Adolescentes em ação [20] ~ Transando com os gêmeos

Quando Marcos completou dezoito anos, resolveu questionar seus pais se fora realmente adotado.

- Está triste por descobrir a verdade?

- Não. Você sabe que há muito tempo eu já sabia disso tudo. Ficava triste pelo fato de não me revelarem a verdade.

- Eles disseram por que nunca lhe contaram?

- Não fizeram por mal. Eu entendi perfeitamente. Lembra-se daquele recorte de jornal que te mostrei?

- Sim.

- Então... Segundo meus pais a polícia confirmou que meus pais biológicos estavam envolvidos com tráfico de drogas e outros crimes. No início, não me contaram da adoção, pois não queriam que ninguém soubesse dela. Eu era uma criança e poderia comentar com algum coleguinha na escola, ou para professora, e a história se espalhar.

- Mas, qual o problema das pessoas saberem que você era filho adotivo?

- Nenhum, se o passado de meus pais biológicos não fosse “sombrio”. Tinham medo que parentes de meus pais biológicos, e que também fossem bandidos, pudessem aparecer para me levar.

- E está tudo bem entre vocês lá na sua casa?

- Sim. Nada mudou. Como te disse, não tinha dúvida nenhuma do amor deles por mim. E como eu praticamente já as bia de tudo, a conversa foi boa para me tirar o peso deste segredo.

- Que bom! Cara. Fico muito feliz por você estar se sentindo melhor.

- Só uma coisa que ainda me incomoda.

- O que?

- Meu irmão.

- É mesmo... No jornal que você me trouxe comentavam sobre duas crianças. E se irmão? Que houve?

- Ninguém sabe. Segundo o que meus pais me contaram, enquanto os bombeiros apagavam o incêndio e a polícia ainda não tinha noção de tratar-se de acerto de contas entre criminosos, um casal se disse amigo de meus pais biológicos e nos levou para seu barraco, para cuidar de nós dois enquanto não éramos encaminhados para um abrigo pelo conselho tutelar. Nesse meio tempo, fugiram com meu irmão e me deixaram abandonado no barraco. Tempos depois, a policia prendeu este casa, mas meu irmão nunca fora localizado. Estes bandidos iriam vendê-lo, mas não conseguiram e o abandonaram.

- Meu Deus!

- Meus pais adotivos souberam da notícia de duas crianças pelo jornal. Como não podiam ter filhos, se interessaram em adotar as duas crianças que viram na reportagem. Mas, infelizmente...

De repente teve um acesso de choro.

- Lucas, eu sei que meus pais me amam. Os considero como meus pais verdadeiros e jamais deixarei de amá-los. Mas, depois de saber disso tudo, eu sinto vontade de encontrar meu irmão. Mesmo sem não me lembrar dele, agora sinto sua falta. Sinto necessidade em saber como está. Se ele está bem. E se ele está vivo ainda...

- Não chore, Amor. – Eu nunca havia o chamado assim, mas a partir desse dia, em nossos momentos de carinho somente nos trataríamos por este apelido “Amor”.

- Eu queria muito achar meu irmão. Queria ser com ele assim como você é com o Rafa.

Marcos ainda me contara que seu irmão era mais velho que ele. Um ano mais ou menos.

- Hoje ele estaria com 19 anos, e poderíamos sair juntos, nos divertir, ser companhia um para o outro...

Senti muita pena de Marcos. Eu estava inerte diante daqueles fatos. Não havia nada que eu pudesse fazer por ele, apenas acariciá-lo e consolá-lo.

Certo dia, pensando em como ajudar Marcos a encontrar seu irmão, resolvi ligar para o Vinny para pedir ajuda para acharmos o irmão de Marcos. Nessa ocasião eu já havia contado para meu primo sobre minha homossexualidade e de meu relacionamento com Marcos, logo após eu ter contado para meus pais. Contei toda a história e pedi sua ajuda.

- Lucas, acho quase impossível de se encontrar o irmão de Marcos depois de tanto tempo e sem uma pista sequer. Pelo que você me contou eles não tinham documentos e sequer alguém sabia de seus nomes. Entretanto vou te passar um site e quem sabe...

Consultei o site que Vinny me falara. Tratava-se de um projeto da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo e da Faculdade de Medicina da USP, chamava-se Projeto Caminho de Volta. Li todas as informações do site atentamente.

“O programa atende as famílias que tiveram filhos desaparecidos e oferece ajuda psicológica e social. Também mantém um banco de DNA que colhe amostras de pais que perderam seus filhos e de crianças encontradas ou que estão em instituições sociais, para permitir o reencontro. ‘Na própria Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) a família é atendida por um psicólogo. Após a aplicação de um questionário, nós coletamos o sangue que é levado para o laboratório da USP, onde é analisado, informa a coordenadora do projeto’ ”

Expliquei para meus pais que gostaria de ajudar Marcos e falei dobre o projeto “Caminho de Volta”. Eu queria que o Marcos procurasse a DHPP para colher amostras de seu sangue para que fosse identificado seu DNA e se verificasse no banco de DNA’s de crianças encontradas algum que fosse compatível com o seu.

- Lucas, você já imaginou quanta esperança que o Marcos irá juntar em seu coração quando você contar para ele sobre esse projeto? E você já imaginou a tristeza que ele irá sentir caso não exista no banco de DNA’s nenhum correspondente ao seu?- Perguntou meu pai para mim.

Meu pai tinha razão. Eu não poderia levar notícias ao Marcos que o alegrassem e o deixassem esperançoso e depois frustrá-lo, caso seu DNA não correspondesse a nenhum do Banco do de dados do projeto Caminho de Volta. Porém uma idéia me ocorreu. Com a colaboração de meus pais, que financiaram meu plano, encomendei a um laboratório particular a identificação do DNA de Marcos, sem que ele soubesse. Para isso usei a mecha de seus cabelos que eu havia guardado como recordação.

Quando peguei o resultado, levei-o pra o banco de dados do “Caminho de Volta”.

Infelizmente, não foi encontrado nenhum DNA que coincidisse com o de Marcos.

“Ainda bem que não contei nada para o Marcos”, pensei.

Eu fiquei muito decepcionado e triste com este fato, pois brotara uma esperança em meu coração, de encontrar o irmão desaparecido de Marcos. E imaginei o quanto ele não ficaria decepcionado e triste, se soubesse do meu plano e tivesse se enchido de esperanças.

Logo que fez dezoito anos, Marcos providenciou sua carteira de habilitação. Seus pais permitiam que pegassem o carro e passamos a sair muito. Passamos a freqüentar bares e baladas GLS. Apesar de ser menor de idade, como todos adolescentes fazem, eu tinha uma cópia de RG, falsificada, mudando minha idade para 18 anos, assim não era barrado em locais proibidos a menores. Rafa e Rb sempre nos acompanhavam e também tinham RG’s falsos.

Uma vez ocorreu um episódio muito engraçado. Ficamos sabendo que em São Vicente havia uma barraca onde os gays se reuniam para beber, comer e conversar. Resolvemos descer a serra, num determinado domingo, para passarmos o dia na praia e conhecermos este “point” GLS. Marcos estava com um novo carro que seus pais compraram justamente para que ele pudesse usar. Era um carro modelo econômico. Segunda mão, mas estava ajeitadinho.

Seguíamos em viagem, eu, Marcos, Rafa e RB, cantando e nos divertindo muito, até que polícia rodoviária nos parou num comando de rotina. Solicitou a habilitação de Marcos e os documentos do carro. Fiquei muito assustado quando o policial questionou Marcos.

- Poderia me explicar esta Elza nos documentos do carro?

Lembrei-me que Fabinho me explicara que Elza na gíria gay significa roubo, furto, trapaça. Fiquei gelado. Muita coisa me ocorreu a cabeça naquele momento: “O carro é roubado”; “seremos presos”; “por que os pais de arcos lhe deram um carro roubado?” Nisso escuto marcos respondendo.

- Elza é antiga dona do carro, ainda não oficializamos a transferência do veículo, mas o recibo de compra e venda está aqui assinado.

O guarda nos liberou e prosseguimos a viagem. Comecei a rir mesmo. Sem parar.

- Que foi, Lucas? Ta rindo de que?

- De mim. – E continuava a rir.

- Poderia explicar o porquê? Assim também podemos rir.

- Eu pensei que o carro fosse roubado porque o guarda falou “explique esta Elza”... Mas, agora me toquei que para o guarda usar esta gíria, ele teria de ser gay...E mesmo que o guarda fosse gay não iria falar desse modo em serviço... Fui um babaca. – Eu falava e ria.

- Só você mesmo em Lucas em achar que seu namorado fosse ladrão de carros e que o policial rodoviário fosse uma travesti...

Todos nós rimos muito de minha tolice.

No LG, minha vida com a Diaba ia de mal a pior. Ela continuava a me perseguir e eu acabei me desinteressando de sua disciplina. Suas provas eram momentos de terrorismo e tensão.

- Se eu notar alguém olhando do lado, dando um risinho ou respirando mais forte, eu tomo a prova. – Dizia a “carrasca nazista” a nós, “pobres judeus no campo de concentração”.

Prá piorar, sua prova exigia apenas memorização. Tínhamos de decorar, regras gramaticais e características de escolas literárias passagens de textos literários. Não se avaliava o raciocínio de ninguém. Simplesmente verificava-se a memorização. Uma criança da quinta-série, com boa memória, faria a prova de português do terceiro ano de ensino médio, da professora Eme.

Mas, se tínhamos esta prova que só servia para nos aterrorizar, em compensação tínhamos o nosso querido professor de geografia, que aplicava provas onde só se exigia o raciocínio e a boa compreensão dos textos de sua prova. Suas provas tinham mapas, desenhos, gráficos, letras de canções e de até trechos de livros famosos. Lembro-me de um dia que ele perguntou na prova sobre latifúndio e, para ilustrar a questão, colocou um trecho de Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

A Eme quando soube, mas uma vez se irritou e disse que estava havendo interferência em sua disciplina. O que não era verdade, pois a questão apenas perguntava as características de latifúndio que apareciam no texto.

Numa das provas do Luke, de diversas páginas – ele as custeava do próprio bolso – a classe estava toda silenciosa e concentrada. De repente um aluno começa a rir de algo que lera na prova. Não demorou muito e a classe toda ria.

Luke em um dos exercícios perguntava “ O professor de geografia é : a) bonito; b) inteligente; c) gostoso; d) tudo o que pedi prá Deus; e) todas estão corretas.

Lógico que tal questão não valia nota, mas Luke fazia estas brincadeiras para aliviar um ambiente de tensão que uma prova causa e assim, ríssemos um pouco e fizéssemos a prova com mais tranqüilidade.

O projeto de Luke (A Geografia na Literatura), ao qual fizemos a doação do prêmio do festival, foi um tremendo sucesso ente os alunos.

Como eu já havia dito, meu grupo trabalhou com “O Terceiro Travesseiro”. Para que pudéssemos usar este livro, Luke solicitou e obteve autorização da Secretaria de Educação,

Quando expusemos o livro em sala de aula, ao contrário do que imaginávamos, a história despertou o interesse nos demais alunos, de minha e de outras classes.

Não demorou muito, víamos diversos exemplares deste livro nas mãos dos diversos alunos da escola. Até mesmo cópias baixadas na net e depois impressas, ou ainda xérox das mesmas estavam sendo lidas pelos alunos.

Em sala de aula contamos a história de marcos e Renato, mas não antecipamos o seu final.

Depois discutimos os preconceitos e as discriminações relacionadas aos homossexuais.

A classe toda participou.

Mas o grande debate estaria por vir. No dia da exposição para pais e demais alunos, dos diversos trabalhos relacionados aos diferentes livros que os alunos trabalharam, nosso grupo que era formado também por alunos de outras classes – Marcos e Ariadne, dentre eles – resolveu montar uma pequena peça de teatro, contando a historia do “Terceiro travesseiro”. Rodrigo e um dos internet representaram Marcos e Renato. Ariadne representou Beatriz. Foram realizadas três apresentações seguidas. O salão da escola ficou lotado. Mas, a principal atração relacionada ao nosso tema seria uma palestra/debate com o professor de história do LG, que falaria sobre como a homossexualidade foi vista ao longo dos tempos.

O professor Paulo Sérgio era um dos mais antigos do LG, estava prestes a se aposentar. Depois do Luke, era ele o mais querido pelos alunos. Tinha aproximadamente 60 anos, olhos azuis, um aspecto jovial mostrando que fora muito bonito na juventude. E até ainda era para aqueles que curtiam coroas. Era também pastor de uma das mais antigas e respeitadas igrejas evangélicas do Brasil. Não tinha idéias radicais e era muito moderno. “Sou de vanguarda”, costumava nos dizer.

Em sua palestra falou para todos os presentes que na antiguidade a homossexualidade não era vista da forma como é hoje. Que não existiam preconceitos e discriminações quanto aos relacionamentos de pessoas de mesmo sexo. Que muito pelo contrário eram visto como naturais e até sagrados. Que assim acontecia nas antigas tribos das Ilhas do pacífico Sul há mais de 10 mil anos, como depois na Grécia, Roma, Egito, na Mesopotâmia e em diversos outros lugares.

Pegou um papel dentre os muitos que estavam espalhados por sua mesa e leu um trecho para a platéia atenta.

“Na Grécia e na Roma da Antiguidade, era absolutamente normal um homem mais velho ter relações sexuais com um mais jovem. O filósofo grego Sócrates, adepto do amor homossexual, pregava que o coito anal era a melhor forma de inspiração – e o sexo heterossexual, por sua vez, servia apenas para procriar. Para a educação dos jovens atenienses, esperava-se que os adolescentes aceitassem a amizade e os laços de amor com homens mais velhos, para absorver suas virtudes e seus conhecimentos de filosofia. Após os 12 anos, desde que o garoto concordasse, transformava-se em um parceiro passivo até por volta dos 18 anos, com a aprovação de sua família. Normalmente, aos 25 tornava-se um homem – e aí se esperava que assumisse o papel ativo...”

A palestra do professor Paulo Sérgio era muito interessante e prendia a atenção de todos os presentes.

Citou personalidades homossexuais que se destacaram em diversas áreas, para demonstrar que independente de sua sexualidade o ser humano pode ser um grande artista, governante , cientista, etc. Destacou os nomes de Michelangelo e Leonardo Da Vinci, artistas renascentistas, Willian Shakespeare, maior teatrólogo de todos os tempos, Tchaikovsky, um dos maiores compositores clássicos, John Maynard Keynes, um dos maiores economistas do século XX, autor da famosa teoria que leva seu nome, Imperador Adriano, do império romano, os astros de Hollywood Rock Hudson e Montgomery Clift.

Quando o professor Paulo Sérgio terminou sua palestra foi muito aplaudido. Realmente ele agradou a todos, independente da orientação sexual de cada um, pois a palestra foi muito instrutiva.

Aberto o espaço para perguntas um pai pediu a palavra.

- Independente de tudo que o senhor nos relatou o fato é que a bíblia condena a homossexualidade e a trata como pecado. Eu não aceito os homossexuais porque não aceito o pecado. Gostaria de ouvi-lo a respeito disto.

Todos ficaram em silêncio e após terem se virado para ouvirem o pai que questionara o professor Paulo Sérgio, voltaram a se virar para ouvir como ele responderia a este questionamento.

- Eu não queria transformar este encontro num debate sobre religião por respeitar a crença de cada um dos presentes e não quere passar uma imagem de que eu não estivesse respeitando esta ou aquela religião. Entretanto, já que o senhor tocou neste assunto, eu gostaria de informá-lo que sou teólogo, historiador e pastor da igreja presbiteriana do Brasil há mais de trinta anos, desconheço na Bíblia uma parte sequer que condene a homossexualidade ou a trate como pecado. – Explicou aos presentes o professor Paulo Sérgio – Ocorre que acabam fazendo interpretações distorcidas da Bíblia e deturpam sua mensagem.

- Mas por qual razão a sua interpretação é a correta e a minha, na qual enxergo homossexualidade como pecado, errada? – rebateu o pai.

- Porque na correta interpretação da Bíblia deve se levar em conta a época em que ela foi escrita, como viviam os povos e quais seus costumes nessa época, bem como o idioma em que o texto sagrado foi redigido. Muita coisa foi deturpada na tradução e pela ignorância de fatos históricos de então, ou seja, os costumes e leis da época. - Explicou o professor Paulo Sérgio.

- Vou citar um trecho da Bíblia em que está muito clara para todos a mensagem de que a homossexualidade é pecado: Levítico 18,22: “Com um homem não te deitarás, como se fosse mulher. É uma abominação.” – Leu o pai em voz alta para que todo pudessem ouvi-lo.

- Engraçado meu senhor. Eu tinha certeza de que citaria este texto. É o texto mais usado em cartilhas de propaganda anti homossexuais, que usam da Bíblia para fundamentarem seus preconceitos. – E continuou – Se formos seguir Levítico ao pé da letra, não poderemos ter uma horta no fundo do quintal, com várias verduras diferentes, pois em Levítico 19:19 - Diz-me que não posso plantar tipos diferentes de sementes no mesmo campo. Também não poderei praticar nenhum esporte com bola feita de coro de porco, porque em Levítico 11, 7-8 - diz que ao tocar o cadáver de um porco me torna impuro. Levídico – 19:27 - também condena que se corte o cabelo, e pelo que me consta até o senhor faz isto...

Algumas pessoas da platéia riram e o professor Paulo Sérgio continuou.

- Vários trechos de Levídico estão fora de contexto, como pude demonstrar a todos vocês, mas vamos falar agora do trecho que o senhor me citou e que o senhor diz que este trecho tipifica a homossexualidade como pecado. Se lermos a citação dentro do texto todo em que ela está inserida, poderemos observar que na realidade está sendo condenada a prática de sexo homossexual nos templos como era feito no Egito.

E explicou:

“Não procedereis como se faz na terra do Egito, onde habitastes; não procedereis como se faz na terra de Canaã, para onde os conduzo”. (Levítico 18, 3) Analisando o contexto histórico, vemos que a prática homossexual no Egito e em Canaã consistia em cultos de fertilidade, envolvendo prostituição, ritual que era abominável para Deus. Todo tipo de prática sexual era utilizada nestes rituais, incluindo sexo homoerótico. Por exemplo, nestes rituais, famílias inteiras de agricultores quando desejavam uma colheita próspera, promoviam cultos de fertilidade nos templos destes outros deuses onde pais, mães, filhos... Todos estes praticavam sexo ao mesmo tempo com os prostitutos cultuais em sacrifício.

O livro de Levítico não estava proibindo formas de relacionamento homossexual, em forma de amor, mas uma condenação a esta forma de adoração a outros deuses e também a esta forma de sacrifício idólatra.

Quando o professor Paulo Sergio terminou de fazer a interpretação do livro Levítico, o pai ainda argumentou.

- Interpretação cada um tem a sua e a da minha igreja diz que homossexualidade é pecado.

- E mais pecado ainda – disse Paulo Sérgio – é usar a Bíblia como fundamento para disfarçar os preconceitos que você carrega. Esquecer-se do ensinamento maior que nos foi dado de que amassemos uns aos outros. Se esquecer que Jesus formalizou conosco uma nova aliança baseada no amor e apenas no amor, e que substitui qualquer outra regra do velho testamento que nos pudesse levar em direção contrária. Quem quiser dizer que a homossexualidade é algo errado, que o diga, afinal, em nosso país vigora a liberdade de pensamento, mas, que assumam suas posições e opiniões e não se escondam atrás da Bíblia para camuflarem seus sentimentos de intolerância.

Quando terminou, o professor Paulo Sérgio foi aplaudido em pé e o pai sai do salão irritado e dando trombadas nas cadeiras.

A região central de São Paulo, nas proximidades da Praça da República, é uma área de encontros de homossexuais, e neste local concentram-se vários bares e boates GLS.

A Avenida Vieira de Carvalho liga a Praça da República ao Largo do Arouche, e por ela centenas de gays se reúnem todas as noites, lotando os seus bares e circulando sem parar por suas calçadas. Se não bastasse tal avenida ser chamada pelos gays de Vieira do “Caralho”, logo no seu início tem uma estátua de um índio nu andando de gatinho.

- Mas este índio tá doido pra dar a bunda – Dizia o Rafa todas as vezes que passávamos por lá.

E realmente, aquele índio parecia um passivo pronto para dar a bunda. Sempre me perguntei o porquê de colocarem aquela estátua justamente num point GLS. Sei que isto se tratava de coincidência, mas, que era engraçado, era.

Devido a esta região concentrar muitos gays, a prostituição masculina também era muito intensa. Vários rapazes, todas as noites fazem ponto nesta região.

Na rua do Arouche, de madrugada, muitos exibem seus membros ao motoristas que passam por ali bem devagar para, muitas das vezes, apenas observarem os rapazes. Não param para conversar com os michês com medo de serem assaltados, pois na verdade, existem muitos bandidos disfarçados de garotos de programas, prontos para atacarem uma vítima cega de tesão. A situação lembra muito um passeio ao Simba Safári.

“Não abram os vidros dos carros, não alimentem os animais, não coloquem as mãos para fora do carro” – Eram instruções básicas deste parque zoológico de São Paulo.

Na Rua do Arouche, paralela à Vieira de Carvalho, e imediações, ficam até amanhecer do dia vários garotos de programa em busca de clientes. Morenos, negros, mulatos, loiros. Tem garoto para todo tipo de gosto. Uns nem tão garotos, que poderiam ser chamados de tios de programas. Alguns meninos bem arrumados e bonitos. Outros feinhos e mal vestidos, que não deveriam cobrar para sair, mas, talvez pagarem.

Os garotos mais bonitos, simpáticos e até mais estudados, optam por ficarem nos bares e boates ou simplesmente na lan house que fica bem na esquina da Vieira de Carvalho com o Largo do Arouche. Na lan house, entram nas salas de bate papo e no MSN para oferecerem seus serviços aos “clientes”.

Alan era um desses garotos que preferiam não ficar na rua. Achava perigoso. Na rua, passava frio, tomava chuva, corria o risco de arrumar brigas com outros garotos que se julgavam donos do ponto. Assim optava em ficar na lan house, mesmo tendo um custo maior.

Não conheci Alan como garoto de programa. Soube de sua história mais detalhadamente quando ele já não estava mais nesta atividade profissional.

- Cara – disse Alan para um colega seu, garoto de programa, sentado no computador ao lado – Tem um cliente aqui querendo algo que eu não encaro. Quer que eu passe ele prá você?

- Que ele quer? – Indagou Fábio.

- Não gosto nem de falar... Ele quer alguém que cague na boca dele.

- Ele paga?

- Paga, e paga bem...

- Passa o meu MSN prá ele. Pagando eu topo tudo.

Não era raro aparecer clientes com gostos estranhos para serem realizados pelos michês a troco de paga, mas Alan não costumava aceitar qualquer tipo de proposta, mesmo que pagassem muito.

- Alan, você não pode ficar recusando clientes cara. Qualquer dia te faltará dinheiro para pensão e a Dona Janete te colocará para fora.

Existem várias pensões no centro de São Paulo que têm como principal clientela os garotos de programa. Lá eles dormem e comem, mas, o pagamento é no máximo semanal e feito adiantado. Quem não paga está na rua. “Dona” Janete era uma ex prostituta que após se aposentar abriu uma destas pensões.

- Fábio. Não adianta eu apenas querer... Eu não consigo fazer nada “estranho”.

Não eram poucas as vezes que haviam pedido para que Alan fizesse coisas estranhas. É sabido que a mente humana envolve muitos mistérios. Muitas atitudes do homem a ciência até hoje não conseguiu explicar e isso não é diferente quando o assunto são os gostos sexuais.

Alan conheceu pedófilos – o gosto sexual mais estranho e repudiado pela sociedade - mas também conheceu pessoas com outros gostos que fugiam do que costumamos chamar de normal. Praticantes de zoofilia (transar com animais); de urofilia, pessoas que desejam a urina do parceiro em cima de si ou que até a bebem; necrófilos, aqueles que gostam de transar com cadáveres; outros clientes pagavam apenas que ele se masturbasse enquanto eles o observavam; existiam aqueles que o observavam enquanto Alan penetrava a esposa do cliente ou o namorado ou namorada deste; apareciam também clientes que pediam para serem surrados e humilhados e até muitos outros que o pagavam apenas para bater papo e fazer companhia.

Alan jamais entendeu tudo isso e também não se preocupava mais em entender. Depois de alguns anos de vida como garoto de programas, iniciada logo que completou catorze anos quando fugiu de casa, após anos sofrendo abuso sexual e sendo vítima de maus tratos por seus pais, ele somente catalogava em sua mente tudo que via, sem questionar nada.

Pegando carona em caminhões, e pagando os caminhoneiros com boquetes e outros servicinhos sexuais para que estes lhe fornecessem também comida, além do transporte, chegou a capital paulista vindo do interior do estado de São Paulo, quase no Mato Grosso do Sul, município de Presidente Prudente.

Já estava em Sampa há aproximadamente 6 anos.

Alan fugia dos clientes que poderiam lhe trazer problemas com a justiça. Repudiava os pedófilos, até bem porque durante anos fora vítima de um – seu pai – e evitava os que gostavam de serem surrados, pois tinha medo que algum dia pudesse ocorrer um acidente qualquer e um deles sair machucado; também nunca quis participar de necrofilia com cadáveres roubados do cemitério da Vila Formoza, o maior da América Latina, ou, desviados do IML, por funcionários corruptos que vendiam corpos de moradores de rua não procurados por parentes. Necrofilia é crime, mas além do mais, Alan achava isso muito nojento.

Por nojo também recusava os que gostavam de xixi e coco.

Uma vez apenas, por precisar de muita grana, pegou um cãozinho que andava no largo do Arouche e levou para um cliente chupar o pênis do animal. Ganhou quase 200 reais nesse dia, mas jurou nunca mais fazer algo semelhante.

Como Alan era bonito, muito bonito, podia se dar ao luxo de recusar alguns clientes, pois era muito assediado. Como costumava tratar muito bem estes clientes, vários voltavam a contratá-lo. Assim ele tinha uma lista de clientes fixos que lhe dava uma certa tranqüilidade que os outros garotos não tinham.

Ficou contente quando um contato lhe chamou ao MSN, “Super Gêmeos”.

- Oi

- Oi. Com quem eu to teclando... Com o Victor ou com o Hugo? – Perguntou Alan no MSN.

- Com o Victor, mas o Hugo está aqui ao meu lado. Vou abrir a cam.

Victor e Hugo eram dois irmãos gêmeos , filhos de um senador de algum estado da região norte do Brasil. Viviam em São Paulo , pois estudavam na USP.

Moravam em um apartamento muito confortável, mantido pelo pai deles, próximo a Avenida Paulista. Não precisavam trabalhar e quando não estavam estudando, ocupavam o tempo ocioso com diversão e sexo. Muito sexo. Alan já estivera com os dois pelo menos três vezes

- Está nos vendo?

- Sim... Já estão pelados é? Rsrsrsrsr

- Está faltando apenas você aqui – Falou Victor ao MSM – Ta livre ai?

- Sim. O mesmo preço? – Perguntou Alan.

- Não. Vamos pagar um pouco mais. Mas você passará a noite aqui.

Alan concordou de pronto. Transar com os gêmeos não era somente um trabalho. Com eles conseguia sentir prazer. Tinha muito tesão pelos dois. Eram bonitos, vinte anos de idade, altos, loiros, olhos azuis, praticavam academia e eram bem safados. Quando terminavam a transa, eles o tratavam bem, coisa rara entre os clientes que, na maioria das vezes, costumam entregar o dinheiro assim que gozam e só faltavam lhe empurrar para ir embora logo depressa.

Muitos não assumidos se arrependem logo após a hora do gozo e se culpam e penitenciam, e descontam a raiva que sentem de si próprio hostilizando o garoto de programa que contrataram. Muitos não assumidos fazem isso não só com os garotos de programa. Após transarem com um parceiro, o bloqueiam do MSN, não atendem ao telefone e sequer o cumprimentam quando o encontram. Insegurança pura.

Os gêmeos, depois da transa o chamavam para lanchar, assistiam filmes juntos e sempre lhes dava uma caixinha. Eram quase amigos.

Alan só não gostava de uma coisa quando estava com os dois. Eles gostavam de fumar uma maconha e sempre faziam isso. Alan não fumava maconha ou usava qualquer tipo de droga, algo raro entre os garotos de programa.

Após ser anunciado pelo porteiro, chegou à porta do apto dos gêmeos e apertou a campainha. Ninguém atendeu, mas notou a porta entre aberta. Escutou alguém falar “entre Alan e tranque a porta”. Assim o fez.

Foi em direção ao quarto de onde ouvirá vozes, e ao adentrar a ele viu os dois gêmeos nus, encostados a cabeceira da cama, vendo um vídeo pornô e se masturbando. Os membros bem duros. Sorriram para ele e Hugo lhe perguntou:

- Por que não tirou a roupa ainda?

Alan tirou a roupa exibindo seu corpo tão bonito quanto os dos gêmeos. A diferença é que Alan era mais moreno, cabelos lisos e castanhos escuros, estava bem bronzeado e quando ficou pelado podia se ver o desenho de uma sunga em seu corpo, resultado de uns dias na praia, acompanhando um cliente, um executivo de Minas Gerais, casado, que sempre que vinha a São Paulo contratava os serviços de Alan. Ficava mais bonito ainda quando abria um sorriso no rosto, que lhe era característico.

Ao ficar nu, o pau de Alan também já ficou ereto um dos gêmeos já o arrastou para o meio da cama e o abraçou enquanto beijava sua boca ardentemente. Ajoelhados os três no centro da cama de casal, o outro irmão abraçou Alan por trás e começou a acariciá-lo e beijá-lo a nuca e a passar a língua em sua orelha. Alan se revezava, ora beijando um, ora beijando outro.

Hugo empurra Alan para deitar-se na cama. Assim que suas costas se encostam ao colchão, os gêmeos começam a lamber seus mamilos, suas axilas, seu pescoço, orelha, peitos. Enquanto um ataca com a boca uma região de seu corpo, outro ataca a outra. Alan se contorce de prazer, até que um eles começa a lamber seu saco. O outro ao ver isto, também desce a boca na mesma direção. Agora ambos lambem todo o saco de Alan e suas bola. Lambem sua virilha e passam a língua em seu pau sem chupá-lo. Alan só geme e contorce-se de prazer. De repente um dos gêmeos abocanha seu pau. Engole-o inteirinho e começa um vai e vem, sem deixar de passar a língua na cabeça do pau de Alan. O outro gêmeo agora sobe e beija Alan, que passa a acariciar a bunda deste. O gêmeo que beija Alan deixa de beijá-lo, levanta-se e coloca o pau bem próximo do rosto de Alan. Alan tenta chupá-lo, mas o gêmeo se afasta. Alan tenta d novo, mas o gêmeo se afasta, num joguinho de gato e rato para deixar Alan com mais tesão ainda. Alan não agüentando mais puxa o corpo de gêmeo para junto de si engole aquele membro branquinho de cabeça rosada. Algo em torno de 18 cm. Enquanto é chupado por um irmão ele se delicia com o pau do outro. Depois os gêmeos trocam de posição, agora o que chupava Alan está sendo chupado por ele, e o que estava sendo chupado saboreia o pau de Alan.

O Gêmeo que chupa Alan, larga um pouco sua pica e vai até a uma cômoda onde pega um cartela de camisinhas e a traz para a cama. Tira uma da embalagem, coloca-a no pênis de Alan e passa um pouco de Gel. Alan entende o que deve fazer, pois este geme se coloca de quatro. Alan ajeita o pau na direção do cuzinho que lhe aparece a frente e começa a introduzi-lo. O gêmeo que esta sendo penetrado dá um sorriso e zomba de Alan, perguntando se ele está muito fraco e é só aquilo que ele sabe fazer, e pede para que ele meta com força. Alan atende seu cliente e finca sua pica com toda a força e o gêmeo da um grito.

- Quer que eu pare? Ta doendo? – Pergunta Alan.

- Não. Meta com força.

Alan começa a bombar e enquanto isso o outro gêmeo veste uma camisinha e a lambuza de gel. Passa um pouco de gel nos dedos da mão direita e esfrega no cu de Alan. Ele da uma gemidinha, pois este gêmeo empurra o dedo médio dentro de seu rabo e o engraxa com gel. Enquanto Alan bomba freneticamente seu pau dentro da bunda de um dos irmãos, ou outro, se coloca de joelhos atrás dele e o abraça segurando as ponta de seus mamilos em quanto o beija.

- Agora, Alan, vou enfiar bem gostoso em seu cuzinho.

Alan já sente a pica dura do gêmeo que o abraça batendo em sua bunda. Ele a encaixa entre sua nádegas e encosta a cabeça do pinto na portinha de Alan, Dá um beijo nas costas de Alan e finca num só golpe sua vara nor abo de Alan que dá um urro.. O gêmeo beija suas costas e pede para ele relaxar. A fincada doeu e Alan até parou de bombar na bunda do gêmeo que penetrava. Mas logo se acostuma com aquele pau na sua bunda e começa a sentir prazer. Enquanto fode o rabo de um dos gêmeos o outro lehe fode, com muita força. Alan por sua vez passa fincar cada vez mais forte na bunda que esta comendo. O gêmeo passivo, além de gemer, ainda grita com Alan e manda ele meter com mais força.

Ele faz isto e o outro irmão também lhe finca com ais força também. Os três estão gemendo muito alto e suando muito. Os movimentos são mais forte e mais rápidos. O gêmeo que comia Alan avisa que vai gozar, retira a pica de seu cu, tira a camisinha e manda vários jatos de porra quente que escorrem das costas pelas nádegas de Alan. Enquanto ele sente aquela porra que o meleca, o irmão que o comia lhe abraça e o beija estimulando-o a foder o irmão.

- Vai Alan, fode ele. Faz ele gozar.

O irmão que está dando dá um gemido e goza. Após ele gozar, Alan desentroduz seu pau, retira a camisinha e vira o gêmeo que fodeu de barriga pra cima, ajoelha-se se encaixando entre suas pernas, dá umas três punhetadas e solta um gemido bem alto, ao mesmo tempo em que goza na barriga de Vitor, ou Hugo, nem sabe dizer quem comeu ou para quem deu.

Passaram a noite toda em orgia. Excitou-se muito quando viu os dois irmãos metendo um no outro. Por Alan, para ver os dois metendo entre si, nem cobraria, pois aquilo lhe dava muito tesão.

Depois quando estavam saciados, tomaram banho lancharam e papearam até o amanhecer.

Alan despediu-se com uma boa grana no bolso, pegou o metro e voltou para o Arouche onde se encontraria com Fábio para voltarem a pensão e dormirem.

Fábio o estava esperando na banca de jornal na calçada do restaurante “O gato que ri”.

- E ai Fabião!! Fez o serviço lá?

- Fiz. Confesso prá você que foi algo terrível. Tive raiva do cara. Senti nojo até de mim. Mas, como não sou tão “gatinho” como você, não poso me dar ao luxo de rejeitar clientes.

- A noite também foi boa para mim. Vamos até a padaria comer alguma coisa antes de dormir. O café da dona Janete é ruim demais. Vamos lá eu pago.

- Não Alan. Vamos embora. Só estou aqui te esperando. Quero rapar da área depressa. _ Disse Fábio nervoso.

- Fábio, que você tem? Você nunca rejeitou nada de graça...Você ta muito nervoso...Que você aprontou?

Nem bem Alan terminara de fazer esta pergunta, dois camburões da polícia civil encostam, os policiais armados descem da viatura e começam a gritar para ambos, todos ao mesmo tempo.

- Mão na cabeça. A casa caiu.

Fábio havia participado de um assalto à casa de um cliente, acompanhado de um outro garoto de programa que conhecia. Aplicaram o “boa noite cinderela”, golpe em que colocam sedativos na bebida da vítima e quando ela adormece limpam seu apartamento de tudo que podem carregar. Fábio, apesar de metido a malandro era um bobão. Além de terem colocado um remédio na bebida que não fez a vítima dormir por tempo suficiente até que pudessem fugir, não se deram conta que foram filmados pelas câmeras do elevador do edifício que ficavam escondidas atrás de espelhos. A vítima que era gay assumido, logo acordou e não hesitou em procurar a polícia, que pegou as gravações das câmeras de segurança e se dirigiu onde ele abordara os michês bandidos, bem ali no largo do Arouche.

Alan foi levado a delegacia, a vítima o isentou de culpa e Fábio confessou o crime e entregou o comparsa.

Quando Alan estava indo embora da delegacia, já quase meio-dia, um policial com colete da civil que cruzara com ele na porta deste edifício o abordou.

- Eu te conheço cara. Não está me reconhecendo.

- Não senhor. – Disse com respeito ao jovem policial, como aprendera a fazer durante o longo tempo de vivência nas madrugadas – Eu estou aqui por engano, tenho ficha limpa e já fui liberado pelo delegado.

- Não está me conhecendo, Marcos? Sou eu Vinny o primo de Lucas

- Não me chamo Marcos.

Vinny passa a conversar com o rapaz que agora se encontra meio assustado. Tira o celular do bolso e liga para mim.

- Lucas, aqui é o Vinny. Ainda tem aquele exame de DNA?


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Comentários


foto perfil usuario renner1960

renner1960 Comentou em 12/06/2024

Muito excitante.




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Ficha do conto

Foto Perfil contosdelukas
contosdelukas

Nome do conto:
Adolescentes em ação [20] ~ Transando com os gêmeos

Codigo do conto:
214787

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
12/06/2024

Quant.de Votos:
4

Quant.de Fotos:
0