- Eu acho que sim... - respondi ainda sorrindo.
Ficamos os dois parados, sorrindo feito bobos aproveitando o momento. Ele então falou:
- Não vai me convidar para entrar?
- Claro. - respondi envergonhado, lhe dando passagem. - Desculpa.
- Sem problemas. Sua mãe e sua tia estão? - eu sentia uma certa insegurança na sua voz.
- Não, foram ao salão de beleza.
- Bernardo... Eu preciso mesmo falar com você.
- Certo, vamos para o meu quarto.
Eu estava aflito vendo sua aflição, mas eu não conseguia me sentir mal. No fundo eu sabia que aquela seria uma boa conversa, pois pelo seu tom mais carinhoso pude sentir que a mágoa havia passado.
Chegamos ao meu quarto e sentamos na cama, um de frente para o outro. Nenhum de nós falava nada e começou a ficar meio constrangedor.
- Bernardo, eu vim te pedir desculpas.
- Felipe, eu...
- Não me interrompe. Deixa eu te contar tudo.
Assenti com a cabeça.
- Sabe onde eu estava nos últimos quatro dias?
- Não.
- Em Morro Velho.
Prendi minha respiração. Como assim? O que diabos ele foi fazer naquele lugar?
- Que diabos você foi fazer lá?
- Mariana me convidou. Fui dizendo para mim mesmo que lá seria o último lugar que te encontraria, ainda estava magoado.
- Pensou certo. - comentei ainda abalado pelo susto.
- Então, mas acho que lá no fundo o motivo foi outro. Eu acho que no fundo eu sempre soube que a versão da Mariana era fantasiosa demais, não combinava com você, então eu precisava verificar, descobrir a verdade, mas meu orgulho me impedia de perguntar diretamente a você.
- E o que você descobriu? - eu prestava muita atenção ao que ele me dizia, mas ainda não tinha uma opinião formada sobre aquilo.
- Eu conversei com muitas pessoas lá e aos poucos fui confirmando que toda a versão de Mariana tinha sido floreada demais. Bernardo, eu fui um idiota por acreditar nela. - ele começou a chorar e meu coração derreteu.
- Eu acho que fiquei cego por causa do ciúme que senti do Vítor! Eu te amo demais, nunca devia ter duvidado de você.
- Eu também errei não te contando... - falei em meio às lágrimas também.
- Você estava no seu direito, tudo aquilo deve te ferir demais. Não é uma coisinha qualquer que se conta a qualquer um. - ele segurou as minhas mãos. - Você pode me perdoar?
- Perdoar pelo quê?
- Por todas aquelas coisas horríveis que te disse.
- Você disse em um momento de raiva... - tentei desconversar.
- Mas mesmo assim te magoei com elas. Você me perdoa?
Ele chorava silenciosamente e me olhava com aquela imensidão azul. Nos seus olhos eu sentia toda a angústia e o medo que ele tinha de que eu não o perdoasse. Um medo infundado. Lógico que eu o perdoava. Não tinha como eu viver mais longe dele. Eu o amava!
- Eu te perdoei no instante que te vi chorando parado na porta a poucos minutos atrás.
Um sorriso imenso iluminou seu rosto. Ele se jogou em cima de mim nos derrubando no chão. Começamos a rir feito duas crianças. Ele parou sobre mim e olhando nos meus olhos disse:
- Eu te amo.
- Eu também te amo.
- Eu sei.
Ri e ele me tomou para si num beijo aflito, desesperado, cheio de saudade. Foi um dos nossos melhores beijos. Era um beijo sincero e sem culpa. Éramos apenas dois garotos amantes desfrutando um momento único em suas vidas.
Nos levantamos e deitamos na minha cama, comigo deitado sobre ele. Ficamos algum tempo trocando beijos e matando a saudade.
Nenhum de nós falava nada. Deitei minha cabeça em seu peito e ele começou a alisar meus cabelos.
- Eu conheci sua vó, sabia? - falou.
- Sério? - sorri. - E se deram bem?
- Super bem. Ela é muito simpática, me tratou muito bem e me deu muitos bons conselhos.
- Ah é? Qual por exemplo?
- Como por exemplo, deixar de ter ciúme do Zeca.
- Nossa, eu vou ter que ser eternamente grato a ela por isso.
Rimos daquilo e novamente fizemos silêncio. Ele continuava a acariciar meus cabelos.
- Conheci seu pai também.
Me levantei rapidamente e o encarei. Fazia tanto tempo que eu não tinha notícias dele. Eu não ousava perguntar sobre ele para minha mãe e meus avós sempre davam respostas vagas sobre o assunto. De todos que deixei para trás, era de quem eu sentia mais falta.
- Como ele está?
- Abatido. Tem o rosto triste, já com várias rugas e não transmite mais toda aquela força que você dizia que ele transmitia.
Eu tinha feito isso com ele. Meus olhos se encheram de lágrimas.
- Ele falou sobre mim?
Felipe olhou para teto, como se tentasse escapar das minhas perguntas.
- Felipe?
- Você não vai querer saber.
- Vou sim, por pior que seja.
- Ele... Ele me disse que para ele você está morto.
As lágrimas caíram soltas. Ele me considerava morto? Então depois de tanto tempo ele ainda não havia deixado a mágoa de lado e me aceitado? Era isso que todos se recusavam a me contar?
Me abracei fortemente ao peito de Felipe para sufocar as lágrimas.
- Me desculpe, eu não queria ter te contado. - ele tentava me consolar.
- Fez bem, fui eu quem pedi mesmo sabendo que não seria coisa boa.
Permanecemos os dois em silêncio. Cada um com seus pensamentos.
- Eu também conheci Vítor.
Eu não tive reação. Aquele nome provocava em mim uma avalanche de sentimentos e lembranças conflitantes. Me lembrava momentos alegres, momentos que considero os piores da minha vida, amor, ódio, mágoa, sorrisos, lágrimas... Permaneci abraçado ao peito de Felipe do mesmo jeito.
- Eu não quero saber dele. - falei firme.
- Tem certeza? Ele não me pareceu uma pessoa tão cruel.
- É porque você não deu tempo.
Ele não respondeu.
- Sabe, ele está magoado com você.
- Sério? E por quê? - perguntei em tom deboche.
- Segundo ele, você o abandonou lá pra lidar sozinho com tudo.
Ri de deboche.
Como ele ousava? Não fui embora de lá porque quis, fui praticamente expulso!
- Que ele me culpava por isso eu já sabia, ele deixou bem claro na nossa última conversa. Ele me chama de covarde, mas foi o primeiro a vir ao palco aquele dia me agredir. Foi o primeiro a me abandonar. Ele é o covarde, não soube lidar com os próprios sentimentos e descontou em mim.
Felipe não respondeu, apenas escutou em silêncio. Eu ainda estava deitado sobre seu peito sem olhá-lo.
- Você não tem vontade de voltar a ser amigo dele?
- Não. Para isso eu teria que esquecer tudo o que aconteceu, e eu não consigo, está além da minha capacidade.
- Bernardo...
- Sim? - me levantei e olhei nos seus olhos.
- Você ainda o ama? - eu novamente senti medo na sua voz.
- Não. Tudo o que veio depois matou o amor.
Me surpreendi comigo mesmo. Tentei ser o mais sincero possível e saiu aquilo. Talvez fosse verdade, talvez eu não amasse mais o Vítor.
Felipe abriu um sorriso de alívio e sorri para ele também. Lhe dei um selinho e deitei ao seu lado. Novamente o silêncio, mas ele logo interrompeu:
- Ai ai, o clima ficou pesado, hein? Já sei o que posso fazer para acabar com isso.
- O quê?
- Te pedir desculpas do jeito certo.
- Felipe eu já te...
- Shh! Me deixei fazer.
Não entendi muito bem o sorriso na sua face quando ele se levantou e ficou de pé em cima da cama. Pegou o controle da televisão em cima da cama e, fingindo ser um microfone, começou a cantar e dançar:
“Desculpe o auê
Eu não queria magoar você
Foi ciúme, sim
Fiz greve de fome, guerrilhas, motins
perdi a cabeça, esqueça
Desculpe o auê
Eu não queria magoar você
Foi ciúme, sim
Fiz greve de fome, guerrilhas, motins
perdi a cabeça, esqueça
Da próxima vez eu me mando
Que se dane meu jeito inseguro
Nosso amor vale tanto
Por você vou roubar os anéis de Saturno”
(Desculpe o Auê – Rita Lee)
Eu comecei a rir muito com aquilo, chegava a me faltar ar. Ele então pulou em cima de mim, segurou os meus braços e me tascou um super beijo. Quando se afastou, nós dois sorríamos. Tive então uma ideia louca:
- Por que você não dorme aqui hoje?
- Ah, não sei, acabei de chegar de viagem, não sei se minha mãe vai deixar.
- Ahh, por favor... - falei lhe mordendo levemente o lábio.
Senti seu corpo estremecer de tesão.
- O que você está planejando?
Respondi apenas com um sorriso malicioso. Aquela seria nossa grande noite.
Não foi muito difícil convencer a mãe do Felipe a deixá-lo dormir lá em casa, até porque ela já me conhecia.
Minha mãe e minha tia também não se importaram.
Mais tarde minha mãe me confidenciaria que ficou incomodada ao perceber que eu perderia minha virgindade àquela noite, mas decidiu não impor limites ao notar o quão feliz eu estava.
Realmente eu estava muito feliz, tanto que deixei a vergonha de lado. Obviamente não disse para elas o que iria acontecer com todas as palavras, mas elas não são idiotas e perceberam.
Felipe não estava tão desinibido quanto eu, ainda mais depois da minha tia soltar a célebre “Não se esqueçam da camisinha”. Ele ficou azul de vergonha e eu apenas ri.
Eu e Felipe passamos o resto do dia jogando videogame e ouvindo música. Nós dois nos divertimos, apesar de estarmos ambos muito tensos.
Antes de irmos nos deitar, ele foi tomar um banho. Corri então para o telefone pedir ajuda para a única pessoa que eu podia:
- Alô?
- Oi Zeca, sou eu.
- Bernardo! Você já voltou. Como foi no Rio de Janeiro?
- Bem, bem, mas depois te conto sobre isso, o assunto é outro.
- O que foi?
- Eu fiz as pazes com o Felipe.
- Até que enfim! Estava na cara que vocês dois não conseguiriam passar muito tempo afastados.
- Eu sei, eu sei. Ele está aqui, no banho para falar a verdade. - meio envergonhado continuei - Ele vai dormir aqui comigo hoje...
- Sério? - pela sua voz deu pra saber que ele estava rindo. - Mas isso é ótimo!
- Eu sei, mas eu estou nervoso, Zeca!
- Mas por quê?
- Uai, eu nunca fiz! E se eu fizer alguma coisa errada na hora?
- Ai, Bernardo, deixa de bobeira, vai dar tudo certo.
- Mas eu sou completamente inexperiente!
- Ninguém nasce sabendo, além do mais, sexo é 70% instinto e apenas 30% técnica.
- E se esses 30% fizerem a diferença?
- Não vão e você tem que começar de algum lugar, e é ótimo que seja com alguém que te ame e você ama também.
- E se ele não gostar?
- Ele te ama, não tem porque dar errado.
- Ai, Zeca...
- Bernardo, encare isso como cantar.
- Hã?
- Você já viu filmes pornôs, certo?
- Claro.
- Então, você sabe a teoria. Como num show, você só tem que deixar suas emoções falarem mais alto através da técnica. E lembra que você me disse que ele também é virgem? Estão empatados...
Aquilo me deixou mais tranquilo. No fundo, era parecido mesmo com cantar. Eu só precisava deixar minhas emoções virem à tona. E Felipe também devia estar com os mesmos temores que eu.
- Obrigado, Zeca.
- Não há de quê. Boa sorte, amanhã me liga contando tudo, viu?
- Pode deixar. Beijo, bons sonhos.
- Bons sonhos? Sem chance, estou saindo agora pra encontrar um carinha que estou vendo.
- Ah, safado!
- Hahaha, beijo e BOA noite!
- Boa noite. - respondo rindo.
Eu só precisava relaxar e deixar as coisas acontecerem naturalmente. Felipe saiu do banheiro com um shortinho fininho e foi minha vez de tomar banho.
À medida que a água caía, meu nervosismo aumentava. Eu estava cheio de dúvidas, mas não podia dar pra trás; se já tinha ido até ali, iria até o final.
Terminei meu banho, mas não sem antes conferir que eu estava bem limpo. Vai saber o que me esperava, né?
Me sequei e só então percebi a mancada que dei: entrei no banheiro sem pegar uma roupa para vestir. Nem pensar que eu iria vestir a mesma roupa, o que ele ia pensar de mim?
Respirei fundo tentando me encher de coragem e saí do banheiro somente com uma toalha enrolada no corpo. Fingi não ser nada demais e passei na frente dele assim. Mesmo não olhando para ele, senti que ele me acompanhava e me comia com os olhos. Eu achei graça da situação e não contive um riso:
- Você nem disfarça, né?
- O que você queria que eu fizesse? Você aparece assim na minha frente!
- Desculpa, é que esqueci de pegar minha roupa. E você também está só de short e bem curto e quase transparente. E de onde você tirou esse shortinho?
- Uai! Da minha bolsa de viagem. Eu vim direto para cá. E para que desculpa? - ele riu maliciosamente. - Aliás, para que roupas?
Fui obrigado a rir. Fui me relaxando e entrando na brincadeira.
- Assim não é justo.
- Por quê? - ele perguntou.
- Porque eu sou o único aqui sem roupa.
- Não seja por isso!
Ele rapidamente tirou o shortinho e ficou completamente pelado. Eu acho que devo até ter babado um pouquinho na hora. Ele tinha um corpo lindo. Sua pele muito branquinha não tinha pelos nas pernas e nem nos braços e axilas. Nem no saco e nem no pau e em lugar algum. Nada de nada... Ele era completamente lisinho. Seu pau era rosado e bem reto e já estava empinado para cima. O saco era pequeno e bem durinho. Tudo rosado. E como ele estava cheiroso....
Ele me olhava com uma carinha irresistível de menino travesso.
E eu me perdia naquele corpo de menino e naquela imensidão azul...
- Sua vez. - falou.
- Minha vez de quê?
- Uai, de se exibir para mim!
- Mas eu já estou sem roupa!
- Não, ainda falta a toalha...
Rimos os dois. O clima era uma mistura de tesão e nervosismo. Tirando desinibição de sei lá onde, talvez do tesão mesmo, me deitei na cama com as mãos escorando a cabeça e falei:
- Por que você mesmo não tira?
Ele veio andando lentamente em minha direção.
Deitou-se ao meu lado e olhou fundo nos meus olhos. Eu me perdia naqueles olhos, eles me deixavam tonto.
- Eu te amo, Bernardo.
- Eu te amo, Felipe.
Começamos um beijo suave que aos poucos foi se transformando. Quando me dei conta, ele estava deitado sobre mim devorando a minha boca, sugando todo o meu ar, me alucinando. Mas eu queria mais. Acariciava seus cabelos ao mesmo tempo que o puxava mais em minha direção. Senti suas mãos deslizarem pela lateral do meu corpo e me arrepiei todo.
Lentamente ele foi puxando minha toalha até me deixar completamente nu. Ele desgrudou sua boca da minha, se afastou e ficou me olhando pelado. Devo ter ficado vermelho como um pimentão de vergonha. Me senti vulnerável e exposto, mas quando olhei seus olhos, vi que eles brilhavam. A vergonha foi embora e deu lugar à felicidade. Me senti verdadeiramente amado e desejado por aquele garoto. Foi uma das melhores sensações que já tive na vida.
- Você é lindo. - ele falou com a voz embargada. É todo liso... - e passou a mão em mim.
Me levantei e sentei eu seu colo. Àquela altura meu pau também já estava duro feito pedra.
Recomeçamos os beijos e eu senti um tesão indescritível.
Enquanto meu pau roçava na sua barriga, ele beijava com desejo o meu pescoço e meu peito. Seu pau, duro, roçava na minha bunda nuazinha.
Ele foi delicadamente me forçando a deitar como estava antes. Sobre mim, foi descendo beijando meus mamilos, lambendo minha barriga, mordendo de leve minha virilha. Até que ele chegou ao meu pau. Ele olhava meio apreensivo.
- Eu nunca fiz isso.
- Nem eu. - respondi.
Ele então engoliu meu pau de uma só vez. Sua língua passeava por toda a extensão do meu membro. No começo ele estava meio tenso, mas ao ver que eu gostava, foi se soltando.
Eu delirava de prazer e me policiava para não gemer alto demais. Quando senti que ia gozar, puxei sua cabeça. Ele ficou atordoado sem entender.
- Minha vez. - sorri pra ele. - Senão eu gozo...
Ele sorriu de volta e se deixou cair na cama. Fui imitando seus passos, descendo com a língua por toda a extensão do seu corpo. Aquele pau branquinho e reto estava cheiroso demais. E totalmente sem pelos.
Comecei beijando de leve, depois parti para as lambidas e enfim o engoli todo. Ou melhor, tentei, porque quase engasguei.
Fiquei ali por um tempo, a cada gemido abafado dele eu intensificava mais os movimentos.
Depois o virei de costas e lambi aquela bundinha linda, lisinha e cheirosa de sabonete. Lambi as dobrinhas da sua bunda com as coxas. Ele gemia baixinho.
O virei de frente e chupei seu pauzinho de novo. Parecia pedra de tão duro.
E era docinho.
Ele então puxou minha cabeça contra a sua e me prendeu num beijo.
- Você tem certeza disso, Bernardo?
- Absoluta. Quero que você seja meu primeiro e quero ser seu primeiro.