Nesse período quase não tive contato com Roger, as poucas vezes que nos vimos foi no hospital quando minha mãe estava hospitalizada e depois no sepultamento, mas sempre à distância.
Era a primeira vez que entrava na casa deles e também era o primeiro contato direto com ele.
Pra mim o que tinha acontecido entre nós fazia parte do passado, não sei se ele pensava como eu, mas este era o meu pensamento. No pouco tempo em que o avistei, tive a impressão que havia mudado, estava muito carinhoso com Aline e só queria saber da filha.
Roger e Aline fizeram questão de nos mostrar o apartamento deles e depois nos convidaram para almoçar. Eu não estava muito a vontade, mas Tiago e Paula aceitaram o convite e tive que aceitar, mas sempre evitava ficar a sós com ele que ao contrario de mim se sentia a vontade e parecia que nem me conhecia do passado.
- Sandro, eu e Aline queremos te fazer um convite, disse ele enquanto almoçávamos.
- A mim?
- Sim, confirmou Aline.
- Queremos que você seja o padrinho da Sabrina.
- Eu? Convidem o Tiago que tem namorada.
- Eu quero você e não se discute mais sobre isso, disse Roger ao seu velho estilo de mandão.
- Mano, não se preocupe a madrinha nós já convidamos e ela aceitou numa boa.
Pensei na situação complicada em que eles me colocaram, mas também pensei no pedido que minha mãe me fez para nunca abandonar Aline e se ela estava me convidando para ser o padrinho da sua filha é porque gostava muito de mim e também pensei na Sabrina, era minha sobrinha não podia recusá-la.
- Eu aceito.
- Obrigado mano, eu te amo muito, disse ela vindo até onde eu estava e beijando meu rosto.
- Posso brincar um pouquinho com minha afilhada?
- Claro, vai ao quartinho dela e fique a vontade.
Fui até o quarto da Sabrina, ela era tão pequena dava medo de pegá-la no colo, fiquei ao lado do berço brincando com ela que nem entendia nada o que eu falava e gesticulava, mas ela me olhava atenta e o bobo aqui achando que entendia tudo.
Empolguei-me brincando com ela que nem percebi quando Roger entrou no quarto e falou comigo.
- Eu quero te agradecer por ter aceitado o convite.
- Aceitei por causa da minha mãe.
- Como você está?
- Nunca estive tão bem quanto agora.
- No ano que vem você vem estudar aqui?
- Não sei ainda, vai depender como meu pai vai reagir ao tratamento.
- Você sempre quis tanto estudar, não desista.
- Nem sempre conseguimos ter tudo o que queremos na vida.
- Não tem porque é bobo, se apega a crendices sem fundamento.
- Acho que está na hora de voltar pra sala, tentei me retirar, mas ele me puxou pelo braço.
- Você está com alguém?
- Estou por quê?
- Quem é?
- Não interessa.
- É o idiota do Juliano?
- E daí que seja ele?
- Se você se meter com esse cara eu acabo com a raça dele.
- Vai cuidar da sua mulher que é minha irmã e merece respeito.
Saí do quarto e deixei ele para trás com cara de marrento, voltei para a sala e por sorte Tiago já estava dando jeito de sair.
Combinei com Aline de ela me ligar para combinarmos sobre o batizado, Roger agiu como se não tivesse me cantado no quarto da filha, nos despedimos e voltamos para casa. No caminho Tiago veio me interrogar, ele estava desconfiado.
- O que o Roger foi fazer atrás de você no quarto da filha?
- Nada, foi só me agradecer por ter aceitado o convite do batizado.
- Foi só isso mesmo?
- Foi só isso.
- Ainda bem porque não gostaria de me indispor com ele por causa de você e Aline.
Fiquei calado e resolvi dar o assunto por encerrado, não contei o que realmente aconteceu para o Tiago, pois não queria mais conflitos e também tinha que me defender sozinho e andar com as próprias pernas.
Em setembro Juliano comprou seu sonhado apartamento e passou a morar sozinho, Tiago e eu recebemos o convite para inauguração, foi num final de semana, aproveitamos para visitar nosso pai e fomos.
Era apenas um jantar para poucos amigos, estavam presentes, Laura, Fabrício, Junior, Rafael, Fernanda, Lucas, Tiago, Paula, o irmão dele com a esposa, a irmã com sua sobrinha de dois aninhos, alguns de seus colegas de faculdade entre eles Maurício acompanhado de Diego.
Era um belo apartamento para um cara solteiro, com dois dormitórios, o quarto principal com suíte, banheiro social, a sala era bem espaçosa, a sala de jantar era acoplada à cozinha e mais uma área de serviço. Ele estava tão feliz que fez questão de nos mostrar cada cômodo de sua nova morada.
Neste dia conheci o Augusto que chegou após o jantar surpreendendo a todos, até mesmo o próprio Juliano que nos apresentou a ele. Quem não gostou da visita dele foi Fabrício que mudou totalmente após a chegada do irmão.
Augusto era totalmente diferente do Fabrício que usava barba, o rosto dele era liso, vestia social e chamava atenção por seu estilo, era o típico cara de negócios.
Fiquei observando de longe, ele estava todo atencioso com Juliano, parecia até que era um dos donos da casa, tanta atenção me fez pensar porque Juliano gostava de mim se tinha um cara daqueles a seus pés? Eu era apenas um garoto problemático enquanto o Augusto era um cara de presença e poderia oferecer-lhe um futuro bem melhor, será que eles tinham voltado e Juliano não me disse nada? Estava perdido em meus pensamentos que nem me dei conta quando Laura veio falar comigo.
- Está pensando em que?
- Em nada, estou apenas observando.
- Ficou tão calado depois da chegada do Augusto.
- Eles estão juntos?
- Por enquanto não, mas o Augusto está separado e está marcando presença.
- Você está gostando dele, não é?
- Não sei! Depois de tudo que aconteceu ele se tornou importante pra mim, um grande amigo.
- Então porque você não dá uma chance a ele?
- Minha vida está toda bagunçada e eu sem me envolver já bagunço a vida do Juliano, imagina me envolvendo.
- Ele gosta de você, mas toma cuidado para não perdê-lo.
- E se eu me envolver com ele e estragar a nossa amizade?
- Essa decisão é sua e você é quem deve saber se vale a pena tentar ou não.
- Ele fica chateado quando é contrariado, não sei se com vocês em casa ele era assim?
- Sim, é bem típico dele acho que vem do signo.
- Você acredita nisso?
- Acredito, e vocês combinam.
Caí na risada só a Laura mesmo pra me fazer acreditar em suas crendices.
- Está rindo de que?
- De suas crenças.
- Pois não devia, você é libra e ele é de gêmeos, a combinação perfeita, só tem um defeito.
- Qual?
- Os dois são muito indecisos.
- Laura, você não existe, disse rindo.
- Se eu fosse o Ju já tinha te colocado contra a parede e feito se decidir, mas não, ele fica esperando até você dar o ar da graça.
- Não quero magoá-lo.
- Na verdade você tem é medo de encarar porque sabe que o Ju é diferente de todos os caras que se envolveu até hoje.
- Você deveria ser astróloga, disse rindo.
- Não, me contento como psicologia mesmo, mas se liga.
- Do que você está falando?
- Além de Augusto estar em cima, tem uma garota que vive paparicando ele.
- A Patrícia? Achei estranho porque ela não estava na inauguração do apartamento.
- Não sei, eu acho que eles até já andaram se pegando.
- Mentira, o Juliano não é disso.
- Tem razão, ele não é, mas também não é de ferro e nem casto.
- Posso saber o que os dois tanto conversam? Perguntou Juliano juntando-se a nós.
- Estava dizendo ao Sandro que gêmeos e libra combinam.
- o quê?
- Brincadeira da Laura.
- Vindo dela eu nem me assusto.
- Vou dar uma volta ver se o Fabrício já se acalmou, disse ela rindo e saindo de perto.
- Gostou do meu apartamento?
- É aconchegante, mas achei grande demais pra uma pessoa.
- A primeira vez que entrei aqui me encantei com esse lugar e também gostei da localização.
- É bonito, você escolheu sozinho?
- Foi uma amiga minha que é corretora.
- Atrapalho você Juliano?
Era Augusto se juntando a nós.
- Sim, quer me dar licença, por favor?
- Esse é o garotinho que você gosta?
- É ele mesmo, por quê?
- Nada não, imaginei outra pessoa.
- Já que você veio sem ser convidado, me dá licença, eu preciso conversar com Sandro.
- Não precisa ser grosso, já estou de saída.
- Obrigado, e vê se da próxima vez aparece quando for convidado.
Ele saiu sem dizer nada, deve ter ficado com vergonha, pois chamou atenção de algumas pessoas.
- Desculpa pelo inconveniente.
- Me parece que ele ainda gosta de você.
- Não gosta, é apenas pose.
- A Laura me disse que você é indeciso, mas me pareceu ser o contrário.
- Preciso falar com você.
- Falar o quê?
- Me dá uma chance.
- De novo esse assunto?
- É a última vez que estou pedindo uma chance a você, eu demoro a tomar uma decisão, mas depois que tomo é definitiva.
- Você tem sido muito importante pra mim, mas não dá, somos amigos.
- Tudo bem nunca mais você vai me ouvir pedindo outra oportunidade, disse ele saindo visivelmente triste.
No meu aniversário em setembro meus tios com ajuda do meu pai organizaram um jantar pra mim e chamaram meus amigos, segundo as crendices no nosso aniversário não podem acontecer coisas ruins, mas não foi o que aconteceu comigo.
Na verdade não tinha como culpar o destino ou Deus por minhas escolhas, mas a partir deste dia minha vida tomaria outro rumo totalmente diferente daquilo que eu imaginava e foi justamente quando Juliano não apareceu, para o meu aniversário.
Desde a inauguração do apartamento dele não nos vimos mais, ele não me procurou, não ligou como sempre fazia, nem no msn o encontrava, na verdade estava perdendo o carinho dele e eu era o único culpado.
Estavam todos os meus amigos menos ele, senti uma sensação de vazio e abandono, não tinha vontade de estar naquele jantar e pela primeira vez tive a sensação de estar sozinho rodeado de pessoas.
O jantar transcorreu normal, mas eu não estava bem, faltava algo, sentei num sofá e fiquei isolado da turma.
- O que houve, está triste? Perguntou Laura sentando ao meu lado.
- O Juliano não veio.
- Vocês brigaram?
- Não, mas a última vez que nos vimos ele disse que não ia mais me procurar.
- Se o Ju te disse isso ele não vem.
- Ele não atende minhas ligações, não consigo encontrá-lo nem no msn.
- Meu primo é assim mesmo, o Augusto aprontou com ele e nunca mais conseguiu se aproximar novamente.
- Achei que eles estivessem juntos?
- Isso eu posso te afirmar que não, mas o Augusto tem tentado se aproximar dele.
- E aquela garota?
- Ele não está mais morando aqui em casa, não sei de tudo o que acontece na vida dele.
- Você sabe sim, só não quer me contar.
- Lembra quando conversamos da última vez?
- Você me disse que tinha uma garota que estava gostando dele.
- E eu ainda disse, dê uma chance a ele e você se fez de difícil, agora não adianta reclamar.
- Eles estão juntos?
- Estão! Ela é legal e faz tempo que vem tentando uma aproximação com ele.
- É a Patrícia?
- A Patrícia bem que tentou, mas é só colega de faculdade.
- E quem é essa garota?
- Ela é corretora, o ajudou a escolher o apartamento, se aproximou e vivia paparicando ele, mas o Ju tinha esperança de você mudar de ideia e foi esperando pacientemente, primeiro foi o casamento da sua irmã, depois a doença da sua mãe, até que foi perdendo as esperanças.
- Ele nunca me falou dessa garota.
- Porque ele não queria nada com ela, pelo contrário, neste período ficou feliz achando que você estava na dele.
- A minha vida estava toda bagunçada e ainda está. Como poderia pensar em alguém?
- Por isso ele resolveu fazer mais uma tentativa naquele jantar de inauguração do apartamento, mas você não aceitou e acho que agora é definitivo, o Ju é meio radical em suas decisões, até achei que ele esperou muito tempo pra se decidir.
- De repente até foi melhor assim.
- Você é uma pessoa difícil de entender.
- Nem tanto, acho que são as pessoas que não me entendem.
- Você não tem nem direito de reclamar do Ju porque ele fez coisas por ti que nunca fez por ninguém.
Não tive o que dizer a Laura, depois desse dia voltei pra casa e comecei analisar minha vida, não era possível que tinha me isolado de todas as oportunidades por causa de Roger, eu tinha que passar uma borracha no passado e partir pra outra, no fundo perdi as chances com Juliano porque estava preso a uma relação sem retorno.
Já era novembro, meu pai continuava em Belo Horizonte se tratando pra depressão, às vezes tinha impressão que ele não tinha mais vontade de viver e isso me dava uma verdadeira agonia porque precisávamos da força dele para continuar.
Eu continuava em casa com Tiago, ele já estava se formando na faculdade, nunca pensei que nossa vida tomaria o rumo que tomou após a morte da minha mãe.
Depois do afastamento do Juliano, fiquei muito só, o Tiago tinha suas obrigações do trabalho, mas podia contar com a Paula e eu vivia remoendo meu passado com Roger. Muitas vezes me perguntei por que eu tinha que ser assim? Se eu fosse uma mulher seria bem mais fácil de encarar os problemas. Meu passado com ele parecia tão distante que chegava a me perguntava por que um dia fui tão ligado a ele? As coisas pareciam sem sentido, foi então que tomei uma decisão.
Naquela mesma semana liguei para o Lucas e perguntei como estavam as baladas em Belo Horizonte, neste dia combinamos de nos encontrar no fim de semana pra cair na farra, era o momento de dar o basta final no marasmo que estava minha vida.
Na sexta-feira avisei o Tiago que ia para Belo Horizonte passar o final de semana com Lucas, ele me encheu de perguntas querendo saber quem estaria conosco, já que confiava no Rafael, mas este sempre vinha passar o final de semana com Fernanda em nossa cidade.
Durante o caminho as lembranças do Juliano não saíam da minha cabeça, como estava sendo burro e idiota, ele nem deveria mais querer saber de mim, mas eu precisava tentar, eu ia atrás dele.
Na rodoviária peguei um táxi até a casa que deveria ser a minha e acabei não indo.
Cheguei e encontrei o Lucas com um carinha, não sabia se era rolo dele ou algum morador novo da casa.
- E aí Sandro, resolveu assumir seu lugar?
- Por enquanto não, mas em breve estarei assumindo.
- Pior é que já colocamos o Giovane no seu lugar.
- É mesmo?
- É brincadeira minha, seu lugar está reservado, mas o Giovane é nosso novo colega.
O Giovane era bonito bem afeiçoado, deveria ter uns 20 anos, 1,80, cabelos castanhos estilo militar raspado na nuca e bem aparado no alto da cabeça, olhos escuros brilhantes, dentes alvos, bem alinhados, um sorriso de causar inveja, além de ser bem espontâneo.
- Logo que cheguei me disseram que tinha um morador fantasma na casa, mas agora estou percebendo que não é tão assustador assim. Muito prazer eu sou o Giovane! – disse ele me estendendo a mão.
- Prazer Giovane! Infelizmente esse ano eu passei por momentos difíceis que me impediram de vir, mas logo assumo meu lugar.
- Sou novo aqui na cidade, mas estou gostando da companhia do Rafael e do Lucas.
- O Rafael tem aquele jeitão de mandão, mas é bem tranquilo.
- Aqui ele é o chefe e pra tudo tem regras, quem não gosta muito é o Lucas.
- É mesmo Lucas? Deu-se mal e o pior que não pode desobedecer ao primo.
- Ele pensa que me põe cabresto, mas eu sei bem como levar o Rafa na manha.
- Disso eu não duvido.
- Quer dizer que vamos aprontar muito nesse final de semana?
- Nem tanto, estou pensando em outra coisa.
- Hum está apaixonado e nem me disse nada.
- Não sei, mas é algo diferente que está acontecendo comigo.
- Então investe, disse Giovane.
Gostei do jeito dele, disse que era do interior de São Paulo, tinha conseguido passar na federal pra odonto, estava procurando um lugar para morar quando viu um anúncio dos meninos no mural da faculdade e foi assim que chegou a casa.
No dia seguinte pela manhã a primeira coisa que fiz foi ir à casa da minha tia dar um beijo no meu pai, nem parecia o mesmo de antes apesar dele estar mais alegre.
Passei a manhã com ele, o coloquei a par de tudo o que estava acontecendo e a tarde fui procurar Juliano, porém não o encontrei em casa, o porteiro me disse que ele havia saído pela manhã e não havia retornado.
Voltei pra casa e tentei ligar para ele, porém não atendia caia sempre na caixa postal e mesmo deixando recado ele não retornou.
Fiquei com raiva e decidi ir com Lucas na boate que inclusive já tinha o meu ingresso, esqueci totalmente do Juliano e fui me preparar, se ele não estava a fim não ia ficar rastejando.
Mesmo assim antes de sair de casa peguei meu telefone e passei uma mensagem pra ele.
Oi, estou em Belo Horizonte, estou na Josefine com Lucas... Saudades.
Chegamos à boate e logo senti a diferença. Eu já tinha ido algumas vezes com Diego que era atencioso e ficava comigo o tempo todo ao contrário de Lucas que mal chegou e já ficou com um carinha.
Apesar de inseguro criei coragem e encarei, logo de cara já veio um carinha querendo conversar comigo, mas eu disse que estava esperando o meu namorado, ele ainda insistiu, mas depois saiu. A sorte que o local tinha pouca gente ainda era cedo, o pouco pessoal que estava ali já fazia festa. Fui até o bar, pedi uma bebida e fiquei bebendo enquanto observava o ambiente. Aos poucos fui percebendo que todo aquele receio de antes era pura imaginação da minha cabeça, até que notei meu telefone vibrando no bolso da minha calça.
- Oi Juliano.
- Onde vice está?
- No bar.
- Estou indo aí.
Nem acreditei que tinha dado certo e ele tinha ido me encontrar. Eu já era acostumado com ele, mas na hora fiquei nervoso, não sabia nem como ia falar, pois sempre foi ele quem tomou a iniciativa.
Depois de longos minutos ele chegou onde eu estava. Juliano estava diferente da última vez que nos vimos, o cabelo estava diferente, ele havia cortado bem curtinho e usava um perfume muito sensual.
- Oi!
- Que bom que você leu minha mensagem.
- Fiquei surpreso! É a primeira vez que vem aqui?
- Não, mas é como se fosse.
- Você veio sozinho?
- Com Lucas.
- E porque você me chamou aqui?
- Quero te pedir desculpas.
- E precisava ser numa boate?
- Tive no seu apartamento hoje à tarde e o porteiro disse que você havia saído pela manhã.
- O que você quer comigo?
- Vamos conversar em outro lugar.
- Está ótimo aqui, então o que você quer comigo? Disse ele irritado.
- Se você quiser eu posso te mostrar.
Criei coragem e antes que ele dissesse alguma coisa, aproximei e o abracei.
- Sandro, eu não posso.
- Agora que eu criei coragem vou até o fim.
- Você não quis nada comigo, lembra?
- Eu estava muito indeciso, mas agora estou decidido.
Abracei-o mais forte trazendo seu corpo junto ao meu, senti a proximidade de sua respiração, nossas mãos foram deslizando uma no corpo do outro e nossos lábios se uniram, nossas línguas se tocaram e foram entrando em nossas bocas em um beijo doce carregado de adrenalina, nem acreditei que finalmente tinha criado coragem e estava beijando o cara que considerava meu primo, meu melhor amigo, mas também o cara que me mostrou que a vida poderia se tornar melhor, bastava querermos.
Sentia sua excitação, assim como ele sentia a minha, sua língua deslizava pelo meu pescoço, ia até a minha orelha e mordiscava. Eu fiz o mesmo com ele tornando nossa noite mais quente ainda, até que ele falou no meu ouvido.
- Vamos dançar?
- Vamos!
Fomos para a pista e ficamos dançando, ele dançava muito bem e eu já imaginando como acabaria aquela noite. De forma sensual ele se aproximou de mim e me abraçou por trás enquanto dançávamos, sentia seu corpo roçando ao meu e uma sensação gostosa percorria minha coluna vertebral, fazia muito tempo que não ficava bem comigo mesmo. Perdi a noção das horas que ficamos dançando, até que ele me convidou para descansarmos um pouco.
Saímos da pista, ele me puxou para um canto e me abraçou, aproximou seus lábios do meu ouvido e disse baixinho.
- Vamos terminar nossa noite fora daqui?
- E o que você me sugere?
- Vamos lá pra casa, disse ele e fiquei apreensivo, na verdade tinha vergonha de estar com ele, afinal sempre tive o Juliano como alguém da família e isso pra mim era sagrado.
- Está com medo?
Mordi o lábio inferior e pensei tenho que tentar quebrar essa barreira.
- Um pouco.
- E então?
- Vamos antes que eu me arrependa.
Fomos para o seu apartamento, nem parei para pensar que poderia estar me metendo numa fria, não sabia se ele estava namorando, mas mais do que nunca estava decidido e tentar algo com ele.
Chegamos ao seu apartamento notei que ele era bem organizado, nem parecia um cara solteiro.
- Quer beber alguma coisa?
- O quê, por exemplo?
- Não sei! Água, vinho, vodka, conhaque.
- Você tem tudo isso?
- Não, é que você me deixa nervoso também, disse rindo.
- Não quero beber nada, disse olhando em seus olhos.
- Posso saber por quê?
- Quero estar bem ciente do que estou fazendo.
- Isso é bom, significa que...
- Eu acho que estou gostando de você.
- Pra valer?
- Sim.
Ele veio ao meu encontro me abraçou contra seu corpo e beijou meus lábios de forma intensa, quando interrompeu o beijo ficou acariciando meu rosto, aproximou de meu ouvido e disse baixinho.
- Sonhei tanto com esse momento que eu nem acredito que está acontecendo.
Ele falou de uma maneira tão gostosa que um arrepio percorreu meu corpo, apenas o abracei mais forte e comecei a beijá-lo de forma intensa e selvagem explorando sua boca com minha língua.
- Quero você pra mim.
Disse ele já me envolvendo em seus braços e voltando a me beijar novamente, mordeu meu pescoço levemente e foi passando a língua em toda sua extensão enquanto pressionava seu volume contra o meu que já estava muito excitado.
Comecei a sentir um tesão incontrolável percorrendo meu corpo. Sem interromper nosso beijo ele pegou minha mão e levou até seu pau, estava muito excitado, dava pra sentir seu volume. Seguimos nos beijando enquanto ele levou suas mãos até minha bunda e ficou apertando, que sensação maravilhosa para quem estava carente como eu.
Colocou suas mãos em minha cintura e foi retirando minha camiseta, em seguida retirou a sua, voltou a me abraçar e sussurrou ao meu ouvido.
- Você é perfeito.
- E você é muito gentil comigo.
Voltamos a nos abraçar novamente, dessa vez foi eu que não resisti, beijei seu pescoço passando a língua em seguida desci até seus mamilos e me dediquei a lamber um depois o outro que ficaram bem durinhos, ele gemia de uma maneira tão gostosa que me excitou ainda mais.
Ele voltou a me beijar enquanto foi caminhando e me levando em direção ao quarto, eu já tinha perdido o nervosismo inicial e me sentia preparado.
Abri o botão de sua calça, abaixei o zíper e meti a mão por dentro, senti seu pau todo babado, sua cueca estava molhada, em seguida puxei sua calça pra baixo e tirei sua cueca.
Ele sentou na cama e terminou de tirar sua roupa, acho que dessa vez ele que estava receoso, fui até ele beijei seus lábios e transmiti toda confiança para seguir adiante.
Ele se ajeitou na cama e eu deitei por cima dele beijando sem dar tempo de pensar em desistir, beijei toda região do seu tórax, seu abdômen, ele respirava ofegante. Estava nervoso, mas mesmo assim não desisti, passei a língua em sua virilha e ele se arrepiou todo, depois segurei seu pau e comecei vagarosamente a lamber a cabeça, passando a língua bem devagar limpando toda a baba em volta, desci mais pra baixo e lambi o saco, dei uma mordidinha leve e coloquei suas bolas na minha boca.
Juliano ficou louco, na hora segurou minha cabeça e empurrou na direção do seu pau e meteu na minha boca empurrando bem fundo, meus olhos lacrimejaram, mas logo passou e ele voltou a pressionar seu membro duro na minha garganta, dessa vez o recebi com prazer, já estava mais preparado e ele começou se movimentando devagar colocando e tirando seu pênis cheio de baba.
Segui chupando enquanto ele gemia, em seguida levantou, tirou o restante de minha roupa, deitou novamente e pediu para deitar que ele também queria me chupar. Fiz o que ele pediu e segui chupando seu pau. Quando o contato dei sua língua na cabeça do meu pau e chupá-lo com fúria, gemi naquele instante e comecei a fazer o mesmo que ele fez comigo, foi muito bom achei que fosse gozar ali mesmo.
Ele passou a chupar minhas bolas, fazia tempos que eu não sentia o que era alguém tocando em meu corpo, mal conseguia me concentrar no seu pau que continuava duro. Com suas mãos afastou minhas nádegas e começou um cunete ele estava me deixando doido, usava sua língua com habilidade enquanto eu seguia chupando seu membro.
Ele lambia, enfiava dentro, tirava, assoprava, mordia minha bunda e depois voltava a lamber e eu já estava em ponto de bala. Saí de cima dele, fiquei de quatro pra ele continuar, porém dessa vez ele foi passando a cabeça do pau na entradinha do meu cu, até que ele parou, acho que estava na duvida e perguntou baixinho.
- Me diz que não estou sonhando?
- Agora mais do que nunca eu quero ser seu.
Ele voltou a me chupar, enfiou um dedo com saliva, deu algumas estocadas, em seguida enfiou dois e foi mexendo bem devagar, eu já estava gemendo de tanta vontade de dar, ele percebeu e deu uma palmada forte na minha bunda, em seguida passou saliva nos dedos e tornou a introduzir, em seguida foi passando de novo a cabeça do seu pau no meu cuzinho.
Colocou a camisinha e foi penetrando aos poucos, até senti-lo inteiro dentro de mim, ele foi muito legal comigo e deixou que me acostumasse, senti um pouco de dor, mas era prazeroso demais.
Ele começou um movimento de vai e vem, foi uma sensação maravilhosa, primeiro lento, depois foi acelerando o ritmo com movimentos firmes e fortes.
Eu só queria mais, estava muito gostoso sentia uma revolução no meu corpo tamanha a excitação e gemia cada vez mais alto, o deixando ainda mais doido.
Trocamos de posição, deitei na cama e ele me penetrou novamente com movimentos intensos sentia suas bolas batendo na minha bunda a cada estocada. Ele veio por cima de mim e começou a beijar minha boca, morder meu pescoço e minha orelha. Sentia sua respiração pesada contra meu rosto até que ele interrompeu seus movimentos me deu um beijo e saiu de cima de mim.
- Vou acabar com você e me vingar de tudo que me fez passar, disse ele rindo.
- Ou eu acabo com você.
Juliano ficou rindo, deitou na cama e pediu para sentar em seu pau. Sentei de frente pra ele e comecei a cavalgar, ele gemia alto, segurou meu pau e começou a bater punheta pra mim, minha respiração ficou falha. Avisei que ia gozar, mas ele seguiu firme com seus movimentos e acabei gozando em cima dele e em suas mãos que acariciavam meu pau enquanto eu tremia pelo prazer que senti.
Ele levantou retirou a camisinha e antes que ele começasse uma punheta comecei a chupar seu pau e em seguida gozou diante dos meus lábios. Beijamo-nos e ele deu um sorriso ainda ofegante.
- Acho que estou vingado.
- Você foi muito legal comigo.
- Fui legal é?
- Foi.
- Isso quer dizer que podemos repetir.
- Veremos, disse sorrindo abraçado a ele.
- Vamos tomar banho?
- Estou precisando e você vai ter que me emprestar uma toalha.
- Isso é o de menos.
- Você gosta de se entregar sem frescura, eu gosto disso.
- É que eu estava necessitado mesmo.
- Isso quer dizer o que?
- Quer dizer que eu quero ficar com você.
- Vamos tomar banho.
Juliano não disse nada, mas senti que ficou apreensivo.
Ele me mostrou o banheiro, e enquanto entrava no chuveiro foi ver uma toalha para mim, em seguida voltou entrando no banho junto comigo.
- Está pensando que vai só tomar banho sozinho?
- Pensei que estava chateado.
- Pois está equivocado e eu quero mais.
Ele me abraçou e foi descendo beijando meu corpo pegou meu pau ficou beijando e começou a chupar. Meu pau foi ganhando vida a cada investida de sua boca, olhei para o seu e vi que ele masturbava enquanto me chupava e também já estava muito excitado.
Segurei em sua cabeça e senti o vai e vem da sua boca, depois de algumas chupadas ele subiu novamente e dessa vez me abraçou por trás, desceu beijando minhas costas até minha bunda abriu e passava a língua de leve. Eu olhava para baixo e via seu pau pulsando, não resisti e subi sua cabeça de volta, segurei nossos paus juntos e os masturbei.
- Os dois combinam direitinho, não acha?
- Quero experimentar o seu, disse ele.
Segui masturbando enquanto ele lambia e beijava meu pescoço, desliguei o chuveiro, ele ficou de frente para a parede, coloquei bastante sabonete liquido na minha mão e fui abrindo passagem, me abaixei, abri suas nádegas e passei minha língua no seu ânus ele gemeu a cada toque da minha língua invadindo seu cuzinho.
Ele disse que no armário do banheiro tinha camisinha, peguei uma, coloquei e fui introduzindo até que entrou completamente, quando encostei meu quadril em sua bunda, o empurrei ate encostar-se à parede, nossa uma delicia ver seu rosto de prazer e dor ao mesmo tempo. Juliano estava sentindo dor, fui devagar, ele abria suas nádegas com as duas mãos enquanto eu me movimentava para não machucá-lo.
Segurei pela cintura e fui penetrando mais forte, até que pediu para penetrá-lo de frente. O maluco deitou de costas no chão e penetrei novamente, desta vez com força sentia as batidas de nossos corpos conforme o contato dos movimentos e assim como ele fez comigo segurei seu pau, comecei uma punheta nele ate que senti seu esperma em minha mão.
Retirei a camisinha e ele foi chupando meu pau, minhas pernas já estavam trêmulas e acabei gozando.
Ele levantou, nos abraçamos, trocamos um beijo e tomamos banho, era algo muito louco o que estava acontecendo conosco naquela noite, porém em nenhum momento senti arrependimento, além de ser uma forma de tentar me livrar do meu passado.
Já no quarto de banho tomado, pensei que precisava voltar pra casa, tinha perdido a noção das horas, já estava com minha roupa na mão para vestir quando Juliano entrou.
- Onde você pensa que vai com essas roupas?
- Vou voltar pra casa.
- Nada disso, são quase quatro horas da manhã, fica e dorme aqui, vou gostar de dividir minha cama com você.
- Se é assim eu fico, disse rindo.
Fomos dormir já era quase cinco da manhã, dormi ao lado do Juliano em sua cama.
Assim que deitei logo peguei no sono, estava em paz comigo mesmo e com meu corpo como há muito tempo não me sentia.
Acordei assustado por volta do meio dia, Juliano não estava mais na cama, tratei em levantar, tomei um banho rápido, vesti minha roupa e fui até a sala procurar por ele.
Ouvi um barulho vindo da cozinha, fui até lá e o avistei.
- Já acordou?
- Estou preparando um lanchinho pra gente.
- Que tratamento vip.
- Sonhei com esse momento por muitos anos.
- Valeu a pena esperar?
- Muito, ele se aproximou me abraçou pela cintura e me beijou.
- Não posso me atrasar, preciso pegar o ônibus.
- Já?
- O Tiago não pode ficar sozinho.
Ele apenas sorriu, preparou as torradas e serviu com uma caixa de suco de laranja.
Sentamos na bancada e iniciamos nosso lanche.
- Precisamos conversar, disse ele.
- Também acho.
- Eu não esperava por isso, fui pego de surpresa.
- Você está namorando?
Ele ficou calado, nem foi preciso resposta eu já sabia.
- Pode dizer, a culpa é minha.
- Sim, mas isso vai depender de você.
- Não posso ser responsável pelo fim do seu namoro.
- O que você sente por mim?
- Eu gosto de você.
- Seja sincero comigo.
- Eu não sei ainda o que é, mas é algo especial que venho cultivando aos poucos, porém ainda estou muito preso ao meu passado.
- É o que me basta, disse ele rindo.
- Não entendi.
- Eu vou terminar com ela.
- Você gosta dela?
- Gosto, mas não é igual a você que eu amo pra valer.
- Você nunca teve problemas com sua sexualidade?
- Não, pra mim o que importa é o que me faz feliz.
- Ainda bem, porque dos homens que me envolvi até hoje só o Lucas é bem resolvido consigo mesmo.
- O que houve entre vocês?
- Apenas um flerte, nada mais que isso.
- Vou ficar com ciúmes de ver os dois juntos.
- Ciúmes? Ontem você viu, ele estava comigo, mas eu nem vi o Lucas.
- Estou brincando, o Lucas já tinha me contado sobre o lance de vocês.
- Andou me investigando?
- Quem quer corre atrás e não desiste facilmente.
- Porque você não atendeu meus telefonemas?
- Estava levando a sério o lance de não insistir mais.
- É esse que não desiste facilmente? Disse rindo.
- Eu praticamente implorei por um ano, fora as vezes que namorava suas fotos no meu telefone e você nem se lembrava de mim.
- O que te fez mudar de ideia?
- Aquela mensagem me transmitiu o recado que eu sempre esperei e resolvi ver de perto.
- Eu estava louco de medo de você não ir.
Aproximei dele e beijei seus lábios, quando me afastei ele ficou me olhando como se ainda não estivesse acreditando no que estava acontecendo.
- O que foi?
- Porque você mudou de ideia tão rápido?
- Não foi rápido.
- Fiz tantas tentativas frustradas, teve alguns momentos que eu pensava estar conseguindo e do nada você mudava de opinião.
- Senti que estava te perdendo e não queria isso, não posso viver do passado.
- No ano que vem você vem estudar aqui?
- Não sei ainda, mas isso é empecilho pra você?
- De maneira nenhuma, só vou sentir mais saudades.
- Vai me ligar?
- Todo dia, quero saber tudo o que você faz.
- Você é controlador, né?
- Um pouco, isso é um defeito ou uma qualidade?
- Depende como é dosado.
- Gosto de tudo muito claro e quando você não se sentir bem com alguma coisa me fala.
- Tem outra coisa que percebi.
- O que, por exemplo?
- Às vezes você é um pouco inseguro,
- Se você estivesse na minha situação se sentiria assim também.
- Fiz você sofrer, né.
- Um pouco, na hora eu ficava louco de raiva e me afastava pra não discutir com você.
- Como a gente vai fazer agora pra se encontrar?
- Eu vou te ver, você vem me ver e vamos dividindo.
- Você vai me ver?
- E porque não? Já fui por menos.
- Você foi à pessoa mais importante da minha vida nesse ano triste que passei, se eu te perdesse não ia me perdoar.
- No próximo final de semana vou ficar com você.
- Posso contar para o Tiago sobre nós dois? É que eu não escondo nada dele.
- Não tenho nada a esconder, será que ele vai me aceitar?
- O Tiago é tranquilo.
- Agora ele vai ter que dividir o maninho comigo.
- Quero ver dos dois quem vai ter mais ciúmes um do outro.
- Eu sou ciumento, mas dele não tenho ciúmes, sei que ele é pai, mãe e irmão pra você.
Depois do lanche ele juntou a louça e começou a lavar, fui ajudá-lo, mas Juliano não deixou, fiquei onde estava e só então me lembrei do Lucas, eu não tinha nem avisado onde estava, isso se ele não estava acompanhado de alguém depois de uma noitada. Peguei o telefone e liguei para ele, porém deu na caixa postal.
- Está preocupado com alguma coisa, disse Juliano me abraçando e girando a bancada para ficarmos de frente.
- Eu tenho que pegar minhas coisas que estão na casa do Lucas.
- Ainda é cedo, fica comigo essa tarde, depois eu te levo e te deixo na rodoviária.
- E se o Lucas sair? Eu não tenho nem roupa.
- Eu te empresto uma, disse ele sorrindo.
- Se eu colocar uma calça sua terei dois problemas, terei que dobrar a parte de baixo da perna que vai ficar grande e na cintura terei que colocar algum enchimento, ele sorriu e até eu tive que achar graça das nossas diferenças.
- Quem manda ser tão magrinho, parece que nem tem sangue nesse corpo?
- Você acha?
- Não, já me provou o contrário, disse rindo.
- Achei que precisasse de mais uma prova, quer?
- Quero muitas provas, disse ele aproximando e me beijando.
Fomos pra cama e acabamos transando o resto da tarde, depois fomos até a casa do Lucas peguei minhas coisas e nos dirigimos para a rodoviária. Ele ficou comigo durante o tempo que tive que aguardar pela hora da viagem e só foi embora quando o ônibus deu a partida.
Durante a viagem pensei muito em tudo que tinha acontecido naquele final de semana, tinha horas que eu estava feliz da vida o Juliano era um cara maravilhoso e me amava sem medo de nada, mas eu ainda não estava totalmente entregue à relação, não pensava no Roger e nem no passado, mas pensava o que seria de nós dois se não desse certo, ele com 22 anos e eu com 18. Será que nós dois teríamos maturidade para manter uma relação duradoura?
Durante toda a viagem fui pensando eu tudo que estava acontecendo comigo na minha vida, precisava tomar uma decisão sobre meus estudos, mas não podia deixar o Tiago sozinho e o meu pai que não reagia. Sempre apático e desligado de tudo, tinha dias que se não era incentivado ou forçado por alguém, ele nem saia do quarto.
Cheguei à minha cidade era mais de meia noite, peguei um táxi e fui pra casa, Tiago me aguardava sozinho deitado no sofá e pensar que nossa casa sempre foi cheia de vida, já não aguentava mais viver aquela situação.
- Oi mano, sozinho?
- A Paula ficou até umas 22:00 e depois foi embora, amanhã ela tem que acordar cedo.
- Ela tem nos ajudado bastante.
- Sim, por isso tomei uma decisão neste final de semana.
- Que decisão?
- Estou me formando na faculdade e as coisas aqui em casa já não são como antes, trabalhei todo o fim de semana, estou cansado e é horrível chegar aqui e encontrar tudo vazio.
- Desculpe, eu não devia ter saído.
- Você tem que viver sua vida e precisa voltar a estudar.
- Eu sei, mas enquanto estivermos assim, não vou te deixar sozinho.
- Não posso te sacrificar desse jeito e por isso já me decidi e até falei com a Paula, nós vamos nos casar.
- Nossa! Assim tão de repente?
- Tudo na vida tem um momento certo para acontecer e eu sinto que chegou a hora de tomar uma decisão sobre meu futuro.
- Parece uma decisão muito precipitada, você é tão novo ainda.
- Estou com 25 anos e já está na hora de iniciar minha família, logo você sai e eu não posso ficar sozinho, nem consigo.
- E o papai?
- A hora que ele voltar pra casa e se Deus quiser será rápido eu vou cuidar dele.
- Será que ele ainda vai conseguir te ajudar no mercado como antes?
- Eu não sei, mas estou preocupado com ele.
- Papai vai ficar feliz quando souber que você vai casar.
- Falei com ele hoje me pareceu tão apático, não sei se era o telefone.
- Ontem eu fiquei a manhã toda com ele, nosso pai está muito triste.
- E você o que andou aprontando em Belo Horizonte? Questionou mudando de assunto.
- Nada demais, falei sorrindo.
- Pode ir falando, você está com uma carinha de felicidade, diz o que é?
- Eu fiz uma coisa doida esse final de semana, mas não estou arrependido.
- Não me diga que você foi atrás do Roger?
- Não, só vou ver ele no mês que vem no batizado da Sabrina.
- O Lucas? Não acredito.
- O Juliano.
- Ficou maluco, o que deu em você?
- Não é você que está pensando no futuro, quem sabe eu não esteja pensando no meu também?
- Eu sou diferente tenho um compromisso com a Paula faz tempo e você?
- Ele mexe comigo e foi bom demais.
- O Juliano é um cara legal, não brinque com os sentimentos dele.
- Estou levando a sério o meu lance com ele.
- Fico muito feliz por vocês dois, pela primeira vez em muito tempo você tomou uma atitude coerente, mas cuidado pra não confundir as coisas.
- Eu sei do que você está falando e também tenho esse receio de terminar nossa amizade que sempre foi tão bonita, mas foi bom demais, estou gostando muito dele.
- Bobão, fico feliz por vocês.
- Eu sabia que você ficaria feliz e no próximo final de semana ele vem pra cá.
- Olha a bagunça aqui em casa, não é porque o papai não está presente que podemos abusar.
- Eu sei, fica tranquilo.
- Está tarde, quer comer alguma coisa ou vamos dormir?
- Já fiz um lanche, vamos dormir que amanhã começa tudo novamente.
- Pra mim não começa, apenas continua, disse ele rindo.
Antes de dormir passei uma mensagem para o Juliano dizendo que já estava em casa e tinha chegado bem. Não demorou nem dois minutos e meu telefone tocou, era ele.
- Oi!
- Oi meu menino, não resisti bateu a saudade.
- Cheguei a pouco e pensei muito em você na viagem.
- Você não imagina como é bom ouvir isso.
- Já contei ao Tiago sobre nós e também avisei que na sexta-feira você vem ficar comigo.
- Nossa, que rapidinho.
- Estou encarando o nosso lance pra valer.
- Eu também e essa semana mesmo termino com ela.
- Confio em você, agora preciso dormir.
- Dorme bem meu amor, posso te chamar assim?
- É estranho, nunca ninguém me chamou assim.
- Pois agora terá, porque eu te amo muito e vou ficar muito feliz quando você me chamar assim também.
- Acho tudo tão recente ainda, vamos ver como as coisas vão acontecer daqui pra frente.
- Claro, tenho toda paciência do mundo.
- Então, boa noite meu lindo.
- Boa noite meu menino
- Beijo!
- Beijo!
Depois que ele desligou fui tomar banho, como era bom sentir aquela sensação de paz, há muito tempo não me sentia tão bem como estava, deitei na cama e dormi tranquilo.
Acordei no dia seguinte com meu celular despertando, era hora de levantar para o trabalho. Quando já estava quase pronto meu telefone começou a tocar, será que era o Juliano? Corri para atender, mas ao ver o visor notei que não era ele e sim o Roger, mas como estava perto do batizado da Sabrina atendi a ligação.
- Alô!
- Esteve aqui em Belo Horizonte e nem me avisou, bela consideração.
- O que você quer?
- Saber como você está, estamos com saudades.
- Estou muito bem se é isso que você quer saber.
- Quando você volta novamente?
- Não sei, por quê?
- Me liga quando vier.
- Eu ligo pra Aline para combinarmos sobre o batizado.
- Você ainda tem muita mágoa de mim?
- Eu só quero que você cuide bem da minha irmã e da minha sobrinha.
- Você não respondeu minha pergunta, mas não precisa responder, tenho ciência do que fiz.
- Que bom, eu preciso desligar.
- O que você veio fazer em Belo Horizonte?
- Ver meu namorado.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos e depois voltou a falar.
- Eu conheço o seu namorado?
- Pra que você quer saber?
- É o Juliano! Tenho certeza disso.
- Não se meta com ele?
- O namoradinho não se garante, vai defendê-lo.
- Acho que podemos ser civilizados, você é meu cunhado, é casado com minha irmã e tem minha sobrinha, então respeite sua família.
- O Juliano não serve pra você.
- Isso quem decide sou eu, agora tenho que trabalhar, tchau!
Desliguei o telefone, era muita petulância dele querendo infernizar minha vida em plena segunda-feira ao raiar do dia.
Que ótimo que finalmente esse chove não molha se deslanchou!!! Super contente em ver o Sandro resolvendo a vida com a pessoa que o ama! Que continue logo!