(??Leiam os capítulos anteriores??).
- Como assim, você não olhou pra ele???? - Melissa digitou a pergunta.
- Eu fiquei quase duas horas de cara para os meus livros, cabeça baixa, apenas ouvindo ele dar aula. Estou até com dor no pescoço.
- Deus do céu, amiga...
- Quando a aula acabou, dei Graças a Deus. E estou neste momento falando com você do banheiro pois sei que aqui é o único lugar onde não tem risco de nós dois nos esbarramos pelo colégio.
- Vai fugir dele pra sempre? - perguntou em tom advertido.
- Não... Mas também não sei o que fazer. Eu sinto meu peito palpitar só de pensar em falar com ele.
- Como que você vai embora? Sua mãe vai te buscar?
- Acho que não mas bem que eu queria... Eu vou ter que ir agora, meu intervalo tá acabando.
- Tá bom amiga, fica calma e se cuida. Beijão.
Me despedi da Melissa, saí do banheiro a passos rápidos como se fosse uma fugitiva. Não queria encontrá-lo. Dentro da sala chegando na minha mesa, eu gelei: meu guarda chuva estava repousado na cadeira. Eu não acreditava no que eu estava vendo. Estava cuidadosamente fechado e em uma das abas dobradas, havia um pequeno papel o que parecia ser um bilhete. Rapidamente o peguei, olhei em volta da sala e aproveitando que tinham poucos alunos, o abri:
"Nós precisamos conversar! Me encontra no parque que fica atrás da primeira rua de esquina com a rua do colégio. Vou ficar te esperando dentro do carro. Por favor, não vai embora. Eu preciso falar com você."
Sem assinatura. E nem precisava ter.
...
Saí do colégio e fui até onde o professor Eric estava me esperando.
O parque era repleto de árvores e com prédios no entorno. Ao avistar o carro estacionado na calçada, minhas pernas tremiam. Poderia dar meia volta e deixá-lo esperando até que ele iria desistir e ir embora. Mas era tarde. A porta esquerda traseira estava meio aberta, ele devia estar atento, observando a rua e esperando eu aparecer. Entrei no carro, o silêncio se fez presente entre nós e eu sem coragem para encará-lo.
- Vai ficar sem olhar pra mim aqui também?
- Tive dor de cabeça o dia inteiro - naquela altura a desculpa esfarrapada não colaria mais.
E ele me pegou pelo queixo em um gesto com a mão fazendo com que nossos olhares se cruzassem. Como resistir a um rosto de anjo igual o dele? Poderia ser mais maravilhoso do que já era?
- Não faça de novo o que você fez hoje. - ele me pediu.
- O que eu fiz? - perguntei com a respiração em descompasso.
- Eu não quero ver você sentada no fundo da sala de novo! Você me entendeu?
- Já disse, eu acordei com dor de cabeça.
- Mentir desse jeito não combina com você. E muito menos sentar onde se sentou hoje. Eu não quero que o seu rendimento caia na minha aula.
- Ah... É isso... - desviei meu olhar para baixo.
- Não, não é só isso - ele continuou a falar diminuindo o tom de voz, pegando na minha mão fazendo uma leve carícia - eu quero você próxima de mim... Como sempre tem sido desde o início...
- A gente sabe que isso é um erro - recuei a mão rapidamente - Você pode virar um criminoso
- Eu sei, mas... Por uma petit princesse linda como você é, eu corro esse risco...
Eu o olhava não acreditando no que estava ouvindo. Ele se aproximou querendo um contato maior, passando o seu braço esquerdo sobre mim me trazendo para próximo daquele peitoral que quase sempre desviava o meu foco nas aulas.
- Professor, espera... Eu... - tentei afastá-lo mas foi em vão.
- Eu já deixei de ser seu professor desde a semana passada - tirou os seus óculos deixando-os atrás de si e em um rápido gesto buscou pela minha boca.
Um beijo de verdade. Onde, mesmo eu buscando ar, pude sentir o gosto daquela boca deliciosa junto da barba macia. Meu fichário já deixado de lado a essa altura. Ele me beijava sem pressa, segurando meu rosto com todo o carinho, a sua língua procurava pela minha e eu fazia o que podia para corresponder. Senti-lo ali tão junto de mim parecia que meu corpo iria se desmanchar por inteiro. Sentia minhas coxas se esfregarem uma na outra tentando controlar o prazer inevitável que surgira. Felizmente a blusa do meu uniforme disfarçou a rigidez do bico do meus seios.
- Aquele foi o seu primeiro beijo não foi, mon petit? - me perguntou em meio a um caminho de beijos e chupões até o meu pescoço.
- Foi... - eu sussurrava enquanto sentia a boca quente dele sugando a minha pele.
- Que bom que eu fui o primeiro... Essa boquinha tão deliciosa não merecia ser tocada por qualquer moleque babaca da sua idade...
- Eles devem beijar tão bem quanto você, professor... - falei ingenuamente, em meio aos arrepios sentidos pelos beijos recebidos.
Em um rompante, ele segurou o meu rosto com as duas mãos me olhando firme.
- Tu es une princesse, tu comprends? - falou sério - Uma princesa linda feito você deve ser bem tratada e desejada por um homem de verdade! E eu vou ser esse homem!
(Você é uma princesa, você entendeu?)
Eu olhava pra ele sorrindo, encantada ao ouvir aquilo. Eric era sem meias palavras. Direto.
- Confia em mim! - ele me pediu.
- Eu confio, professor - e lhe dei um selinho.
- Aqui fora é Eric. No colégio, é aquele personagem que você conhece, entendeu bem?
- Entendi.
- A gente vai ter que tomar muito cuidado daqui pra frente - me alertou enquanto acariciava meus cabelos de modo terno - vamos nos encontrar aqui mesmo nesse parque.
- Podemos ir pra outro lugar - eu sugeri.
- Sim, mas não muito longe da sua casa. E aliás já tenho que te levar de volta.
- Eu volto sozinha, não tem problema.
- Você não entendeu o que eu disse? Eu vou tratar e cuidar de você! Tu es mon petit! E cuidar de você inclui te levar pra casa.
(Você é minha pequena)
- Acho melhor você me deixar na esquina da minha rua. Fica esquisito eu ser deixada de carro todos os dias por um estranho - fiz um carinho em seu rosto.
- É verdade - ele concordou.
Nossos olhares eram de cumplicidade. Trocamos um longo abraço e vários selinhos transformados em beijos mais calorosos. Infelizmente já estava ficando tarde e eu precisava voltar.
...
- Depois de tudo isso que você me contou, mais do que nunca eu quero conhecê-lo! - Melissa me implorou.
Estávamos conversando na escadaria da saída de emergência logo após Eric me deixar em casa. Fomos para o local porque era mais seguro e ninguém nos ouviria. E contei à ela tudo o que aconteceu.
- Ele só dá aula no colégio às segundas-feiras mesmo como eu imaginava, Meli. Me contou que era apenas um trabalho extra pois nos outros dias da semana, ele dá aula em universidade. Viemos conversando na volta.
- E quando vocês vão se encontrar de novo? - me perguntou empolgada.
- Vamos ter que tomar cuidado né? Ninguém pode saber. Ah! lembrei de uma coisa...
- O quê?
Peguei meu celular indo até o Instagram e finalmente passei a segui-lo sem receio.
- Feito - dei um click - sou mais uma seguidora dele no meio de várias.
- Mas você é especial, queridinha.
...
De banho tomado, deitada para dormir e enquanto vejo alguns vídeos, recebo uma notificação e uma DM. Eric estava me seguindo de volta.
Bienvenue mon petit - dizia a mensagem.
Respondi de volta lhe dando o meu contato, sendo adicionada na hora.
- Por aqui é melhor de falar - digitei.
- Certeza que sim, princesse.
- Vamos nos ver de novo só semana que vem? - perguntei à ele.
- Em aula sim, ou você na sua idade já está saindo?
- Saio pouco e quando acontece volto cedo pra casa.
- Princesas voltam para casa antes da meia-noite, rs... Eu vou ver o que faço pra gente se encontrar em um outro dia, tá bom?
- Tá bom.
- Bonne nuit mon ange.
- Bonne nuit...
(Boa noite meu anjo)
O pai se torna o primeiro homem de nossas vidas. Aquele que ama, educa, cuida e forma o caráter de um filho.
E Eric estava se tornando o homem que me queria em sua vida. Me desejava. E sem experiência, eu teria que corresponder à esses desejos.
Continua...
Aí sim !!!