Era uma pergunta séria. Tinha que ser sincero comigo mesmo. Não poderia mentir para meu amigo. Existiam meus preceitos para aquilo, mas existia algo em meu coração que não sabia se existia o amor mesmo por ele. Não sabia distinguir.
- Não sei te falar. Mas sinto que na posição que me encontro, não iria conseguir. Já tenho uma pessoa na minha vida.
- Entendo. Agora entendo bem o que você sente Carlos. Você não se aceita. Você nega tudo que sente.
- Não é nada disso! Não tem nada haver.
- Então, vamos fazer assim. O que você sente por mim?
- Eu amo você como amigo. Sempre esteve na minha vida me proporcionando alegria. Desde que te conheci pude sentir algum conforto de um amigo. Mas quando começamos a ter um contato mais forte, começamos a sentir prazer um com o outro. Eu gostava disso, mas senti o quanto poderia estar te machucando.
Nesse momento, começo a acariciar sua nuca. Ele estava pensativo. Comecei a olha-lo. Apreciar cada pedaço do seu corpo, até ele perceber que estava sendo observado.
- Você sabe muito bem o que desejo. Sabe o que sinto. Mas Carlos, não dá. E mais uma vez, via suas lágrimas caírem. – Foi um erro o que fizemos. Contudo, quero algo. Quero você. Ele começa nesse momento a passar a mão em minha coxa. Descia e subia. Suas lágrimas paravam, e surgia uma fonte de desejo em seus olhos. Começava aperta minha coxa com desejo.
Levantou minha camisa e já direcionava sua boca no meu peito. Nossa! Aquilo era ótimo e sabia fazer. Minha mulher nunca tinha feito isso, mas era ótimo sentir aquilo. Ele não só chupava, ele sugava que fazia me contorcer todo no sofá. Até que meu pau começou a dá sinal de vida. Sua mão desceu ate ele e começava a massagear aos poucos. Tirou atenção do meu peito e foi atacar meu pau. No momento em que ele ia tirar de dentro da cueca, ouço alguém bater na porta.
Assustei-me na hora e já não sabia o que fazer. Recolhi minha roupa e o Estevan também estava se ajeitando. Agora, era o corpo esfriar. Ainda estava com ereção. Estevan foi logo abrir a porta e me deixou lá sentado. Ele começava a conversar coisas que não ouvia e foi para o lado de fora. Fiquei lá. Esperando o próximo passo que tomaria. Pensava em tantas coisas que minha cabeça, mas queria meu amigo de volta. A porta se abria de novo e vi o mesmo rapaz de antes. Mais uma vez, minha raiva subiu.
- Por que você tá irritado? Sei que vc tá bravo com algo. Tá com ciúmes?
- Não. Mas estava sim, e encontrava-me mentindo. A raiva estava estampada na minha cara. Contudo, não conseguia assumir. Ele mais um vez, sentou ao meu lado. Sentia um olhar diferente nele.
- O que você sente por mim? De verdade. Pode me falar. Não falarei para ninguém, mas preciso saber de você.
- Eu... sinto sua falta. Podemos até parar de termos o que tínhamos, mas quero ainda você.
- Você sabe muito bem o que fez. Sabe o que sinto por você, mas isso não o suficiente o que diz. Desejo uma vida com você. Eu sonho com isso a muito tempo, assim como sonhar morar fora do país. Te falo isso a muito.
- Mas sabe que nunca poderia rolar isso. Apontava para nós nesse momento, indicando. – Quero sua amizade. Contudo, não acho certo viver como nós dois poderíamos. Acho errado.
- Se você acha tão isso, não deveria ter seguido por esse caminho até aquele dia. O vi se levantar com rosto irritado. – Eu tomei minha decisão. Agora, preciso que você sai de casa. Dessa vez, não empurrarei as coisas com a barriga. Preciso de espaço. Preciso que não me procure por uma semana. Até lá, não posso te ver. Ele abria a porta indicando que chegava a hora de eu sair. Fiz o que tinha a ser feito.
Uma semana tinha se passado. Não vi qualquer movimento no apartamento. Estava ansioso e com medo do que poderia se tornar. A semana que ele tinha me pedido tinha terminado. Estava decido de ir a casa dele naquela noite, assim que chegasse do trabalho. Fiz isso.
Batia muito naquela porta. Ninguém atendia. Chamei diversas vezes por seu nome, e nada. Estava mais nervoso do que previsto. Pensava que ele poderia tá bebendo. Vários pensamentos viam. Perturbavam-me. Fui para meu apartamento. No caminho, ligava várias vezes para o Estevan. Mas dava telefone desligado. Pronto! Estava entrando mesmo em desespero. Minha mulher me entregou uma carta assim que entrei. Fiz cara de desentendido.
- Meu amor, desculpa, mas ele me fez prometer para te entregar hoje. O motivo, não sei. Sabe que me meto na sua amizade. Assim como não gosto que se meta na minha amizade com a Isa. Essa tal amiga dele era uma mulher desde do fundamental que se conheciam.
Ela começou a caminhar para longe, a fim de me deixar a só com a carta. Era do Estevan. Fiquei com medo. Muito medo de ler. Mas abria a carta que estava colada com cola o envelope.
“Oi, Carlos.
Pode parecer estranho tá te mandando uma carta. Contudo, foi necessário.
Eu amo você. Amo muito. Com todas as minhas forças. Mas a nossa amizade começou a andar pelo caminho de ciúmes e desentendimento. Cheguei à conclusão de algo, tínhamos que cortar. Cortar o que? Nós. Nós dois tínhamos que parar com tudo.
Eu te desejava, e ainda desejo, viver uma vida contigo. Tentei muito em pensar em desiste da minha decisão e ser o que me pediu. Todavia, não consigo. Não consegui nem encostar-se a esse meu atual namorado. Só para constar, estou solteiro agora. Não estava dando certa nossa relação.
Minha decisão também envolve te deixar. Não posso ser teu amigo. Nesse tempo que te pedi de uma semana, consegui vender tudo meu. Não tenho quase nada nesse meu apartamento agora. Estou saindo hoje.
Estou entregando essa carta para sua mulher hoje, 16 de julho de 2007.
Queria que fosse entregue só hoje.
Perdoe-me. Mas preciso seguir em frente.
Estou seguindo para Capital hoje. Amanhã, pegarei avião para São Paulo ás 17h19. Depois, irie para Argentina. Começarei uma vida nova lá. Conheci uma moça que acabou se tornando minha confidente e amiga. Está me ajudando a ir. Vou ficar na casa de seus tios. Estou indo agora com ela.
Mais uma vez, perdoe-me.
Eu amo você.
Não sei se um dia deixarei de te amar, mas você guarda um pedaço meu. Não quero de volta, porém, não o jogue fora. Esse “pedaço” é do meu coração.
Prometa-me que nunca irá deixar sumir esse pedaço.
Mais uma vez, EU AMO VOCÊ. “
Que merda de carta era aquela? Como ele podia fazer isso comigo?
Não estava me entendo. Minhas pernas perdiam as forças. Começava a procurar uma parede. Minhas mãos se apoiaram na primeira parede que vi. Apoiava minha costa. Descia devagar. Lia. Relia. Lia de novo. Não acreditava.
Meu olhos “soltavam água”. Não tinha mais controle de nada. Fui rapidamente para o banheiro. Não podia chorar na frente da Bia. Mas quando chego no banheiro, assumo mentalmente o quanto amava aquele homem. Ele foi embora. E não podia fazer nada. Me sentia incapaz. Ajoelhei-me no chão. Procurava algo para abraçar. Não encontrava. Só meus braços passando pelo meu corpo. Pedindo o Estavan de volta. Chorei muito em silêncio.
Depois de passar um pouco sobre tudo que tinha acontecido, sai do banheiro. Procurei algo para comer na cozinha. Peguei uma fatia de bolo e um copo de coca cola. Caminhei para ao lado da minha esposa. Ela me perguntava sobre a carta e falava que o Estevan queria tentar outra vida e queria sair do país. Ela ficou triste coma notícia. Chorar tinha me dando fome, voltei para cozinha. Peguei mais um fatia e coloquei no pratinho. Mas enquanto isso, procurei todos os voos que chegavam naquele horário descrito na carta. Estava lá. Era verdade. Procurei a não ficar triste. Voltei para sala.
“ Avião da TAM sofre acidente em Congonhas”
Notícia de última hora. Estava preste a sentar no sofá. Via a notícia. Parei. Prestei atenção da TV.
Vi o número do voo. Vi sua Origem.
Era o voo dele. ERA O DELE. Como assim?
Na hora deixava meu bolo cair no chão. Estava em choque. Não acreditava naquilo. Minha mulher falava algo, mas não entendia. Só sentia. Sentia mais uma vez minhas lágrimas descerem pelo meu rosto. Tudo estava desabando. Perdia meu amigo, meu amante. Meu verdadeiro amor e não sabia.
Fiquei na televisão procurando notícias. Tudo indicava que era. Tudo.
Chegou o dia da lista de passageiros. Ele estava lá. Era o nome dele.
Minha mulher me acolheu. Não ficou sabendo do nosso caso, mas sabia do nosso laço de amigos.
Três meses depois, recebo a notícia que seria pai. Minha felicidade voltava aos poucos. Mais tarde, outra notícia que seria um menino. O menino nasceu no mês de fevereiro. Um dia depois do dia do meu amigo falecido. Meu filho iria ser do signo de peixes. Iria ter um nome de Estevan. Bia aceitou o nome em homenagem a meu amigo falecido.
Hoje, ele é um garoto forte, meu filho. Brinca e se diverte. Aproveita a vida como deve ser. Não me importa o futuro, quero a felicidade dele. Irei apoiar em tudo que fosse bom na relação. Especialmente se a pessoa que ele encontrasse fosse do mesmo sexo e o fizesse feliz.
“Aqui, Estevan. Te digo. Você pode tá onde for, mas ainda te amo. Desculpa não ter falado isso para você. Seu “pedaço” que deixou comigo, vive no meu filho. Olho para ele e penso em você, a fim de não me esquecer.
Obrigado por tudo, meu amigo e amor da minha vida”
FIM
É sério isso?