Tinha ouvido algo, mas acabei ignorando por causa do tesão. Contudo, abri os olhos enquanto o beijava. Meu corpo estremeceu em perceber o que era o barulho. Comecei me afastar do Leo devagar, e ele tentava entender o que estava acontecendo. Era o Gustavo. Meu corpo estremecia quando o vi segurando uma arma. Mirava na costa do Leo. Minha cabeça balançava para os lados indicando em negação. Leo começou a perceber que tinha algo errado. Virou a cabeça para trás procurando entender o que acontecia.
Ao avistar que era o Gustavo, o Leo começou a se levantar. O Gustavo foi mais rápido, pegou a arma e deu uma “coronhada” no Leo. Ainda não conseguia me mover. Acabei levando um soco na cara que me fez cair no chão e perceber que o Leo estava desmaiado. Olhei para o Gustavo e o vi mirando sua arma para mim.
Ouvi meus instintos e comecei a correr para a parte de cima da casa. O Gustavo começou atirar. Eu corria rápido em rumo a escada. Ele começou atirar e cada tiro era um degrau a frente. Não chegava a pegar em mim, mas passava muito perto. Atirou várias vezes. Quando cheguei na parte de cima, ouvi um click de balas tinham acabado. Olhei para escada e vi o Gustavo subindo com uma faca.
Fui para o quarto onde fiquei da primeira vez quando cheguei a casa. A porta não tinha chave naquele momento. Repeti na minha cabeça, “belo momento para não ter chave na porta”. Segurei a porta com minha força. Gustavo começou a empurrar a porta com força. Comecei a ceder com uns dez segundos tentando segurar. Assim que a porta abriu, corri para um canto do quarto.
Gustavo caminhava devagar segurando a faca em passos lentos. Minhas mãos tremiam perante a situação. Seu rosto estava na penumbra. Não conseguia ver. Meu coração batia muito rápido. Não sabia o que fazer, mas estava agitado. “Por que você estar fazendo isso?” Falava com uma suplica na voz. Estava com muito medo. Não tinha reação para encara-lo em nada. Tinha recebido treinamento para defesa pessoal, mas meu corpo não colaborava.
A luz começou alcançar o rosto e pude ver com clareza cada detalhe. O Gustavo estava com uma tristeza em seus olhos enquanto chorava. Não conseguia entender. “Não consigo.” Foi o que ele falou ao jogar a faca para o canto oposto ao meu. Caminhou até a cama. Sentou e apoiou suas mãos em seu rosto enquanto chorava e podia claramente ouvir.
Depois de passado uns dois minutos, levantei e comecei a caminhar rumo a faca. Peguei e joguei pela janela logo em seguida. A porta se abre a observo o Leo segurando uma pá de jardim. Direcionei o olhar indicando que não era para fazer nada. Ele olhou para o Gustavo e entendeu o recado, mas continuou segurando firme a pá.
- Preciso que fale algo que tire da minha cabeça o pensamento de quebrar tua cara.
O Leo falou com uma grosseria que podia compreender. Seus punhos estavam envolvendo a pá indicando estar preparado para qualquer coisa. Voltei para o canto do quarto, mas ficava imaginando qualquer movimento que o Gustavo pudesse realizar. Não sabia o que ainda escondia dentro da roupa.
- Fui obrigado a isso. – O vi colocar mão no bolso indicando que iria pegar algo. Leo rapidamente se preparou. Gustavo rapidamente levantou as indicando um papel que segurava em suas mãos. – Não me bate! Por favor. Vejam essa foto primeiro, por favor.
Leo olhou para mim. Balançou a cabeça indicando que deveria ir lá, enquanto ele ficaria ali, preparado. Concordei e caminhei devagar até a foto. Gustavo permanecia com a cabeça baixa a cada passo que dava para me aproximar dele. Peguei a foto da sua mão e me afastei. Observei a imagem com cautela. Era uma menina na foto. Aparentava ter uns oito anos de idade.
- Essa é minha irmã. Carrego a foto dela desde que cheguei nesse país. – A cabeça de ainda permanecia abaixada. – Os soldados de Tubarã me deixaram preso em sua sede a quinze quilômetros daqui. Logo que fui preso, eles vistoriaram minha vida. Parece que eles têm um infiltrado na área de conhecimento dentro do nosso país. Eles dão todas as informações que podem. – Conseguia observar as lágrimas escorrerem pelo seu rosto. – Eles queriam suas informações pessoais. Não dei. Mas suas características físicas, sim.
- O que te levou aqui? – Comecei a querer saber mais. – Por que me perseguia?
- Eu fui encarregado de eliminar você. – Sua cabeça levantava com olhar sério. – Essa era minha missão pela vida da minha irmã. – Olhei assustado com tentando entender. – Eles me ameaçaram mandar matar minha irmã se não fizesse isso.
- Como sabiam onde eu estava?
- Eles não sabiam. Decidiram te procurar num raio de trinta quilômetros. Te acharam aqui. E eles virão amanhã a essa casa procurando algum rastro referente a você, Fábio.
Seus olhos transmitiam a verdade enquanto falava. Ficava com medo e já não sabia o que fazer. Olhei para o Leo suplicando para me ajudar a resolver isso.
- Bom, o Gustavo não pode passar a noite aqui. Tem que parecer que você matou o Fábio. – A atenção do Leo voltou para o Gustavo. – Preciso que você vá embora, agora.
Gustavo concordou balançando a cabeça e já se retirando dali.
- O que nós iremos fazer?
Falava com desespero no peito inflando ar rapidamente. Leo me olhava calma e com determinação do que iria fazer. Seu dedo indicador se elevou ao seu lábio indicando para ficar em silêncio. Esperei o Leonardo verificar tudo na casa.
- Vamos para o carro e te explico no caminho.
O plano do Leo era eu ficar na casa da Carolina por um tempo. Ele voltaria para casa e esperaria por lá. Contudo, não teríamos contato por um tempo. Assim foi feito. No dia seguinte, ficamos sem qualquer contato do Leonardo. Estava com medo de perder aquele que me acolheu e cuidou de mim. Pensava só no pior ter acontecido. Pensamentos ruins surgiam a todo o momento.
- Fábio? – Era Carolina abrindo a porta do quarto onde me encontrava escondido. – Tudo bem com você?
- Não muito, mas estou levando. – Estava deitado na cama em meus pensamentos voltados ao Leo. – Alguma notícia do Leonardo?
- Nada ainda. – O rosto da Carolina demonstrava estar preocupada com algo. – O exercito estão na cidade procurando algo. Só não estão entrando nas casas, mas estão de olho em tudo.
Percebia que ainda me procuravam como fosse uma praga que devesse ser exterminada rapidamente. Comecei a pensar em uma solução para sair dali sem que ninguém percebesse e pudesse logo deixar tudo para trás, assim, estaria protegendo aqueles que me ajudaram.
- Não pense em querer fugir! – Olhei para ela assustado. Ela lia meus pensamentos? – Exatamente. Reconhecer olhar. Já tentei fazer isso e o olhar que tinha. Não procure abandonar tudo e deixar para trás, pois aqui você tem com quem contar.
Abaixei minha cabeça e ficava repetindo que para mim, “Tudo vai ficar bem”.
Cinco dias já tinham se passado e nada do Leonardo. Queria alguma notícia, só isso.
- Fábio? Vou precisar sair. Um amigo pediu para encontra-lo na feira da cidade. Estou indo e você não saia daqui.
Acenei com a cabeça concordando. Ela saiu as pressas como se fosse algo importante. Estava no corredor observando tudo. Voltei devagar para o quarto quando ouço alguém abrindo a porta. Olho rapidamente e vejo um homem todo coberto. Usava óculos escuros, boné e roupas compridas. Ao me ver, fechou a porta e caminhou em minha direção.
Continua ...