- Galera já que vocês se prontificaram a lavar a louça, Sandro e eu vamos descansar um pouquinho.
- Estão de ressaca da noite passada? Disse Lucas.
- Dormimos pouco, disse Diego.
- Depois de terminar aqui, posso fazer companhia a vocês se quiserem, disse Lucas brincando.
- Deixa de ser idiota cara, falou Diego ríspido.
- Calma cara foi uma brincadeira, disse Lucas sorrindo.
- Não gosto de brincadeiras idiotas e quero você longe do Sandro, disse ele alterado e vermelho de raiva.
- Foi só uma brincadeira dele Diego, não precisa levar a sério.
- E você também Sandro, não pense que vai sair daqui e se oferecer para qualquer um.
Não acreditei que era o Diego falando aquilo, não era o cara que tinha passado uma noite maravilhosa comigo e até então tinha se demonstrado um verdadeiro cavalheiro.
- O que é isso hein Diego? Falei com lágrima nos olhos e saí.
- Sandro volta aqui, desculpa lindão, dizia ele correndo atrás de mim.
Logo ele me alcançou e tentou me puxar pelo braço.
- Me larga Diego, não sou qualquer um para você me tratar desse jeito.
- Desculpe perdi a cabeça.
- Você está pensando que sou o quê?
- Perdão, o Lucas me descontrolou.
- Você não percebeu que era uma brincadeira dele?
- É nas brincadeiras que começam as verdades, mas eu me excedi.
- Não pode ser assim, Diego.
- Desculpa, por favor, eu perdi o controle.
- Estou muito chateado, você me chamou de devasso, de puto na frente dos meus amigos, disse chorando.
- Eu peço desculpas a eles e digo me excedi, mas, por favor, me perdoa.
- Tudo bem Diego, mas que isso não se repita.
Depois dessa discussão inútil voltamos à cozinha, Rafael passava um sermão no Lucas para não fazer brincadeiras comigo que agora eu era o namorado do Diego. Fiquei mal com aquilo, gostava das brincadeiras dos meus amigos e sabia me defender quando ficavam muito acaloradas, já não era mais criança.
- Galera eu peço desculpas a vocês, me excedi, disse o Diego baixando a cabeça.
- Eu que peço desculpas cara, não foi por mal, disse Lucas.
- Acho que as coisas não podem ser assim, somos amigos.
- Concordo com o Sandro, não é o momento para brigas, disse Fernanda.
- Fica tranquilo Diego, eu já conversei com o Lucas, disse Rafael.
- Foi só uma brincadeira do Lucas e eu entendi perfeitamente.
- Tudo bem gente, vamos esquecer tudo isso, disse o Diego pegando minha mão.
- Vamos subir.
- Vamos.
Assim que entramos no quarto ele me abraçou e começou a chorar.
- Porque você está chorando?
- Eu estraguei tudo, sempre estrago tudo com esse meu jeito brusco.
- Não foi nada demais, já foi tudo resolvido e todos ficaram numa boa.
- Você me perdoa?
- Eu já perdoei, agora vem aqui e deita um pouquinho comigo, daqui a pouco vou embora.
- Vocês voltarão apenas ao final da tarde, não é mesmo?
- Sim, temos um tempinho ainda.
Deitamos na cama e ficamos abraçados, por um momento senti o Diego carente, tentei entender a atitude dele, mas acabei pegando no sono.
Acordei com Diego pressionando seu pau na minha bunda, estava bem excitado, virei de frente para ele que abriu um sorriso de quem estava fazendo arte e para provocá-lo coloquei minha mão dentro do seu short e percebi que seu pau já estava todo melado, tirei sua bermuda e beijei suavemente seu instrumento que se mostrava bem vivo.
Tirei minha roupa e comecei a passar a língua em todo seu corpo, ele virou na cama e começou a passar a língua no meu cu, enquanto chupava seu pau que ficava pulsando na minha boca até que interrompemos
Fiquei de quatro, ele colocou a camisinha e começou a me penetrar, enfiava e tirava seu pau até que segurou firme em minha cintura e ficou bombando forte e rápido, dizendo que eu era seu lindo, ficamos naquela farra até explodir o gozo, depois disso deitamos abraçados de conchinha e voltamos a dormir.
Acordei quando Diego me chamou, já era quase hora de sair.
- Acorda lindo.
- Já está na hora?
- Quase, mas antes quero namorar mais um pouquinho.
- Que menino carente.
- Uma semana sem ver você, vou sentir saudades, disse ele rindo.
Diego virou de bruços e comecei a passar a língua em suas costas, cada lugar que passava mordia levemente e ele gemia baixinho, ate que cheguei ao seu bumbum e comecei a passar a língua em sua entradinha, deixei bem molhadinho e passei meu pau sarrando e deixando ele doido sobre a cama. Coloquei a camisinha e comecei a me penetrar fazendo movimentos de vai e vem, a cada movimento ele gemia e me chamava de seu lindo, de gostoso, até que de repente me pede para sentar em cima, deitei e ele sentou e começou a rebolar e cavalgar, estava muito gostoso comecei a gemer, segurava sua cintura controlando seus movimentos que eram rápidos e ágeis. De repente ele parou, saiu de cima de mim e ficou de quatro, comecei a por e tirar, já estava exausto, pedi para ele ficar de frente com suas pernas no meu ombro, penetrei novamente com movimentos sem parar. Quando estava prestes a gozar tirei a camisinha e gozei na bunda dele.
- Caralho é muito louco o que acontece com a gente, disse ele rindo.
- Adrenalina pura.
- Eu gozei sem me tocar, é difícil acontecer isso comigo, só você conseguiu essa façanha.
- Vai ver porque eu sou gostoso, disse brincando.
- Nunca mais eu quero me afastar de você.
Ficamos abraçados mais um pouco e depois fomos tomar banho, o Diego foi muito carinhoso o tempo todo. Depois do banho, já vestidos, trocamos mais alguns beijos e descemos pra procurar meus amigos era hora de voltar à minha cidade e aos meus antigos problemas.
Diego foi nos levar na rodoviária e ficou o tempo todo conosco, o clima chato gerado no inicio da tarde foi substituído pela harmonia, ainda bem que deu tudo certo.
- No final de semana podemos sair os cinco para jantarmos ou almoçarmos juntos, disse ele fazendo o convite à galera.
- Sou parceiro, disse Rafael.
- Eu também, disse Fernanda.
Notei que Lucas estava calado e distante, não era possível que ele ainda estava chateado pelo que houve à tarde.
- E você Lucas? Perguntei.
- Eu o quê? Caímos na risada.
- Aceita sair com a gente no final de semana? Disse Diego.
- Ah sim, eu aceito, disse ele alheio parecia que olhava outra coisa.
- O que aconteceu Lucas?
- Tem um gatinho ali que não para de me olhar.
- Olhei para o lado e dei de cara com um loiro de uns 30 anos olhando para ele.
- Ainda dá tempo de você dar uns pegas nele, disse Diego sorrindo.
- Vou nessa, disse ele rindo e saindo de encontro ao cara que alguns minutos depois sumiram da nossa visão.
- Me avisa quando chegar à cidade na semana que vem? Perguntei ao Diego.
- Claro lindo, mas eu te ligo durante a semana.
- Também podemos nos falar por msn.
- Não é sempre que consigo entrar, tenho meu trabalho e a faculdade.
- Mesmo assim nos falamos.
- Com certeza, não tem como você fugir de mim.
Mais ou menos uns quarenta minutos depois, nosso ônibus já estava encostado, já estávamos colocando as bagagens quando Lucas retornou.
- Achei que tinha sido raptado pelo loiro, disse Rafael.
- Raptado não, mas deu tempo de dar uma rapidinha no banheiro.
- Lucas, você é muito cara de pau, nem respeita a Fernanda que está conosco.
- O que tem demais, vai dizer que ela não sabe dessas coisas.
- Ei, ei, ei vamos parando disse Rafael, beijando o rosto dela.
- Fica tranquilo Sandro, já estou me acostumando a conviver com o Lucas, disse ela.
- Vem cá, o cara era gostoso? Perguntou Diego.
- Muito gostoso. Pena que foi rápido, ficamos com medo de alguém nos pegar, disse ele rindo.
- Você não tem jeito mesmo, disse Diego rindo dele.
- Vocês terão que aprender a conviver comigo, aproveito mesmo disse ele rindo.
- Como posso ter um primo tão pervertido, disse Rafael.
- Santo eu não sou, pra mim santo vive em altar e estou longe disso, disse rindo.
Depois de tudo pronto com as bagagens, foi o momento da despedida, é chato isso, mesmo sendo por poucos dias eu me senti mal.
Dei um abraço no Diego e um beijo disfarçado no rosto dele.
- Se cuida, disse ele ainda abraçado a mim.
- Você também e em seguida embarcamos no ônibus de volta pra casa.
Chegamos à cidade o dia estava quase amanhecendo, da Rodoviária pegamos um taxi, nas ruas quase não tinha movimento, fui o primeiro a descer, pois o Lucas ficaria na casa do Rafael que ficava a três quadras da minha e a Fernanda ficava no final da rua. Combinamos de falar com Lucas durante a semana para acertarmos o jantar com Diego no próximo final de semana.
Cheguei a casa e ainda deu para dormir mais um pouco antes de acordar para a escola, quase que não fui à aula, estava desmotivado devido aos ataques que vinha sofrendo nos últimos dias, mesmo assim, o dever chamou mais alto e fui, precisava passar, queria terminar logo aquele ano letivo e no próximo pensaria direitinho onde faria o 3º ano do ensino médio.
No caminho para a escola enquanto segurava vela para Fernanda e Rafael, alheio a tudo trabalhava com meus pensamentos, tinha que tomar uma decisão sobre minha vida, mas precisava ser cauteloso com meus pais, a final, eu ainda era menor de idade. Uma coisa era certa, não tinha lugar na mesma cidade para Roger e eu.
Durante o trajeto decidi que conversaria com Tiago, era através dele que iniciaria minha mudança de vida, meu irmão sempre me ajudou e não me abandonaria no momento em que mais precisasse dele.
Ao chegar à escola logo ao entrar no portão um engraçadinho que estava próximo passou por mim de raspão e falou alto.
- E aí viadinho.
- Viadinho é você, eu revidei.
- O que você disse seu viado imundo?
- Que você é um viado igual a mim, porém é enrustido e não tem coragem de se assumir.
Eu tava com tanta raiva, nem sabia a sexualidade do cara, mas o meu sangue ferveu e uma turma começou a rir na volta.
- Repete o que você disse, falou ele partindo pra cima de mim.
- Viado, assim como eu.
O cara me deu um empurrão e quase caí, o instinto falou mais alto, não resisti àquela provocação, parti pra cima do cara e começamos a brigar no pátio da escola, logo uma multidão se formou na volta incentivando a briga. Resumindo, fomos parar na direção e recebi uma expulsão de dois dias.
Ao chegar a casa, minha mãe se assustou quando me viu entrando pela porta todo arranhado.
- O que houve meu filho?
- Briguei e fui expulso por dois dias.
- Você não é de briga, o que aconteceu?
- Um cara me provocou, me chamou viado, todos riram de mim, mãe eu não aguento mais aquela escola.
Comecei a chorar, minha mãe veio ao meu encontro e me abraçou, achei que fosse brigar comigo, mas não, ela foi muito carinhosa, me ajudou a ir até o quarto, tomei um banho, depois ela passou um remédio nos meus machucados e me entregou uma muda de uniforme.
- Veste essa roupa e vamos à escola.
- Mãe, eu estou expulso.
- Isso é o que veremos ou não me chamo Silvia, sabia que seu avô me deu esse nome porque eu era do mato, se for preciso viro onça pra defender meus filhos.
- Mãe, por favor, não cria mais confusão na escola.
- Filho, aprenda uma coisa com sua mãe, nunca abaixe a cabeça pra ninguém e nem deixe que as pessoas te humilhem.
- Se a senhora fazer escândalos, será pior, aí mesmo que vou ser humilhado na escola.
- Enquanto você está dentro da escola à direção e as professoras são responsáveis por sua integridade, elas não estão lá para ficarem de fofoca pelos corredores.
- Ainda acho muito precipitado da sua parte.
- Não discuta comigo. Anda rápido que estou com pressa e não esquece seu material.
- Para quê?
- Você vai pra aula.
Nem discuti com minha mãe, era inútil ir contra ela, coloquei o uniforme e fomos pra escola, já no portão ela botou banca com o porteiro.
- Eu quero falar com a diretora.
- A senhora vai ter que agendar um horário.
- E porque ela não pode me atender agora?
- Senhora, ela tem outros afazeres e só atende pais de alunos à tarde.
- Pois eu quero falar com ela agora, meu filho está perdendo aula em pleno final de ano letivo e não pode ser prejudicado.
- Mas o seu filho foi expulso e a ordem é não deixá-lo entrar.
- Você prefere chamar a diretora pra me atender ou quer que eu chame a polícia?
O porteiro coçou a cabeça e saiu rumo à direção.
- A senhora teria coragem de ir à delegacia, mesmo eu podendo ser preso?
- Meu filho, você está sofrendo bulling nessa escola, preconceito puro, qualquer um na lei me daria razão.
Alguns minutos depois o porteiro retornou.
- Falei com a diretora e ela vai lhe atender.
- Muito obrigado pela sua atenção, disse ela e entramos.
Chegamos à direção e logo veio à diretora, era visível que ela estava chateada e nervosa com a situação.
- Bom dia Dona Silvia, cumprimentou estendendo a mão para minha mãe.
- Bom dia diretora! Acho que a senhora já sabe o motivo da minha visita.
- Seu filho brigou com outro aluno no pátio da escola.
- E a senhora sabe o motivo?
- Esses jovens vivem aprontando, tenho que dar exemplo aos demais.
- Meu filho sofreu preconceito dentro da sua escola.
- E por isso ele avançou em um colega para brigar, gerando uma confusão generalizada na escola.
- Eu não sei se a senhora sabe, mas vocês são responsáveis por esses jovens depois que entram naquele portão.
O problema senhora é que não temos como contê-los.
- Isso não é problema meu, o Sandro saiu de casa pela manhã para vir à aula e assistirá à aula.
- O Sandro está expulso por dois dias e nesse pequeno período deverá ficar em casa refletindo por seus atos.
- Sobre a briga depois eu converso com meu filho. O fato é que ele foi provocado e sofreu preconceito dentro da escola.
- Nada justifica uma briga em pleno pátio da escola.
- Alguém tinha que defendê-lo e onde estavam as pessoas que deveriam fazer isso?
- A senhora está me acusando de negligente, falou a diretora alterada.
- Entenda como quiser, o Sandro voltará para aula assim que der o sinal e o restante podemos discutir depois.
- Seu filho está expulso, já falei.
- Por acaso a senhora quer perder seu emprego?
- Não admito ameaças.
- Pois saiba que se meu filho não voltar para aula assim que der o sinal, farei uma denúncia na secretaria de educação e darei parte na polícia por negligência dos professores aos alunos que sofrem bullying nessa escola.
Quando minha mãe terminou de falar entrou a pedagoga na sala com cara de assustada.
- Dona Silvia, não tem necessidade para tanto, prometo à senhora que resolverei a situação.
- E o que você vai fazer? Questionou minha mãe.
- Vamos fazer assim, o Sandro fica em casa hoje e amanhã ele retorna as atividades escolares.
- Acho que você não entendeu minha filha, meu filho foi vítima dessa escola, ele voltará à aula assim que der o sinal ou eu processo vocês.
- Não precisa dona Silvia, o Sandro pode entrar na aula assim que der o sinal, disse a diretora já mais calma e sorridente.
- Acho que agora começamos a nos entender.
- Fique tranquila dona Silvia, não vamos mais criar polêmica e partir de agora ficaremos de olho no seu filho.
- De acordo, porém lembrem que meu filho não é um criminoso.
- Vamos esquecer esse incidente lamentável.
- Claro, eles vem aqui é para aprender e não para sofrerem bullying e se meter em brigas.
Depois de toda essa polêmica voltei pra aula após o intervalo da 10:00 da manhã e minha mãe foi trabalhar como se nada tivesse acontecido.
Quando cheguei à aula a surpresa foi geral, todos me olharam com cara de espanto, fiquei muito mal com aquilo, porque eu não podia ser como qualquer aluno? Até quando eu ia aguentar aquela situação? Sentei no meu lugar e o restante da aula transcorreu normal.
Na volta pra casa enquanto andávamos pela rua, Rafael e Fernanda vieram falar comigo para saber o que tinha acontecido, contei todo o episódio pra eles inclusive das ameaças da minha mãe.
- Dona Silvia é porreta, disse Fernanda.
- E eu imaginando que você perderia as aulas antes da prova final, disse Rafael feliz com minha volta.
- Devo tudo isso a minha mãe, mas estou mal pelo que aconteceu.
- A briga foi punk, disse Fernanda.
- Vocês viram como todos ficaram me olhando?
- Esquece isso Sandro, foca nas provas finais, disse Fernanda.
- Você tem razão.
- Você já falou em casa sobre nosso projeto? Questionou Rafael.
- Nem tive tempo com toda essa confusão.
- Hiiii amigo olha quem estacionou o carro ali do outro lado da rua, disse Fernanda nos chamando atenção.
- Ele vai querer falar com você, disse Rafael.
- Não tenho nada a falar com Roger, vamos fingir que não o vimos.
- Ele está vindo pra cá, disse Fernanda enquanto seguíamos caminhando.
- Sandro? Ouvi a voz do Roger chamando e aproximando de nós.
- Ele está chamando, disse Rafael.
- É melhor você falar com ele, disse Fernanda.
- O que ele pode querer comigo?
- Não sei disse a Fernanda, mas é melhor enfrentar.
- Sandro? Ouvi sua voz mais forte.
- Fala com ele amigo, disse Rafael nos fazendo parar de caminhar.
- Achei que vocês não estavam me ouvindo, disse Roger.
- O que você quer?
- Falar com você.
- Não temos nada pra falar.
- Escuta o que eu tenho a dizer.
Fernanda, Rafael e eu ficamos nos olhando até Rafael falou ao meu ouvido.
- À tarde nós te ligamos. Boa sorte!
- Pode falar, se você não se importa de cair na boca do povo.
- Já estão falando mesmo.
- Estão falando, mas não se preocupe a sua fama de machão continua intacta, pra todos os efeitos eu que desvirtuei você.
- Vamos conversar lá em casa.
- Aqui na rua está bom, fale rápido estou com pressa.
- Deixa de ser birrento e vamos lá pra casa.
- Eu não vou Roger, a sua casa é longe da minha e não quero me atrasar.
- Depois eu te deixo em casa.
- Tudo bem, mas seja rápido porque eu não tenho mais nada pra falar com você.
Fomos pra casa dele e ficamos conversando na sala.
- E esse rosto todo inchado e arranhado, disse ele tentando me tocar.
- Eu briguei, falei e afastei a mão dele.
- Fiquei sabendo, por isso resolvi te procurar.
- Pelo visto a sua ficante ou namoradinha já andou passando a notícia, no mínimo bem feliz achando que me expulsariam da escola.
- Não precisa vir com quatro pedras na mão, estou falando civilizadamente com você.
- Diga a ela ou a quem quer que seja que ninguém vai me derrubar, nem mesmo você.
- Eu nunca quis o seu mal.
- Não consigo entender como uma pessoa não deseja o meu mal, mas se até agora só me fez mal.
- Joguei limpo contigo desde o início, isso você não pode reclamar.
- Eu já entendi, só não compreendo o que você ainda quer comigo?
- Saber de você.
Já soube lá na rua mesmo, porque me trouxe aqui? Não está satisfeito com o que viu?
- Eu me sinto responsável pelo que está acontecendo contigo.
- Não preciso da sua pena, se era isso eu vou embora.
- Eu gosto de você e tenho um carinho enorme por ti.
- Isso era tudo?
- Não!
- O que você quer?
- Fiquei sabendo que você foi pra BH no final de semana, foi no aniversário do Diego?
- Não te interessa.
- O Diego namora um cara casado.
- Interessante, andou investigando a vida dele?
- Eu vi, quando estive lá.
- Como você viu?
- Eles se encontraram as escondidas na casa de uma amiga do Diego.
- A mesma que você me traiu quando foi em Belo Horizonte?
- Eu nunca disse a você que seria exclusivo.
- Que papo estranho cara, o que você quer? Porque me trouxe até aqui?
- Você não me ajudou com Aline conforme eu pedi.
- E nem vou ajudar, não conte comigo pra isso.
- Sua irmã não quer saber de mim.
- E o que eu tenho a ver com isso?
- Nada, não é problema seu mesmo.
- Acho que perdi meu tempo vindo aqui, até agora você não me disse o que quer.
Ele ficou pensativo como se escolhesse as palavras que iria falar, então olhou firme em meus olhos e disse:
- Pensei que pudéssemos continuar nos encontrando como antes.
- Desculpe, acho que eu não entendi a sua proposta, o que você quer mesmo?
- Eu sempre quis te proteger da língua desse povo, mas não consegui e já que estão falando da gente, não vejo problema nenhum em continuarmos nos encontrando.
- Você tem noção do que está me pedindo? O que você acha que eu sou cara? E o grande amor que tinha por minha irmã?
- O amor por ela continua igual, mas ela não me quer e você gosta de mim embora esteja muito magoado, eu sei que ainda me ama.
- Infelizmente amo, mas em primeiro lugar eu me amo e tenho amor próprio, se era essa a nossa conversa acabou aqui.
Peguei minhas coisas para sair, mas ele me interceptou.
- Desculpa Sandro, acho que você entendeu tudo errado.
- Eu entendi perfeitamente, você quer ficar com o idiota aqui pra usar quando quiser enquanto isso se esbalda com a primeira que aparece e nem respeito tem, porque pegou até minha irmã.
- Deu a entender que é isso, mas não é.
- E o que é então? Explica que não entendi.
- Eu gosto de você.
- Não vamos começar tudo novamente, eu já sei que você não quer nada comigo e essa conversa foi um equivoco total, nem precisa se dar o trabalho de me levar em casa, eu ligo para o meu irmão e ele vem me buscar.
Saí pela porta e ele veio atrás de mim pelo pátio da casa.
- Eu disse que te levava e vou levar.
- Não tem necessidade, o Tiago pode me levar.
Saí e nem olhei pra trás, como eu poderia continuar amando um cara assim? Precisava tomar vergonha na cara e tirá-lo de vez da minha vida.
Liguei para o Tiago me buscar, a casa do Roger era longe e não queria mais problemas com minha mãe, já bastava o estresse que ela passou pela manhã na escola.
- Oi mano, tem como você me buscar aqui perto da casa do Roger?
- O que você está fazendo ai?
- Uma longa história, depois eu te conto, você vem me buscar?
- Vou, senão a mamãe e o papai terão um surto.
Passei o endereço e uns dez minutos depois ele chegou de moto.
- Sobe ai que nós vamos ter que conversar seriamente, disse ele assim que chegou.
- Também quero falar com você, mas não é o que está imaginando.
- Coloca o capacete e vamos embora.
Em alguns minutos chegamos a casa, nossos pais estavam à mesa nos aguardando para o almoço, estranhei o fato de Aline também estar com eles, geralmente nesse horário ela estava na escola onde dava aulas no interior.
Cheguei e dei um beijo no meu pai, ainda não tinha visto ele depois que cheguei.
- Oi filho, saudades do pai?
- Bastante.
- Viu o seu tio?
- Fui a casa deles, mandaram um abraço a todos vocês.
- Oi maninha, tudo bem com você? Cumprimentei-a e dei um beijo em seu rosto.
- Oi mano, tudo bem sim e você? Já soube que andou brigando.
- É verdade, mas você não deveria estar na aula?
- Deveria, mas não estou me sentindo bem, vou ao médico agora à tarde.
- Te trataram bem na escola meu filho? Questionou minha mãe.
- Foi tranquilo mãe, não precisa se preocupar.
- Qualquer coisa me avisa, agora vamos almoçar em paz.
Depois do almoço minha mãe foi com Aline ao médico, meu pai foi trabalhar e Tiago veio falar comigo.
- Muito bem, agora vamos esclarecer o que você estava fazendo lá na casa do Roger.
- Perto da casa dele, falei e ele riu.
- Muito engraçado! Entre nós não existe segredos não é mesmo?
- Claro que não, eu ia te contar, mas antes quis te testar, disse rindo.
- Não me diga que teve uma recaída?
- Não, ele me abordou na rua e queria falar comigo.
- O que ele quer contigo?
- O que sempre quis.
- Não acredito! Mas ele não queria ficar com Aline?
- Querer ele quer, mas também não vai deixar de dar suas escapadas.
- E você se sujeitou a isso, mano?
- Não, por isso saí da casa dele e te chamei, a principio ele me traria em casa, mas eu não aceitei.
- Fez bem.
- Mais foi bom você querer conversar comigo, estava mesmo precisando ter uma conversa franca com você.
- Primeiro me diz como foi à viagem?
- Foi ótima e é por isso que preciso da sua ajuda.
- Do que você precisa de ajuda?
- Eu quero estudar em Belo Horizonte, mas o papai e a mamãe não vão me deixar.
- Não vão mesmo, principalmente porque você nem fez 18 anos ainda.
- Mesmo assim, estou pensando em morar lá.
- E por isso quer minha ajuda?
- Olhamos a casa da tia Joana e gostamos muito.
- Olhamos? Gostamos? Quem?
- Rafael, Lucas e eu.
- A tia Joana está por trás disso?
- Ela disse que ia me ajudar e o tio Carlos também está nos ajudando.
- O Lucas eu não conheço, mas o Rafael é gente fina.
- O Lucas é o primo do Rafael que eu fiquei com ele.
- Vocês ainda estão saindo?
- Não, somos apenas amigos.
- E o que você quer que eu faça?
- Me ajude a convencer o papai e a mamãe a me deixar estudar em BH.
- Você está mesmo decidido? Questionou ele pensativo.
- Eu quero muito, principalmente depois do que aconteceu com o Roger.
- Não se resolve os problemas fugindo deles.
- Eu sei, mas eu não quero continuar morando aqui.
- Pelos insultos que você vem sofrendo?
- Essa cidade é pequena e eu quero viver minha vida com meu jeito de ser.
- Só tem uma coisa mano “liberdade”, mas com “responsabilidade”.
- É por isso que eu te amo muito.
- Eu nem disse nada ainda, disse ele rindo.
- Eu sei que você vai me ajudar, meu maninho lindo. Abracei-o e beijei seu rosto.
- Primeiro vou ligar para tia Joana e o tio Carlos para saber direitinho dessa história, no momento é só o que eu posso fazer, depois voltamos a conversar, preciso saber de tudo o que vai rolar inclusive seus projetos e o que pretende fazer quando chegar lá.
- Tudo o que você quiser.
- E nem pense que vai sair a se aventurar por aí e nada de criar asas, se ir, vai, mas será exatamente como se estivesse aqui.
- Não quer se livrar de mim, não é mesmo?
- Não! Você e Aline são muito importantes pra mim e vou zelar por vocês.
- Isso é papel do papai e da mamãe.
- E do irmão mais velho também, portanto, estou de olho.
- Eu sabia que podia contar com você, tem mais uma coisa que preciso te falar.
- Mais ainda? Quanta novidade rendeu essa viagem?
- Muitas e têm coisas boas.
- O quê?
- Sabe o Diego?
- O enteado do Paulo, meio irmão do Roger?
- Ele mesmo.
- O que tem ele?
- Nós conversamos esse final de semana e resolvemos nos conhecer melhor.
- Ai, ai, ai sinto que você está fazendo besteiras.
- Por quê?
- Cuidado para não brincar com o sentimento das outras pessoas.
- Eu sei disso e ele também sabe.
- E o Roger?
- Quero esquecer aquele idiota.
- Acho que você está certo, mas vá com cautela.
- Eu sei e você será sempre o meu modelo a ser seguido.
- Anda na linha moleque, disse ele enquanto me abraçou e saiu para trabalhar.
Enquanto me preparava para o trabalho meu telefone começou a tocar insistentemente, era o Diego.
- Tudo isso é saudade!
- Oi lindão, como foi à viagem? Chegou direitinho?
- Chegamos bem, porém hoje já me meti em confusão na escola.
- O que aconteceu?
- Ignorância de um colega, mas me conta, está tudo certo para o fim de semana?
- Tudo certo, eu chegarei aí na sexta à noite.
- Vou esperar por você.
- Quer passar a noite de sexta comigo no hotel?
- Melhor a gente se encontrar no sábado.
- Agita umas paradas legal ai pra gente aproveitar o final de semana.
- Estou vendo com meus amigos.
- Então está certo lindão, agora tenho que trabalhar. Falamos durante a semana.
- Combinado.
- Beijo grande!
- Pra você também.
Depois da ligação do Diego, fui para o mercado ajudar meu pai e o Tiago. Naquela tarde minha mãe não apareceu, estava com Aline, embora não falasse nada, estava com receio que minha irmã estivesse grávida, tentava não pensar na hipótese, porém era uma ideia que estava fixa na minha mente e não deixava eu me concentrar no trabalho
Agradeci aos céus quando chegou à noite que meu pai e eu fechamos o mercado e fomos para casa, além de nervoso pela situação, estava exausto daquela correria no trabalho, não conseguia entender como Tiago, papai e mamãe suportavam aquela longa jornada, era muito desgastante.
Chegamos a casa e encontramos mamãe e Aline sentadas no sofá da sala assistindo novela. Estava curioso para saber como tinha sido a consulta, mas ao mesmo tempo estava nervoso e com receio da resposta.
Meu pai foi mais corajoso e questionou assim que sentou com elas junto ao sofá.
- Como foi à consulta, filha? Perguntou ele baixando o volume da TV.
Aline olhou para ele, depois pra mim e abaixou a cabeça. Neste momento senti uma pontada no meu coração e uma angustia tomou conta de mim, então minha mãe respondeu por ela.
- Nossa filha está grávida, João.
Não sabia o que fazer e nem o que dizer. Tive vontade de levantar daquele sofá e me esconder no meu quarto para chorar, mas tinha que ser forte e ajudar Aline, ela não tinha culpa pelo que aconteceu.
Aline começou a chorar, pois nem eu e nem meu pai esperávamos aquela notícia, era visível nosso estado de abatimento.
- Minha filha, disse meu pai, agora não adianta chorar, levante a cabeça porque você não é mais sozinha, tem um filho para cuidar.
- Foi o que eu disse a ela, disse minha mãe, estar grávida não é o fim do mundo, porém vai mudar muitas coisas na vida dela.
- E você precisa estar preparada para enfrentar os problemas que surgirão, complementou meu pai.
Eu estava calado não conseguia dizer uma palavra, tinha algo trancado em minha garganta que me impedia de falar qualquer coisa.
- Você terá que contar ao Roger que ele é o pai do seu filho, disse meu pai.
- Eu não quero saber dele, disse Aline chorando.
- Eu entendo sua revolta minha filha, mas a partir de agora tens que pensar nessa criança também, disse meu pai calmamente.
Pai, eu não quero saber dele.
- Se você não quer ficar com ele, tudo bem, mas terão um filho e terão esse vinculo para o resto da vida, não adianta fingir que o Roger não existe.
- E se eu tirar?
- Jamais, gritou minha mãe assustando a todos, filho meu não comete este tipo de loucura, nunca mais abra a boca para pronunciar uma coisa dessas, você fez, vai ter que assumir.
- Mas mãe...
- Nem tente Aline, esquece essa ideia absurda, você vai ter essa criança e vai cuidar porque é seu filho.
- E os meus estudos?
- Você vai estudar trabalhar e cuidar do seu filho. E tem mais, o Roger vai ajudá-la porque os dois são responsáveis, se não quiser ficar com ele, não fique, mas o filho os dois vão criar.
Aline se calou e quando minha mãe falava era lei, nem mesmo meu pai era capaz de dizer algo contra ela, os dois tinham uma sintonia perfeita.
- Mano você me perdoa? Aline tentava fazer com que falasse com ela, mas eu estava com meus pensamentos longe de tudo tentando entender porque a situação havia chegado naquele ponto.
Não disse nada, apenas criei coragem, levantei e saí correndo para o meu quarto, passei a chave na porta e deitei na minha cama chorando descontrolado.
Minha mãe ainda bateu na porta tentando falar comigo, mas eu não atendi, fiquei imóvel onde estava, chorei tanto que secou minhas lágrimas e peguei no sono.
Acordei com as batidas na porta, era o Tiago falando do outro lado para abrir que ele queria entrar.
- Mano, por favor, abre pra mim.
Mesmo querendo abrir, continuei calado sem forças para levantar.
Se você não abrir essa porta vou ficar muito chateado.
Levantei e abri a porta pra ele que nem me deixou voltar para cama e me abraçou ali mesmo.
- Como você está?
- Não sei nem o que pensar, falei e não consegui dizer mais nada.
Ele também não perguntou nada a respeito e nem falou sobre gravidez, Roger, Aline.
- Posso dividir essa cama com você essa noite?
- E a sua?
- Fiquei com preguiça de dormir lá, disse ele me abraçando mais uma vez.
- Obrigado por tudo!
- Aposto que você não se alimentou?
- Não, mas não estou com fome.
- Nada disso, vem comigo, disse ele já me puxando pela mão até a cozinha.
- Só você mesmo pra me trazer até aqui para comer.
- Você tem que enfrentar os problemas de frente e pra isso precisa estar bem alimentado.
- Sabia que você daria para um bom analista, falei enquanto ele aquecia comida no micro-ondas para nós dois.
- Mais eu sou um bom analista, disse rindo, trabalhar naquele mercado não é fácil.
- É verdade, disse rindo.
- Viu só, consegui até um sorriso de você, ganhei a noite.
- Porque nós somos tão unidos, hein?
- Não sei, mas eu não quero ver você chorando e depressivo.
-Você tem razão, a Aline vai precisar do meu apoio.
- Eu sabia que você seria superior a tudo isso.
- Não vai ser fácil, é uma mistura de raiva e carinho ao mesmo tempo, uma sensação horrível, difícil de explicar.
- Eu te entendo e vou estar sempre ao lado dos dois.
- Agora mais do que nunca preciso ir embora daqui.
- Só em pensar nessa possibilidade meu coração começa a doer.
- Por quê?
- Eu não quero te perder.
- Você nunca vai me perder só vamos nos afastar um pouco.
- Não é a mesma coisa.
- Eu sei que não é, mas eu preciso desse afastamento não vou suportar essa carga, é demais pra mim.
- Eu vou te ajudar, prometo!
- Obrigado! Não poderia esperar outra atitude sua que não fosse à compreensão.
- Será muito doloroso pra você ficar aqui, mas não vire as costas para Aline, ela pecou pela inocência.
- Eu sei. Aline não tem culpa de nada.
De repente Tiago ficou pensativo enquanto comíamos calados.
- O que você pretende fazer quanto ao Roger?
- Não sei, foi só o que consegui responder a ele.
- Pensa bem para não magoar Aline, agora ela vai precisar muito do nosso apoio.
Depois do jantar, Tiago e eu lavamos a louça e depois subimos para o quarto, ele não tocou mais no assunto, apenas escovamos nossos dentes para deitar.
Já deitados na minha cama, lembrei que Aline deveria estar sentida com minha atitude.
- Preciso fazer algo, falei pra ele.
- O que foi? Não me diga que precisa ir ao banheiro?
- É outra coisa, levantei e sai, em seguida bati na porta do quarto de Aline.
- Quem é? Ouvi sua voz chorosa.
- Posso entrar?
- Oi maninho, entra.
Ela estava chorando, não falei nada, apenas a abracei e juntos choramos abraçados. Ficamos um longo tempo apenas com nossos sentimentos e depois voltei para o meu quarto, nossa comunicação foi apenas em gestos, não era necessário palavras para nos entendermos, ela entendia a minha dor e eu a dela.
- Falou com ela, disse Tiago assim que voltei para cama.
- Não foi preciso, apenas trocamos um abraço.
- Fiquei muito orgulhoso de você.
- Fiz o que era necessário e agora vamos dormir.
Dormimos apertados na minha cama de solteiro, ele nem reclamou, sabia que estava precisando daquele carinho e por isso fiquei muito grato.
No dia seguinte na escola ninguém tentou nenhuma brincadeira de mau gosto, no final da tarde combinei de conversar com Rafael quando saísse do mercado.
Depois que saí do mercado encontrei com ele na minha casa, colocamos um filme para rodar enquanto ele me contava as novidades.
- Já falou com seus pais?
- Falei com o Tiago, mas estou com outros problemas ai.
- A briga na escola?
- É sobre Roger, Aline está grávida.
- Grávida?
- Sim, estou muito confuso com tudo isso, são tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, minha cabeça vai pirar amigo.
- Cada vez mais eu me convenço que você tem que morar conosco em BH.
- Você já falou com seus pais?
- Sim, quando falei que meus companheiros de quarto seriam você e Lucas, eles aceitaram na hora, só não gostaram de deixar minha namorada aqui.
- Pelo visto seus pais estão bem empolgados com o namoro de vocês?
- Por eles eu já estava casado com ela, mas não quero casar sem ter uma profissão definida.
- Eu acho que você está certo, é muito novo para casar.
- Tenho muitos projetos pra minha vida profissional.
- Eu também tenho, mas não esperava passar por isso que estou passando, está sendo um golpe muito duro pra mim.
- Pelo visto você está com Diego, mas ainda não esqueceu o Roger?
- Ainda não, quero muito esquecê-lo, mas não sei como faço?
- Não sei, acho que você só vai esquecer se aparecer alguém legal.
- O Diego é um cara legal, estou investindo nele.
- Ele é bacana mesmo, mas e o carinha lá?
- Muito doido isso e o pior que ele gosta do cara, estamos na mesma situação, gostando da pessoa errada.
- De tempo ao tempo que as coisas se resolvem, ou então faz como o Lucas curte a vida e não se prende a ninguém.
- Se eu conseguisse ser assim bem que seria uma boa.
- Peça mais umas aulas a ele, Rafael disse brincando.
- Ficou louco, o Diego pira se sabe disso.
- Ele é ciumento sem te amar, imagina se amasse, disse Rafael rindo.
- E o Lucas? Não falou mais com ele.
- Não
- Preciso ligar pra ele, ver se já falou com a família.
- Caso eu não vá, vocês vão do mesmo jeito?
- Eu vou e já quero de cara entrar no cursinho pré-vestibular.
- Você está mesmo decidido?
- Sim, se tudo der certo quero fazer odontologia.
- Tem que se dedicar muito meu amigo.
- Sonho tanto com isso que me sinto preparado para enfrentar qualquer desafio.
- Vamos nos concentrar no filme?
- Vamos.
Ficamos assistindo TV até que Aline chegou, achei estranho ela chegar naquele horário, era cedo ainda, lembro que naquele dia ela tinha aula, alguma coisa estava acontecendo, não foi nem necessário puxar pelo pensamento para lembrar o que era, pois tão logo entrou em casa ela veio falar comigo.
- Mano, o Roger está chegando ai, tem como vocês olharem o filme lá no seu quarto?
- Não tem necessidade Aline eu volto outro dia, disse Rafael.
- Não precisa você sair, apenas quero ter uma conversa particular com ele aqui.
- Não quero atrapalhar vocês, disse Rafael dando jeito de sair.
- Você pode ficar comigo lá no quarto assistindo filme.
- Melhor eu ir pra minha casa.
- Então levo você até o portão.
Saímos para a garagem onde estava à bicicleta dele, Rafael pegou e fomos em direção à saída.
Quando abri o portão para o Rafael, dei de cara com Roger chegando a minha casa.
- Se cuida parceiro, disse Rafael dando um tapinha em minhas costas.
Ele saiu e o Roger chegou onde eu estava.
- Oi, disse ele com cara de cachorro.
- Aline está esperando por você.
- Sabe o que ela quer comigo?
- Não me diga que não sabe, pensei que soubesse muito bem.
- Sem cinismo, por favor.
- Entra que ela está esperando.
- Você está triste, o que houve?
- Deixa de ser idiota, sabe bem o que é e fica se fazendo de imbecil.
Entrei e subi para o meu quarto, mal cheguei à porta e comecei a chorar, como ele podia ser tão cínico, tão frio e agia como se não soubesse de nada.
Deitei na cama e fiquei tentando imaginar o que eles estariam conversando, morria de curiosidade para saber como Roger agiria diante da revelação que seria pai. Tomei coragem e voltei para escutar a conversa sem que eles percebessem.
Desci as escadas silenciosamente e fiquei escondido, de cara já percebi que Aline estava nervosa.
- O que você fez comigo e o Sandro não se faz.
- Desculpe, eu tentei me afastar do Sandro, mas a cada tentativa ele vinha daquele jeitinho carente e desprotegido, não tive coragem de me afastar dele.
- Porque você não me disse que estava envolvido com meu irmão?
- Se eu dissesse que tinha um caso com um homem e este homem era seu irmão, você jamais aceitaria ficar comigo.
- Por isso resolveu se aproveitar dos dois.
- A intenção não era essa, eu queria me afastar do Sandro, não quero esse tipo de relação pra minha vida, ele é uma pessoa muito bacana, gosto muito dele, mas não aceito esse tipo de vida.
- Então se afastasse. O que você fez com ele não tem explicação, não é porque meu irmão é um garoto e é homossexual que você tem o direito de usá-lo como fez.
- Desculpa se te magoei.
- Você praticamente tentou jogar me jogar contra ele, porque você fez isso?
- Sou muito confuso Aline, e você sabe disso, pode até me interpretar errado, mas eu te amo, é a garota perfeita pra mim, quero casar ter filhos, constituir uma verdadeira família ao seu lado e o Sandro ele é especial pra mim, mas não é o tipo de relação que eu desejo.
- Quero deixar claro o meu desgosto pelo que aconteceu. Não se joga com as pessoas desse jeito, espero que você ainda aprenda a dar valor ao sentimento esse que vem do coração.
- Desculpa minha gata.
- Na verdade, eu chamei você aqui porque tenho um acerto a fazer.
- Que acerto?
- Estou grávida e você terá que assumir seu filho.
Não tive como ver a reação dele porque estava atrás da parede, mas alguns minutos depois ele respondeu.
- Tudo bem, eu assumo e posso até me casar com você.
- Eu não quero saber de você, disse ela alterada.
- Você não quer por causa do Sandro?
- O Sandro é meu irmão, será que você não tem sentimentos?
- Deixa o Sandro que eu me entendo com ele, pensa bem Aline, nós podemos dar um lar ao nosso filho.
- Que filho? Filho que nem foi planejado, se eu soubesse a pessoa que você é jamais teria me envolvido contigo.
- Mais aconteceu, minha mãe gosta muito de você e eu não tenho receio nenhum em casar contigo.
- Não posso fazer uma cachorrada dessas com meu irmão.
- Eu já disse pra você deixar que as coisas com o Sandro que eu resolvo.
- Afinal de contas, a quem você ama?
- Amo você e agora vou amar mais ainda porque carrega um filho meu.
- Você é muito cínico Roger, diz que me ama, mas não consegue se afastar do Sandro.
- Eu gosto dele, mas é só curtição.
- Será que é mesmo curtição, ou não tem coragem de assumir que o ama?
- Eu nunca dei esperanças ao Sandro, nossa relação durou mais porque ele foi insistente.
- Ele ama você.
- Eu sei disso, mas não dá, já disse a você, não aceito esse tipo de relação na minha vida, não quero viver com um homem.
- E se eu te desse uma chance, como seria nossa vida?
- Seria normal como qualquer casal, eu amo você.
Aline começou a rir alto, não consegui entender até que ela falou.
- Roger, você acha que vou me sujeitar a viver com um homem que gosta de estar com outros?
- Eu posso me controlar, agora eu tenho um motivo a mais que é o meu filho.
- Teria que me provar que realmente isso é verdade.
- Prometo que serei fiel a você, casa comigo Aline, vamos criar nosso filho juntos.
- Seria tão mais fácil de nos resolvermos se entre não tivesse o meu irmão
- Por favor, gata, pensa bem, o Sandro eu me acerto com ele depois.
Aline estava calada não dizia nada.
- Ele é garotão ainda já deve estar até de namorado novo, não fica se culpando por causa dele.
Silencio da parte dela.
- Por favor, eu te amo, disse ele.
Silêncio de ambos.
Foi então que arrisquei espiar o que estavam fazendo e sem querer presenciei uma das cenas mais tristes até então, os dois estavam se beijando, foi demais pra mim, saí dali sem ser notado por eles e voltei para o meu quarto para chorar, era muito triste se sentir descartado.
Mais triste ainda era saber que minha irmã mais uma vez estava sendo enganada por ele ou eu era tão ingênuo que não me tocava que ela também o amava e lutaria por ele independente de nosso grau de parentesco.
Como eu queria naquele momento estar com Diego, somente ele poderia me ajudar, foi então que pensei em ligar, mas o que eu diria? Pensei e resolvi ligar, porém ele não me atendeu, lembrei que poderia estar em aula e desisti.
Fui para o computador ver se encontrava alguns de meus amigos on-line. Encontrei apenas minha prima Laura e Juliano, mas eu não queria falar com ele depois do último acontecimento em BH.
Pensei em chamá-la, mas foi ela que me chamou.
- Oi primo tudo bem com você?
- Tudo e você?
- Estou bem, quero pedir desculpas.
- De quê?
- Falei do Ju pra você, ele ficou muito chateado comigo.
- Não precisa ele ficar assim, você foi sincera.
- O Ju gosta muito de você, ele acha que pus tudo a perder.
- Não pense assim, e como ele está?
- Acho que voltou para o antigo namorado, ainda não estamos nos falando direito.
- Então ele ficou muito chateado?
- Ficou mesmo. O Ju é muito reservado, eu que fui ansiosa demais.
- Você gosta dele, é diferente.
- É verdade, mas o que você faz on-line? Nunca te vejo por aqui.
- Estou passando por uns momentos complicados.
- Com o namorado?
Ex você quer dizer, ele e Aline tiveram um caso e ela está grávida.
- Mentiraaaaaaaaaaaa?
- É verdade, nesse momento eles estão se acertando.
- E como você está?
- Mal, entrei aqui para ver se encontrava alguém para me distrair.
- Chama o Ju, ele está on, vai ficar feliz se falar com ele.
- Lauraaa não começa.
- É sério, o Ju é um bom amigo.
- Quer saber? Você tem razão, obrigado!
- Não me agradeça. Beijos primo.
- Beijo!
- O chamei e logo a janela dele abriu na minha tela.
- Oi tudo bem com você?
- Oi.
- Me viu on e nem me chamou?
- Você também fez a mesma coisa.
- Está chateado comigo?
- Não, você precisa crescer ainda, é muito criança.
- Você está me ofendendo.
- Desculpa! Eu vi você fazendo besteiras me chateei, mas não tenho nada a ver com isso.
- Também não é assim.
- Esquece! Tudo bem com você?
- Que besteiras você se referiu?
- O Diego é muito legal, mas não é o seu perfil.
- O que você sabe de mim pra se meter na minha vida desse jeito?
- Nada, sou apenas honesto, tchau.
Juliano está off-line.
Que cara abusado, não dei o direito dele se meter na minha vida assim, o que ele pensava que era, nem meu pai me tratava daquele jeito.
Saí do computador e deitei na cama em segundos as lágrimas vieram, chorei por tudo que estava acontecendo comigo, será que o problema era eu? Porque as pessoas me tratavam assim? O cara que eu amava não estava nem ai pra mim e ainda estava com minha irmã e ela grávida, Por quê? Era tudo o que eu queria saber, porque tinha que passar por aquela situação? E porque o Juliano me tratou tão mal e o Diego que nem me atendeu?
Dormi e só acordei quando Tiago chegou e bateu na porta do meu quarto.
- Posso entrar?
- Entra.
- Como você está? Disse ele deitando ao meu lado na cama.
- Quero ir embora dessa cidade, disse voltando a chorar.
- Eu prometi e vou te ajudar, mas porque você está assim?
- Aline chamou o Roger para conversar, eu me escondi e vi os dois se beijando, eles se acertaram.
- Não acredito que Aline fez isso?
- Ela fez, mas eu não quero que ninguém tome as dores por mim, é um problema meu e dela.
- E o que você vai fazer?
- Não vou fazer nada, ela é minha irmã e está grávida.
- Acho que você está certo.
- Estou mal mano, não sei como sair desse quarto.
- Vai sair com dignidade, você não tem culpa de nada, eles que devem sentir vergonha pelo que estão fazendo.
- Será que vai ser sempre assim? Porque ninguém me respeita?
- É porque você se envolveu com a pessoa errada e a Aline me decepcionou, achei que fosse mais forte.
- Ela está grávida, não vai ser fácil enfrentar uma gravidez sozinha.
- Eu só temo pela felicidade dela, não consigo acreditar nos sentimentos do Roger por ela.
- Porque você diz isso?
- O Roger nunca se prendeu a ninguém, nossa irmã só vai sofrer nas mãos dele.
- Ele pode mudar, agora será pai e as pessoas mudam.
- Eu não acredito na mudança dele, conheço o Roger há muito tempo e sempre foi assim.
- Eu não consigo entender porque ela afirmava na minha frente que não queria nada com ele e agora fez tudo ao contrário.
- Talvez por medo da sua reação.
- Será que foi só por isso? Acho que não reconheço mais nossa irmã?
- Ela está cega de paixão.
- Cada dia que passa, eu me sinto mais sufocado nessa cidade, quero ir embora daqui.
- Você pode ir embora, mas os problemas vão te acompanhar.
- Eu sei, mas prefiro tratá-los longe daqui.
- Hoje eu falei com a tia Joana, ela me explicou tudo, inclusive me disse que a casa fica perto da faculdade, tenho tanto medo de você ter que encarar sozinho uma cidade grande.
- Tenho que aprender a andar com minhas próprias pernas e depois você vai estar sempre aqui, basta eu dar uma ligação e tenho ajuda.
- E ai de você que não faça isso, vou a BH e te dou uma surra, disse ele rindo.
- Vou me espelhar sempre em você e não vou fazer nenhuma burrice, eu prometo!
- Vai ter que me ligar todo dia senão vou te buscar.
- Todo dia? Não vai ser cansativo demais?
- Não, porque não ficarei bem aqui sem saber de você.
- Combinado então, eu ligo todo dia.
- Assim está melhor, já jantou?
- Não, acabei dormindo.
- Se eu souber que você não se alimenta direito, juro que mudo de ideia antes mesmo de você ir.
- Eu prometo! Eu prometo! Como o que você quiser.
- Ah muito bem, então levante dessa cama e me acompanha até a cozinha.
Fomos até a cozinha ele aqueceu a comida e jantamos juntos.
- Não quero ver você triste pelos cantos, amanhã vou conversar com papai, ele é mais fácil de convencer.
- Obrigado mano, não sei nem como te agradecer.
- Estudando muito e sendo feliz com honestidade, isso me basta.
Depois que jantamos Tiago foi para o quarto dele, não achei justo ele dormir apertado mais uma vez por minha causa, no dia seguinte ele tinha que trabalhar e depois tinha aula era uma rotina desgastante.
Aline e Roger realmente se acertaram. Notícia que foi comunicada por ela aos nossos pais, ela estava radiante de felicidade, porém eles não gostaram, minha mãe ficou irada, disse que a união com Roger não lhe faria bem, mas Aline foi firme e decidida.
Ela não veio falar comigo sobre sua decisão e eu também decidi não me meter. Uma briga entre nós dois não resolveria nada e ainda seria desgastante para todos, resolvi que o tempo daria as respostas tanto a ela, ao Roger e a mim.
Vocês podem achar que desisti dele facilmente, mas não foi por causa disso, sou muito ligado à família, pensei nos meus pais, no meu irmão, na gravidez dela e achei melhor seguir minha vida. É claro que não estava bem, não tinha esquecido o Roger de um momento para outro, estava sofrendo, mas em primeiro lugar eu me respeitava e tinha amor próprio.
A minha esperança era que em Belo Horizonte tudo seria diferente, era novo ainda, tinha 17, e apesar da rasteira que havia levado do Roger, não tinha desistido dos meus sonhos e principalmente de encontrar alguém que me desse valor. Nessa aposta estava o Diego, tanto é que nesse dia ele me ligou e se desculpou por não ter atendido ao telefone, estava em prova na faculdade, também contei a ele sobre a novidade que era quase certa, a minha mudança para BH, o que foi mais um motivo para comemorarmos no final de semana.
Não vi mais o Roger depois da visita dele a Aline, ele estava bancando o bom moço e eu também fiquei na minha, já sabia o que estava por vim pela frente, as pessoas na cidade não me viam com bons olhos e a notícia de que eles estavam juntos com certeza seria um prato cheio para mais fofocas.
Na sexta-feira Diego me ligou assim que chegou ao hotel.
- Oi meu lindão.
- Já chegou?
- Acabei de chegar, vou tomar um banho e cair na cama.
- Amanhã eu te ligo e a gente combina algo.
- Vem dormir comigo no hotel.
- Ainda tenho que conversar com meus pais.
- Vim de tão longe pra te ver.
- Oh meu Deus que garoto mais carente.
- Tem certeza que vai me deixar sozinho aqui?
- Não me tenta.
- Então vem.
- Não sei se devo.
- Se você quiser vou te buscar.
- Nem tomei banho ainda.
- Toma banho aqui.
- Tudo isso é saudade?
- Muita, vamos fazer assim, eu vou agora à sua casa.
- Você vai saber o caminho?
- Mais é claro, essa cidade é um ovo e se eu não souber me informo com alguém.
- Procura pela casa do meu pai então, senão podem dar o endereço errado.
- Depois eu quero saber tudo o que está acontecendo, você está me parecendo triste.
- Já me conhece tanto assim?
- O suficiente para saber que hoje você chorou.
- Vou aguardar então.
- Daqui a pouco estou ai.
Depois que o Diego desligou fui correndo arrumar minhas roupas para o final de semana, coloquei numa mochila e desci. Quando cheguei ao andar de baixo tive a infelicidade de encontrar Roger conversando com meus pais e minha irmã.
Eles ficaram espantados quando me viram de mochila nas costas, Aline mal me encarou não sei se era vergonha ou remorso por suas atitudes, Roger agiu como se nunca tivesse algo comigo.
- Mãe! Posso falar com você? Interrompi a conversa deles.
- Aonde você vai com essa mochila? Perguntou meu pai.
- Sair com alguns amigos.
- Posso saber quem são esses amigos? Questionou meu pai.
- Deixe João, eu resolvo com ele, disse minha mãe saindo comigo até a cozinha.
- Aonde você vai filho?
- Vou sair com o Diego, lembra-se dele?
- Não estou lembrada de nenhum Diego.
- O filho do Paulo que mora em BH, o mesmo que passei o final de semana na casa dele.
- Ele está aqui na cidade?
- Está num hotel, nós combinamos de sair com a galera.
- E porque ele não se hospeda aqui em casa?
- Por que ele já tinha reservado o hotel.
- Toma cuidado meu filho, você é só um menino.
- Eu sei, mas o Diego é do bem e depois Rafael e Fernanda vão sair com a gente.
- E onde você vai dormir?
- Bem, ai é que está. Ele me convidou para ficar no hotel.
- Nem pensar, se quiser terá que ficar aqui em casa.
- Mais mãe...
- Sem mais mãe, vão ficar aqui, não quero dar mais motivos para esse povo te hostilizar pela cidade.
Não contava com a resposta da minha mãe, pensei numa alternativa, mas nada me veio à cabeça. Sem saída resolvi abrir o jogo com ela.
- Mãe! O Diego...
- O que tem ele?
- Eu to ficando com ele e você sabe...
- Agora mesmo é que não vai e preciso saber dessa história direitinha.
De repente a campainha toca e o Diego vem acompanhado do meu pai.
- Olha só quem eu achei perdido em nossa porta, disse meu pai na maior inocência.
- Tudo bem Diego? Minha mãe cumprimentou-o com um beijo de cada lado do rosto.
Depois ele veio e me cumprimentou com um abraço.
- Estava justamente resolvendo um assunto com o Sandro, acho que te interessa Diego.
- E sobre o que é dona Silvia?
- Seja sincero comigo, você está namorando o Sandro?
- Seja sincero comigo, você está namorando o Sandro?
- Mãe?
- Deixa Sandro, sua mãe tem o direito de saber e até fico feliz em seu interesse.
- De que vocês estão falando? Questionou meu pai.
- O Sandro e o Diego estão namorando.
- Nós estamos apenas nos conhecendo.
- Deixe o Diego falar, disse minha mãe.
- É verdade dona Silvia, Sandro e eu estamos nos conhecendo melhor. O problema é que não sou assumido ainda e gostaria de contar com sua discrição e a do seu João.
- Fica tranquilo meu filho, o Sandro também faz pouco tempo que se abriu conosco, disse meu pai.
- Você nunca pensou em conversar com seus pais? Questionou minha mãe.
- Eles não são acessíveis assim como vocês.
- Você é um bom moço, mas quero te pedir uma coisa, disse minha mãe.
- Pode pedir dona Silvia?
- Não faça nenhum mal ao meu filho, seja sempre honesto com ele.
- É muito estranho conversar sobre essas coisas, mas a senhora pode ficar tranquila.
- Pra mim também, mas o meu filho não é sozinho no mundo.
- Nunca tive esse tipo de conversa com ninguém, mas eu entendo e o Sandro sabe tudo o que acontece comigo.
Muito bom saber disso, eu gostei de você e faço questão que fique hospedado aqui em casa.
- Aqui?
- Sim, o Sandro me disse que vocês ficariam num hotel, mas eu não concordo, as pessoas dessa cidade são muito maldosas.
- Eu nem sei o que dizer, disse Diego constrangido.
- O Sandro tem enfrentado muitos problemas depois que se assumiu e no momento que vocês se hospedarem em hotel vão abrir margem para mais intrigas.
- Por mim tudo bem, mas eu não quero atrapalhar.
- Faço questão, será bem-vindo a minha casa.
Sendo assim, vou pegar minhas coisas no hotel.
Diego ficou envergonhado, mas a minha mãe era assim mesmo, depois de pôr uma coisa na cabeça ninguém tirava.
- Não precisa ficar com receio, você será bem recebido, pode ficar no quarto do Sandro, mas já aviso, os dois irão portar-se como adultos que são. Aqui é uma casa de respeito.
- A senhora pode ficar tranquila quanto a isso.
- Tenho certeza que sim.
Diego saiu, fiquei louco de vergonha pela atitude da minha mãe, mas sabia que não adiantava contrariá-la.
Ficamos os três na cozinha a situação era um pouco constrangedora, ainda não sabia lidar direito com meus pais, mas minha mãe ao contrário parecia estar bem à vontade.
- Meu filho, pegue um colchãozinho lá no meu quarto e coloque no seu para o Diego dormir.
- Obrigado por tudo que a senhora tem feito por mim.
- É obrigação minha e de seu pai zelar pelo seu bem, não vou admitir filho meu dormindo em hotel sendo que tem uma casa, mas é claro que vão se comportar. Você me entendeu?
- Entendi e até fiquei surpreso com sua decisão.
- Filho, você tem uma família que te ama, aconteceu esse problema com Aline, mas a culpa foi minha.
- A culpa não foi da senhora...
- Foi sim, ela disse me interrompendo, foi minha e de seu pai que não demos atenção necessária a vocês, os dois cresceram muito só e as coisas não podem ser assim.
- Eu não tenho nada o que reclamar.
- Tem sim meu filho, ficou uma situação constrangedora com sua irmã e sei que você está sofrendo, mas quero te agradecer por ser um filho de ouro. Poderia ter colocado a boca no mundo e não fez, admiro sua coragem e a forma como está enfrentando esse problema.
- Obrigado mãe, eu ainda quero ser motivo de orgulho pra você e o papai.
- Você já é meu filho, seu irmão conversou comigo sobre seus planos e sua mãe já está a par.
Baixei a cabeça e não tive coragem de encará-los.
- Depois nós precisamos conversar com calma, mas primeiro, curta seu final de semana com seus amigos.
- Obrigado mais uma vez, dei um beijo no rosto deles e subi para o meu quarto.
Quando passei por Aline e Roger, eles ficaram me olhando sem entender nada, nem olhei para trás, arrumei o colchão conforme minha mãe falou e desci para aguardar o Diego.
Logo que Diego voltou, fui abrir o portão para ele colocar o carro na garagem.
- Assustado com minha mãe? Perguntei a ele assim que desceu do carro.
- Até que não, mas fui pego de surpresa.
- Ela é assim mesmo, mas é legal.
- Eu já percebi, seus pais são maravilhosos.
Vamos colocar suas coisas lá no meu quarto?
- No seu quarto?
- Sim ou você quer no quarto do Tiago?
- Prometi a sua mãe e vou me comportar, disse ele rindo.
- Pode ficar no meu quarto vai ser tranquilo.
- Só beijinho, disse ele sorrindo pra mim.
- É só se controlar.
- Então vamos, estou cansado de viajar.
- Só tem uma coisa que você precisa saber antes de entrar.
- O que é?
- Seu meio irmão está aqui.
- O Roger? Por essa eu não esperava.
- Sim, ele mesmo, agora é namorado firme da minha irmã, ela está grávida.
Diego me olhou assustado e seguiu me acompanhando para dentro de casa, tão logo entramos demos de cara com Roger e Aline.
- Diego! Que novidade você por aqui? Disse Aline brincando com ele.
- Gostei da receptividade e resolvi voltar, disse ele cumprimentando-a.
- O que você veio fazer aqui? Questionou Roger com severidade.
- Tudo bem Roger? Disse Diego sorrindo e estendendo-lhe a mão.
- Seu pai está sabendo que você está aqui?
Roger não cumprimentou o Diego que ficou com a mão estendida.
- Eu não faço nada escondido dele.
- Para com isso Roger, deixe o Diego em paz, disse Aline.
- Vamos Sandro?
- Vamos.
Roger e Aline ficaram nos olhando, mas não disseram nada. Subimos as escadas e fomos para o meu quarto.
- Que cara chato o que ele quer saber da minha vida?
- Calma, na verdade eu acho que o questionamento nem era pra você.
- Me explica então, o que está acontecendo?
- O Roger às vezes se acha meu dono mesmo não estando mais comigo.
- Sinto muito pra ele, porque agora o dono do pedaço sou eu, disse ele me abraçando.
- Para com isso Diego a porta está aberta.
- Não seja por isso.
Diego se afastou, foi até a porta e chaveou voltando ao meu encontro.
- Agora quero o meu beijo, estou com saudades.
Diego me abraçou novamente, porém dessa vez seu abraço tinha posse, colocou sua mão na minha nuca e em segundos estávamos nos beijando.
- Prometi a sua mãe que ia me comportar, tenho que ter juízo, disse ele rindo e se afastando.
- Ainda bem que você não esqueceu.
Ele foi até a porta e destravou, deixando apenas fechada, em seguida, tirou sua roupa ficando apenas de cueca e deitou no colchão ao lado da minha cama.
- Boa noite, disse ele rindo.
- Boa noite, sorri também.
Apaguei a luz e deitei na minha cama tentando pegar no sono
Deitado na cama, meus pensamentos se voltaram para a atitude do Diego perante meus pais, fiquei muito feliz porque finalmente tinha uma pessoa disposta a me amar como eu merecia. Ele não teve medo como Roger, teve uma postura digna de alguém que realmente merecesse o meu respeito.
De repente senti uma vontade imensa de agradecê-lo por tudo, levantei da cama e deitei no colchão onde ele estava e o abracei. Diego levou um susto, pois estava quase dormindo ou já tinha dormido, beijei seus lábios e o abracei o mais forte que pude.
- O que aconteceu com você? Perguntou ele baixinho ao meu ouvido.
- Você foi maravilhoso comigo, eu quero te amar de verdade.
- Sandro, eu prometi a sua mãe que iria me comportar.
- E vai, basta sermos discretos.
- Não dá, não vou conseguir.
- Chiii!
Segurei sua cabeça e beijei-o sua boca profundamente, ele me abraçou, nosso beijo ficou intenso e muito gostoso, rolamos no colchão até que caímos no chão do quarto, só então nos soltamos e começamos a rir da situação, tanto Diego como eu estava excitado.
- Tudo isso é muito doido, não sei se consigo.
- Vamos colocar o outro colchão aqui no chão.
- Isso é muito maluco Sandro, sua mãe.
- Está dormindo, e silêncio, por favor.
- Eu sou maluco, mas você é mais que eu.
Trocamos mais um beijo e fomos colocar o colchão da minha cama no chão, ficou uma cama de casal.
- Agora podemos brincar a vontade, passei a mão na bunda dele enquanto arrumava o lençol entre um colchão e outro.
Diego me puxou pelo braço e caí por cima dele em cima do colchão, nem pude reclamar para não fazer barulho, começamos a nos beijar novamente, ele colocou a mão por dentro da minha cueca e começou a mexer no meu pau que já estava bem alegrinho, até que eu me lembrei da porta aberta.
- Diego, a porta.
Ele parou, foi como se tivesse tomado um susto, apenas sorrimos e eu fui trancá-la novamente, fui pé por pé e girei a chave lentamente, depois fui ao meu banheiro e peguei algumas camisinhas e um tubo de gel.
Quando voltei para cama ele já tinha tirado sua cueca, deitei sobre ele e voltamos a nos beijar como antes.
- Deita de bruços ele pediu entre um beijo e outro.
Deitei de bruços e Diego ficou por cima, beijou minha nuca e foi descendo por minhas costas, quando chegou a minha bunda, tirou a minha cueca, abriu bem minhas nádegas e começou a cheirar e passar a língua no meu cu, enfiando lá dentro, e depois os dedos.
Que tesão, como não podia gemer optei por morder meu travesseiro e ele seguia caprichando no seu cunete, meu corpo arrepiava a medida que fazia seus movimentos de língua, achei que fosse gozar ali mesmo até que ele parou.
Diego sentou no colchão e apoiou os braços para trás do corpo, nem foi preciso dizer nada, entendi a mensagem e comecei a chupar seu pau, ele segurou minha cabeça como se quisesse que engolisse seu pau, estava todo molhadinho, bem excitado e seu saco cheio de leite, estava enorme, era sinal que fazia dias que ele não transava, fiquei feliz, era a prova que não ficou com o ex dele na minha ausência, sentia sua respiração acelerada, ele estava sentindo muito prazer então pediu que parasse.
- Agora me faz seu com todo carinho, disse ele baixinho enquanto trocávamos selinhos mudos.
Fiz um cunete no Diego que ele ficou todo arrepiado, em seguida coloquei a camisinha e fui introduzindo devagar até que entrou e iniciei um movimento de vai e vem bem lento para não fazer barulho. O tesão e a adrenalina foi tomando conta do meu corpo, segurava em seus ombros e arranhava suas costas enquanto me movimentava. Quando estava prestes a gozar ele me fez parar.
Deitei na posição frango assado ele colocou a camisinha e foi penetrando lentamente, senti um pouco de dor que aos poucos foi aliviando. Ele metia devagar e acelerava. Que delicia sentir seu corpo roçando ao meu enquanto movimentava-se na maior calma para não acordar ninguém.
Depois de alguns minutos, trocamos de posição, ficamos de ladinho, ele segurava minha perna e controlava seus movimentos, fiquei de quatro e seguiu se movimentando e quando estava prestes a gozar, parou, retirou a camisinha e me pediu para chupá-lo ate gozar.
Mal iniciei a chupá-lo e começou a gozar, Diego respirava fundo para não chamar atenção, chupei seu pau até deixá-lo limpinho.
Depois foi a vez dele, me chupou até gozar e assim como fiz com ele, Diego deixou meu pau limpinho.
Trocamos um beijo e ficamos abraçados, nossos corpos estavam totalmente suados e assim dormimos o restante da noite.
Acordei pela manhã por volta das 6 horas com o Diego me chamando.
- Acorda lindinho.
- Ahh o que foi?
- Vamos arrumar o seu colchão na cama e deixar a porta aberta.
- É cedo ainda.
- Não meu amor.
- Diego! Você tem noção o que falou, disse baixinho.
- Sim, a partir de hoje você é o meu amor, disse ele com um sorriso lindo no rosto.
- Não brinca comigo, eu sou sentimental.
- Não é brincadeira, estou gostando de você, senti saudades essa semana.
- Saudades de sexo.
- De tudo, mas principalmente desse jeitinho tímido e carente que você tem.
- Sabe que às vezes eu tenho medo de me machucar nessa brincadeira?
- Não tenha, estou levando a sério nossa relação e quero muito que dê certo.
- Eu também quero muito que dê certo.
- Quando você for pra BH e ficarmos mais pertinho será maravilhoso.
- Meu irmão já falou com meus pais, acho que vai dar certo.
- Que notícia maravilhosa, disse ele rindo e me beijando depois.
- Por enquanto não é nada certo.
- Amor, vamos arrumar a cama e abrir a porta, não quero que sua mãe tenha má impressão de mim.
- Você já vai levantar?
- Claro, eu acordo cedo para correr todo dia.
- Você pretende correr aqui?
- E porque não? Vem comigo?
- É um lado seu que eu não conhecia.
- Pois vai conhecer todos os lados, disse ele me abraçando e em seguida levantando da cama.
Colocamos meu colchão de volta no lugar, Diego retirou o lençol que utilizou e dobrou, juntou o travesseiro e deixou sobre minha cama já arrumada, levantou o outro colchão, juntou as camisinhas usadas durante a noite e deixamos o quarto bem ajeitadinho.
Em seguida foi até a mochila e tirou uma bermuda e uma camiseta, vestiu e em alguns minutos já estava pronto para sair.
- Você não vem comigo?
- Sei lá? Nunca corri.
- Deixa de ser sedentário, vamos dar uma corridinha, você vai ver o quanto é bom.
- Ok, você me convenceu.
- Vai rápido que esse é o melhor horário.
Coloquei uma bermuda e uma camiseta e saí com o Diego, era cedo ainda, na casa todos dormiam.
- Amor me indica um lugar que seja bom para fazer corrida.
- A praça é o melhor lugar.
- É longe para chegar até lá?
- Uns 10 minutos.
- Então vamos correr nessa praça.
- Não sei se vou conseguir?
- Tão cheio de saúde e sedentário, vamos ter que mudar esse adjetivo bem rapidinho, disse ele rindo.
Chegamos à praça e ele começou a olhar na volta.
- Não gostou?
- Vamos ter que começar devagar e aos poucos aumentar a velocidade.
- Você fala como se eu corresse todo dia, disse rindo.
- Mais é fraquinho esse meu namorado, disse ele rindo.
- É tão bom ver você me chamando de seu namorado, seu amor, não estou acostumado com isso.
- Pois vá se acostumando, porque estou falando sério.
- E agora é pra valer, vamos correr, disse ele.
Saímos correndo pela praça, que não era muito grande, as duas primeiras voltas foi tranquilo, mas depois já comecei a sentir e o Diego firme ao meu lado parece que nem estava correndo. Na terceira volta, eu parei, senti dor nas pernas e não consegui continuar, foi então que passou o mesmo engraçadinho que o Lucas já tinha discutido na rua e gritou.
- E ai viadinho não aguentou o pique do namorado?
O Diego ouviu e foi pra cima do cara.
- O que você disse?
- Eu? Não disse nada, falou o cara se esquivando.
- pois eu digo, viadinho é o seu pai.
- Para com isso Diego, deixa esse imbecil.
O cara nem deu conversa para o Diego, viu que era dois contra um e se foi.
- Idiota! O que ele pensa que é em ofender as pessoas?
- Já estou acostumado com isso.
- Perto de mim isso nunca vai acontecer e você também precisa aprender a se defender.
- Como?
- Não abaixe a cabeça toda vez que alguém te ofende.
- E eu vou bancar o valentão para o cara bater em mim ou até me matar?
- Não, mas também não aceite tudo.
- Eu tento ignorar.
- Ignorante, não sabe nada da vida e saí por ai ofendendo os outros.
- Vamos voltar pra casa, já estou cansado.
- Vamos! Cansei você né?
- Não tenho como competir, disse rindo.
Voltamos pra casa, encontramos meus pais e meus irmãos sentados à mesa do café.
- Já saíram tão cedo? Questionou meu pai.
- Fomos correr na pracinha.
- Ae maninho finalmente tirou a ferrugem, disse o Tiago rindo.
- Pois saiba que eu corri muito bem.
Aline estava calada tomando seu café.
- Vocês vão me ajudar no mercado? Disse meu pai brincando.
- Tem vaga pra mim? Perguntou o Diego.
- Cuidado que ele se aproveita da sua boa vontade, disse Tiago rindo.
- O que mais tem é trabalho naquele mercado, disse meu pai.
- Eu quero ajudar, disse Diego.
Meus pais e Tiago começaram a rir.
- Não precisa filho, estava brincando com você, disse meu pai.
- Mais eu faço questão.
- Acho que você vai se arrepender disse minha mãe.
- Basta me ensinar, disse ele rindo.
- Tiago, o coloque a carregar caixas de verduras, disse meu pai rindo.
- Que maldade pai, ele vai me ajudar com as prateleiras.
- Não precisa. Hoje você está liberado meu filho, vá mostrar a cidade ao Diego, sair com Rafael, Fernanda e deixe o resto por nossa conta.
CONTINUA