Por J. J.
Janeiro de 2020
Imagens que ficam na memoria, são lembranças que levaremos para sempre como uma tatuagem desenhada na alma. Às vezes, elas vêm suaves, doces, às vezes melancólicas, doloridas, tristes, expressando a distância e o vazio das ausências dos tempos em que foram vividas.
Hoje ela me veio assim, meio entristecida, saudosa, lúgubre, como um por do sol de inverno.
Ao ouvir entrar pela minha janela, vindo das teclas de algum piano, os sons da música Anos Dourados, de Chico Buarque de Holanda, eu me transportei imediatamente pra aquela madrugada chuvosa de janeiro de 1996, em Ubatuba, na casa de tia Yonáh,
Eu tinha dezessete anos recém feitos e nas férias, desde a minha infância, um dos meus passeios preferidos era na casa de tia Yonáh, para o encontro com meus primos e é claro, com as praias de São Francisco do Sul e Prainha, onde a gente expunha despretensiosamente nossos corpos ao sol e aos olhares discretos ou ostensivos e gulosos.
Naquela noite de chuva, já de madrugada, com todas as vozes caladas, o silencio da casa era cortante. Às vezes a escuridão era quebrada pela luminosidade de um relâmpago e o silencio interrompido pelo som de uma trovoada. Todos dormiam menos eu, que acordado na penumbra, ouvia o som da chuva lá fora, despreocupado e insone.
No silêncio do quarto, qualquer ruído se destacava e eu ouvi subir as escadas, um som de música e a voz inequívoca de Maria Bethânia, cantando suavemente aquele bolero. Curioso, me levantei e fui fortuito pelos corredores, e do topo da escada vi meu tio, na sala de estar, com seu uniforme de tenente da Marinha, segurando um copo de whisky e um cigarro, dançando solitário e parecia também carregar em si alguma saudade, alguma lembrança cravada na alma.
Meu tio era um marinheiro lindo, negro, de corpo escultural, barba bem feita, cabelos impecavelmente cortados, sorriso sedutor nos seus quase cinquenta e cinco anos. Vivia de porto em porto, aventureiro, mulherengo, orgulhoso de si e muito carinhoso com sua família, amoroso com a esposa e muito afetuoso com todos a sua volta. E por isso era muito amado.
Mãe conta que minha tia Yonáh, às vezes suspirava de saudades quando ele ficava no oceano por até três meses e matava o tempo tecendo toalhas, tapetes, cultivando sua horta de orgânicos e um canteiro de margaridas, enquanto esperava olhando pro mar, a passagem de um navio que pudesse lhe trazer seu homem, seu amor. Abnegada, mas orgulhosa, ela costumava dizer pra minha mãe, que outras até podiam tê-lo por momentos, mas era pra ela que ele sempre voltava.
Voltando à realidade, eu fiquei absorto, observando a cena composta por aquela música suave, aquele corpo bailando malemolente, a fumaça que saía do cigarro abandonado no cinzeiro sobre a mesa, no ambiente a meia luz. Aquele cenário de cinema holywoodiano dos anos da década de quarenta, me impressionou e eu me perdi ali por alguns segundos que pareciam horas, inebriado por tamanha expressão de beleza e sensualidade.
A voz de Bethânia parecia crescer e tomava todo o ambiente, fazendo tudo se transformar em um devaneio lindo e surreal. Cheguei a duvidar se estava acordado ou se tudo aquilo não passava de um sonho lindo.
Eu de tão envolto naquele espetáculo, não vi que meu tio me percebeu e subira as escadas, tomando-me pela mão, levando-me ao centro da sala e me fez seu par na dança. Eu a princípio desconcertado, assustado e de coração acelerado, me movimentava descompassado, mas aos poucos fui me deixando levar ao som do piano, pela melodiosa voz da cantora e bailamos juntos esquecidos da casa, do silencio da noite, dos riscos, de tudo. Ele me dominou como que por hipnose. Eu sentia seu cheiro, misturado ao cheiro do álcool e do cigarro e me perdia naqueles braços que me envolviam e esta mistura de essências e energias me extasiava me deixando à sua completa mercê.
Num descompasso da dança, num movimento brusco, nossos lábios se tocaram e ele então me beijou intensamente. O meu primeiro beijo por um homem. Aquele momento descortinou meus desejos ocultos, meus pecados mais libidinosos, meus segredos mais obscuros até então nunca desvendados e até mesmo impensados.
Um bolero, uma dança e um longo beijo, foram o princípio de tudo. Ignorando todos os riscos ele levou-me ao porão da casa e foi me tirando a roupa, me beijando todo o corpo, me fazendo conhecer a sensação mais deliciosa que se pode ter. A maior viagem, que se possa imaginar. Ele me despiu cuidadosamente, como se despe uma virgem na noite de núpcias.
Sua voz sussurrava coisas que eu não conseguia entender, mas que me arrepiavam todos os pelos do corpo.
Eu não queria querer, queria querer fugir, querer sair dali, mas o desejo de não querer nada disso era maior. Então eu me entreguei por completo. Ele, macho experiente, foi me conduzindo para cada momento de prazer. Ajoelhou-me diante de si, e, por dentro da calça pude sentir pulsar o seu pau enorme, duro e quente, vivo, pulsante. Ele abriu o zipper e então eu me dei conta do que me esperava. Era uma rola preta imensa, ligeiramente côncava, com veias e vasos em evidência, pulsando e com uma cabeça linda, rosada, como uma seta arredondada e brilhante, que me atraía como a um inseto atraído pela luz e exalava um cheiro que me seduzia a abocanhá-la como que por instinto.
Assim o fiz. Deliciei-me despudorado daquela tora imensa e rija. A medida eu mamava com força, ia sentindo o sabor do seu suco e ouvindo sua respiração ofegante, lutando para não nos denunciar com um gemido que pudesse atrair as atenções dos adormecidos.
Ele segurava minha cabeça e penetrava minha garganta com maestria e tesão. Seu gemido contido demonstrava o desejo e o gosto de fuder minha garganta. Eu quase me engasgava, meus olhos lacrimejavam e eu sentia aquela vara enorme ultrapassar a minha glote. De repente, senti minha boca se encher. Ele gozou e me encheu de toda sua porra e me manteve ali, até que eu engolisse todo seu líquido viscoso, quentinho e de sabor forte, marcante e único.
Eu relaxei e obedeci, e fui com minha língua deixando sua rola completamente limpinha sem sequer um resíduo daquela ejaculação.
Ele me ergueu, frente a si, deu-me um grande beijo e sussurrou no meu ouvido. “Esse será nosso segredo. Foi só o começo”. Fechou a calça e ficou ali de pé, me vendo sair e voltar em silêncio, incrédulo e feliz ao quarto.
Durante aquelas férias, foram várias noites em que ele como em um código, no meio da madrugada, ouvia Anos Dourados, a me esperar para me tomar em seus braços, e me dar sua essência deliciosa e viciante.
Enfim, chegou o tempo de voltar à rotina. As férias acabaram e se aproximara mais um embarque de meses do meu delicioso tio por mares os quais eu nem sei onde aportaria.
Em silêncio, meu peito se apertava. O sonho parecia estar chegando ao fim. Meu primo Thiago, chegou a dizer em uma tarde na mesa do café, que eu estava meio tristonho, sem ânimo e introspectivo. Eu não sabia, que a iminência de me separar daquele tenente, já me fazia tão triste, tão vazio. Quisera eu poder esticar os dias e as noites, bem longos pra demorarem a passar. Quisera eu que o mar secasse, e nenhum navio pudesse navegar pra levar pra longe, o homem que me fez descobrir o mais delicioso prazer carnal e o mais profundo sentido do amor. Quisera eu, poder ficar pra sempre naquelas praias, junto com minha tia e no silêncio do meu segredo, a esperar nosso homem voltar do mar.
Na minha última noite, meu coração parecia uma pedra. Eu carregava no peito o peso de uma saudade que já me invadia antes mesmo da despedida. O resto de mim parecia oco. Um vazio infinito. Naquela noite, eu não ouvi nosso código. Nossa música não tocou. Então eu percebi que o sonho havia acabado.
No dia seguinte, no entanto, durante o café, meu tio anunciou que iria a São Paulo e, portanto, me deixaria em Guarulhos, onde eu embarcaria de volta pra casa.
Meu coração disparou, senti meu sangue ferver novamente e uma alegria imediata me tomou. Meu primo Ícaro lamentou não poder nos acompanhar na viagem e minha alma em silencio agradeceu feliz pela oportunidade de eu estar só com ele nos meus últimos momentos da viagem.
Quando saímos, tia indagou, por que tão cedo se o voo só sairá às dezessete horas? Ele inteligente, argumentou que o tempo de chuva poderia provocar engarrafamento de muitas horas e que havia obras nas proximidades de Guararema, provocando trânsito lento em boa parte da rodovia. Melhor seria nos adiantar do que perder, disse ele serenamente, acariciando o rosto de titia.
Quando saímos, ele mudou o itinerário pegou a estrada de Maranduba, beira-mar e fomos parar em Ilha Bela. Eu sem entender o que estava acontecendo, tentava explicar que não poda perder o voo. Ele impávido, pediu-me que confiasse nele e me levou pra uma pousada na praia do Curral. Era um lugar paradisíaco, bucólico e completamente isolado.
Ele me sequestrou e em tom de militar, forte e imperativo decretou. Hoje você não embarca. Este lugar hoje é o nosso paraíso secreto e me beijou forte dizendo olhando-me nos olhos, que eu era a primeira e talvez a única relação dele com um homem. Pois o que nos unia, não tinha explicação, e que até então, nunca sentira nenhum tesão por homem e não via nenhum outro além de mim, que lhe despertasse tal desejo.
Minhas pernas tremeram e eu me senti complemente envolvido e capturado. Nem questionei mais sobre meu voo. Ele era o responsável por mim.
O tempo não era ensolarado, mas já não chovia como nos meus primeiros dias em Ubatuba. A beleza da ilha me encantou. Nunca vi algo tão lindo em minha vida. Que natureza exuberante, que água mais azul e de areias tão brancas. O verde nas pedras transformava aquele lugar em um quadro vivo guardado em detalhes até hoje em minha memória.
No hotel ele providenciou junto à agência, a mudança de meu voo pra o outro dia. Trocamos de roupa, caminhamos pela praia, nos beijamos entre as pedras, passeamos de escuna e mergulhamos. Eu conheci o espetáculo mais maravilhoso que os olhos humanos podem ver. Tartarugas, arraias, peixes que nem parecem peixes, corais de todas as cores. Uma beleza sem fim e sem palavras pra eu explicar.
Em um quiosque a beira-mar, saboreamos lagosta, trocamos beijos, e ele me dava todo carinho que se pode desejar de um homem. No fim da tarde, já com o sol avermelhado e caminhando pra ser engolido pelo mar, ele se afastou um pouco em uma conversa com um pescador local e logo depois, me chamou, entramos no pequeno barco e fomos levados a uma enseada completamente isolada, com uma casinha branca de portas e janelas azuis e telhas francesas, bem a beira-mar. Só se ouvia os sons da natureza: pássaros, cigarras, besouros, a água do mar batendo nas pedras, o vento nas folhas dos coqueiros e a noite caindo rápido sobre nós, me anunciou que era ali seria nosso pouso.
Já havia fogo na lareira, uma moqueca pronta em um forno de barro conservado quente no carvão, sucos e o whisky que ele tanto gostava. Então eu percebi que o local fora previamente preparado para nos receber.
Ele colocou nossa música e me chamou pra dançar. Dançamos juntinhos. Eu estava tão emocionado que não segurei uma lágrima que escorreu de meus olhos, molhando o peito peludo dele, entreaberto pelos botões da camisa.
Nem toda lagrima é de tristeza, eu respondi quando ele me perguntou por que eu estava chorando. Respondi e o beijei com força, o abracei e fiquei colado no seu corpo em silencio por algum tempo.
Eu desejei que aquele momento ficasse congelado pra sempre ou que o mundo desabasse ao nosso redor pra que a gente pudesse viver eternamente juntos naquele pedaço de paraíso, alheios a qualquer outra existência.
Ele me deitou em um enorme puff de couro cru que havia no meio da sala e ali começou a me bolinar todo corpo. Com as mãos e língua parecia querer explorar cada parte de minha geografia e a cada toque eu me sentia mais desprendido de mim e entregue a ele, como se eu não mais me pertencesse.
Ele me acariciando os cabelos, beijava meu pescoço, mordia minhas orelhas, sua mão passeava por todo meu corpo fazendo-me sentir flutuar. Ele tirou minha camiseta e ficou contemplando meu corpo liso, minha pele macia e juvenil, quase sem pelos. Suas mãos tocavam e amassavam meu tórax como se tocassem os seios de uma mulher, sua boca me mordia os mamilos, provocando uma dorzinha leve e sua língua, procurava meu umbigo.
Ele desabotoou minha bermuda, tirando-a e contemplando meu pau duro, minhas coxas e pernas. Foi passeando a língua até os dedos dos pés, me dando leves mordidas nos dedos, enquanto suas mãos passeavam até chegar na minha bunda e abrindo minhas pernas, atolou a língua no meu cuzinho virgem, o que eu não aguentei, dado um grito alto de tesão e de prazer. Ele então me dava mordidas no meu cuzinho, sugava-o com força e metia a língua, preparando-o para o que viria a seguir. Ajoelhou-se entre as minhas pernas, abriu minhas nádegas separando-as com cuidado e começou a passar a sua tora no meu buraquinho, no meu rego e batendo com ela de leve na minha bunda.
Eu apenas gemia e me contorcia sem nenhum arbítrio sobre mim. Ele então sussurrou no meu ouvido, pedindo–me calma e que confiasse nele.
Eu sem voz, apenas acenei positivamente e ele então posicionou a cabeça de sua jeba na entrada do meu buraquinho e começou forçar a entrada. Eu senti dor, mas segurava sua mão e sentia o arrombo que aquela cabeça fazia em mim, me abrindo todo por dentro. Eu gritei de dor e ele quis parar, mas eu pedi pra que ele continuasse. Ele então, delicadamente foi metendo fundo e certeiro até eu sentir que já não havia mais espaço dentro de mim e começou a fazer um vai e vem de leve, eu sentindo tudo ardendo, queimando, mas possuído de um prazer que superava tudo, comecei a ajudar rebolando naquela vara enorme e pedindo mais e mais.
Ele rosnava como um animal feroz, faminto sobre sua preza dominada e abatida, enquanto por muito tempo dava estocadas fortes e profundas no meu rabinho já arrombado pela sua jiromba e me beijava, falando safadezas deliciosas, mordia meus peitinhos, já doloridos de tanto serem chupados, amassados e mamados.
Eu de repente senti que de dentro de mim, começou a jorrar sem controle um jato de porra que se espalhou na barriga dele e ele em seguida começou a urrar, se contorcer e eu senti que ele havia depositado todo seu leite de macho dentro de mim.
Terminando, permanecemos assim, ele deitado sobre meu corpo, por um tempo, apenas acariciando de leve meus cabelos e às vezes me dando beijinhos, nos olhos, na face, na boca. Depois tomamos um banho, comemos a moqueca e fomos para o quarto cuidadosamente preparado pra nós. E ele novamente me possuiu, fincando seu mastro e fazendo de mim, definitivamente seu território.
Dormimos agarradinhos, e de manhã. Tomamos banhos nus no mar, esperando que o barco nos buscasse. E enquanto esperávamos, pude novamente sentir o prazer de sua vara me penetrando e me enchendo de prazer, ali mesmo na areia molhada da praia. Depois ele me levou a Guarulhos e eu voltei pra casa pleno, radiante e transformado.
Fomos amantes por vários anos no mais profundo sigilo e nos encontrávamos em todas as férias e outras oportunidades que conseguimos criar sem levantar alguma suspeita. Foram quase seis anos de puro prazer e muito amor, até que recebi em casa a notícia de seu falecimento. Eu soube em conversas com minha mãe que tia Yoná lhe havia confidenciado que eles tinham um pacto. Se não partissem juntos, quem fosse primeiro, viria buscar ou outro.
Dois meses depois, minha tia acordou cedo, arrumou a casa, cuidou da horta e do jardim de margaridas, fez o almoço e colocou seu melhor vestido, deu um beijo em cada um dos filhos, sentou-se na cadeira na varanda de frente pro mar, adormeceu e nunca mais acordou. E eu nunca mais voltei a Ubatuba.
Nossa! Assim vc me mata de emoção 💓
Que conto lindo..o nosso primeiro macho é inesquecível, até hoje lembro do advogado que tirou meu cabacinho tão carinhoso que nem senti muita dor
Perfeito!!! Erótico na medida certa, quente e excitante, muito romântico, provando que uma coisa não elimina a outra. E acima de tudo; Bem escrito!!! Votado!
Votado - Sem palavras ! Conto incrivelmente delicioso !
Conto incrível, muito bem escrito e impactante!
Que lindo conto!!!!