Entretanto, a maioria das religiões discorda da existência do DESTINO, e que nossas vidas são o resultado de nossas atitudes, em que para cada ação existirá uma reação, e que para cada causa sempre existirá um efeito.
A esse nosso poder de escolher os rumos de nossas vidas é dado o nome de livre arbítrio, e este, seria uma concessão de Deus aos homens.
Pessoas providas de certa espiritualidade costumam explicar fatos que chamamos de coincidência como sendo na realidade fatos que tiveram a intervenção de uma força superior que rege o universo, Deus. Que nada acontece no mundo se não for pela vontade de Deus.
Entretanto, a maioria das religiões discorda da existência do DESTINO, e que nossas vidas são o resultado de nossas atitudes, em que para cada ação existirá uma reação, e que para cada causa sempre existirá um efeito.
A esse nosso poder de escolher os rumos de nossas vidas é dado o nome de livre arbítrio, e este, seria uma concessão de Deus aos homens.
Como podemos explicar então a ocorrência de fatos tão difíceis de realizarem sem recorrermos à explicação da “mão de Deus”?
Li um artigo em que um matemático americano diz que só nos surpreendemos com a ocorrência de determinados fatos porque somos ignorantes no estudo da probabilidade, ramo da matemática. Que mesmo um fato como e de uma pessoa ganhar duas vezes sozinha o prêmio da mega sena, num intervalo de quatro meses, pelas leis da probabilidade, não se torna tão difícil como imagina a mente humana.
Também encontrei em um site um fato muito curioso que transcreverei a seguir.
Depoimento de Eillen Bithell, de Portsmouth, citada no livro “O impossível acontece”, organizado por Peter Brookesmith:
“Durante mais de vinte anos, houve um cartaz emoldurado onde se lia FECHADO ÀS QUARTAS-FEIRAS pendurado na vitrine da mercearia dos meus pais. Alguns dias antes do casamento do meu irmão o aviso foi retirado para ser modificado. Quando o retiramos da moldura descobrimos, surpresos, que fora pintado no verso de uma fotografia. A surpresa foi ainda maior: a foto mostrava a noiva de meu irmão quando menina, nos braços do seu pai.
Ninguém sabe como a fotografia veio a ser utilizada como aviso na loja, pois nenhuma das pessoas era conhecida da minha família na época em que foi colocado. E agora, vinte anos depois, as famílias iam se unir pelo casamento.”
Eu há algum tempo já me convenci de que para alguns fatos não devemos nos preocupar em explicá-los de forma racional e ou científica. Devemos apenas aceitá-los.
Alan contou a Vinny sua história, ou o que sabia dela.
Que fora encontrado por um casal que o adotou. Este casal sempre o maltratou e seu pai adotivo o abusou sexualmente até a idade de 14 anos, quando fugiu de casa.
Os pais adotivos de Alan jamais registraram o seu desaparecimento.
Alan não se chamava Alan. Este era seu nome de profissão, como fazem todos os garotos de programa e prostitutas, para não deixarem pistas, aos clientes, sobre suas vidas. Principalmente quando estão mal intencionados.
Em sua certidão de nascimento fora registrado pelos pais adotivos com o nome de Matheus e estava prestes a completar 20 anos.
Fui com meus pais ao encontro de Vinny no DHPP. Lá Alan, já havia feito a retirada de sangue para que seu DNA fosse examinado, como se costuma fazer com todos os reencontrados pelo projeto “Caminho de Volta”.
O exame do DNA de Alan indicou que a probabilidade dele ser o irmão de Marcos era de 99,999%.
Contamos para Matheus a história de Marcos.
Ele ficou muito feliz com a possibilidade, já comprovada matematicamente de ter um irmão, pois na verdade, nunca tivera uma família que o amasse. Seu irmão seria sua família.
Matheus chorava de alegria e ao mesmo tempo de preocupação.
- E se ele não me aceitar, Lucas?
Dei uma grande risada e respondi.
- Isto é a última coisa que você precisa se preocupar, pois, o que Marcos mais quis nestes últimos tempos foi ter um irmão.
Um dos momentos de maior emoção em minha vida foi ver o reencontro dos dois irmãos.
Matheus e Marcos se pareciam muito, ao ponto de serem confundidos quando vistos separadamente. Entretanto, colocados lado a lado podíamos notar que eram que eram bem diferentes, mas que o sorriso que ambos costumavam ostentar em seus rostos era idêntico.
Uma outra curiosidade que vi neste fato, é que uma das mais conhecidas citações da Bíblia é “pede e te darei”, “buscai e encontrará”.
Marcos pediu a Deus e buscava um dia encontrar seu irmão, conforme manda a Bíblia, justamente no evangelho escrito por aquele apóstolo que tinha o mesmo nome que seu irmão, MATHEUS.
Matheus não foi morar com a família de Marcos. Porque não quis. Foi morar numa pensão, bem próxima da casa de Marcos.
Voltou a estudar, parara na oitava série do ensino fundamental, e “seu’ Luís, pai de Marcos, arrumou para ele um emprego na mesma empresa em que trabalhava.
Durante um bom tempo se curtiram como irmãos.
Marcos até me esqueceu um pouco e fiquei enciumado, mas compreendi perfeitamente.
Matheus passou a sair de balada comigo e com o Marcos. Lógico que também nos acompanhavam o Rafa e o RB.
Em pouco tempo se entrosou com todos nós.
- Matheus, diz uma coisa ai...
- Manda Rafinha.
- Você saia com homens apenas pela grana ou você curti o lance também, assim como nós?
- Eu saia com caras por dinheiro, mas só fiz isso porque eu curto homens. Assim como o Marcos, eu também sou gay.
- Acho que é genético – Brincou Marcos.
- Mas, Matheus, e quando aparecia para você caras feios e maduros... Bastava pagar que você ia de boa?
- RB, na realidade, por eu ser “bonitinho”, desculpe a falta de modéstia - todos rimos – eu podia escolher meus clientes, pois eles não me faltavam. Então eu unia o útil ao agradável. Saia com quem me pagava e ao mesmo tempo me dava tesão. E só para você saber, eu adoro caras maduros. Sou doido por um quarentão.
Na hora eu pensei em apresentar o Luke para o Matheus, quem sabe ele esqueceria o falecido.
- Poxa, Matheus! Você ganhava grana se divertindo... Queria ter um emprego assim – Falou Rafa.
- Por isso que chamam as prostitutas de mulher de vida fácil... – Completou RB.
- Uma coisa eu garanto a vocês. Se tem uma vida que não é fácil é a de garoto de programas. Nem sempre é possível escolhermos os nossos clientes, nem o que queremos fazer e muito menos o quanto queremos cobrar. E nem é certeza que teremos clientes todos os dias... Eu tive um pouco de sorte porque era “bonitinho”, só que bastaria mais um ano nessa vida que eu estaria acabadaço e teria que me sujeitar a qualquer tipo de programa e por qualquer dinheiro.
No LG eu tinha a impressão de que todos já sabiam de nossa homossexualidade. Eu melhor, da de nós quatro.
Ouvia zunzunzuns quando passava perto de rodinhas e risinhos irônicos.
Um dia estávamos jogando futebol, quando Rafa recebeu uma entrada maldosa de um carinha que quase o quebrou a perna.
- Que isso, Fedô – o apelido do moleque era esse, por causa do forte cheiro de suor que exalava quando transpirava – precisa apelar? - Gritou Rafa estendido no chão e segurando sua canela com as duas mãos.
- Aqui não é jogo para bichinhas. Se você, seu irmãozinho e seus namoradinhos não agüentam o tranco, vão jogar vôlei ali com as outras bichas do LG – Falou isso bem sinicamente e apontou a quadra ao lado onde realmente outros alunos gays jogavam vôlei, como sempre faziam.
- Você vai ver agora quem não agüenta o tranco. – Falou para ele RB.
Ficamos muito irritados com aquelas palavras do Fedô. Pela primeira vez estávamos sendo discriminados diretamente como homossexuais. Coisa que até então nunca havia ocorrido.
Rafa cobrou a falta que sofrera. Em vez de chutá-la para o gol ou tocá-la para qualquer um de nós que fazíamos parte de seu time, rolou-a bem devagar para Fedô, que não entendeu aquilo, mas assim que tocou na bola, fomos os quatro em cima dele e fingindo querermos roubar-lhe a bola, acertamo-lo com chutes e joelhadas em suas pernas e corpo.
Fedô era bem mais forte que qualquer um daquela quadra, e talvez por isso não hesitou em nos agredir daquele jeito.
Seus amigos tomaram suas dores e virou uma briga generalizada. Rodrigo que estava assistindo o jogo naquele dia, também entrou no bolo e partiu em nossa defesa. João, meu primo, apenas assistiu a confusão e não falou nada.
Ninguém se machucou, com exceção de um moleque tentara chutar o Rafa, mas que tropeçara no próprio cadarço e assim desequilibrou-se e bateu o nariz no poste de luz. Jorrou muito sangue e dava a impressão a quem via seu rosto ensangüentado que a briga foi sangrenta e não um empurra - empurra como acontece em toda escola.
Eme, a Diaba, quando soube do meu envolvimento e de meu irmão e amigos naquela confusão, nos tachou como elementos de gangues e facções e solicitou que o Conselho de Escola nos expulsasse.
Os alunos da escola fizeram abaixo-assinado para a direção pedindo punição mais branda, suspensão, a todos os envolvidos na briga, mas o diretor o rasgou.
Até mesmo o outro grupo que se envolveu na agressão defendendo Fedô, esclareceu tratar-se de um mal entendido e que não havia rivalidade alguma. Que não se tratava de gangues e apenas um mal entendido entre alunos.
Luke mesmo não sendo do Conselho de Escola, foi assistir a esta reunião, que acabou culminando com a expulsão de todos que brigaram naquele dia.
Depois orientou nossos pais sobre todos os nossos direitos que não foram respeitados.
- Primeiro que essa briga não é motivo de expulsão. Os meninos sempre tiveram uma boa conduta e reagiram a uma agressão. Erraram sim, mas isso não justifica expulsão da escola. Escola foi feita para educar o aluno e não mandá-lo embora quando julga que ele é “mal educado”. Seria a mesma coisa de um hospital não querer receber pacientes doentes e aceitar apenas quem está sadio. Segundo, que não foi dado direito a defesa como manda a lei. E o que foi feito, foi um julgamento em que já se estava combinado o “veredicto”, a expulsão dos alunos.
Nossos pais formalizaram uma petição ao poder judiciário e aos órgãos administrativos pedindo o nosso reingresso ao LG. Também denunciaram o fato à imprensa.
A Secretaria da Educação acatou as petições e anulou as expulsões.
Eme, que também era advogada, ficou desmoralizada diante dos alunos, pois anunciara aos quatro cantos da escola que as “gangues” seriam expulsas do LG.
Alguns alunos tiraram “onda” com a Diaba.
- Ué professora, por que a expulsão dos alunos foi anulada? A senhora não é advogada?
- Decisão superior não se discute – respondeu a Diaba ao aluno – mas, darei minha resposta a isso tudo no momento certo.
A Diaba, em conversas com puxa-sacos atribuiu a nossa volta ao Luke. E como de fato, foi graças aos seus conhecimentos e instruções que nossos pais puderam nos defender.
Eu sentia que a Diaba ainda iria armar alguma coisa contra Luke, mas eu não sabia o que.
Luke nunca falou mal da Diaba em sala de aula. Não permitia que nenhum aluno falasse mal de qualquer professor.
Suas aulas continuavam muito agradáveis e interessantes.
Um dia, falando dos países do oriente médio, lembrou que muitas leis que discriminam a mulher nestes países, no Brasil, de forma alguma teriam chance de serem aplicadas, pois nossa constituição é bem clara ao dizer que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”.
- Então professor, não pode um estabelecimento colocar um placa na frente de sua vitrine com os dizeres “precisa-se de vendedorAs”? – perguntou um aluno, frisando o gênero feminino da palavra.
- Não, Senhor Dinho, a princípio não poderia, pois estaria discriminando os homens. Entretanto, se for uma vendedora de trajes íntimos femininos, poderia fazer isto. Ou seja, a discriminação tem de ser justificada.
Em todas as suas aulas , Luke usava seus conhecimentos do Direito e de qualquer outro assunto ou ciência para relacioná-los a geografia.
Certa vez mandou um aluno falar uma letra qualquer do alfabeto. O aluno citou a letra P.
Ele distribui um tema diferente para que cada aluno expusesse um assunto, que pareceria estranho a geografia, mas que deveria ser relacionado a esta disciplina.
Eram personalidades da atualidade ou históricas, animais, doenças, produtos, plantas, etc.
- Senhores, cada exposição terá no máximo 15 minutos. Ocorrerá uma por dia. Vocês deverão pesquisar seus assuntos e relacioná-los à nossa disciplina, geografia. Deverão sempre usar o mapa, e cartazes e gráficos para ilustrarem as exposições.
Lembro-me que o aluno que expôs sobre o pugilista Popó, citou e mostrou no mapa que ele era da Bahia, que o nordeste era uma região muito pobre, citou dados econômicos e mostrou que o esporte é uma alternativa para tirar o jovem da criminalidade.
O aluno que apresentou sobre a paca, falou de seu habitat natural, localizando-o no mapa, explicou sobre cadeia alimentar e discorreu sobre diversos problemas relacionados á ecologia.
Eu apresentei um trabalho que tinha como tema o pênis. Como ninguém todos os alunos recusaram este tema, eu achei por bem não ter este preconceito com um trabalho que poderia ser bem importante e resolvi o expor.
- Classe, que bobeira da parte de vocês, quase adultos, e terem vergonha de falar sobre o pênis. Não iremos vulgarizar a aula e sim tratar o assunto de forma cientifica - Explicou Luke aos alunos.
- Professor, eu quero apresentar este trabalho.
Fui objeto de algumas piadas, mas não me intimidei.
No dia da apresentação, levei o mapa mundi, citei Israel onde a circuncisão é costume religioso; citei os locais da Amazônia onde fazendeiros fazem vasectomia nos índios para diminuir a população indígena, citeis o uso da camisinha como prevenção às doenças e à gravidez; citei que o câncer no pênis é uma das modalidades desta doença que mais tem se propagado, justamente pelo fato de existir tabu nas escolas em relação a se falar desta parte do corpo humano e que somente no Brasil, 500 pênis foram amputados no último ano por causa desta doença, que poderia ser prevenida com alguns cuidados básicos de higienização e de proteção na relação sexual; citei também que maior preocupação dos adolescentes, constatada em pesquisas feitas por especialistas, é em relação ao tamanho do próprio pênis.
- Pesquisas feitas no Brasil indicam que o tamanho médio do pênis do brasileiro é de 14 cm. Aqueles que possuem pênis maiores ou menores que 14 cm são considerados pessoas normais, mesmo não estando dentro da média.
- Eu sou uma pessoa que está acima da média - Falou Rodrigo, provocando risos na classe.
- Rodrigo, você já ouviu dizer que propaganda enganosa é crime? – Falou Luana, que provocou gargalhadas em todos os alunos.
Quando terminei, Luke fez algumas considerações.
- Classe, as leis do ensino no Brasil mandam que todos os professores trabalhem em suas disciplinas a educação sexual. Vocês podem ter se questionado do porquê que eu passei o tema pênis para ser apresentado em sala de aula. Podem ter me achado maluco. Mas agora, após a exposição do senhor Lucas Augusto, puderam ver quanta coisa não sabíamos e o quanto foi importante estudarmos este tema. E tem mais, é impossível se falar sobre educação sexual, sem mencionar ou estudar os órgãos sexuais.
CONTINUA...