Por volta das cinco e meia da tarde tocou na campainha, fui até o portão e lá estava ele parado esperando que eu abrisse.
- Demorei muito?
- Achei que chegou cedo demais.
- Tem alguém em casa?
- O Giovane chega daqui a pouco.
- E como está a nova moradia?
- Estou me adaptando, não é igual como era na minha casa, mas eu me sinto bem aqui.
- Isso é o mais importante.
- Entra, quer tomar alguma coisa?
- Quero uma coisa.
Juliano me puxou pela cintura, colando meu corpo ao dele em seguida me beijou, foi tudo muito rápido, mas logo o afastei.
- Está doido? E se chega um dos caras?
- Estava com vontade desse beijo e ontem você foi muito tosco comigo.
- Precisamos falar sobre isso e outras coisas.
- Vamos pra minha casa, lá nós podemos ficar mais a vontade.
- Vou pegar meu celular e meus documentos.
Fui até o quarto pegar minhas coisas e logo ouvi a voz do Giovane falando com ele, por pouco o cara não nos pegou se beijando no meio da sala. Os meninos ainda não sabiam da minha sexualidade, poderiam desconfiar, mas não tinham certeza e não queria criar uma confusão já no primeiro dia, não que isso fosse um problema, quanto a isso nunca tive receios e até contaria a eles, porém tinha que ser algo planejado.
- Opa, e aí como foi o primeiro dia de aula? – perguntou Giovane quando entrei na sala.
- Estou conhecendo a turma, mas foi legal, não quis dizer a ele o que havia acontecido o cara ia me chamar de criancinha.
- O ensino médio é complicado bem diferente da faculdade que é outro nível.
- O Tiago já me disse isso e eu achei que era brincadeira.
- É sério Sandro, vai por mim.
- E pra mim é mais complicado ainda porque sou mais velho de toda a turma.
- Vem cá, essa casa está com um cheirinho de limpeza que há tempos não via, foi você que limpou?
- Não sei ficar parado, acabei faxinando.
- A galera vai ficar louca e depois vai querer abusar da sua boa vontade.
- Ele vai ter que cobrar pelos serviços, disse Juliano brincando.
- Hoje fiz almoço, o Lucas chegou e ficou feliz que poupei o trabalho dele.
- Então não faça mais senão a galera se aproveita.
- Eu anoto na caderneta do Rafael e depois cobro de vocês, falei e eles caíram na risada.
- Você vai sair?
- Vou sair com Juliano, temos que acertar algumas coisas sobre a mudança.
- Tranquilo, eu aviso a galera.
Saí com Juliano e fomos para o apartamento dele.
- Por pouco o Giovane não nos pegou na sala.
- Ali é complicado mesmo, não tem privacidade.
- Nenhuma e hoje chegou mais um morador, o Marcelo.
- E como ele é?
- Não sei, quando ele chegou já tinha saído, o Lucas que me falou.
- Você vai jantar comigo?
- A princípio vou à sua casa apenas para conversarmos.
- Apenas pra isso?
- A minha permanência vai depender da nossa conversa.
- Assim você me assusta, o que tem de tão importante pra me falar?
- Eu falo quando chegarmos ao seu apartamento.
Passamos pela portaria ele cumprimentou o porteiro em seguida fomos para o elevador.
- Está com fome?
- Não, mas se quiser te acompanho no lanche, você está com fome?
- Muita, o almoço no restaurante universitário é caro.
Entramos e ele foi pra cozinha e em instantes preparou dois sanduiches com pão integral.
- Gosta de pão integral?
- Não gosto muito, mas se for preciso eu como.
- Vou fazer um pra você e vai ter que comer.
Ele pegou o pão e começou a passar um creme branco parecido com nata, mas não era.
- O que é isso que você está passado no pão?
- É palmito com creme de leite é gostoso.
Depois colocou tomate em rodelas, uma fatia de queijo e fechou o pão.
- Está bonito.
- É gostoso de comer quando está calor, fica geladinho.
Provei o sanduíche e ele tinha razão o creme deu consistência junto com o tomate e o queijo resfriado, ficou um lanche gostoso e bom para combater o calor.
- Está delicioso e é saudável.
- Se você morasse comigo eu ia te ensinar a comer bem.
- Você acha que eu não como bem?
- Às vezes você come muita gordura.
- E nem por isso sou gordo.
- Isso não quer dizer que seja saudável.
- Eeee não vem com esse papo pra cima de mim.
O que você queria me dizer?
- São muitas coisas mais uma em especial.
- Quer terminar comigo?
- De onde você tirou isso?
- Desde ontem quando você praticamente me expulsou da república que eu pensei nisso.
- Eu quero pedir desculpas pela maneira grosseira que agi, poderia ter feito diferente e uma boa conversa resolvia.
- Minha intenção não foi me meter na sua vida, já passei por mudanças e sei o quanto é chato, sempre falta alguma coisa.
- Eu queria ter essa experiência.
- Da próxima vez conversamos antes de qualquer atitude, mas não é só por isso que você está preocupado?
- Eu quero muito tentar uma relação com você, mas tenho receio de não corresponder suas expectativas.
- Eu quero apenas que você saiba valorizar o que sente por mim.
É sobre isso que eu quero falar com você, quero ser honesto e preciso te contar algo que aconteceu ontem à noite.
Ele apenas me encarou talvez imaginando o que fosse.
- O Roger me procurou ontem depois que você saiu.
- Você o encoraja é por isso que ele insiste.
- Eu fui fraco mais uma vez, mas acho que corrigi o meu erro.
- O que aconteceu?
- Ele me deu um troféu que ganhou logo que inaugurou a academia, na hora fui pego de surpresa e acabei ficando com o presente.
- O que você veio fazer aqui então? Por que me ligou durante o dia e insistiu nesse encontro?
- Calma, me deixa explicar.
- Chega, estou cansado de ser o otário que fica correndo atrás de você por migalhas, eu sou mais que isso Sandro e por menos abandonei o Augusto. Saia da minha casa, por favor.
Ele foi até a porta e abriu para que eu saísse.
- Hoje eu devolvi o presente pelo correio, está aqui o comprovante.
Eu não quero isso, ele fechou a porta e sentou no sofá com as mãos apoiadas no rosto.
- Estou sendo honesto com você conforme prometi.
- Até quando esse cara vai estar entre nós?
- Espero que agora ele pare de me perseguir.
- Você sempre dá chances a ele, disse levantando do sofá e indo até a janela.
- É ele que vai atrás de mim, você viu aquele dia lá no mercado e depois na saída da festa do Tiago.
- Gosto muito de você, mas não vou mais tolerar essas coisas, como posso confiar numa relação assim?
- Eu te falei que estava saindo de uma relação conturbada e você prometeu me ajudar.
- E estou sendo compreensivo, mas daí você aceitar presente dele é demais pra mim.
- A noite passada eu pensei muito em você, não quero te magoar, me desculpa.
Aproximei-me dele e o abracei apertado, ele tentou se afastar, mas não permiti.
- Preciso muito de você não me abandona.
- Estou num jogo arriscado, entrei nessa porque te amo, mas tudo tem um limite.
- Você não vai se arrepender de me dar uma chance, eu prometo.
O abracei mais forte beijei seu pescoço e ele tentou se afastar, beijei novamente, dessa vez mais forte e antes que ele pudesse falar algo, beijei sua boca e ele retribuiu, mas logo me afastou.
- É melhor a gente parar.
- Eu já te magoei muitas vezes, mas agora estou aqui conversando claramente como há muito tempo não fazia, por favor, vamos esquecer isso.
- É difícil pra mim, tem horas que tenho a sensação de estar fazendo papel de palhaço e isso me deixa louco.
Voltei a beijá-lo e dessa vez foi um beijo mais intenso que o anterior, coloquei minha mão por baixo de sua camisa acariciando seu tórax e ele fez o mesmo, fui acariciando sua barriga e tentei tirar sua camiseta, mas ele me impediu e se afastou.
- Agora não, Sandro.
- Por quê? Você não quer?
- Quero muito, mas hoje não, o que você me contou foi demais pra minha cabeça.
- Desculpe, eu não mereço você.
- Merece sim e tudo isso vai passar, mas nós precisamos de um tempo pra ver se realmente é isso que queremos principalmente você.
- Mais eu quero.
- Você quer uma maneira de se livrar do Roger, eu prefiro que você fique comigo porque gosta de mim como namorado.
- Eu ainda vou te fazer muito feliz.
Estou muito chateado com você.
- Eu te prometo que isso não vai mais acontecer.
- Acho melhor eu te levar pra casa.
Ele me levou pra casa, estava chateado e com razão, fiquei com raiva de mim mesmo, ele era legal comigo e tudo que eu fazia era magoá-lo.
Já em casa apaguei a luz do quarto e deitei no escuro, sentia raiva, tristeza, um misto de mágoa e decepção. Acabei chorando.
Alguém bateu na porta do quarto perguntando se eu queria comer alguma coisa, mas eu queria ficar em silêncio, não respondi e acabei dormindo.
Acordei no dia seguinte o Rafael já havia tomado banho e trocava de roupa.
- Que sono hein? Cheguei ontem à noite você estava durinho sobre a cama parecia desmaiado.
- Me desentendi com Juliano.
- Ele tem razão Sandro.
- Eu devolvi o presente pelo correio.
- Fez muito bem, mas isso não te deixa menos culpado.
- Estou com raiva de mim mesmo, só faço burrada.
Você já percebeu que errou, isso é ótimo agora tenta não repetir os mesmos erros.
- Tinha que levar mais uma rasteira pra aprender não ser otário.
- Falei sobre a vaga lá na empresa.
- E aí?
- Por enquanto não tem nada, pediram para você encaminhar um currículo.
- Estou sem computador, hoje à noite você me empresta o note?
- Claro Sandro, não precisa nem imprimir, basta mandar por e-mail.
- Então é mais fácil que imaginei.
- E como foi ontem na aula?
- Me estressei com um colega, mas pela resposta que dei a ele acredito que vai me deixar em paz.
- Não acredito que isso aconteceu aqui também?
- Dessa vez foi por eu ser caipira.
- Caipira?
- Sim, porque eu vim do interior, mais eu os coloquei no devido lugar.
- Isso ai amigo, nunca abaixe a cabeça pra ninguém.
Ele saiu e eu fui tomar banho. Cheguei à aula e foi bem diferente do dia anterior, os dois engraçadinhos que atiraram piadinha me ignoraram e os demais não me receberam com abraços e sorrisos, mas me respeitaram.
À tarde meu pai me ligou para saber como tinha sido na escola, se meus colegas tinham me recebido bem, se eu estava me adaptando à cidade, se meus colegas de moradia eram legais, toda aquela preocupação de paizão preocupado.
Depois que falei com ele chorei fiquei melancólico, não tinha nada para fazer, liguei para o Juliano, achei que não fosse atender, mas ele atendeu.
- Oi!
- Está em aula?
- Hoje à tarde não tenho aula, estou no banco.
- Vem pra cá depois que se liberar.
Ele ficou em silêncio e eu insisti.
- Vou preparar um lanche bem gostoso, é meu convidado.
- Então depois eu passo aí.
Ele desligou e eu fui preparar um bolo de cenoura pra ele e também já fiz que sobrasse para os meninos. Quando ele chegou já estava quase assado.
- Cheirinho bom, isso tudo é pra mim?
- É pra toda galera, mas em especial pra você.
Fui até ele e o abracei, era cedo da tarde e o único que poderia chegar era o Lucas e não teria problema, mas logo ele se afastou.
- Ainda está chateado comigo?
- E tem como?
- Você não vai se arrepender de me dar uma chance.
- Por favor, Sandro não começa.
- Eu prometo que agora será diferente.
Fui até ele e o abracei e dessa vez ele não resistiu e nos beijamos.
Pode chegar alguém, disse ele se afastando e sentando numa cadeira perto da mesa. Na republica a cozinha era junto com a sala tudo num único ambiente.
- O único que pode chegar é o Lucas e ele sabe de nós.
- Você não disse que tinha um morador novo?
- E tem, mas eu não sei os horários do Marcelo, nem tive contato com ele ainda.
- Você não o viu ainda?
- Não, ontem à noite cheguei e fui dormir, só acordei hoje pela manhã e não o avistei.
- O Roger não te procurou mais?
- Não, vamos esquecer ele, me aproximei novamente e o abracei por trás, beijei seu pescoço e sua bochecha.
- Ainda estou chateado com você.
- Por favor, Juliano, vamos esquecer isso, disse beijando seu rosto.
- Você me cerca de um jeito que não consigo raciocinar, isso é assédio.
- O intuito é esse, não deixar você pensar em me abandonar.
Sabe o que eu queria agora?
- O que? - Ainda estávamos abraçados.
- Ah deixa pra lá.
- Fale, eu quero saber.
- Queria que você me dissesse... Eu amo você!
- Eu acho isso tão sem graça pra se dizer a alguém.
- É porque você não falou pra pessoa certa.
- Acho que não precisa falar e sim demonstrar, fico meio sem graça pra dizer essas coisas.
- É apenas um desejo, não estou reclamando porque mesmo você não dizendo palavras carinhosas é bonito isso que temos e insistimos em dizer que não temos.
- É isso que vale a pena o resto não interessa, não são palavras bonitas que vão me fazer gostar mais ou menos de você.
- Não tem receio de chegar algum de seus colegas e nos pegar abraçados?
- Se isso acontecer eu esclareço a situação, não pretendo me esconder à vida inteira.
Ele sorriu abaixou a cabeça e ficou pensativo.
Estou com vontade de fazer uma loucura, disse próximo ao seu ouvido.
- Que espécie de loucura?
- O bolo já assou, vamos para o quarto.
- Você não está pensando em...
- Relaxa, você pensa demais.
- Este não é o momento certo, disse ele querendo fugir.
Puxei-o pela mão e ignorando suas palavras fomos para o meu quarto, fechei a porta e ele sentou no colchão da minha cama e me olhava desconfiado.
Fui até ele, me abaixei para ficar a sua altura e o beijei, em seguida sentei em suas pernas, o abracei forte e passei a beijá-lo com mais intensidade. Quando senti que ele não tinha resistências encerrei o beijo e o encarei nos olhos.
- Estamos a sós, vamos brincar um pouquinho, peguei minha mão e passei por cima de sua calça, fiquei apalpando e seu volume logo ficou evidente.
- Está louco? Pode chegar alguém e não quero te prejudicar.
- Fica tranquilo não vai acontecer nada demais.
Abri sua calça e liberei seu membro, pude senti-lo rígido e quente, ele me olhava atento e passei a segurá-lo de forma delicada.
- Vou fazer você gozar, quer?
- Quero, mas e você?
- Outra hora você me compensa, disse rindo e levantando de cima de suas pernas.
Baixei suas calças até os pés e sentei em suas pernas novamente, aproximei de seus lábios e o beijei até ficar sem fôlego, depois empurrei seu tórax para a cama e passei a segurá-lo com mais firmeza e ele se contorcia cada vez mais com meu toque, comecei a punhetá-lo ele fechou os olhos e suspirou baixinho, aumentei os movimentos e alguns minutos depois senti seu liquido quente e pegajoso escorrendo em minha mão.
Levantei e fui até o banheiro lavar minha mão, em seguida peguei o papel higiênico e entreguei para ele se limpar.
Depois ele foi para o banheiro e eu fui preparar nosso lanche. Já estava quase pronto quando ele entrou na cozinha veio ao meu encontro e me beijou por trás.
- Gostou da surpresa?
- Adorei, estou te devendo uma.
- Vou cobrar bem caro.
- Se você quiser podemos ir lá pra casa e terminar o que começamos aqui.
- Hoje não dá, o Rafael marcou reunião com a galera.
- Amanhã então?
- Sexta é melhor, quero curtir minha primeira semana com meus colegas.
- Tenho que esperar uma semana?
- Não seja exagerado, hoje já é terça.
- O jeito é esperar então.
- Vem, vamos comer.
- Está bom esse bolo?
- Não é porque eu fiz, mas está uma delicia.
- Estou louco de fome, disse ele rindo.
Cortei um pedaço do bolo e coloquei numa tigela sobre a mesa, abri uma caixa de suco e Juliano encheu um copo pra ele e outro pra mim.
Ele pegou um pedaço de bolo e ficou me olhando.
- O que foi? Não está bom?
- Tem nata?
- Você come bolo com nata?
- É gostoso.
- Tem sim... Desculpe, eu não sabia que você gostava assim.
Coloquei a nata na mesa e ele passou por toda a fatia de bolo e depois colocou um pedaço na boca.
- Está muito bom, delicioso!
- Bondade sua, seus lanches são melhores e mais saudáveis.
- Eu também adoro ser bem tratado e você sabe agradar.
- Preciso arranjar algo para fazer senão vou engordar rapidinho.
- Você vai trabalhar?
- Pretendo, quero ajudar o Tiago com as contas, você não conhece alguém que esteja precisando de empregado?
- Eu conheço muita gente, mas são coisas que não servem pra você.
- Como assim?
- Trabalhar em bar, por exemplo, não é legal.
- Por quê?
- Porque eu não quero, não acho legal.
- Ah Juliano não vamos começar com esse papo chato de novo?
- Tem razão, mas trabalhar em bar não é legal, é cansativo e você precisa se dedicar aos estudos.
- Mesmo assim eu preciso fazer alguma coisa, não sei como você aguenta ficar parado.
- Eu não fico parado, quando não estou na faculdade fico em casa estudando e também me sustento.
- Me desculpe não quis te ofender.
Eu recebo pensão pela morte dos meus pais.
- Nossa que legal! Então você nem precisaria estudar?
- Não é bem assim, eu recebo porque perdi meus pais ainda criança, tinha esse direito até 21 anos, mas como não terminei a faculdade, prorrogaram até os 24 e mesmo assim não foi fácil conseguir precisei de advogado.
- O Paulo né?
- O tio Carlos que me indicou ele.
- Eu achei que a tia Joana pagava todas as suas despesas.
- Acho que ela nem se recusaria, mas como eu consegui, assim foi melhor.
- Pois eu preciso trabalhar não quero ser um peso morto nas mãos do meu irmão.
Ele ficou pensativo e assim permaneceu por alguns minutos como se estivesse pensando longe.
- Tive uma ideia e acho que você vai gostar.
- Que ideia?
- Lembra-se do Breno?
- Breno... Breno... Breno... Não lembro.
- O da academia que você até foi lá uma vez comigo e combinou de fazer quando viesse estudar aqui e depois não veio.
- Ah lembrei sim.
- Então, ele vive precisando de gente pra trabalhar.
- Mais o que eu vou fazer numa academia?
- Não custa tentar.
- É melhor que nada.
- Se você quiser eu posso falar com ele.
- Você faria isso por mim?
- Mais é claro que sim, hoje mesmo eu converso com ele.
- Hoje à noite eu vou montar meu currículo no note do Rafael, se for preciso posso enviar por e-mail.
- O Breno é tão meu amigo que é bem capaz de não querer nada disso.
- A tentativa é boa, só não consigo entender o que posso fazer numa academia?
- Pode trabalhar como atendente ou auxiliar dos professores, a grana não deve ser muita, mas com certeza você não está se importando com isso.
- Claro que não, estou começando e nem posso exigir nada.
- Depois com experiência você pode tentar uma grana melhor.
- Tomara que você consiga, gostei da ideia e já estou até empolgado.
Ele aproximou com uma carinha feliz e me beijou, mas logo o afastei, lembrei-me do Giovane que já estava quase na hora de chegar.
- O Giovane pode chegar a qualquer momento.
- Já? A tarde passou e eu nem vi.
- É porque a companhia foi agradável, disse rindo.
Amor, eu posso te chamar assim?
- Preferia que fosse o meu nome.
- Porque você é tão complicado?
- Tudo bem eu aceito, mas não vou te chamar assim.
- Não tem problema eu tenho paciência em esperar, disse rindo.
- Não é que eu não goste, fico sem jeito e acho esquisito.
- Vou falar com o Breno e logo mais eu ligo pra dizer como foi.
- Assim? Tão rápido?
- Eu acho que as coisas quando tem que acontecer, acontece sem muitos problemas.
- Você é um anjo, só me trás coisas boas.
- Tenho meus defeitos e você já os conhece.
- Conheço-os muito bem.
- Então já vai um aviso, nada de muita animação com a galera da academia, são todos uns arriados.
- Eeee ciumento
Preciso ir, não posso perder a academia.
- Opa, disse Giovane entrando em casa, levei um susto, pois não esperava por ele.
- Chegou mais cedo?
- Estava com dor de cabeça acabei saindo mais cedo, vou tomar um banho.
Ele foi para o quarto e Juliano tratou em sair, o levei até o carro.
- Vou ficar na torcida pra você conseguir, falei da porta do carro.
- Não pude nem dar um beijo de despedida.
- Depois eu o compenso.
- Olha lá hein? Sorriu e antes de sair olhou pela janela e disse baixinho, beijo na boca.
Voltei pra casa e encontrei Giovane atacando um pedaço do bolo.
- Peguei um pedaço espero que não tenha problema.
- Fica tranquilo, fiz pra galera.
- Você é bem amigo do Juliano, né?
- Ele vai tentar me conseguir um emprego na academia de um amigo dele.
- Eu conheço, faço ginástica nessa academia, às vezes o encontro por lá e a Laura também frequenta.
- Vocês estão namorando?
- Não sei se vai rolar, mas estou bem a fim dela.
Tomara que deem certo, vocês combinam.
- Você conheceu o Fabrício?
- Conheci por quê?
- Cara grosso, imbecil veio aqui me tirar satisfações.
- Aqui? Não acredito.
- O cara veio me acusando do fim do namoro deles, mas eu não tive culpa cheguei depois.
- Ele é assim mesmo, autoritário.
Meu celular começou a chamar insistentemente, fui até o armário e peguei, olhei no visor era o Roger, não atendi.
- Não vai atender?
- Não, é um numero estranho que está ligando, não gosto de atender esse tipo de ligação.
- Faz bem.
E o telefone seguiu chamando repetidas vezes, não parava, abaixei o volume e deixei quase no silencioso.
Alguns minutos depois chegou um rapaz loirinho, 18 anos, muito charmoso e bem garotão, ele não era muito alto, tipo 1,75, olhos meio esverdeados que davam um tom bonito a sua pele clara.
- Ah Sandro, este é o Marcelo disse Giovane.
- Muito prazer Marcelo, seja bem-vindo eu também sou novo aqui.
- É o novo mais velho que tem aqui Marcelo, disse Giovane e o garoto não entendeu nada.
- Me deixa explicar, a ideia de morar aqui foi minha do Rafael e do Lucas, mas na época eu não pude vir porque perdi minha mãe.
- Muito prazer Sandro.
- Está gostando daqui?
- Ainda estou me adaptando, esse bolo foi você quem fez?
- Fui eu, quer comer fique a vontade.
- Ah vou comer, estou faminto, já vi que vou passar fome naquele RU.
- Qual curso você faz?
- Faço medicina, mas já senti que vai ser complicado.
Estava anoitecendo quando a campainha tocou, senti um calafrio só de imaginar se era o Roger, nem fui até o portão deixei que Giovane fosse atender.
- Me disseram que tem morador novo nessa casa, disse Diego com um belo sorriso no rosto aliviando minha tensão.
- Quem é vivo sempre aparece, fui até ele e o abracei.
- Tive que vir você não atende ao telefone.
- Então era ele o numero estranho que você viu? Questionou Giovane.
- A ligação do Diego deve ter vindo misturada a algumas indesejadas, olhei pra ele e entendeu o que disse.
- Queria conversar um pouco com você e dar as boas vindas.
- Vamos conversar lá no quarto.
Entramos e ele sentou na cama do Rafael.
Aquele dia da festa do Tiago você me disse que tinha algo para me falar, é sobre isso?
- Sim, ele me olhou e abaixou a cabeça.
Diego estava triste e só então pude perceber que sua alegria de quando chegou era puro fingimento.
- O que aconteceu Di?
- O Mauricio está se mudando daqui, vai para o Rio de Janeiro.
- Mas porque essa mudança repentina?
- A mulher dele nos pegou, disse ele falando baixinho.
- Assim? Na maior?
- Ela nos seguiu deu maior confusão e até quis invadir o motel.
- Nossa Di, que loucura.
- Meus pais ficaram sabendo, está uma barra lá em casa.
- E porque o Mauricio não aproveita e separa de uma vez?
- Ele não quer, é um fraco.
- Olha Di, eu entendo muito bem o que você está passando, o Roger é a mesma coisa, amedrontado e acomodado, porque você não cai fora dessa relação?
- Fiz tantos planos com ele Sandro. Não posso desistir assim, são mais de dois anos da minha vida que dediquei a ele.
- E você pode perder mais Di.
Estou sem saber o que fazer, já faz mais de mês que isso aconteceu e de lá pra cá minha vida se tornou um inferno.
- Tenha calma que você vai conseguir forças pra enfrentar esses problemas.
- O clima lá em casa está péssimo, não aguento mais as acusações e brigas dos meus pais.
- Porque você não me contou isso antes?
- Você também é cheio de problemas, não quis te aborrecer com os meus. Hoje mesmo tive uma briga feia com meus pais e só faltou me expulsarem de casa.
- E você já pensou na possibilidade de sair de casa?
- É complicado sem trabalho, se eu sair de casa com certeza meu pai me demite.
- Tenta outro, vai à luta, brigue por aquilo que você quer.
- Obrigado Sandro, você não tem noção como é bom conversar com quem entende a gente.
- Pode contar comigo e se quiser pode vir pra cá, eu converso com Rafael, podemos dividir o quarto entre três.
- Eu agradeço, mas só farei isso em último caso.
Você e Mauricio como estão depois disso tudo?
- Como sempre estivemos, ele casado e eu correndo na volta.
- Pior que é sempre a mesma coisa.
- E o lance seu com Roger, como está?
- Igual ao seu com Mauricio, estou tentando com o Juliano.
- Ele é um cara legal e gosta de você, diferente de mim que não tenho ninguém.
- Porque você se anulou pra viver em função do Mauricio, eu também já fiz isso e estou tentando dar a volta por cima. Fácil eu sei que não é, mas também não é impossível.
- Você está certo, acho que pra mim me falta coragem.
- Quer dormir aqui em casa?
- Onde?
- Dorme comigo na minha cama, o Rafael não vai se importar.
- Mais o Juliano vai, não quero te trazer problemas.
- Já conversei com ele em relação ao ciúme.
- Se ponha no lugar dele, você gostaria que outro cara dormisse na cama dele, mesmo sendo só amigo?
- Você é diferente.
- Não sou e ele merece respeito, de qualquer forma obrigado pelo convite, mas prefiro enfrentar as feras lá em casa.