Filho do chefe [28] ~ Talvez nosso namoro tenha chegado ao fim

Onde estão as malditas aspirinas? Cheguei em casa já procurando algo para me aliviar. Desistindo das aspirinas acabei me enfiando debaixo do chuveiro. Por que eu me sinto assim? Será que o Rodrigo me perdoa?

Como eu não consegui controlar meus próprios atos? Isso... Isso nunca aconteceu comigo antes!

EU AMO O RODRIGO, mas... Mas... Mas o que está acontecendo comigo? Primeiro comecei a me tornar mais vaidoso, depois mais sociável, passei a ser mais paciente, comecei a falar o que eu sinto, aprendi a amar!

Depois de tudo isso passei a não ser mais eu mesmo? No fundo acredito mesmo que a Larissa mereceu, acredito que o Daniel mereceu! Mas... O que eu fiz com o Rodrigo? Quem... Quem sou eu? Foi o tal do amor que fez isso comigo?

(...)

Eu não conseguia dormir, simplesmente não conseguia. Ouvia o barulho dos carros lá fora. Ouvia o vento batendo em minha janela, ouvia até o tique taque do relógio que ficava na cozinha.

Eu talvez tenha de fato exagerado dando um soco no Rodrigo, mas ele tinha também sua parcela de culpa. Mas agora que eu já havia me acalmado, não totalmente, mas pelo menos já estava mais calmo, eu sabia que não podia deixar o Rodrigo passar a noite na rua, afinal, para a casa dele ele não poderia ir.

Será que... Será que... Será que ele vai passar a noite na casa daquele Daniel? Será que... Se... Se ele fizer isso eu nunca mais quero olhar na cara dele! Mas não... ele não fará isso!

Já que eu tentava dormir e não conseguia acabei ligando para ele. Peguei meu celular e disquei o número que eu já sabia de cor. Tocou uma vez e nada... Duas e nada... Depois de um tempo escutei a voz do Rodrigo.

- Di... Diego? - parecia apreensivo.

- Onde você está?

- Pra que você quer saber?

- Ah, tá bom Rodrigo, tchau.

- Esp... Espera Diego! - ele falou antes de eu desligar.

- Fala.

- Minha bochecha está ardendo cara, você viu o que você fez?

- Tá, foi mal Rodrigo, eu não me controlei, mas por que você deixou aquele infeliz te beijar?

Eu estava me alterando já. Nunca achei que fosse agir assim um dia.

- Você está bravo ainda, não quero conversar com você assim.

- Onde você está?

- Estou numa praça com meus primos e a Stella.

- Numa... Numa praça?

- É Diego! Pra onde você queria que eu fosse?

- Pra cá! Mas afinal, você que disse que não voltaria.

- Ah é, ir para sua casa para brigarmos?

- Até parece que eu sou um monstro, Rodrigo.

- Hoje você pareceu um, cara. - ele falou num tom mais baixo.

- Rodrigo, o que eu fiz, não faço de novo.

- Tá e... O que você quer que eu faça?

- Vem pra cá, tá legal?

- Estou na praça da rua do seu prédio.

- RODRIGO! Aí é perigoso, sabia? Vem pra cá agora! - falei irritado.

Ali é muito perigoso mesmo! Casais já foram sequestrados, muitas pessoas assaltadas... Não que o Rodrigo fosse bobo, mas ele não podia ir contra alguém armado.

- Ah cara... Estou indo.

- E manda os outros irem pra casa, não estou brincando, é perigoso.

- A pé?

- Ah, venham para cá então. - falei meio irritado. Queria conversar com ele, mas não deixaria os outros de madrugada na rua, naquela escuridão.

- Deixa a porta aberta. - ele disse.

- Tá. - falei e desligamos.

Eu quero conversar com ele melhor quando estivermos nos vendo, por celular é ruim. Por mais que os outros venham, acho que dá para eu e ele conversarmos.

Fui até a porta e a destranquei. Voltei para meu quarto. Deixei a luz da sala acesa para eles entrarem.

Fiquei no meu quarto, onde a luz estava apagada. Assim que eles entraram pude ouvi-los cochichando:

- Ele está dormindo? Não é melhor a gente ir embora e você fica com ele? - era Nadir.

- Não, fiquem aí. Aqui tem dois sofás. A Nadir e a Stella vão para o quarto de hóspedes, eu e o Murilo ficamos aqui. - era o Rodrigo falando.

- Você não vai nem falar com ele? - Murilo perguntou.

- Ah cara... Acho que vamos brigar e ele pode me bater e...

- Ah maninho, deixa de ser cagão, vai lá! - Stella falou.

Eu continuei sentado no escuro.

Sim, eu estava no escuro, estava tentando dormir e não conseguia, se lembram? Vestia apenas um short, pelo calor que estava fazendo.

Logo ouvi a porta se abrindo aos poucos e ouvi a voz dele me chamando.

- Você está acordado?

- Uhum. - respondi.

- Eu... Eu vou dormir ali na sala, tá bom para você?

- Rodrigo... Você pode dormir aqui se quiser. - falei suspirando. Não queria brigar com ele.

- Tem certeza?

- Se você não quer dormir comigo é só falar. - falei mais irritado e ele fechou a porta atrás dele. Logo em seguida acendeu a luz.

- Acho que temos que conversar, né?

- Temos sim. - falei e ele se sentou de frente a mim.

Eu já te perdoei pelo soco, Diego, mas eu queria falar que... Aquele beijo não foi nada além de um choque para mim...

- Rodrigo... Se... Se você se sentiu balançado por aquele beijo eu quero que você seja sincero comigo. - é do que tenho mais medo.

- Ah Diego... Foi estranho. A minha adolescência inteira eu gostei dele, mas...

- E gosta agora também, né? - terei que me conformar com isso?

- Me deixe terminar, caralho! - ele falou me olhando irritado. - Diego... Tudo que eu criei por ele foi ódio, eu queria me vingar algum dia, mas... Depois que te conheci cara... Ele nem sequer fez mais parte dos meus pensamentos.

- Rodrigo, eu não vou admitir ser enganado, então... Eu quero que tudo que acontecer, você me fale. Esse cara aí vai te perseguir e... Eu... Eu não quero que você o veja...

Pode ser ridículo da minha parte, posso querer estar mandando nele, mas eu não quero que o Rodrigo se machuque e também não quero que ele escolha alguém que não sou eu!

Nossa, isso me soou possessivo, mas... Acho que... Não aguentaria ver o Di me trocando por alguém que o fez sofrer tanto...

- E por que eu iria querer vê-lo?

- Ah Rodrigo... Eu não sei, ele... Ele se declarou pra você, isso não mexe nem um pouco com você?

- De verdade?

- De verdade. - é... É a hora da verdade.

- Mexe. - ele confessou e eu fiquei muito triste ao ouvir isso, mas já esperava. - Mas só de pensar em você, cara... Só de pensar em você, ele se torna insignificante para mim. Eu não preciso nem lembrar que ele foi um filho da puta comigo. Se ele fosse o cara mais legal do mundo eu ainda preferiria você Diego.

Não consigo explicar como isso foi um alívio.

- Ah, tudo bem Rodrigo. E eu quero te pedir desculpas pelo que fiz... Eu, eu me descontrolei, sabe? Eu...

- Fica quieto Diego. - ele falou chegando mais perto. - Todos perdem a cabeça um dia e eu sei que você não vai fazer de novo. Eu vou te abraçar agora.

Ele falou e eu dei um leve sorriso com ele avisando que me abraçaria. Abri os braços e ele me abraçou, afundando a cabeça em meu pescoço.

- Eu só tenho olhos para você, otário!

- Só os olhos? - perguntei malicioso.

Era bom senti-lo ali.

Eu já não estava mais com tanta raiva. Não depois de ouvir o que ele disse.

Só espero que tudo isso não seja da boca para fora, porque acho que nunca fui tão feliz assim.

Estou sem emprego, mas estou bem por causa dele, me sinto estranhamente feliz.

Sim, acho que sou mais um dos estúpidos apaixonados. Mas querem saber? Foda-se!

- Tudo o que você quiser, Dieguinho. - ele falou.

E só de lembrar que já não tínhamos noites tão longas há um tempo eu comecei a ficar mais animadinho. Eu me deitei na cama puxando-o para cima de mim.

- Olha que eu vou querer tudo. - falei sussurrando no ouvido dele e então passamos a nos beijar.

Foi um beijo com uma mistura de sentimentos. Eu... Eu precisava dele, entendem?

Nossas línguas estavam querendo contato, explorávamos o corpo um do outro com nossas mãos. Sentir o peso dele sobre o meu novamente me deixava bem. Meu coração doía só de pensar que podia ter perdido tudo isso. E no fim das contas a culpa é toda daquele Daniel filho da puta!

Se um dia eu encontrá-lo de novo eu juro que faço um estrago pior ainda!

- Licença gatos, eu queria que... - era o Murilo entrando no quarto. - ZGENTZI! DESULPEM MEUSAMORES! - ele falou tampando falsamente os olhos. O Rodrigo rolou para o meu lado. - Eu só queria saber onde tem um travesseiro. - ele falou meio encabulado.

Encabulado ele? Apenas fingindo estar encabulado, isso sim!

- Não sabe bater na porta? - Rodrigo perguntou com aquele jeito irritado dele de sempre.

- Ah Rodrigo, você não deu nada para eles dormirem, a culpa é sua. - falei rindo e ele me mostrou a língua.

Levantei-me com um dos travesseiros da minha cama e fui levá-lo para o Murilo. Assim que fiquei de frente a ele o rapaz não parava de olhar para baixo. Eu não estava entendendo até perceber que eu estava excitado e meu volume estava completamente marcado em meu short.

Ele logo abriu um sorriso safado e falou:

- Eita Rodriguinho, teu bofe é dotado hein! - ele falou rindo, e eu apenas me virei encabulado, voltando para a cama.

Assim que o Rodrigo entendeu o que o Murilo quis dizer começou a tacar vários travesseiros nele.

- Seu infeliz, tire os olhos da ‘pica’ do meu namorado! - Rodrigo falava.

Murilo só ria.

No fim das contas, Rodrigo também estava rindo e só eu fiquei constrangido com aquela situação.

Logo Murilo fechou a porta e nos deixou em paz.

- Ah Rodrigo, seu primo é bem assanhadinho. - falei rindo daquela situação.

- Ah, você já é gato, ainda aponta sua arma desse jeito para ele, não há quem resista! - ele falou me dando um beijo na bochecha.

- É... E você viu o que você fez? Só tem um travesseiro aqui agora. - falei.

- Ah... Nós vamos mesmo dormir? Achei que você gostaria de fazer coisas mais interessantes.

- Ah, quer levar alguns tiros então, é? - perguntei.

- Ah que coisa mais zoada! - ele falou rindo e então começamos a nos amassar novamente.

Foi um dia longo, mas no fim acabou ficando tudo bem.

Nesta noite fizemos o que há tempo não fazíamos. Tirar o atraso, como dizem.

Espero não ter constrangido os outros que dormiam em meu apartamento, porém, eu e o Rodrigo simplesmente não conseguimos nos controlarFinalmente as coisas foram se endireitando.

Os dias foram passando e eu passei na entrevista que havia falado a vocês. Logo já estaria trabalhando.

O Rodrigo tinha começado aulas de canto e de violão. Ele tentará entrar em alguma faculdade no meio do ano. Ele voltou a ser o Rodrigo de antes.

O pai dele nunca havia ligado.

Quem ficou indignado com tudo foi meu pai, né?

Disse que iria falar com o Roberto e nem quero ver no que isso pode dar! Já pensou o Sr. Martins perder a cabeça com meu velho e eles acabarem brigando?

Quem acabou ficando próximo de nós dois também foi o Murilo e até que o garoto é legal! De verdade!

Stella às vezes contava que o Sr. Roberto falava que a casa estava mais vazia e não sei o que mais... Realmente eu não entendo como ele pode ser tão teimoso assim. Realmente... Nunca fui tão agradecido pelo pai, por mais inconveniente, que tenho.

Já eu e o Rodrigo brigávamos por qualquer coisa! Mas nem acho isso ruim, pois na maioria das brigas acabávamos rindo ou nos atracando pelos cantos.

Eu não gostava quando ele deixava a toalha molhada sobre a minha cama e ele não gostava que eu deixasse a louça para lavar mais tarde.

Ele demorava muito no banho! Ele falou que eu estava roncando! Vê se tem cabimento, nunca ronquei na vida!

Comecei e perceber que estávamos praticamente casados!

O que era para durar algum tempo, foi durando mais tempo!

Quando percebi já estávamos no mês de abril! O pior de tudo é que eu não me incomodava, e respeitávamos a privacidade um do outro, saíamos de vez em quando e Daniel, Larissa e tudo de ruim que nos aconteceu acabou ficando no passado.

Acabei me acostumando a ter o Rodrigo ao meu lado, principalmente em minhas refeições!

Um dia o Murilo nos chamou para ir num bar que era mais perto do meu apartamento. Ele disse que tinha algo legal a contar e a comemorar. Nadir e Stella estariam lá.

Eu e o Rodrigo decidimos ir.

- Nossa, Diego! Parei para pensar e estou te incomodando aqui há muito tempo já, né? - ele perguntou enquanto se trocava.

Eu já estava vestido, esperando-o. Vesti uma calça jeans e uma blusa de manga comprida branca. Ele vestia uma calça bem escura e estava colocando a camisa num tom azul-marinho.

- Aham, você está me incomodando aqui há muito tempo, mas pode me incomodar o tempo que quiser.

Ele sorriu. E isso é verdade, eu já não ligo mais em tê-lo aqui, a única coisa que me incomoda é pensar nisso como um tipo de ‘casamento’.

- Agora anda logo que os três já devem estar nos esperando. - tentei mudar logo de assunto. Não queria falar sobre isso.

-Ah, já estou terminando. - ele falou se olhando no espelho.

Enrolou mais alguns minutos e já estávamos prontos indo para o carro. Ele estava meio inquieto. Acho que teremos que conversar sobre isso.

- O que foi? - perguntei assim que entramos no carro.

- Ahn? - ele se fez de desentendido.

- Você... Algo está te incomodando.

- Ah Diego, eu não quero ficar de favor na sua casa, sendo sustentado por você para sempre. - ele acabou desabafando.

- E o que pretende fazer, então? - perguntei intrigado. Será que ele tentará voltar pra casa do pai?

- O pior é que não sei, cara!

- Por mim não tem problema, e você logo entrará na faculdade, não é mesmo?

- É, acho que sim, Diego. Mas... Mesmo quando eu entrar, não trabalharei e continuarei sendo sustentado por você!

- Aonde você quer chegar, Rodrigo?

- Ah cara... Eu estava pensando em, sei lá... Eu queria uma banda de volta. - Disso eu sempre desconfiei.

Eu tenho certeza de que ele quer isso para o futuro, e eu o apoiarei com certeza!

- É, e com quem?

Perguntei, afinal, não conhecíamos pessoas que poderiam formar uma banda com ele, apenas os antigos amigos que o trocaram pelo Daniel.

- Esse é o problema. Sabe... Pelo menos para poder te ajudar com algumas coisas, porque honestamente ficar tocando em casas noturnas não rende muito, mas pelo menos não me sentiria tão mal!

Ele se sente tão ruim sendo sustentado por mim? Eu não tinha percebido! Mas fico feliz com isso, pelo menos ele não é um vagabundo acomodado como eu pensei que ele era no dia em que nos conhecemos.

- Rodrigo... Eu te entendo. Mas infelizmente não há nada que você possa fazer.

- Eu estava pensando em procurar algum emprego em algum outro lugar, sei lá...

- Você não precisa, até concordo com a ideia da banda, porque você gosta, mas se for apenas para me ‘ajudar’ eu não preciso. Nunca fui de ficar gastando muito dinheiro Rodrigo, o que estou ganhando dá muito bem para nós dois vivermos tranquilamente.

- Você já percebeu que estamos praticamente casados? - ele perguntou.

Finalmente chegou ao ponto que eu não queria chegar.

- É muito estranho pensar assim, mas acho que estamos.

- Sei lá... Estou meio confuso, Dieguinho.

- Eu também cara, eu também. - acabei falando e encerramos o assunto porque chegamos ao local.

Era um lugar bom e assim que entramos vimos quem procurávamos. O bairro era movimentado, não era como o centro, porém era um local bem frequentado.

Murilo acenava desesperadamente para nós, parecia estar alterado já! Se ele é como é sóbrio, imaginem o que um pouco de álcool não faz com ele!

- Oi maninho, oi Di! - Stella falou.

Nadir nos cumprimentou também. Elas me pareciam estranhas, porém preferi nem perguntar.

- Bofes! Os chamei aqui porque tenho uma novidade para contar! - ele falou assim que nós dois nos sentamos.

O local era um barzinho comum. Várias mesas, um balcão e um mini palco no canto. Será que teria algum show ao vivo?

- O que foi? - eu e o Rodrigo perguntamos. Stella e Nadir estavam caladas.

- Falem vocês duas! - ele falou sorridente.

- Bem é que... Eu... Eu e a Nadir... - Stella começou.

- Estamos namorando! - Nadir falou e Rodrigo arregalou os olhos.

Confesso que fiquei surpreso, mas a reação dele foi engraçada. Parecia que aqueles olhos azuis pulariam para fora de seu rosto.

- Como assim? - ele perguntou surpreso. - Vocês duas...

- Somos primas? É... É bem estranho, mas... Rolou! - Stella explicou.

Estava completamente vermelha.

- Não é isso Stella! Sei lá, vocês duas eram tão amigas que nunca imaginei que fossem se tornar algo a mais. - ele comentou menos surpreso, ficando com sua expressão facial normalizada.

- Bem... Meus parabéns a vocês duas! - falei. Realmente fiquei feliz por elas... Elas... Elas combinavam!

- E viemos comemorar isso! Agora somos dois casais e uma vela! - Nadir falou e rimos.

- Como você é sem graça! - Murilo comentou em descaso.

Ficamos jogando conversa fora e bebendo um pouco aqui e um pouco ali até que a banda foi anunciada. A música deles era bem legal! Eles às vezes tocavam alguns covers, e a maioria das músicas de outras bandas que eles tocavam eu e o Rodrigo conhecíamos.

Já devo, com certeza, ter comentado que nosso gosto musical é bem parecido.

Ficamos assistindo ao show deles por um tempo. O Murilo queria se engraçar com o baterista da banda, falando que ele era muito ‘lindinho’ e tinha que ser dele.

Eu fiquei morrendo de vergonha quando o Murilo ficou lançado olhares bem vulgares para o cara que apenas ria do palco. Como ele consegue ser tão descarado?

Assim que a apresentação deles terminou, o Murilo foi para cima dos integrantes da banda. Com certeza ele se engraçaria com eles! O pior que podia acontecer é um deles, ou todos, serem homofóbicos e quererem bater no ‘purpurinado’. Mas não sei se ele dá esse azar.

- Olha, eu realmente não sei como ele consegue agir assim. - falei.

Ele não tem medo? Porque... Bem... Vai que eles são mesmo homofóbicos como eu comentei!

- Ah, ele está certo! Aquele cara retribuiu aos olhares! - Nadir comentou.

- Demais! Nossa, hoje que o Murilo não volta sozinho para casa! - Stella falou.

- Nossa, vocês são observadoras mesmo. - Rodrigo falou.

Realmente, não havia percebido o interesse no olhar do baterista!

Estávamos conversando quando Murilo chegou com três integrantes da banda em nossa mesa. Ele nos apresentou, falou que tinha gostado muito do som, que eles eram muito legais e os ofereceu um lugar para trocarmos um papo.

O que ele gostara se chamava Cadu, o baterista, os outros dois se chamavam Pedro e João.

Ficamos em silêncio por um tempo, afinal a situação foi simplesmente forçada pelo Murilo.

- Vocês tocam bem! - falei para quebrar o gelo.

- Ah,valeu! - Cadu, que era o baterista, falou.

Ele tinha olhos cor de mel, cabelo bem baixo e escuro. Ele era mediano, deveria ter seus 1,73 de altura. É... Confesso que era um cara atraente.

- Pena que é o último show de vocês, né? - Murilo falou.

- Como assim? - Stella perguntou.

Nossa, Murilo mal conversou com eles e já sabia algumas coisas, esse é rápido na conversa!

- Ah, é complicado... - Pedro, o baixista, que era loiro dos olhos verdes falou.

- Ah, podem falar amigo! Aqui é todo mundo de boa, se quiserem saber não tem ninguém hétero nessa mesa! - ele falou.

Eu simplesmente não acredito que ele nos revelou assim na cara dura.

- MURILO! - Rodrigo gritou. Ele ficou totalmente vermelho, não sei se de vergonha ou de raiva.

- Relaxa bee! Eles têm os pezinhos no arco-íris também, fica bem calmo aí! - Murilo falou antes que eu e o Rodrigo o atacássemos. Os três ficaram bem vermelhos.

- Ah... Mesmo assim, esse é um assunto que diz respeito a nós, Murilo! - falei seco.

- Ai, vocês são um cu! - Ele falou mostrando a língua infantilmente.

- Mas ‘eae’ gente, por que a banda vai acabar? - Rodrigo perguntou interessado. Temos que criar um clima bom depois do constrangimento, né?

- Então... - João que tinha a pele morena, olhos escuros e cabelo raspado começou a falar. - Esses dias eu e o Pedro nos assumimos para alguns amigos, né? Bem... Somos namorados! Só o Cadu sabia de nós dois, do nosso namoro. Daí o Luís, vocalista, falou que não ficaria numa banda que só tinha ‘viadinho’, afinal o Cadu já era assumido. Foi uma confusão. Mas o show aqui já estava marcado, então viemos tocar para ganhar uma grana.

Nós até tentaríamos conversar com o Luís, mas ele deu uma música que fizemos para nosso EP para outra banda! E cara... Era a melhor música que já tínhamos feito! E esse EP nós mostraríamos no fim do mês para uma gravadora, estava tudo certinho já, mas fiquei sabendo que alguns dias antes a gravadora teria reunião com essa banda e... Ah cara, perdemos a chance da nossa vida por causa desse cuzão! Ele substituiu o lugar do vocalista da outra banda e nem saiu perdendo!

- Nossa, esse cara foi um filho da puta então! - falei.

- Nossa, eu quebrava a cara dele! - Nadir falou. Essa aí gosta de brigar!

- E agora sem vocalista nossa banda terá um fim, né? - Cadu suspirou desanimado.

- Então meninos, eu os chamei aqui na mesa justamente por isso! - Murilo falou exibindo um sorriso maroto. - O Rodrigo, esse de cabelos lisos e olhos azuis, já foi vocalista de uma banda!

Boa tacada!

- Mu...Murilo! - Rodrigo comentou envergonhado.

- Ah, meu irmãozinho canta muito bem! - Stella comentou.

- Sério? Canta algo aí pra gente! - Cadu falou animado.

- Agora? - Rodrigo perguntou meio encabulado.

- Calma gente, esperem meu primo beber mais um pouco, agora contem a parte ‘bafônica’ da história! - Murilo falou.

- Como assim? - todos perguntamos ao mesmo tempo. Tinha mais coisa?

- É... Como assim? - Cadu perguntou, pois parecia não saber o que era também.

- Ah, deixem que eu fale... A banda que roubou a música, primo, é a banda que você fazia parte! E ao que eu entendo parece que tal do Daniel foi expulso para o Luís entrar no lugar! - Murilo contou.

Stella, a mais surpresa, ficou de boca aberta. A expressão dela estava cômica, mas não vou negar que nem eu fiquei impressionado ao constatar mais uma vez em como esse mundo é pequeno.

- Então vocês conhecem os caras da banda? - o baterista perguntou.

- Aham! - Rodrigo falou. - Eles foram bem filhos da puta! Mas não acho que vocês devam desistir da banda. Façam uma nova música! Uma que seja ainda melhor! Tem tempo até o fim do mês! Eles quebrariam a cara!

- E o vocalista? Temos que estar lá até o fim do mês! Será que você podia... Podia pelo menos nos ajudar nessa nova música? - Pedro perguntou simpático.

Essa é uma boa oportunidade para o Rodrigo voltar a ter uma banda! Esses três rapazes me pareceram ser legais.

- Mas é claro! - Rodrigo comentou animado.

Ficaram discutindo o tema da música, a letra e a melodia por bastante tempo naquele dia!

Não é que o Murilo deu uma bola dentro? Estou falando que ele é legal! E fiquei feliz pelo Rodrigo não ter esboçado nada ao terem falado do Daniel.

Isso mostra que ele já o esqueceu mesmo! Por mim o Rodrigo nunca mais o verá!

Finalmente paz em minha vida. Eu e o Rodrigo felizes, sem nada para nos atrapalhar!

(...)

Nos dias que foram passando, o Rodrigo não sabia falar de outra coisa!

Passamos a sair com os três rapazes e eu os via preparando a música, criando melodias. O Rodrigo estava de volta de vez.

Muitas vezes eu não participava dos encontros que eles faziam, afinal, eu trabalho.

O Rodrigo voltou a ser aquela criança que ele era!

Fico pensando em como nós dois somos tão diferentes e mesmo assim demos certo.

Stella que era apenas uma colega acabou se tornando uma amiga minha. Eu mudei bastante e devo isso ao Rodrigo. Eu ainda sou o Diego que sempre fui, apenas aprendi que o amor pode mudar algumas coisas dentro de nós. E olha... Confesso que sou muito mais feliz hoje em dia!

(...)

O mês foi passando até chegar ao seu final! Eu não poderia comparecer porque trabalho, não é mesmo?

Mas imaginem como eu estava ansioso! Hoje em dia têm várias bandas no mercado, várias pessoas trabalhando com música. O Rodrigo não quer se tornar uma estrela do Rock, ele apenas quer ganhar dinheiro fazendo o que gosta! Estou muito feliz por ele e estou torcendo com todas as minhas forças!

Quase passei mal de nervosismo. Fui para meu apartamento correndo. Assim que cheguei ao meu andar e abri a porta pude ver todos sorridentes comemorando o contrato que teriam.

Meu Di estava extasiado.

A música falava de amores contraditórios, e a letra era muito boa, todos ajudaram a escrever, mas o Rodrigo me garantiu que a ideia era dele, e que falava de nós dois.

Realmente, estamos cada dia mais gays!

Mas nem ligo, como já disse. O que importa é que está dando tudo certo!

Agora eu não teria mais motivos para ser infeliz, não tinha mesmo!

O Rodrigo estava dando um jeito na vida, eu estava trabalhando, estava junto do meu amor...

Eu nunca achei que pudesse sentir o que sinto hoje; não mesmo!

E eu fico feliz por naquela noite eu e o Rodrigo não termos brigado e termos nos entendido.

Fico feliz que não tenha mais nenhum Daniel para atrapalhar a nossa vida!

Não tem mais Larissa, não tem mais dúvida e nem medo de alguém descobrir. Não temos mais essas inseguranças...

Foi pensando assim que resolvi comprar um anel de compromisso. Sabe... Essa é uma coisa muito sentimental e totalmente diferente de mim. Mas estamos morando juntos e acho que fica ridículo não possuirmos nem anel de namoro, sabem?

Eu ainda não gravei nossos nomes porque tem que testar o tamanho e tudo mais.

Estou com medo dele não gostar, porque não é bem a minha cara, mas se bem que ele tem um lado romântico assumido.

O estúdio onde ele gravaria as músicas com os garotos não era um lugar muito grande, porém se localizava num prédio imenso! E ficava lá pelos últimos andares. Assim que peguei o elevador uma ânsia esquisita tomou conta de meu corpo. O elevador era bem grande e as paredes de vidro permitiam que eu visse a paisagem da grande cidade lá fora. Assim que cheguei ao andar que eu queria, me dirigi para onde ele deveria estar.

Ele não sabia que eu estava ali, afinal, saí mais cedo do meu serviço e vim visitá-lo para dar o meu ‘presente a ele’.

Assim que abri a porta da sala onde ele deveria estar me deparei com algo que me deixou completamente sem reação.

Todos os garotos da banda tocavam seus instrumentos fazendo uma algazarra divertida. Eu curtiria a cena, pois Rodrigo estava feliz. O que me deixou com vontade de explodir o prédio foi ver que Daniel também estava ali.

- Ro...Ro...Rodrigo! - Falei e ele me olhou espantado. Todos ficaram em silêncio.

- Ah, Diego! Calma cara, não é nada do que você está pensando! - ele falou sorrindo amarelo.

Do que eu estava pensando? Eu estava vendo!

- O que esse desgraçado está fazendo aí com vocês? - perguntei muito irritado.

Não sei explicar a raiva que eu estava sentindo. Só sei que dessa vez iria me controlar e não faria nada contra o Rodrigo.

-Pô cara... Relaxa aí! O Daniel veio nos ajudar a produzir a música, ele foi expulso da outra banda lá, ele é gente boa... - Cadu começou a falar, mas tudo que entrou por um ouvido meu saiu pelo outro.

Não me importa o que o Daniel é ou deixa de ser, se ele é gente boa, um músico, se ele é filho de Deus, eu não me importo! O que me importa é que ele já arruinou a vida do meu namorado e agora estava querendo-o de volta!

- Diego, senta aí e relaxa, estamos aqui apenas como colegas...

Creio que eu já estava vermelho de irritação. Eu respirava pesado. Daniel apenas me olhava assustado, o filho da puta deve estar com medo de eu fazer um estrago no rostinho dele igual ao que eu tinha feito há um tempo atrás.

- Rodrigo... Eu... - nem conseguia falar de tão irritado.

- Dieguinho... - Rodrigo veio caminhando até mim e me abraçou. Eu simplesmente não correspondi.

- Me solta Rodrigo, ME LARGA! - Gritei e ele se afastou assustado. De certa forma estava me sentindo traído.

- Diego, você não vai ter outra crise de ciúmes, né? - ele perguntou ficando assustado.

- Cri...Crise de ciúmes Rodrigo? - agora sim eu estava ficando realmente irado.

- É Diego... Ele é apenas um colega de trabalho... Não é nada a mais e você sabe!

- Sei? Eu não sei de NADA, Rodrigo. Um dia mesmo você falou : “E por quê eu iria querer vê-lo de novo?”. Por acaso você é um mentiroso, Rodrigo?

- As coisas mudam! O Daniel mudou, caralho, ele não é mais aquele filho da puta, ele só está aqui para ajudar a banda e não posso impedir que coisas passadas interrompam a minha carreira, Diego! - Estávamos os dois discutindo.

- Se é tão simples assim por que você escondeu de mim, hein?

- Porque eu sabia que você ficaria irritado desse jeito!

- Ah, então quer dizer que a cada merda que você fizer, não vai me contar porque eu vou ficar irritado? Acho que você deveria começar a não fazer nada de errado para não ter segredinhos para guardar!

- Diego, não seja ridículo. Nem estou te reconhecendo, cara! Você não era assim! - realmente eu não era assim.

- É, talvez eu esteja sendo ridículo mesmo Rodrigo. Mas quem é você para falar de ciúmes? Quem, hein? E outra, eu posso estar sendo ridículo, mas se você tivesse o mínimo de consideração por mim não ficaria perto desse carinha aí! Eu te ofereci meu apartamento porque seu pai te expulsou! Eu perdi meu emprego, mas continuei com você, você não fazia nada, mas tudo bem você ficar no meu apartamento, porque eu gosto de você e...

- Então você vai jogar tudo na minha cara agora, é?

- Eu só quero que você tenha consciência das coisas que você faz! Aposto que se fosse o inverso você estaria bravo como eu estou! O que você acha de eu ficar trabalhando com um cara que eu já amei muito e que depois de um tempo se declarou para mim? Você adoraria né? Quem sabe poderíamos até fazer um sexo a três, o que você acha? - perguntei cínico.

- Diego, eu não quero mais falar com você, não quero! Depois a gente conversa cara! Eu estou trabalhando. - falou virando as costas para mim.

- HAHAHA. Trabalhando? Não vou discutir Rodrigo. Quer saber de uma coisa? - ele virou-se.

- O QUÊ?

- Feliz quatro meses de namoro. - falei atirando os anéis nele e depois saí dali.

Não quero mais ver a cara dele por um bom tempo. A... Ac... Acho que somos muito diferentes mesmo, não é? Eu o ouvi me chamando, gritando meu nome, mas eu não vou olhar para a cara dele. Eu estou muito puto! O elevador se abriu antes mesmo de eu apertar o botão e eu entrei ali. O Murilo estava ali dentro.


CONTINUA...


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Comentários


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mxrcosjr65 Comentou em 04/06/2024

Não admito que eles ano tenham um final feliz, estamos cansados de só final tristes 🥲

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mxrcosjr65 Comentou em 04/06/2024

Não admito que eles ano tenham um final feliz, estamos cansados de só final tristes 🥲

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ksn57 Comentou em 04/06/2024

Votado ! Para quando a continuação, hen ?




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Ficha do conto

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Nome do conto:
Filho do chefe [28] ~ Talvez nosso namoro tenha chegado ao fim

Codigo do conto:
214440

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
04/06/2024

Quant.de Votos:
7

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0