse me dizer algo mas não podia pois haviam mais pessoas ao nosso redor.

Cecília e Henrique ficaram encantados comigo principalmente nos momentos em que eu me dirigia ao meu pai conversando em francês.

- Nívea querida, vou querer que você dê aulas de francês para a Mel - Cecília brincou.
- Obrigada, mas eu passo - Melissa desconversou - já estudo inglês. Mais um idioma e minha cabeça dá um nó.
- Mas minha querida, um idioma a mais como aprendizado é sempre bom - Sr Henrique a aconselhava.
- Dispenso.
- A Melissa é meu pequeno cristal - ele disse dirigindo-se a todos - por isso na minha ausência é o Felipe quem toma conta dela, não é mesmo meu filho?
- Claro - ele concordou totalmente sem graça mantendo o semblante sério.
- Qualquer marmanjo imbecil que se aproveitar dela seja do jeito que for, moverei meio mundo para colocar na cadeia - disse incisivo.

Nós três nos entreolhávamos em forma de cumplicidade entendendo o pacto silencioso já formado.

...

Eram 22h e o sono já quase me dominava. Estava no Instagram vendo e comentando algumas publicações recentes dos meus primos na França quando recebo uma mensagem de um telefone desconhecido no zap.

- Oi Nívea, rs...
- Oi! Quem é?
- Sou eu, o Felipe. Peguei seu contato com a Mel, tem problema?
- ah... oi... não, sem problema. Tá tudo bem?
- Tá sim... na verdade, eu queria falar com você... Já tá indo dormir?
- Daqui a pouco, eu acordo muito cedo.
- Não, tudo bem, não vou demorar. Só queria me desculpar com vc pelo que rolou naquele dia...
- Ah sim, me assustei e muito com a Mel daquele jeito.
- O meu pai nem pode imaginar que eu e ela vivemos um relacionamento. Pra ele, a Mel é uma filha legítima. Por isso, confia tanto em mim a responsabilidade em cuidar dela.
- Nem ele, nem sua madrasta desconfiam?
- Nada. A gente fica junto quando eles já estão dormindo ou até altas horas no Fórum trabalhando.

Eu podia sentir que o Felipe estava abrindo o coração dele sem medo. E fiquei imaginando a angústia em viver esse romance em segredo.

- Você é apaixonado pela Meli?
- Desde quando eu a vi a primeira vez. Ela era bem nova. Mas o passo mais sério entre eu e ela só tem 1 ano.
- Entendi.
- Ela vai te contar tudo depois rs.. Mas e você? Tá se sentindo melhor?
- Tô tranquila.
- Fica de boa, seu segredo tá bem guardado.
- Obrigada. Agora eu realmente preciso dormir.
- Ah, tranquilo. Eu tbm acordo cedo amanhã. Boa noite.
- Boa noite.

Aquela conversa com ele me deixou mais aliviada. Pude voltar a pensar no Professor Eric sem tanto medo dele ser tratado feito um abusador. Todas as noites eu pensava no beijo dele e ia dormir com a esperança de sonhar com aquele momento no seu carro novamente. Em algumas dessas noites eu acordava com a calcinha ensopada e minha vulva inchada de prazer.

...


7h15 da manhã. A primeira segunda-feira em que nada mais seria como antes, ao menos para mim. Me dirigi até o departamento de achados e perdidos do colégio, antes de entrar em sala de aula, na esperança do meu guarda-chuva estar lá, deixado por ele e assim evitaríamos qualquer forma de contato. Uma jovem muito simpática veio ao meu encontro.

- Bonjour je peux vous aider?
- Bonjour. J'ai perdu mon parapluie le jour de la tempête. Il est grand et rose.

(Bom dia, posso te ajudar?
Bom dia. Eu perdi meu guarda-chuva no dia da tempestade. Ele é grande e rosa.)

-Oui, je vais voir s'ils l'ont laissé ici. Vous vous attendez?
- Oui.

(Sim, vou ver se deixaram aqui. Você espera?
- Sim.)

Ela foi até o fundo da sala para procurar. Demorou alguns minutos. E nesses minutos eu pedi à Deus em silêncio para que ela voltasse com ele em mãos. Mas Deus estava ocupado.

- Je suis désolé, mais le parapluie que vous m'avez décrit n'en a pas ici.
- Êtes-vous sûr?
- Oui, ceux-là sont tous noirs.
- C'est bon. Merci.

(Sinto muito, mas o guarda-chuva que você me descreveu não tem nenhum aqui.
Tem certeza?
Sim, os que estão aqui são todos pretos.
Tudo bem. Obrigada)

A cada passo em direção à minha sala, meu coração estava no limite máximo de batidas por minuto e meu estômago com a sensação de ter várias pedras de gelo. Ao entrar, avistei alguns lugares vazios no fundo e acelerei o passo sentando em uma mesa vazia ao lado da parede na última fileira. Queria ser invisível para ele. Queria que ele faltasse à aula. Ao mesmo tempo não queria. Frederik veio até mim, sentando-se ao meu lado.

- Allez-vous vous asseoir ici aujourd'hui? - ele perguntou meio que estranhando.
- C'est juste aujourd'hui. J'ai mal à la tête. - Ah oui. Avec ce professeur ennuyeux, le mal de tête s'aggrave.

(- Você vai sentar aqui hoje?
- É só hoje. Estou com dor de cabeça.
- Ah sim. Com esse professor chato, a dor de cabeça piora.)

Tirei meu material de aula e peguei meu celular rapidamente para ver a hora: 7h35. Dificilmente ele se atrasava. Mantive meus olhos na direção do meu estojo, do meu livro e das folhas do fichário. Não conseguia olhar para frente e vê-lo entrar.

- Bonjour à tous et désolé pour le retard.
(Bom dia a todos e desculpem pelo atraso.)

Fechei os olhos e respirei fundo ao ouvir aquela linda voz. E as próximas duas horas seriam eternas.


Continua...


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Comentários


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notório Comentou em 21/02/2021

Me deleitando com essa história !!! Você sabe parar na hora certinha de nos puxar para o próximo capítulo. Deveria ser escritora de novelas kkk Votado !!!

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adrocarva Comentou em 20/02/2021

Muito bom o conto. De pau duro aqui. Kkkkkkkk Excitante até. Passa lá no meu perfil e confere meus contos 116, 117 e 120. Vota e deixa seu comentário lá. Um baita abraço.

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casalbisexpa Comentou em 18/02/2021

delicia de conto




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Ficha do conto

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aescritora

Nome do conto:
Ma Petite Princesse (Minha Pequena Princesa) X

Codigo do conto:
173196

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
18/02/2021

Quant.de Votos:
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