IDAS E VOLTAS [34] ~ E a vida na república!

Terminei de arrumar a casa e depois fui tomar banho, estava ansioso pra falar tudo que havia acontecido, queria jogar as claras com ele mesmo que acabássemos brigando mais uma vez, mas era melhor do que lhe esconder as coisas dele, era isso que eu pensava.

Por volta das cinco e meia da tarde tocou na campainha, fui até o portão e lá estava ele parado esperando que eu abrisse.

- Demorei muito?

- Achei que chegou cedo demais.

- Tem alguém em casa?

- O Giovane chega daqui a pouco.

- E como está a nova moradia?

- Estou me adaptando, não é igual como era na minha casa, mas eu me sinto bem aqui.

- Isso é o mais importante.

- Entra, quer tomar alguma coisa?

- Quero uma coisa.

Juliano me puxou pela cintura, colando meu corpo ao dele em seguida me beijou, foi tudo muito rápido, mas logo o afastei.

- Está doido? E se chega um dos caras?

- Estava com vontade desse beijo e ontem você foi muito tosco comigo.

- Precisamos falar sobre isso e outras coisas.

- Vamos pra minha casa, lá nós podemos ficar mais a vontade.

- Vou pegar meu celular e meus documentos.

Fui até o quarto pegar minhas coisas e logo ouvi a voz do Giovane falando com ele, por pouco o cara não nos pegou se beijando no meio da sala. Os meninos ainda não sabiam da minha sexualidade, poderiam desconfiar, mas não tinham certeza e não queria criar uma confusão já no primeiro dia, não que isso fosse um problema, quanto a isso nunca tive receios e até contaria a eles, porém tinha que ser algo planejado.

- Opa, e aí como foi o primeiro dia de aula? – perguntou Giovane quando entrei na sala.

- Estou conhecendo a turma, mas foi legal, não quis dizer a ele o que havia acontecido o cara ia me chamar de criancinha.

- O ensino médio é complicado bem diferente da faculdade que é outro nível.

- O Tiago já me disse isso e eu achei que era brincadeira.

- É sério Sandro, vai por mim.

- E pra mim é mais complicado ainda porque sou mais velho de toda a turma.

- Vem cá, essa casa está com um cheirinho de limpeza que há tempos não via, foi você que limpou?

- Não sei ficar parado, acabei faxinando.

- A galera vai ficar louca e depois vai querer abusar da sua boa vontade.

- Ele vai ter que cobrar pelos serviços, disse Juliano brincando.

- Hoje fiz almoço, o Lucas chegou e ficou feliz que poupei o trabalho dele.

- Então não faça mais senão a galera se aproveita.

- Eu anoto na caderneta do Rafael e depois cobro de vocês, falei e eles caíram na risada.

- Você vai sair?

- Vou sair com Juliano, temos que acertar algumas coisas sobre a mudança.

- Tranquilo, eu aviso a galera.

Saí com Juliano e fomos para o apartamento dele.

- Por pouco o Giovane não nos pegou na sala.

- Ali é complicado mesmo, não tem privacidade.

- Nenhuma e hoje chegou mais um morador, o Marcelo.

- E como ele é?

- Não sei, quando ele chegou já tinha saído, o Lucas que me falou.

- Você vai jantar comigo?

- A princípio vou à sua casa apenas para conversarmos.

- Apenas pra isso?

- A minha permanência vai depender da nossa conversa.

- Assim você me assusta, o que tem de tão importante pra me falar?

- Eu falo quando chegarmos ao seu apartamento.

Passamos pela portaria ele cumprimentou o porteiro em seguida fomos para o elevador.

- Está com fome?

- Não, mas se quiser te acompanho no lanche, você está com fome?

- Muita, o almoço no restaurante universitário é caro.

Entramos e ele foi pra cozinha e em instantes preparou dois sanduiches com pão integral.

- Gosta de pão integral?

- Não gosto muito, mas se for preciso eu como.

- Vou fazer um pra você e vai ter que comer.

Ele pegou o pão e começou a passar um creme branco parecido com nata, mas não era.

- O que é isso que você está passado no pão?

- É palmito com creme de leite é gostoso.

Depois colocou tomate em rodelas, uma fatia de queijo e fechou o pão.

- Está bonito.

- É gostoso de comer quando está calor, fica geladinho.

Provei o sanduíche e ele tinha razão o creme deu consistência junto com o tomate e o queijo resfriado, ficou um lanche gostoso e bom para combater o calor.

- Está delicioso e é saudável.

- Se você morasse comigo eu ia te ensinar a comer bem.

- Você acha que eu não como bem?

- Às vezes você come muita gordura.

- E nem por isso sou gordo.

- Isso não quer dizer que seja saudável.

- Eeee não vem com esse papo pra cima de mim.

O que você queria me dizer?

- São muitas coisas mais uma em especial.

- Quer terminar comigo?

- De onde você tirou isso?

- Desde ontem quando você praticamente me expulsou da república que eu pensei nisso.

- Eu quero pedir desculpas pela maneira grosseira que agi, poderia ter feito diferente e uma boa conversa resolvia.

- Minha intenção não foi me meter na sua vida, já passei por mudanças e sei o quanto é chato, sempre falta alguma coisa.

- Eu queria ter essa experiência.

- Da próxima vez conversamos antes de qualquer atitude, mas não é só por isso que você está preocupado?

- Eu quero muito tentar uma relação com você, mas tenho receio de não corresponder suas expectativas.

- Eu quero apenas que você saiba valorizar o que sente por mim.

É sobre isso que eu quero falar com você, quero ser honesto e preciso te contar algo que aconteceu ontem à noite.

Ele apenas me encarou talvez imaginando o que fosse.

- O Roger me procurou ontem depois que você saiu.

- Você o encoraja é por isso que ele insiste.

- Eu fui fraco mais uma vez, mas acho que corrigi o meu erro.

- O que aconteceu?

- Ele me deu um troféu que ganhou logo que inaugurou a academia, na hora fui pego de surpresa e acabei ficando com o presente.

- O que você veio fazer aqui então? Por que me ligou durante o dia e insistiu nesse encontro?

- Calma, me deixa explicar.

- Chega, estou cansado de ser o otário que fica correndo atrás de você por migalhas, eu sou mais que isso Sandro e por menos abandonei o Augusto. Saia da minha casa, por favor.

Ele foi até a porta e abriu para que eu saísse.

- Hoje eu devolvi o presente pelo correio, está aqui o comprovante.

Eu não quero isso, ele fechou a porta e sentou no sofá com as mãos apoiadas no rosto.

- Estou sendo honesto com você conforme prometi.

- Até quando esse cara vai estar entre nós?

- Espero que agora ele pare de me perseguir.

- Você sempre dá chances a ele, disse levantando do sofá e indo até a janela.

- É ele que vai atrás de mim, você viu aquele dia lá no mercado e depois na saída da festa do Tiago.

- Gosto muito de você, mas não vou mais tolerar essas coisas, como posso confiar numa relação assim?

- Eu te falei que estava saindo de uma relação conturbada e você prometeu me ajudar.

- E estou sendo compreensivo, mas daí você aceitar presente dele é demais pra mim.

- A noite passada eu pensei muito em você, não quero te magoar, me desculpa.

Aproximei-me dele e o abracei apertado, ele tentou se afastar, mas não permiti.

- Preciso muito de você não me abandona.

- Estou num jogo arriscado, entrei nessa porque te amo, mas tudo tem um limite.

- Você não vai se arrepender de me dar uma chance, eu prometo.

O abracei mais forte beijei seu pescoço e ele tentou se afastar, beijei novamente, dessa vez mais forte e antes que ele pudesse falar algo, beijei sua boca e ele retribuiu, mas logo me afastou.

- É melhor a gente parar.

- Eu já te magoei muitas vezes, mas agora estou aqui conversando claramente como há muito tempo não fazia, por favor, vamos esquecer isso.

- É difícil pra mim, tem horas que tenho a sensação de estar fazendo papel de palhaço e isso me deixa louco.

Voltei a beijá-lo e dessa vez foi um beijo mais intenso que o anterior, coloquei minha mão por baixo de sua camisa acariciando seu tórax e ele fez o mesmo, fui acariciando sua barriga e tentei tirar sua camiseta, mas ele me impediu e se afastou.

- Agora não, Sandro.

- Por quê? Você não quer?

- Quero muito, mas hoje não, o que você me contou foi demais pra minha cabeça.

- Desculpe, eu não mereço você.

- Merece sim e tudo isso vai passar, mas nós precisamos de um tempo pra ver se realmente é isso que queremos principalmente você.

- Mais eu quero.

- Você quer uma maneira de se livrar do Roger, eu prefiro que você fique comigo porque gosta de mim como namorado.

- Eu ainda vou te fazer muito feliz.

Estou muito chateado com você.

- Eu te prometo que isso não vai mais acontecer.

- Acho melhor eu te levar pra casa.

Ele me levou pra casa, estava chateado e com razão, fiquei com raiva de mim mesmo, ele era legal comigo e tudo que eu fazia era magoá-lo.

Já em casa apaguei a luz do quarto e deitei no escuro, sentia raiva, tristeza, um misto de mágoa e decepção. Acabei chorando.

Alguém bateu na porta do quarto perguntando se eu queria comer alguma coisa, mas eu queria ficar em silêncio, não respondi e acabei dormindo.

Acordei no dia seguinte o Rafael já havia tomado banho e trocava de roupa.

- Que sono hein? Cheguei ontem à noite você estava durinho sobre a cama parecia desmaiado.

- Me desentendi com Juliano.

- Ele tem razão Sandro.

- Eu devolvi o presente pelo correio.

- Fez muito bem, mas isso não te deixa menos culpado.

- Estou com raiva de mim mesmo, só faço burrada.

Você já percebeu que errou, isso é ótimo agora tenta não repetir os mesmos erros.

- Tinha que levar mais uma rasteira pra aprender não ser otário.

- Falei sobre a vaga lá na empresa.

- E aí?

- Por enquanto não tem nada, pediram para você encaminhar um currículo.

- Estou sem computador, hoje à noite você me empresta o note?

- Claro Sandro, não precisa nem imprimir, basta mandar por e-mail.

- Então é mais fácil que imaginei.

- E como foi ontem na aula?

- Me estressei com um colega, mas pela resposta que dei a ele acredito que vai me deixar em paz.

- Não acredito que isso aconteceu aqui também?

- Dessa vez foi por eu ser caipira.

- Caipira?

- Sim, porque eu vim do interior, mais eu os coloquei no devido lugar.

- Isso ai amigo, nunca abaixe a cabeça pra ninguém.

Ele saiu e eu fui tomar banho. Cheguei à aula e foi bem diferente do dia anterior, os dois engraçadinhos que atiraram piadinha me ignoraram e os demais não me receberam com abraços e sorrisos, mas me respeitaram.

À tarde meu pai me ligou para saber como tinha sido na escola, se meus colegas tinham me recebido bem, se eu estava me adaptando à cidade, se meus colegas de moradia eram legais, toda aquela preocupação de paizão preocupado.

Depois que falei com ele chorei fiquei melancólico, não tinha nada para fazer, liguei para o Juliano, achei que não fosse atender, mas ele atendeu.

- Oi!

- Está em aula?

- Hoje à tarde não tenho aula, estou no banco.

- Vem pra cá depois que se liberar.

Ele ficou em silêncio e eu insisti.

- Vou preparar um lanche bem gostoso, é meu convidado.

- Então depois eu passo aí.

Ele desligou e eu fui preparar um bolo de cenoura pra ele e também já fiz que sobrasse para os meninos. Quando ele chegou já estava quase assado.

- Cheirinho bom, isso tudo é pra mim?

- É pra toda galera, mas em especial pra você.

Fui até ele e o abracei, era cedo da tarde e o único que poderia chegar era o Lucas e não teria problema, mas logo ele se afastou.

- Ainda está chateado comigo?

- E tem como?

- Você não vai se arrepender de me dar uma chance.

- Por favor, Sandro não começa.

- Eu prometo que agora será diferente.

Fui até ele e o abracei e dessa vez ele não resistiu e nos beijamos.

Pode chegar alguém, disse ele se afastando e sentando numa cadeira perto da mesa. Na republica a cozinha era junto com a sala tudo num único ambiente.

- O único que pode chegar é o Lucas e ele sabe de nós.

- Você não disse que tinha um morador novo?

- E tem, mas eu não sei os horários do Marcelo, nem tive contato com ele ainda.

- Você não o viu ainda?

- Não, ontem à noite cheguei e fui dormir, só acordei hoje pela manhã e não o avistei.

- O Roger não te procurou mais?

- Não, vamos esquecer ele, me aproximei novamente e o abracei por trás, beijei seu pescoço e sua bochecha.

- Ainda estou chateado com você.

- Por favor, Juliano, vamos esquecer isso, disse beijando seu rosto.

- Você me cerca de um jeito que não consigo raciocinar, isso é assédio.

- O intuito é esse, não deixar você pensar em me abandonar.

Sabe o que eu queria agora?

- O que? - Ainda estávamos abraçados.

- Ah deixa pra lá.

- Fale, eu quero saber.

- Queria que você me dissesse... Eu amo você!

- Eu acho isso tão sem graça pra se dizer a alguém.

- É porque você não falou pra pessoa certa.

- Acho que não precisa falar e sim demonstrar, fico meio sem graça pra dizer essas coisas.

- É apenas um desejo, não estou reclamando porque mesmo você não dizendo palavras carinhosas é bonito isso que temos e insistimos em dizer que não temos.

- É isso que vale a pena o resto não interessa, não são palavras bonitas que vão me fazer gostar mais ou menos de você.

- Não tem receio de chegar algum de seus colegas e nos pegar abraçados?

- Se isso acontecer eu esclareço a situação, não pretendo me esconder à vida inteira.

Ele sorriu abaixou a cabeça e ficou pensativo.

Estou com vontade de fazer uma loucura, disse próximo ao seu ouvido.

- Que espécie de loucura?

- O bolo já assou, vamos para o quarto.

- Você não está pensando em...

- Relaxa, você pensa demais.

- Este não é o momento certo, disse ele querendo fugir.

Puxei-o pela mão e ignorando suas palavras fomos para o meu quarto, fechei a porta e ele sentou no colchão da minha cama e me olhava desconfiado.

Fui até ele, me abaixei para ficar a sua altura e o beijei, em seguida sentei em suas pernas, o abracei forte e passei a beijá-lo com mais intensidade. Quando senti que ele não tinha resistências encerrei o beijo e o encarei nos olhos.

- Estamos a sós, vamos brincar um pouquinho, peguei minha mão e passei por cima de sua calça, fiquei apalpando e seu volume logo ficou evidente.

- Está louco? Pode chegar alguém e não quero te prejudicar.

- Fica tranquilo não vai acontecer nada demais.

Abri sua calça e liberei seu membro, pude senti-lo rígido e quente, ele me olhava atento e passei a segurá-lo de forma delicada.

- Vou fazer você gozar, quer?

- Quero, mas e você?

- Outra hora você me compensa, disse rindo e levantando de cima de suas pernas.

Baixei suas calças até os pés e sentei em suas pernas novamente, aproximei de seus lábios e o beijei até ficar sem fôlego, depois empurrei seu tórax para a cama e passei a segurá-lo com mais firmeza e ele se contorcia cada vez mais com meu toque, comecei a punhetá-lo ele fechou os olhos e suspirou baixinho, aumentei os movimentos e alguns minutos depois senti seu liquido quente e pegajoso escorrendo em minha mão.

Levantei e fui até o banheiro lavar minha mão, em seguida peguei o papel higiênico e entreguei para ele se limpar.

Depois ele foi para o banheiro e eu fui preparar nosso lanche. Já estava quase pronto quando ele entrou na cozinha veio ao meu encontro e me beijou por trás.

- Gostou da surpresa?

- Adorei, estou te devendo uma.

- Vou cobrar bem caro.

- Se você quiser podemos ir lá pra casa e terminar o que começamos aqui.

- Hoje não dá, o Rafael marcou reunião com a galera.

- Amanhã então?

- Sexta é melhor, quero curtir minha primeira semana com meus colegas.

- Tenho que esperar uma semana?

- Não seja exagerado, hoje já é terça.

- O jeito é esperar então.

- Vem, vamos comer.

- Está bom esse bolo?

- Não é porque eu fiz, mas está uma delicia.

- Estou louco de fome, disse ele rindo.

Cortei um pedaço do bolo e coloquei numa tigela sobre a mesa, abri uma caixa de suco e Juliano encheu um copo pra ele e outro pra mim.

Ele pegou um pedaço de bolo e ficou me olhando.

- O que foi? Não está bom?

- Tem nata?

- Você come bolo com nata?

- É gostoso.

- Tem sim... Desculpe, eu não sabia que você gostava assim.

Coloquei a nata na mesa e ele passou por toda a fatia de bolo e depois colocou um pedaço na boca.

- Está muito bom, delicioso!

- Bondade sua, seus lanches são melhores e mais saudáveis.

- Eu também adoro ser bem tratado e você sabe agradar.

- Preciso arranjar algo para fazer senão vou engordar rapidinho.

- Você vai trabalhar?

- Pretendo, quero ajudar o Tiago com as contas, você não conhece alguém que esteja precisando de empregado?

- Eu conheço muita gente, mas são coisas que não servem pra você.

- Como assim?

- Trabalhar em bar, por exemplo, não é legal.

- Por quê?

- Porque eu não quero, não acho legal.

- Ah Juliano não vamos começar com esse papo chato de novo?

- Tem razão, mas trabalhar em bar não é legal, é cansativo e você precisa se dedicar aos estudos.

- Mesmo assim eu preciso fazer alguma coisa, não sei como você aguenta ficar parado.

- Eu não fico parado, quando não estou na faculdade fico em casa estudando e também me sustento.

- Me desculpe não quis te ofender.

Eu recebo pensão pela morte dos meus pais.

- Nossa que legal! Então você nem precisaria estudar?

- Não é bem assim, eu recebo porque perdi meus pais ainda criança, tinha esse direito até 21 anos, mas como não terminei a faculdade, prorrogaram até os 24 e mesmo assim não foi fácil conseguir precisei de advogado.

- O Paulo né?

- O tio Carlos que me indicou ele.

- Eu achei que a tia Joana pagava todas as suas despesas.

- Acho que ela nem se recusaria, mas como eu consegui, assim foi melhor.

- Pois eu preciso trabalhar não quero ser um peso morto nas mãos do meu irmão.

Ele ficou pensativo e assim permaneceu por alguns minutos como se estivesse pensando longe.

- Tive uma ideia e acho que você vai gostar.

- Que ideia?

- Lembra-se do Breno?

- Breno... Breno... Breno... Não lembro.

- O da academia que você até foi lá uma vez comigo e combinou de fazer quando viesse estudar aqui e depois não veio.

- Ah lembrei sim.

- Então, ele vive precisando de gente pra trabalhar.

- Mais o que eu vou fazer numa academia?

- Não custa tentar.

- É melhor que nada.

- Se você quiser eu posso falar com ele.

- Você faria isso por mim?

- Mais é claro que sim, hoje mesmo eu converso com ele.

- Hoje à noite eu vou montar meu currículo no note do Rafael, se for preciso posso enviar por e-mail.

- O Breno é tão meu amigo que é bem capaz de não querer nada disso.

- A tentativa é boa, só não consigo entender o que posso fazer numa academia?

- Pode trabalhar como atendente ou auxiliar dos professores, a grana não deve ser muita, mas com certeza você não está se importando com isso.

- Claro que não, estou começando e nem posso exigir nada.

- Depois com experiência você pode tentar uma grana melhor.

- Tomara que você consiga, gostei da ideia e já estou até empolgado.

Ele aproximou com uma carinha feliz e me beijou, mas logo o afastei, lembrei-me do Giovane que já estava quase na hora de chegar.

- O Giovane pode chegar a qualquer momento.

- Já? A tarde passou e eu nem vi.

- É porque a companhia foi agradável, disse rindo.

Amor, eu posso te chamar assim?

- Preferia que fosse o meu nome.

- Porque você é tão complicado?

- Tudo bem eu aceito, mas não vou te chamar assim.

- Não tem problema eu tenho paciência em esperar, disse rindo.

- Não é que eu não goste, fico sem jeito e acho esquisito.

- Vou falar com o Breno e logo mais eu ligo pra dizer como foi.

- Assim? Tão rápido?

- Eu acho que as coisas quando tem que acontecer, acontece sem muitos problemas.

- Você é um anjo, só me trás coisas boas.

- Tenho meus defeitos e você já os conhece.

- Conheço-os muito bem.

- Então já vai um aviso, nada de muita animação com a galera da academia, são todos uns arriados.

- Eeee ciumento

Preciso ir, não posso perder a academia.

- Opa, disse Giovane entrando em casa, levei um susto, pois não esperava por ele.

- Chegou mais cedo?

- Estava com dor de cabeça acabei saindo mais cedo, vou tomar um banho.

Ele foi para o quarto e Juliano tratou em sair, o levei até o carro.

- Vou ficar na torcida pra você conseguir, falei da porta do carro.

- Não pude nem dar um beijo de despedida.

- Depois eu o compenso.

- Olha lá hein? Sorriu e antes de sair olhou pela janela e disse baixinho, beijo na boca.

Voltei pra casa e encontrei Giovane atacando um pedaço do bolo.

- Peguei um pedaço espero que não tenha problema.

- Fica tranquilo, fiz pra galera.

- Você é bem amigo do Juliano, né?

- Ele vai tentar me conseguir um emprego na academia de um amigo dele.

- Eu conheço, faço ginástica nessa academia, às vezes o encontro por lá e a Laura também frequenta.

- Vocês estão namorando?

- Não sei se vai rolar, mas estou bem a fim dela.

Tomara que deem certo, vocês combinam.

- Você conheceu o Fabrício?

- Conheci por quê?

- Cara grosso, imbecil veio aqui me tirar satisfações.

- Aqui? Não acredito.

- O cara veio me acusando do fim do namoro deles, mas eu não tive culpa cheguei depois.

- Ele é assim mesmo, autoritário.

Meu celular começou a chamar insistentemente, fui até o armário e peguei, olhei no visor era o Roger, não atendi.

- Não vai atender?

- Não, é um numero estranho que está ligando, não gosto de atender esse tipo de ligação.

- Faz bem.

E o telefone seguiu chamando repetidas vezes, não parava, abaixei o volume e deixei quase no silencioso.

Alguns minutos depois chegou um rapaz loirinho, 18 anos, muito charmoso e bem garotão, ele não era muito alto, tipo 1,75, olhos meio esverdeados que davam um tom bonito a sua pele clara.

- Ah Sandro, este é o Marcelo disse Giovane.

- Muito prazer Marcelo, seja bem-vindo eu também sou novo aqui.

- É o novo mais velho que tem aqui Marcelo, disse Giovane e o garoto não entendeu nada.

- Me deixa explicar, a ideia de morar aqui foi minha do Rafael e do Lucas, mas na época eu não pude vir porque perdi minha mãe.

- Muito prazer Sandro.

- Está gostando daqui?

- Ainda estou me adaptando, esse bolo foi você quem fez?

- Fui eu, quer comer fique a vontade.

- Ah vou comer, estou faminto, já vi que vou passar fome naquele RU.

- Qual curso você faz?

- Faço medicina, mas já senti que vai ser complicado.

Estava anoitecendo quando a campainha tocou, senti um calafrio só de imaginar se era o Roger, nem fui até o portão deixei que Giovane fosse atender.

- Me disseram que tem morador novo nessa casa, disse Diego com um belo sorriso no rosto aliviando minha tensão.

- Quem é vivo sempre aparece, fui até ele e o abracei.

- Tive que vir você não atende ao telefone.

- Então era ele o numero estranho que você viu? Questionou Giovane.

- A ligação do Diego deve ter vindo misturada a algumas indesejadas, olhei pra ele e entendeu o que disse.

- Queria conversar um pouco com você e dar as boas vindas.

- Vamos conversar lá no quarto.

Entramos e ele sentou na cama do Rafael.

Aquele dia da festa do Tiago você me disse que tinha algo para me falar, é sobre isso?

- Sim, ele me olhou e abaixou a cabeça.

Diego estava triste e só então pude perceber que sua alegria de quando chegou era puro fingimento.

- O que aconteceu Di?

- O Mauricio está se mudando daqui, vai para o Rio de Janeiro.

- Mas porque essa mudança repentina?

- A mulher dele nos pegou, disse ele falando baixinho.

- Assim? Na maior?

- Ela nos seguiu deu maior confusão e até quis invadir o motel.

- Nossa Di, que loucura.

- Meus pais ficaram sabendo, está uma barra lá em casa.

- E porque o Mauricio não aproveita e separa de uma vez?

- Ele não quer, é um fraco.

- Olha Di, eu entendo muito bem o que você está passando, o Roger é a mesma coisa, amedrontado e acomodado, porque você não cai fora dessa relação?

- Fiz tantos planos com ele Sandro. Não posso desistir assim, são mais de dois anos da minha vida que dediquei a ele.

- E você pode perder mais Di.

Estou sem saber o que fazer, já faz mais de mês que isso aconteceu e de lá pra cá minha vida se tornou um inferno.

- Tenha calma que você vai conseguir forças pra enfrentar esses problemas.

- O clima lá em casa está péssimo, não aguento mais as acusações e brigas dos meus pais.

- Porque você não me contou isso antes?

- Você também é cheio de problemas, não quis te aborrecer com os meus. Hoje mesmo tive uma briga feia com meus pais e só faltou me expulsarem de casa.

- E você já pensou na possibilidade de sair de casa?

- É complicado sem trabalho, se eu sair de casa com certeza meu pai me demite.

- Tenta outro, vai à luta, brigue por aquilo que você quer.

- Obrigado Sandro, você não tem noção como é bom conversar com quem entende a gente.

- Pode contar comigo e se quiser pode vir pra cá, eu converso com Rafael, podemos dividir o quarto entre três.

- Eu agradeço, mas só farei isso em último caso.

Você e Mauricio como estão depois disso tudo?

- Como sempre estivemos, ele casado e eu correndo na volta.

- Pior que é sempre a mesma coisa.

- E o lance seu com Roger, como está?

- Igual ao seu com Mauricio, estou tentando com o Juliano.

- Ele é um cara legal e gosta de você, diferente de mim que não tenho ninguém.

- Porque você se anulou pra viver em função do Mauricio, eu também já fiz isso e estou tentando dar a volta por cima. Fácil eu sei que não é, mas também não é impossível.

- Você está certo, acho que pra mim me falta coragem.

- Quer dormir aqui em casa?

- Onde?

- Dorme comigo na minha cama, o Rafael não vai se importar.

- Mais o Juliano vai, não quero te trazer problemas.

- Já conversei com ele em relação ao ciúme.

- Se ponha no lugar dele, você gostaria que outro cara dormisse na cama dele, mesmo sendo só amigo?

- Você é diferente.

- Não sou e ele merece respeito, de qualquer forma obrigado pelo convite, mas prefiro enfrentar as feras lá em casa.


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Ficha do conto

Foto Perfil contosdelukas
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Nome do conto:
IDAS E VOLTAS [34] ~ E a vida na república!

Codigo do conto:
217502

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
05/08/2024

Quant.de Votos:
4

Quant.de Fotos:
0