***O conto trata-se uma série então, quem é novo aqui, leiam os capítulos anteriores***
Dentro do elevador, eu olhava para o nada.
Conforme subíamos andar por andar, o maldito nervosismo surgia em forma de tremor nas pernas. Iria reencontrar aquele lixo, teria de agir normalmente, Eric estaria do meu lado e ele não poderia me tocar durante a festa. O personagem dele em sala de aula estava de volta. Claro, sem o lado carrasco.
- Ni, vai dar tudo certo... - Melissa afirmou de frente pra mim encostada no canto do espelho, pegando na minha mão.
- Vamos ficar todos juntos - Felipe falou em apoio - o máximo que pode acontecer é o meu pai me chamar por uns instantes pra me exibir como um troféu aos homens da festa. "Conheçam o meu filho!" "O futuro delegado da família!" Coisas assim...
Continuei em silêncio. Eric me observava calado como se não soubesse o que fazer para me consolar. Carregava um arranjo muito elegante em orquídea branca para dar de presente à minha mãe comprado no setor da loja do posto que vendia arranjos de flores. "Não vou chegar de mãos vazias", ele justificou ainda na portaria.
A porta do elevador se abriu e ao sairmos no corredor o som não estava alto mas, com a porta aberta, podíamos ouvir o burburinho geral vindo na direção do apartamento.
A paralisia. A mesma paralisia sentida naquele dia de chuva em que eu dei de cara com o Eric parando com o carro do meu lado na calçada. Os três me observavam esperando um passo meu à frente.
Permaneci imóvel.
- Ni - Melissa me despertou do transe e esticou o braço direito para que eu lhe desse a mão - vem, eu não vou sair do seu lado pra nada!
- Eu sei que tá sendo uma merda pra você, mas tente ficar calma! - Felipe me dando apoio.
Eric continuava a me observar e então o céu dos seus olhos deslizaram por todo o meu corpo. Mesmo em um momento de tensão, ele conseguia mexer comigo. Tinha um brilho diferente no olhar. Olhou por trás de mim e virou se para Melissa.
- Você pode segurar pra mim um instante? - perguntou à ruiva lhe entregando o arranjo.
- Claro... - ela estendeu os dois braços pegando-o e olhando para o Eric sem entender.
- Eu só trouxe um lenço... - falou pensativo enquanto passava as mãos pelos bolsos da calça social preta que usava.
- Precisa de outro emprestado? - Felipe perguntou - Eu tenho aqui.
- Por favor...
Felipe tirou um lenço do seu bolso traseiro e lhe entregou.
- Essa porta vermelha do lado do elevador é o que?
- Ali? É a saída de emergência... Por quê? - Melissa lhe respondeu.
- Eric, o que...
- Shiu! - ele me cortou - Você fica quietinha como está até agora e vem comigo.
Tirou o meu celular, entregando ao Felipe, e me pegou pela mão me levando na direção da porta. Felipe e Melissa ficaram parados observando-o sem entender seus movimentos.
- Vocês dois esperem aqui! - pediu firme empurrando a pesada porta com o próprio corpo, abrindo e me puxando para dentro.
Entramos e ele me colocou encostada contra a parede. Fechou a porta com o trinco de ferro e virou-se para mim me olhando de cima a baixo. Aquele olhar... Que me encantava desde o primeiro dia que eu o vi. A sua respiração estava pesada e de leve passou a língua pelos lábios.
- Segura - me entregou o lenço do Felipe - Vou dar à você a certeza de que nenhum outro verme vai te tocar...
Eric se aproximou, virou meu rosto de lado e começou uma sequência de beijos úmidos pelo meu pescoço, me segurando pela cintura pois sabia que eu iria desmanchar pela parede tamanho era o efeito que aquela boca causava ao tocar a minha pele.
- Eric... - sussurrei seu nome baixinho.
Meu corpo fervia com a língua quente que passeava pela curva, pelo colo e esse fervor surgia por entre as minhas pernas.
- Não vamos poder demorar - Eric falou baixinho colocando os meus braços nos seus ombros e envolvendo o seu pescoço o que me fez ficar na ponta do pés de onde meus sapatos se soltaram.
Desesperado, abriu o botão da calça, descendo o zíper e colocou seu membro pra fora, punhetando rápido. Levantou a saia do meu vestido, puxando minha calcinha de lado e, erguendo a minha perna esquerda, enfiou de uma só vez.
Reagi delirando, abrindo um sorriso e inclinando a cabeça pra trás como todas as vezes que Eric está dentro de mim. E foi mais delicioso ao sentir suas mãos, por baixo do vestido, segurando os meus quadris me erguendo do chão. Socava firme, abrindo mais as minhas pernas que envolveram a sua cintura. Estocava de um jeito bruto e gostoso, colando os lábios na minha bochecha e sorria satisfeito ao me ver gemendo baixinho e mordendo o lábio inferior.
- Não quero voltar, Eric... Vamos ficar aqui...
- Temos que voltar, ma petit - me beijou no rosto - vou ter que te fazer gozar agora...
- Não quero! - implorei - Ah, que delícia...
Com um braço, Eric me manteve erguida segurando pela minha cintura, ainda dentro de mim.
- Chupa - pediu encostando o polegar nos meus lábios - Eu queria mesmo era outra coisa nessa sua boquinha...
Chupei com toda prática que eu tinha e ao passar embaixo do vestido, sua mão acariciou meu baixo ventre e seu dedo atingiu meu ponto já úmido e quente circulando gostoso.
- Faz bem gostosinho pra mim, minha delícia...
Senti as minhas pernas se enrijecerem na hora com aquele toque na minha carne inchada e a voz rouca e sensual dele me fazia perder os sentidos.
- Morde o lenço! - Ele ordenou. Sabia que eu estava no limite e um possível escândalo viria junto.
Coloquei o lenço na boca, onde dei um grito silencioso, meu grelinho e virilha pulsaram sem controle melando minha calcinha e o pau do Eric totalmente enfiado em mim. Tenho certeza que vi estrelas. Ele gemeu feito louco, estocando algumas vezes inclinando a cabeça pra trás e senti seus jatos se misturando ao meu tesão doce e úmido. Enterrou com força uma última vez que me fez me segurar na parede.
Segurei em seu peitoral recuperando o fôlego e, devagar, Eric me pôs de volta no chão ainda se recuperando também e saindo de dentro de mim.
- Como a gente vai voltar pra festa desse jeito? - perguntei ofegante.
- Eu vou te limpar - tirou o seu lenço do bolso e começou a secar o suor da minha testa me olhando ternamente nos olhos.
Se recompôs rapidamente fechando sua calça e também limpou seu rosto enquanto eu calçava os meus sapatos de volta.
- Não vou usar o lenço do Felipe. Me empresta o seu - pedi à ele - preciso me limpar.
- Eu disse que vou limpar você - ergueu uma das minhas pernas novamente, apoiando em sua cintura. Passava o lenço por dentro dela, chegando na minha bucetinha e esfregando com todo cuidado pois ainda estava sensível.
- Ai! - senti arder de leve em um ponto por onde passou o tecido.
- Desculpa, ma petit - esfregou lento - buceta gostosa igual à sua é rara. Não consegui ser delicado na primeira vez, não faz sentido eu ser agora.
- Eu gosto - falei segurando em seus ombros e olhando em seus olhos.
Eric me olhou dando uma piscadinha rápida, me fazendo errar uma batida dentro do peito e terminou de me limpar pousando o lenço e secando a minha vulva.
- Esse seu fogo não apaga, não? - perguntou me sentindo pulsar e molhando o lenço.
- Você sabe que não... - respondi manhosa e mordendo o lábio inferior.
Ajeitou a minha calcinha de volta e o vestido no meu corpo, arremessando o lenço em uma lata de lixo no fim do lance de escadas que levava até o andar de baixo.
As marcas deixadas em mim pelo Eric eram muito mais profundas para serem limpas por um simples lenço.
***
- Finalmente os jovens da festa retornaram!
Minha mãe anunciou do meio do salão, chamando a atenção dos convidados e veio de braços abertos na nossa direção até a porta. Segurava uma taça de champagne em uma das mãos, e o celular na outra, deslumbrante em seu vestido preto.
- Professor Eric, que imenso prazer revê-lo! - o cumprimentou alegremente lhe dando um beijo em cada lado do rosto.
- Feliz Aniversário, Sra Toledo - ele a felicitou simpático lhe entregando o arranjo - Não repare, foi um presente de última hora.
- De jeito nenhum! É muito gentil!
Catarina, a supervisora responsável pelo andamento da festa e do buffet, se aproximou e pegou o arranjo levando-o para expor em uma das mesas.
- Quando minha princesa telefonou dizendo que tinha te encontrado e me pediu pra você estar conosco, não tinha como dizer não! - falou animadamente.
- Na verdade eu estava indo para outra festa e nos encontramos na loja enquanto eu parei pra abastecer. Ela insistiu tanto que eu não tive como recusar um pedido da minha melhor aluna.
Eu, Felipe e Melissa nos olhávamos sem acreditar no que ele havia dito. O homem que estava ali do meu lado e que era o responsável por ainda estar me causando leves espasmos por entre as pernas conseguia ser o cinismo em pessoa.
- Que cara de pau! - Melissa murmurou baixinho no meu ouvido de braços dados comigo. Ela realmente cumpriu a promessa de não sair do meu lado.
Meu pai, que até então assistia afastado a euforia da minha mãe com a nossa chegada, se aproximou curioso e sorrindo fechado, daquele jeito analítico de sempre, com um copo de whisky com gelo na mão, observando quem estava comigo.
- Jacques, querido! Esse é o Professor da Nívea que eu lhe falei! - minha mãe o apresentou.
- Eric Schneider - lhe estendeu a mão e o encarava com certa tensão no olhar - É um prazer conhecê-lo.
- Schneider? - lhe cumprimentou mantendo sua mão junto à dele com um expressão curiosa - Es-tu Allemand?*
- Meu pai é alemão. E minha mãe é brasileira, filha de franceses.
- Vraiment?* - ele sorriu ao ouvir - De que parte da França?
- Meus avós eram de Nice - ele respondeu sorridente.
- Cote d'Azur! - falou eufórico e sorridente - Magnifique! Minha família é de Lyon. As férias da notre princesse* tem destino certo no verão europeu.
- É uma cidade belíssima - Eric emendou o comentário.
- Mas entre, entre! Aproveite a festa e você senhorita - se voltou sério pra mim e minha mãe acompanhou o sermão com o olhar - se eu não ver você comendo o que estiver sendo servido, te deixo de castigo no quarto entendeu?
- Oui, papa - revirei os olhos.
- Nívea querida, seja a anfitriã do seu professor!
- Serei, mãe.
Meu professor e amante na minha casa comemorando o aniversário da minha mãe.
E eu precisava absorver aquilo.
Começamos a circular pela festa, reparei na presença de outros convidados recém chegados e percebi que Eric observava à tudo e à todos. "Sempre enigmático", pensei. Felipe se afastou e foi até a sua mãe. Dona Cecília, ao nos ver, acenou com o olhar como forma de nos manter tranquilas. Percebi olhares discretos e sorrisinhos pra mim mas nem liguei. Na verdade não entendi muito bem. Ficamos em um canto mais discreto do salão de onde podíamos ver toda a festa acontecer. Eric encostado na parede com a cabeça inclinada demonstrando sua superioridade típica, eu de frente pra ele e Melissa do meu lado mas entre nós dois que não desgrudava os olhos do celular.
- Sua casa é muito bonita - Eric elogiou - Bem espaçosa.
- Obrigada. Nossa antiga casa também era enorme. Mas meus pais optaram por um lugar mais seguro e então... Estamos aqui!
Era inevitável nossa troca de olhares e sorrisos discretos. Tínhamos que disfarçar ao máximo principalmente após o momento delicioso que ocorreu momentos antes de voltarmos para a comemoração. Felipe retorna com dois pequenos pratos de louça branca, onde tinha uma fatia de torta de frango cada um com pequenos garfos.
- Sua mãe pediu pra trazer para vocês duas! - me disse, entregando os pratos para mim e para a Melissa.
- Ela não vai ficar tranquila enquanto não me ver comendo - me queixei enquanto cortava com o garfo e comia uma fatia - Meu celular está com você, Lipe?
- Está né... - ele deu um sorrisinho sarcástico e eu revirei os olhos - aliás acho que o seu alarme tocou.
- Ah sim - lembrei enquanto comia a torta - está programado para as oito da noite. Vou no meu quarto.
- Nossa, mas essa torta tá uma delícia! - Melissa elogiava em meio às garfadas - Já quero repetir.
- Vai fazer o quê no seu quarto? - Eric me perguntou sério.
- Coisa minha - dei meio sorriso - e é rápido.
- Vamos juntas! - a ruiva afirmou.
- Não precisa, Meli. O que eu vou fazer não vou levar nem cinco minutos.
- Nós vamos juntas e fim! - ela insistiu - Você não vai andar sozinha na festa com um tarado solto por aí!
Mesmo com Eric me fazendo esquecer da realidade por poucos minutos, dentro de uma saída de emergência, ela estava de volta em forma de nó na garganta. Não sabia por onde aquele homem nojento poderia estar e a pontada no peito de desespero surgira no mesmo instante. Era uma noite de alegria e eu me tornava uma prisioneira dentro da minha própria casa.
- Vamos! - Melissa terminou a torta, deixando nossos pratos em uma mesinha próxima e me deu o braço novamente.
- Vocês duas não demorem lá dentro! - Eric ordenou.
- Quer nos acompanhar? - sugeri à ele sorrindo.
- Não é correto - ele negou com a cabeça - eu sou adulto e você é uma adolescente.
- É sério mesmo que você - enfatizei a última palavra olhando o com ar de deboche - está me dando lição de moral?
Eric respirou fundo e me encarou sério.
- Vou te explicar uma coisa, mocinha - me disse calmamente - eu já estou há seis meses encrencado até o meu último fio de cabelo desde aquela carona. Esta aqui é a casa dos seus pais, eu sou seu professor e convidado da festa. Neste momento temos uma barreira que nos separa chamada respeito e ela precisa ser mantida, entendeu?
Melissa e Felipe escutavam atentos aquela pequena chamada dada pelo Eric. Nunca poderiam imaginar que poderia existir um mínimo de moralismo da parte dele. E eu muito menos.
- Entendi - abaixei a cabeça e afirmei positivamente.
- E mais uma coisa.
- O quê? - o olhei curiosa.
- Quando eu falo encrenca, eu não estou falando de você.
Fiquei vermelha ouvindo aquilo. Tá bom coração, você poderia desacelerar as batidas?
***
A pequena jarra de vidro com água e repleta de cubos de gelo ao lado de um copo ficavam na mesa de estudos do meu quarto, principalmente em dias quentes quando eu sentia sede e ficava com preguiça durante a madrugada de ir até a cozinha me refrescar do calor.
Mesmo em dia de festa, a rotina precisava ser mantida até mesmo quando o assunto era a minha vida íntima e sua proteção.
- Sua mãe até hoje não desconfia de nada? - Melissa me perguntou baixinho enquanto eu tomava água após engolir minha pílula diária.
- Nada - terminei e pus o copo de volta na pequena bandeja de madeira ao lado da jarra - eu deixo muito bem escondido na mochila.
Estávamos em pé distraídas. Melissa observava curiosa alguns objetos meus deixados pela mesa e eu olhava rapidamente as fotos da festa que minha mãe postava no grupo da família para que os meus tios e primos em Lyon pudessem visualizar. Ouço a porta do meu quarto, que até então estava aberta, ser fechada em um baque. Me viro rapidamente e, ao olhar, o lixo em forma de ser humano estava ali parado na nossa frente. Com os olhos brilhando, como se realmente estivesse me vendo além do vestido. Fiquei de mãos dadas com a Melissa. O medo me dominava mas eu precisava ser firme.
- Procurando alguma coisa Sr. Heitor? - perguntei sério.
- Eu estava - sorriu de forma canalha - mas agora já encontrei. Fugindo de mim, pequena Nívea? Que feio, se afastando dos antigos amigos...
- Eu não gosto que me chamem assim! - rebati ríspida - E você é amigo dos meus pais, não meu!
- Ai, Meu Deus... - Melissa aperta minha mão junto à sua e arregala o verde dos olhos finalmente entendendo a situação.
- Mas você é pequena - ele deu um passo à frente na minha direção - e está muito apetitosa. Tive a certeza logo que cheguei e nos cumprimentamos.
O momento em que fui abusada por aquele lixo surgiu na minha cabeça em um estalo. Fechei os olhos com força e virei o rosto para o lado querendo varrer aquilo da mente. Buscava por Eric em meus pensamentos na tentativa de aliviar aquele instante de terror.
- Mas você é um nojento mesmo! - Melissa esbravejou - DEIXA A GENTE SAIR!
- Você pode ir ruivinha. Meu assunto é com a sua amiga.
- Mas nem morta eu vou deixar a Nívea sozinha com você, seu monstro!
- Ela sabe que eu não mordo... Muito pelo contrário... Não é mesmo, pequena?
- PARA DE ME CHAMAR ASSIM! - dei um grito e nesse mesmo instante a porta se abre por inteiro.
- Algum problema por aqui?!?!?! - a voz e a entrada imponente da Dona Cecília o faz se virar em um susto.
- Nenhum senhora... Porque teria? - falou à ela calmamente.
O único cinismo de modo delicioso pertencia à Eric Schneider.
- O que o senhor faz aqui no quarto de uma adolescente e com as portas fechadas? - Ela perguntou firme o pulverizando com os olhos.
- E a senhora quem é? - rebateu fazendo pouco caso.
- Cecília Amorim - lhe estendeu a mão - amiga da família Martin e promotora de justiça.
- Pro-Promotora? - ele gaguejou e cumprimentou fraco de volta.
Ele estava tremendo. Estava com medo da mãe da Melissa e eu não acreditava no que via.
- Exato. Te pergunto novamente: o que o senhor faz aqui no quarto de uma jovem menor de idade?
- Er... Bem... Estávamos apenas conversando. Conheço a Nívea desde criança.
- Mesmo??? E porque a porta fechada???
- Bem, eu... eu...
Eu e Melissa ficamos de boca aberta assistindo aquele embate. Dona Cecília levava vantagem no octógono.
- O senhor se chama Heitor certo? Façamos um trato, Sr Heitor: o senhor vai embora agora dessa festa, deixando a menina Nívea em paz. Do contrário eu levo pra frente a cena imunda que eu presenciei ao vê-lo cumprimentá-la.
- Você não tem como provar - riu seco - Eu apenas a abracei.
- A gente tem prova sim, seu verme!!!!! - ambos se viraram para Melissa no momento que ela se meteu na discussão.
- Está falando de quê, Melissa?
- Tá no celular do Felipe, mãe. E também guardado com ele.
- Pois muito bem... - ela se voltou cruzando os braços sorrindo vitoriosa - se a minha filha diz que há provas então que o trato seja mantido. Vá embora agora dessa festa! E nem uma palavra sobre o que aconteceu com os donos da casa. O Senhor entendeu????
- Claro senhora - ele suava e tremia - Entendi muito bem...
Ele saiu em disparado do quarto olhando para nós três para o meu alívio.
- O cara é um verdadeiro frouxo! - a ruiva afirmou espantada.
- A maioria sempre são, filha. - afirmou olhando na direção da porta.
Dona Cecília respirou fundo e se voltou para nós duas abrindo os braços nos olhando docemente.
- Venham cá - ela sorria e nós fomos ao seu encontro formando um abraço triplo.
- Acabou - nos abraçou de forma protetora, eu tremia e aos poucos meu coração se acalmou com o afago de sua mão pelas minhas costas - Ele não vai mais te incomodar.
- Não conta para os meus pais, Dona Cecília, por favor! - implorei à ela.
- De jeito nenhum, meu amor - ela garantiu - seus pais estão felizes demais para que isso estrague a noite deles. Mas tem uma coisa...
Nós duas saímos do seu abraço e ela me fez olhar em seus olhos.
- Eu e você temos que conversar sobre isso principalmente sobre essa prova que a Melissa mencionou, certo? Esse sujeito pode ser um maníaco travestido de bom cidadão.
- Tá bom. A gente conversa sim - concordei.
Após ter recebido o abraço de carinho e conforto de Dona Cecília, saímos do meu quarto, com ela de mãos dadas entre nós duas. Ao chegarmos no salão, vejo meu pai vindo em nossa direção:
- Que estranho...
- O que foi pai? - perguntei.
- O Heitor parece que recebeu uma ligação importante e precisou ir embora.
- Aquele seu amigo? É mesmo? - Dona Cecília perguntou com leve ironia fingindo surpresa - O que será que houve?
- Não sei... Se despediu de mim e da Helena rapidamente e se foi... Enfim... - nesse instante ele se virou para mim e para a Melissa - E as duas senhoritas? Estão comendo? Tem muita coisa sendo servida. Não entendi direito até agora esse seu enjôo, Nívea. Você estava bem quando chegou com a sua mãe.
- Não foi nada, pai! Vai passar!
- Cecília, faça elas comerem alguma coisa! - ele orientou.
- Pode deixar meu amigo, elas vão comer!
Ele concordou e então um dos seus amigos o chamou e ele foi ao encontro. Dona Cecília se virou pra mim dando uma piscadinha de olho e acariciando meu rosto.
- Tente se acalmar e aproveite a festa! - ela sorriu.
- Obrigada Dona Cecília, vou tentar sim.
O fotógrafo se aproximou e pediu uma foto de nós duas. Fizemos uma típica pose de melhores amigas. E os momentos de medo que vivi minutos antes finalmente pareciam terminar.
- Cadê o Eric? - perguntei baixinho o procurando discretamente com os olhos pelo salão.
- Será que ele foi embora? - Melissa perguntou preocupada.
Nesse momento vi o Felipe vindo na direção da varanda tentando disfarçar a tensão no rosto.
- Vai lá fora acalmar a fera - falou para mim baixinho perto do ouvido.
- O quê? - o olhei sem entender.
- Vai logo! - ele me deu empurrãozinho - E nada de contato entre vocês!
- Beleza, enquanto isso eu vou atrás de mais uma fatia de torta - Melissa saiu pelo salão.
Andei por entre os convidados e cumprimentando alguns que ainda não tinha visto. Disfarcei e cheguei até a varanda onde no fim dela na altura do meu quarto, Eric estava com as mãos apoiadas no parapeito e a tensão em seus ombros largos e grandes eram visíveis. Me aproximei dele mas não o bastante.
- Ei!
Eric se virou e ao me ver veio até mim querendo me abraçar ou até mesmo cometer uma loucura maior, no que dei um passo para trás. Ele entendeu e se conteve ficando onde estava.
- O que aquele maníaco fez com você? - mesmo com a barba, o maxilar dele se enrijeceu mostrando sinal de raiva.
- Nada - respondi tranquila - ele foi embora.
- Tô me sentindo um merda - a sua respiração estava rápida e olhos azuis umedecidos - Se não fosse a mãe dos seus amigos eu não sei o que poderia ter te acontecido.
Eric estava segurando o choro. Era a primeira vez que o via daquele jeito.
- Estou menos tensa do que antes, vai passar logo - sorri carinhosamente.
- Ele encostou em você? Te fez alguma coisa???
- Está tudo bem! Não precisa mais se preocupar. Quero dizer... - me peguei pensando.
- O quê?? - ele me perguntou angustiado - Fala!
- Vai ter que se preocupar em aproveitar a festa e me apreciar sem me tocar - pisquei o olho.
- Apreciar sem te tocar não será preocupação e sim, tortura...
Olhei para trás e não havia ninguém nos observando. Me aproximei dele e, na ponta dos pés, lhe dei um carinhoso beijo em seu rosto com as minhas duas mãos para trás. Eric pegou na minha mão esquerda e beijou a palma como sempre faz.
- Te espero lá dentro - disse à ele voltando para a festa.
Continua...
E pensar, meus amigos, que este momento da saída de emergência não estava nos planos originais do capítulo. Surgiu de rompante em mais um momento meu de crise de insônia em que, antagonicamente falando, a criatividade se fez presente.
Estão gostando deste início de festa? Eu enrolo né? Tentei socar a prolixidade durante toda a história e não deu. Não briguem comigo! No entanto, de agora em diante serão somente momentos de descontração. Afinal, um certo convidado de última hora fará sucesso entre as mulheres da festa ;)
*Es-tu Allemand? = Você é alemão?
*Vraiment? = Mesmo?
*notre princesse = nossa princesa.
Mas genteee, ainda tá no início da festa? Eu já tinha calculado que pelo menos na metade já tava. Mais um ótimo capítulo.