- Bom dia, faz tempo que está acordado?
- Acordei com o barulho do chuveiro quando a Laura estava no banho.
- Ela já acordou?
- Faz tempo, disse que ia procurar por Aline.
- Dormiu bem nessa cama apertada?
- A companhia estava tão agradável que eu não senti desconforto.
- Vou tomar um banho estou todo amassado da noite.
- Está sujinho, disse ele me atirando um travesseiro no rosto
Suado da noite, mas já dou um jeito nisso.
- Estou brincando com você, está bem cheirosinho.
- Agora não vale, falou que eu estava sujo.
- O que eu preciso fazer para me redimir?
- Agora nada, mas depois eu te mostro.
- Olha lá, hein? Eu vou cobrar! - disse ele quando eu já entrava no banheiro para tomar banho.
Quando retornei, ele já havia arrumado a cama e o quarto estava com outra aparência.
- Acho que vou trazer você mais vezes para me fazer companhia.
- Tenho que agradar senão da próxima vez não sou convidado.
- Isso nunca aconteceria porque independente do que acontece entre a gente, somos amigos e irmãos.
- Está cheiroso, disse ele mudando de assunto.
- Acho que agora posso mostrar que não estou sujinho.
- E como você vai fazer isso?
- Assim, me aproximei dele e o abracei ficando nossos rostos bem próximos um do outro.
Ele ficou me olhando como se não acreditasse no que estava acontecendo.
- Eu quero provar que posso te fazer muito feliz.
Aproximei dele calmamente e fui beijando sua face até que nossos lábios se encontraram, foi um beijo calmo e logo nos afastamos.
- Estou gostando de ver essa mudança em você.
- Preciso muito de você para vencer essa batalha.
- Eu vou te ajudar meu menino.
Seus lábios se aproximaram e dessa vez nos beijamos com mais força, foi intenso, mas logo fomos interrompidos pelo toque do celular dele que começou a chamar insistentemente e nos afastamos e ele foi atender ao telefone.
Alô!
- Podemos sim vou convidá-los, mas não sei ser vão aceitar.
- Dou um jeito.
- Em meia hora estamos ai, disse ele e desligou o telefone.
- O que foi?
- A galera nos convidando para almoçar num restaurante novo que abriu em frente a praça.
- É legal lá, a comida é muito gostosa e os donos são bem receptivos.
- Eles ligaram para nos convidar, vamos?
- Por mim não tem problema, vamos procurar Laura e convidá-la.
Fomos atrás de Laura que estava deitada no sofá da sala com Sabrina sentada em cima dela brincando com um bichinho de plástico.
- Bom dia! Aproximei delas e dei um beijo no rosto da Sabrina que se assanhou toda querendo meu colo, em seguida beijei o rosto de Laura e peguei minha afilhada.
- O que vocês dois estavam fazendo no quarto até agora?
- Nada demais sua venenosa, disse Juliano brincando com ela.
- Duvido que não houve um lesco-lesco bem gostoso entre vocês.
- Depende o que você chama de lesco-lesco.
- Ah Sandro, não seja tão inocente menino.
- Laura, guarde seu veneno, disse Juliano brincando com ela.
Não houve lesco-lesco porque não somos depravados, disse rindo.
- Eu acredito, os dois são santinhos.
- Não houve nada demais se é isso que você quer saber, disse Juliano.
- E eu deixei de dormir para deixar os dois à vontade, não acredito que isso aconteceu.
- Quem mandou ser apressadinha e tirar conclusões erradas.
- Ah não Sandro! Não me diga que vocês continuam nesse chove e não molha.
- Isso é problema nosso, disse Juliano levando na brincadeira.
- Pois é dona Laura, você está preocupada conosco e o Fabrício o que houve com ele?
- Esse foi Sandro, estou noutra bem melhor.
Eu vi ontem à noite.
- Vocês são muito xeretas, a minha vida não é o que está em pauta.
- É fácil colocar pimenta nos olhos dos outros.
- É bem mais fácil, disse ela rindo, mas o que vocês querem na minha volta como dois urubus?
- Credo, você acordou azeda!
- Não se assusta Sandro, ela é sempre assim.
- Vamos almoçar fora? - convidei-a mudando de assunto.
- Aqui está ótimo não vou sair.
- Eu vi ontem à noite.
O Giovane vai almoçar conosco, disse Juliano provocando-a.
- Porque não me falou antes? Se for assim, eu vou.
- Ahhhhhhhhhhhh... Peguei seu ponto fraco, disse Juliano rindo dela.
- Ju, vai se fuder.
- Vai você com Giovane.
- E você com Sandro seu chato.
- Se você vai conosco? Seja rápida, disse ele rindo dela.
- Essa eu não perco por nada, disse ela e saiu correndo rumo ao quarto para trocar de roupa
Sua afilhada é linda, disse Juliano brincando com ela.
- Onde será que anda Aline?
- Vamos procurá-la?
- É o jeito, não podemos levar a Sabrina para o restaurante.
- Ela é bem calminha, né?
- Tenho pouco contato com ela, mas nas poucas vezes que a vi foi sempre quietinha.
- Ela tem suas feições.
- Deve ser por causa de Aline.
Fomos até a área da piscina encontramos meu pai e mais alguns familiares conversando.
- Pai, o senhor viu Aline?
- Ela ainda está dormindo.
- Obrigado, pai!
- Vocês já tomaram café?
- Nós vamos almoçar fora seu João, disse Juliano.
- E agora, como vamos fazer com a Sabrina?
- Agora não posso ficar com ela, vai lá e acorda Aline.
- Vai lá enquanto fico aguardando você e Laura, disse Juliano.
Subi com Sabrina até o quarto de Aline, bati na porta e nenhum sinal. Bati novamente e nada, foi então que forcei a fechadura e a porta se abriu. Levei um choque, pois não esperava ver a cena que vi.
Ela e Roger dormiam seminus agarrados um ao outro, fechei meus olhos respirei fundo e saí do quarto.
A cena que acabara de ver era algo que eu sabia que acontecia entre eles, mas foi algo que jamais imaginei presenciar, não chorei, pois tinha prometido a mim mesmo que não rolaria mais lágrimas pelo Roger, eu tinha uma pessoa legal ao meu lado e era ele a quem devia respeitar.
Resolvi procurar por Laura, entrei no meu quarto ainda sobre efeito do choque da cena que acabara de presenciar.
Que susto você me deu ainda bem que já tinha trocado de roupa.
- Desculpe Laura, não foi minha intenção invadir o quarto.
- O que você tem? Está branco.
- Nada, acho que subi a escada com a Sabrina no colo, devo ter sentido.
- Essa lindeza é pesadinha, disse Laura aproximando dela.
- Você sabe da Aline? – fingi que não sabia dela.
- Deve estar dormindo ainda, a noite deve ter terminado bem porque eu entrei no quarto, peguei a Sabrina que estava chorando e eles nem notaram.
- E o que nós vamos fazer com a Sabrina?
Ai nem me toquei, disse espantada, desculpa não me dei conta que você ainda deve gostar dele.
- Estou com seu primo, não estou?
- É, mas eu sinto que seu passado ainda não está resolvido em seu coração.
- Isso é bobagem.
- Eu não quero me meter na sua vida, mas só te peço uma coisa, cuidado pra não magoar o Ju, ele não merece.
- Eu sei e não estou brincando com ele.
- Me dá a Sabrina que vou acordar Aline, a noite já acabou e ela que cuide da filha.
- Obrigado, e Laura? Não comenta com Juliano nossa conversa.
Fica tranquilo... Vem lindeza vamos acordar a mamãe, disse ela pegando Sabrina dos meus braços e saindo em direção ao quarto de Aline.
Desci antes de Laura e fui ao encontro de Juliano, não queria que ele soubesse o que tinha ocorrido e quanto menos perguntas ele ou meu pai fizessem seria melhor, principalmente perto da prima.
- Deu tudo certo?
- Eu nem procurei Aline, entreguei Sabrina à Laura.
- Ela já está pronta?
- Sim, foi deixar a Sabrina com Aline e já vem.
Assim que Laura voltou fomos ao encontro da galera. Quando chegamos já estavam reunidos. Uniram três mesas para ficarmos todos juntos e a surpresa maior foi encontrar Diego entre os amigos.
Fui até ele e o abracei, estava com saudades e nem sabia que Diego estava na festa.
- E aí Sandro quanto tempo que não nos encontramos, precisamos dar um jeito nisso.
- A partir da semana que vem estou indo em definitivo para Belo Horizonte, vamos ficar mais perto.
- Tenho uma novidade pra te contar, disse ele baixinho ao meu ouvido enquanto me abraçava.
Depois cumprimentou o Juliano e Laura que estavam ao meu lado. Achei estranha a ausência do Mauricio, mas não quis levar nosso papo além porque estávamos no restaurante e Juliano poderia não gostar.
Giovane convidou Laura para sentar-se ao lado dele e Diego fez companhia a mim e ao Juliano ao lado de Rafael e Fernanda.
Pedro que eu imaginava estivesse na minha casa, estava ao lado de Letícia e Christian, fiquei curioso para saber o que aconteceu, pois à noite o deixamos na companhia de Aline e depois não o avistei mais. Será que houve confusão com Roger? Pareceu-me que ele e Aline estavam muito bem e o Pedro? Em que momento foi ao encontro da galera?
Pra mim pouco importa quero mais que esse bando de traidores cuide da vida deles e fique longe de mim. Esses eram meus pensamentos, a imagem dos dois na cama pela manhã não saia da minha cabeça.
Eu estava tentando evoluir em algo legal com Juliano, mas ainda estava muito ligado ao Roger, isso só podia ser carma, porque não conseguia me desvincular daquele idiota?
Está distante, aconteceu algo? – Juliano falou comigo e me trouxe a realidade.
- Desculpa, estava pensando que na semana que vem vou embora dessa cidade e depois venho somente a passeio, não é a mesma coisa.
- Mais você não gostava daqui, mudou de opinião?
- São fases na vida da gente, hoje eles aprenderam a me respeitar, ainda tem alguns idiotas que me provocam, mas não dou importância a eles.
- Faz bem, não gostaria que nada de mal te acontecesse, não vejo a hora de você ficar perto de mim, nem acredito que vai diminuir essa distância entre a gente.
- Vou sentir muita saudade do meu pai.
- Quando você quiser e a saudade for muita eu te trago para vê-lo.
Você está com altos planos pra nós dois, vá com calma.
- Eu sei onde estou pisando e já disse que vou te ajudar a superar o passado.
- Obrigado por não ter desistido.
Ficamos no restaurante até metade da tarde, a galera estava animada, tinham gostado da cidade e principalmente da festa, A bebida alcoólica foi moderada em consideração aos meninos que iam dirigir e não podiam beber. É chato você beber quando outras pessoas do mesmo grupo bebem e não podem, acho falta de respeito.
No final da Tarde a galera se reuniu na minha casa para retornar a Belo Horizonte, Christian acabou arranjando uma carona com Diego, será que finalmente Christian se arranjaria com alguém? Mas e o Diego? Até então era o namorado do Mauricio
Quando você vai? – Perguntou Juliano antes de sair.
- Não sei ainda, no sábado ou talvez no domingo.
- Tão em cima da hora?
- Tenho aula na segunda, mas dá tempo de arrumar minha moradia e se não conseguir, durmo com Rafael.
- Com Rafael?
- Sim, já fiz isso várias vezes.
- Sei lá é estranho.
- Ehhhh não vai começar com ciúmes novamente?
- Prometo que não, vocês sempre foram amigos.
- Desde a infância, é como se ele fosse meu irmão.
- Desculpe pela minha infantilidade, mereço um abraço?
- Merece.
O abracei longamente e depois eles saíram num longo retorno até a capital.
Fiquei sozinho em casa, meu pai havia saído provavelmente com Aline ou Tiago o convidou para ir à casa de Paula, não o avistei após o retorno do restaurante.
Resolvi descansar um pouco, tinha dormido pouco na noite anterior, aproveitei a calmaria, fechei a casa e fui para o meu quarto.
Peguei uma roupa confortável e fui para o banheiro tomar um banho para me refrescar antes de deitar, estava um calor insuportável.
Estava tomando meu banho tranquilamente quando a porta se abriu e Roger entrou, levei um susto e fiquei sem saber o que fazer.
O que você quer aqui? – foi a primeira coisa que me veio à cabeça.
- Vim conversar com você já que não me dá mais atenção.
- Sai daqui Roger, não está vendo que estou tomando banho e Aline pode não gostar.
- Estamos sozinhos.
- E daí? Isso não te dá o direito de invadir o meu banho.
- Eu vi quando você fechou a casa e subiu.
- Você estava aqui?
- Estava deitado, mas isso não vem ao caso, preciso conversar com você numa boa.
- Sai do meu banheiro Roger.
- Não vou sair.
- Eu vou começar a gritar.
- Você não era assim comigo, o que houve?
Me deixa em paz, vai viver a sua vida, será que você não consegue pensar um minuto que essa maneira de agir me machuca demais.
- E você com aquele idiota pra cima e pra baixo, bancando o namoradinho perfeito. Acha que não me magoa?
- Pelo menos ele me dá valor e agora sai daqui ou vou começar a gritar.
- Você não faria esse escândalo e isso pode não fazer bem a saúde do seu pai.
Ele veio aproximando de onde estava no box, não tinha como me defender dele, usei a única força que me restava.
- Não se aproxima de mim Roger.
- O que você vai fazer? Hein?
Abriu o box, invadiu e tentou me agarrar.
- Se você me forçar a fazer algo que não quero, vou te odiar para o resto da vida.
- Você só pode estar brincando.
- É sério e a decisão é sua.
- Não vou te forçar a nada meu sacaninha.
- Não me chama assim, sai daqui.
- Eu saio, mas a gente tem que conversar.
Na sala, me aguarda lá.
- Está certo, isso é pra você ver como sou da paz.
Assim que ele saiu corri até a porta do banheiro, tranquei e comecei a chorar. Não sabia se era de nervosismo, por sentir alguma coisa por ele ainda ou pela cena que vi pela manhã entre ele e minha irmã.
Tomei meu banho e tentei me acalmar, vesti minha roupa e nem bem abri a porta do banheiro ele estava me aguardando.
- Não combinamos de você me aguardar na sala?
- Eu sou meio desobediente, resolvi ficar por aqui.
Fala rápido o que você quer e saia do meu quarto, não quero confusão para o meu lado.
- Você mudou muito, ficou chato, arrogante e patético.
- Mudei e se sou assim foi por causa de todas as decepções que passei com você.
- Porque você não quis falar comigo ontem à tarde?
- Não tínhamos nada para falar, fui claro com você, larga minha irmã e voltamos a conversar.
- Eu já te falei que as coisas não são assim como você pensa.
- Com certeza não, você gosta dela não é?
Eu gosto de você, é difícil perceber isso?
- É bem complicado, não consigo entender como gosta de mim e vive casado com ela.
- Eu fico com ela porque não tenho você.
- Ah Roger essa não cola, saí do meu quarto, eu vim aqui para descansar.
- Você já parou pra pensar que se deixar Aline eu perco tudo que construí até agora?
- Isso é desculpa sem fundamento, você está com ela porque gosta e eu sirvo pra ser o seu estepe, mas cansei e pra mim basta.
- Você ainda vai rastejar atrás de mim Sandro, guarde bem o que estou dizendo.
- Sai do meu quarto agora, gritei com ele.
Vou sair porque Aline e seu pai já estão na hora de chegar e não quero confusão, pensa bem em suas atitudes.
- Já pensei até demais e cansei.
- Semana que vem você muda pra Belo horizonte, ficaremos perto um do outro e presta bem atenção, nossa conversa ainda não acabou.
- Não me procure, me deixe viver minha vida em paz.
- Por quê? Vai defender o idiota do Juliano?
- Estou com ele e é melhor você respeitá-lo.
- Traidores.
Ele saiu do quarto me deixando totalmente nervoso e chocado por sua petulância.