Peguei a chave do carro em cima do criado-mudo e puxei Vítor pelo braço para fora de casa.
Rafinha assistiu tudo assustado.
Abri o carro e mandei que ele entrasse.
Relutante, Vítor obedeceu.
- Para onde você está me levando?
- Para algum lugar afastado o bastante para eu poder gritar com você tudo o que tenho guardado por sete anos. - Falei furioso.
Dei partida no carro e saí dirigindo em alta velocidade para fora da cidade. Agora era a hora. Depois de tanto tempo, Vítor e eu íamos realmente colocar tudo entre nós em pratos limpos.
“O semáforo acende a luz vermelha numa movimentada avenida de uma grande cidade qualquer. Dois carros param lado a lado. Os motoristas se olham e se reconhecem. São um ex casal. Num “olá, como vai?” ou num “eu vou indo e você, tudo bem?” deixam transparecer os resquícios de uma relação mal finalizada. Nas estrelinhas, destilam saudade, ódio, mágoa, amor... Tudo isso naqueles poucos segundos antes do sinal abrir. Enquanto a luz vermelha esteve acesa, foi como se o mundo parasse para que aquele casal discutisse sua relação...”
Nenhum de nós falou nada enquanto eu dirigia. Eu apertava com força o volante do carro. O normal seria minha raiva ir se dissipando, mas isso não aconteceu, eu estava sentindo a mesma coisa. Acho que Vítor estava com tanto medo da minha reação que se calou e deixou eu o levar para onde eu quisesse. O carro passava por uma estrada de terra. Eu não fazia a mínima ideia de para onde estava indo, estava cego de ira. Depois de algum tempo percebi que, inconscientemente, eu estava indo para a fazenda dos meus avós. Minha mente estava nos levando para lá, um dos lugares mais marcantes de nossa infância, onde nós sempre consideramos ser o berço da nossa amizade.
Mas agora a fazenda pertencia a uma outra família, eu não podia ir lá, então me lembrei de outro lugar.
Entrei numa estrada secundária logo à frente e ela deu num lugar especial para mim.
Era um largo campo aberto que cercava um pequeno riacho, que mais na frente daria na cachoeira que há dentro da fazenda. Parei o carro e desci. Fui até a beira do riacho e fiquei olhando a paisagem. Sempre considerei aquele lugar o mais bonito do mundo.
Ouvi a porta do carro atrás de mim bater e alguém caminhando na grama. Mesmo sem olhar, eu sabia que Vítor estava parado atrás de mim. Me lembrei de todos os nossos momentos juntos, os bons e os maus. A última lembrança foi ele quase agredindo Rafinha na minha frente e eu novamente passei a sentir uma raiva imensa dele.
- Por que você é assim com o seu irmão? Por que trata ele desse jeito? Ele é uma das pessoas mais carinhosas que eu já conheci. Como você justifica suas ações?
- Isso não é da sua conta. - Ele falou olhando para o outro lado.
- É sim! - Gritei e ele voltou a me olhar. - É, porque eu acho que o seu problema na verdade é comigo.
- Não tem a ver com você.
- Tem sim. Você sente ciúme de nós dois juntos. Você sempre foi assim. Com Rafinha, com Zeca e até mesmo quando eu mencionei Felipe. Mas você está esquecendo um pequeno detalhe. - Falei entre os dentes bem perto dele. - Eu não sou nada seu! Você não tem o direito de me cobrar nada, muito menos ciúme.
- Então quer dizer que eu não sou mais nada pra você? - Ele falou começando a gritar também.
- Não! Já foi algum dia, mas passei sete anos destruindo qualquer resto de sentimento que pudesse vir a ter por você.
- Então aquele “enoooorme” sentimento que você dizia sentir por mim acabou? - Ele falou irônico, mas claramente afetado pelas minhas palavras.
- Acabou. Eu já te amei uma vez, mas tudo se acabou depois do que você me fez.
- Eu fiz com você? Você fez! Você fugiu, optou pelo caminho mais fácil! - Ele falava gritando a plenos pulmões. - Então, Bernardo, qual foi o meu grande erro?
- O seu grande erro foi não ter me pedido para ficar! - Gritei ainda mais alto.
Ele ficou me olhando curioso, analisando minhas palavras. Ali estávamos nós, como Bruno previu, despejando em cima um do outro sete anos de mágoa.
- Como?
- Se você tivesse me pedido pra ficar, eu teria enfrentado tudo e todos. Incluindo o meu pai que me “ex-pul-sou” de casa com apenas quinze - Falei com lágrimas caindo pelo rosto. - Se eu soubesse que você estaria sempre ao meu lado, eu teria força para lutar o quanto fosse preciso, mas você fugiu. Você foi o primeiro a me destratar aquele dia no palco, lembra? Naquele mesmo momento eu percebi que você nunca iria ficar ao meu lado, iria preferir o caminho mais fácil e confirmar a história da Mariana.
Ele ouvia tudo calado. Acho que nunca tinha parado antes para analisar meu lado da história, só viu o dele.
Foi muito mais fácil me pintar como o vilão da história e Mariana como a vítima.
- Você me acusa de ter fugido e de ter optado pelo caminho mais fácil, mas foi você que fez isso. Fez porque era um covarde. Aliás, ainda é, pois não tem coragem de terminar seu falso noivado e se mostrar ao mundo como é. Eu tenho pena de você. Terminei de falar e me sentei à beira do riacho olhando a mata do cerrado ao fundo. Tinha guardado aquilo por sete anos, finalmente eu estava livre do meu peso. Eu finalmente tinha falado a Vítor como eu me sentia. Comecei a chorar, mas não de tristeza, e sim de alívio. Ele se sentou ao meu lado e ficou encarando o horizonte sem dizer nada também. Ficamos em silêncio durante um bom tempo.
- Qualquer coisa que eu te perguntar, você me dirá a verdade? - Ele falou mais calmo.
- Sim... - Respondi estranhando seu comportamento.
- Quando você percebeu que estava apaixonado por mim?
Suspirei fundo me lembrando daquela longínqua noite.
- Foi na virada do ano 2000. Estávamos todos naquela festa de réveillon na sua casa. Vi você levando Mariana até o segundo andar. Eu os segui e vi vocês dois se beijando. O ciúme que senti abriu meus olhos.
- Você nunca tinha percebido nada antes disso?
- Não. Antes disso eu nem sabia que era gay. - Nós dois falávamos sem nos olharmos.
- E Zeca?
- Me apareceu num momento maravilhoso. Eu fugi para a fazenda dos meus avós querendo esquecer aquilo que eu estava sentindo e lá o conheci. Ele me contou que é gay também e me ajudou a aceitar o que estava sentindo.
- E aquele beijo que eu vi?
- Foi meu primeiro, mas não passou disso.
- Nem em Belo Horizonte?
- Não. Lá eu conheci Felipe.
- Você realmente amou aquele garoto?
- Eu ainda o amo, Mais do que qualquer coisa nessa vida...
- Você deve ter sofrido muito com a morte dele...
- Eu achei que não fosse sobreviver. O que me manteve vivo foi a música, que me serviu com uma válvula de escape para meus problemas.
- Me desculpe por não estar lá!
- O quê?
- Mariana havia me contado da morte do primo, e eu sabia que vocês dois estavam juntos. Como seu melhor amigo, eu devia ter estado lá para te consolar, mas como você disse, eu me acovardei. Aquilo me pegou de surpresa. Olhei para ele curioso. Ele estava me pedindo desculpas por não me consolar pela morte de Felipe? O que estava passando na cabeça nele?
- Eu sempre fui apaixonado por você. - Ele continuou, me assustando ainda mais. - Não teve um momento que eu percebi isso, eu sempre soube.
Eu sempre queria estar com você, te proteger de tudo, ser a pessoa mais importante da sua vida.
Então, a sua teoria sobre ciúme está certa, sim.
Mas ao mesmo tempo eu tinha medo. O que seria de mim se alguém descobrisse que eu era viado?
Meu pai me expulsaria de casa, a cidade riria de mim, minha vida se transformaria num inferno, como aconteceu com você mais tarde, ironicamente.
Ainda mais, eu tinha medo de perder sua amizade quando você descobrisse. Eu tinha medo de você nunca mais querer me ver.
Então, cheguei à conclusão que era preciso reprimir ao máximo esse sentimento. Foi aí que apareceu Mariana. Ela era a menina mais linda da cidade e estava me dando bola.
Como sabemos hoje, foi um erro. Eu ouvia tudo estarrecido.
Ele sempre foi apaixonado por mim?
Eu sabia que uma hora ele tinha me amado, mas sempre pensei que era eu quem tinha despertado isso nele. Só agora, com ele me contando, eu percebia os pequenos sinais.
Ele sempre afastava possíveis amizades de mim, me mantendo só dele. Me protegia de todos, arranjava desculpas para passar o máximo tempo possível ao meu lado, se preocupava demais com as coisas que aconteciam comigo...
- Quando eu vi você beijando Zeca aquela noite, fiquei louco de ciúme e raiva.
Seu primeiro beijo devia ser comigo. E ao mesmo tempo descobria que você era gay também, mas que não era meu.
Fugi de você e, sozinho, percebi que uma esperança nascia dentro de mim, esperança de que nós dois poderíamos ser felizes juntos um dia.
Esqueci todos os meus medos e fui me entregando aos meus sentimentos por você. Até que aquela noite trágica aconteceu. Quando Mariana surgiu no palco falando todas aquelas coisas, vi tudo o que eu mais temia se materializando. Como você disse, optei pelo caminho mais fácil, confirmar a história, por pura covardia, por medo. Desciam lágrimas dos seus olhos. Percebi que era a primeira vez que eu o via chorando de verdade. Eu não sabia o que lhe dizer. Aquilo tudo era muita informação para mim. Me compadeci de sua dor.
- Vítor...
- Me perdoa, Bernardo? - Ele falou agachado pegando as minhas mãos. - Me perdoa por tudo o que te fiz passar? Foi tudo minha culpa.
- Não foi culpa de ninguém. Éramos muito jovens. Acho que nós dois nos devemos perdão. Foi para isso que voltei a Morro Velho, pedir perdão e ficar em paz comigo mesmo.
- Então, você me perdoa?
- Vamos dizer que nossa dívida foi quitada. Estamos os dois livres desse peso.
Ele sorriu feliz e eu enxerguei ali o meu melhor amigo da infância, aquela criança tão linda, e tão séria. Ele me puxou para um abraço caloroso e eu retribuí emocionado. No final, Rafinha estava certo, foi preciso guerrear antes para conseguir a paz. Eu nem acreditava que enfim tinha conseguido me acertar com Vítor e que agora poderia seguir com minha vida.
- Nossa, foi muita informação... - Comentei depois que nos soltamos.
- Mas esqueci de contar o mais importante... - Ele falou me encarando com seus brilhantes olhos verdes.
- O quê?
- Bernardo, você não sabe o quanto sofri esses anos todos longe de você. Era como uma facada toda vez que eu ligava o rádio e você estava lá. Escondido, eu comprava seus CDs e escutava sozinho no meu quarto antes de dormir, imaginando que você cantava me ninando. Bernardo, eu sempre te amei e sempre te amarei. É só você que quero ao meu lado pelo resto da vida e que se dane o resto do mundo. Eu te amo.
Ele se aproximou de mim, e antes que eu pudesse reagir, nossos lábios foram se encontrando. Não conseguia apresentar resistência. Ia ser um beijo cheio de saudade e amor. Meu coração batia acelerado, muito mais pela surpresa do que pelo beijo, devo confessar.
Estava tudo acontecendo depressa demais. Num lampejo de razão, o afastei de mim. Ele me olhou confuso e eu me levantei, ficando em pé na beira do riacho.
- Você não pode fazer isso! - Falei voltando a chorar. - Não pode depois de tanto tempo se declarar e tentar me roubar um beijo! O nosso tempo já passou Vítor.
- Como? - Ele se levantou também.
- Eu não estava mentindo para te atingir, eu realmente não te amo mais. Eu esperei muito tempo por essa declaração, tanto tempo que ela perdeu seu significado.
- Isso não existe! - Ele falou transtornado. - Uma coisa como essa que existia entre nós dois não se acaba de uma hora para outra!
- Realmente, não foi de uma hora para outra; isso demorou alguns anos. Eu passei muito tempo sufocando o que eu sentia por você, e hoje posso te garantir que funcionou.
- Não! - Ele gritou chorando.
- Sinto muito, Vítor. É tarde demais. Eu sou do Felipe e será assim para sempre. Nunca mais amarei outra pessoa. - Falei chorando e lembrando daqueles olhos azuis lindos...
- Não, não é tarde demais. - Ele falava em tom desespero. - Ainda há esperança para nós dois.
A cena era triste, ele ali implorando por amor e eu negando.
Aquilo tudo estava me fazendo mal.
Há algum tempo, eu acharia tudo maravilhoso e me jogaria em seus braços, mas agora era diferente, eu não o amava mais, pelo menos não da forma que ele queria.
Mais uma vez, o tempo passou para nós dois e mudou tudo.
- Me desculpe, Vítor, eu tenho que ir.
Me virei para ir embora e caminhei em direção ao carro. Ele correu até mim e pulou nas minhas costas, me derrubando na grama.
Me virei furioso e ficamos cara a cara, com ele deitado sobre mim.
- Você é louco?
- Eu esperei muito tempo, não posso te deixar escapar.
- Isso já está começando a ficar chato.
- Olha nos meus olhos e diz que eu não faço seu coração bater mais forte.
- Quantas vezes vou precisar dizer para que você acredite?
- Eu sinto ele batendo forte.
- Pelo susto, não por amor. - Respondi puto de raiva pelo seu golpe.
- Por que está fazendo isso comigo? - Ele perguntou com olhos tristes e eu tive pena.
- Eu não estou fazendo nada, Vítor. - Falei tirando ele de cima de mim e me levantando. - Não há o que fazer, aquele sentimento foi embora. E eu já disse a mais pura verdade: eu sou do Felipe.
- Mas ele está morto. MORTO! - Ele gritou chorando.
- Não está! Ele está aqui comigo. Ao meu lado. Dentro de mim. Eu sou dele. Só dele. Para sempre!
Ele se sentou triste na grama, abraçou os joelhos, escondeu a cabeça entre eles e começou a chorar baixinho. Meu coração doeu ao vê-lo naquele estado, mas eu não podia fazer nada.
Limpei a grama da minha roupa me preparando para ir embora.
- Bernardo? - Ele falou levantando a cabeça e mostrando o rosto molhado de lágrimas.
- Sim?
- Você se sente tão sozinho como eu?
- Hã?
- Todo o dia quando você coloca a cabeça no travesseiro percebe que está faltando alguma coisa?
- Por que você está me perguntando isso?
- Porque eu te conheço muito bem. Você mudou, mas só por fora, aí dentro ainda é o mesmo garoto que foi embora daqui. Eu sei que você odeia ficar sozinho, e pelas fofocas dos jornais, sei que você está solteiro. Eu acho que você ocupa todo o seu tempo com a música para não se sentir triste e solitário, mas não há como mentir para seu travesseiro, né? Toda noite você chora nele. É assim comigo. Com você também? Ele me acertou em cheio. Era aquilo que eu sentia. Desde a morte de Felipe, nunca mais me senti inteiro, está sempre faltando alguma coisa. Por isso eu passei a levar uma vida agitada, para disfarçar essa solidão. Eu não queria abrir meu coração e expor aquele medo, mas foi impossível me segurar com ele se expondo também daquele jeito.
- Sim...
- Então. - Ele foi se aproximando de mim. - O que te falta é a mesma coisa que me falta: um amor. Mariana nunca ocupou esse lugar e nunca vai ocupar. Eu preciso de você, assim como você precisa de mim.
- Vítor, eu...
- Você diz que não me ama mais e eu acredito. Diz que ama o Felipe e eu acredito sim.
O que estou te pedindo é uma chance. Eu quero que você me dê uma chance de te reconquistar.
- O quê?
- Você ouviu: eu quero uma chance de te fazer me amar de novo.
- Isso é loucura, Vítor, você não controla essas coisas.
- Deixe de ser tão cético. Você não precisa fazer nada, só deixar o coração aberto para eu entrar.
- Vítor, isso nunca vai dar certo. Meu coração está morto. Eu estou morto. Eu só vivo na tristeza e na saudade. Nada presta para mim.
- Me dê uma chance de te fazer feliz. Eu sei que é isso que você quer. Você não veio atrás de alcançar a paz consigo mesmo? Pois então, não desperdice a oportunidade que eu estou te dando. - Ele falava tudo com um sorriso travesso, tal qual o de Rafinha, no rosto. Foi impossível não sorrir de volta, mas eu ainda não sabia o que fazer.
- O que você tem a perder? - Ele perguntou ainda sorrindo.
- Muita coisa!
- É a sua felicidade. Não vale o risco?
- Não serei feliz nunca mais. Isso já aconteceu e só acontece uma vez na vida. E eu perdi a minha felicidade e o meu amor. Eu sou dele!
- Tente correr esse risco...
Ele já tinha me ganhado. Suas palavras tinham me atingido em cheio. Eu queria ser feliz, e lá no fundo eu sabia que só seria feliz quando amasse de novo. Mas não conseguia.
Mas se fosse acontecer de novo por que não com o Vítor?
- E a sua noiva? - Perguntei lhe lembrando de Mariana.
- Viajou para Belo Horizonte, sempre vai lá visitar a família. Termino com ela assim que ela estiver de volta.
- Fácil assim?
- Era o que já devia ter feito há muito tempo.
- E tudo o que eu tenho que fazer é deixar meu coração aberto?
- Nada mais.
Será que conseguiria tentar?
Sorri e concordei com a cabeça.
Ele veio até mim receoso e me deu um selinho muito carinhoso.
Aí eu percebi que aquilo poderia funcionar, eu podia voltar a amá-lo.
- Vamos voltar para a cidade. - Falei indo em direção ao carro.
- Pode ir, depois eu vou.
- Vai como? Estamos muito longe.
- Não se preocupe comigo. Eu tenho algumas coisas para resolver aqui na região.
- Se você diz...
- Até amanhã. - Falou sorrindo.
- Amanhã?
- Aham, você não perde por esperar.
Concordei com a cabeça.
Voltei para o carro e parti de volta para a cidade.
Lá estava eu, dando mais uma chance para o amor. Se iria funcionar, se voltaria a existir aquele amor que o tempo tratou de apagar, só o próprio tempo poderia responder.
“Só então o mundo voltou a girar... “
Cheguei na casa da minha avó a tempo para o almoço de domingo. Todos me esperavam curiosos sobre o que tinha acontecido comigo e com Vítor, mas simplesmente me calei. Eu ainda estava digerindo tudo aquilo que estava acontecendo. Vítor tinha acabado de me confidenciar que sempre foi apaixonado por mim e continuava sendo, além de garantir que ia fazer tudo para me reconquistar. Sinceramente, não acreditei que isso aconteceria, embaixo daquela ponte já tinha passado água demais para simplesmente esquecermos tudo e recomeçarmos do zero.
Mas mesmo assim acho que eu daria a ele o meu voto de confiança.
Eu devia aquilo a mim mesmo.
Passei muito tempo me dedicando exclusivamente à minha profissão, agora era a hora de cuidar da minha vida amorosa.