- Ficou satisfeito com os valores, parece feliz? – questionou Rafael deitando em sua cama.
- Com os valores e com outras coisas que estão acontecendo comigo.
- Vai querer o note?
- Vou sim, já estava esquecendo que preciso montar esse currículo.
- Pega ai na cômoda.
Peguei o note e sentei na cama para digitar, digitei todo o currículo e ele deitado perdido em pensamentos distantes.
- Está tudo bem Rafael?
- Discuti com a Fernanda por telefone.
- De novo? Mas o que foi dessa vez?
- Ela quer que eu vá nesse fim de semana para o aniversário da tia dela, mas não estou a fim.
- O que você vai fazer aqui?
- Preciso estudar, tenho vários trabalhos para entregar e também não tem como viajar todo final de semana, falou impaciente.
- Vocês se amam, não entendo porque tantas brigas.
- Ela não entende minha situação
- Tenta entender o lado dela.
- Foi o que fiz até hoje, me anulei em função dela agora chega.
- Eu gosto de vocês e não gostaria de vê-los separados.
- Vamos dormir que é melhor, amanhã é outro dia.
- Obrigado pelo note.
- Depois eu cobro o aluguel, disse rindo.
- Serve um bombom de pagamento?
- Já é alguma coisa, mas eu estava brincando com você.
- Eu sei bobo.
Guardei o note e peguei meu telefone em cima da cômoda, estava ligado no silencioso e com várias chamadas sem atender, olhei e de cara encontrei várias ligações do Roger e algumas do Juliano.
Liguei pra ele, estava curioso para saber como foi à conversa com Breno e se eu tinha chances.
- Oi amor, não viu que liguei?
- Desculpe, não vi as chamadas.
- Poxa achei que tinha se esquecido de mim?
- Tivemos reunião e deixei o telefone no silencioso.
- Estou brincando com você.
- Pensei que estava me cobrando?
- Não estava amor e pra provar que estou de boa liguei pra dizer que falei com o Breno.
- E daí?
- Quer uma notícia boa ou uma má?
- Ah não brinca.
- A notícia boa é que eu te amo, disse rindo.
- Então não deu certo.
- Essa é a notícia má você nem notou que eu te fiz uma declaração, mas eu consegui.
- É sério? Você não está brincando comigo?
Ele pediu pra você passar amanhã na academia no período da tarde pra conversar e pediu também pra levar seu currículo.
- Ah que notícia boa! Acho que nem vou dormir essa noite.
- Queria te acompanhar, mas infelizmente amanhã tenho aula a tarde.
- É melhor eu ir sozinho e muito obrigado por me dar essa força.
- Agora é tudo com você, seja um bom menino que tem tudo para dar certo.
- Obrigado Ju, você é meu anjo da guarda.
- Sou seu amor e você ainda vai perceber.
- Queria te encher de beijos agora, mas como não posso, vai um por telefone.
- Por enquanto me contento com este, tenho que desligar, já estava indo dormir quando você ligou.
- Eu também tenho aula cedo, beijo grande!
- Beijo na boca
Eu consegui! Eu consegui! Eu consegui! – gritava dando pulos pelo quarto.
- Acertou na Mega-Sena? – brincou Rafael.
- Na verdade acho que acertei outra coisa.
- Pra fazer essa bagunça deve ser algo muito bom
- Consegui um emprego, falei bobo e feliz da vida saltitando pelo quarto.
- Que bom Sandro, meus parabéns, como você conseguiu?
- O Ju falou com um amigo dele que é proprietário de uma academia.
- Academia? – ele perguntou e caiu na risada.
- Não vejo nada demais, disse brincando com ele, mas sabia bem qual era o motivo de sua risada.
- Qual foi? O que está acontecendo aqui? – questionou Lucas invadindo o quarto e logo atrás entraram Giovane, Pedro e Marcelo.
- Consegui trabalho.
- Não brinca mano, disse Giovane.
- Na academia de ginástica que eu te falei, amanhã à tarde vou conversar com o dono.
- O Breno é um cara maneiro, só que é bem correto.
- Ah gente, estou muito feliz, vocês não tem ideia.
Parabéns Sandro, vale uma rodada de pizza, disse o Marcelo me abraçando.
- Sem direito a levar namorada. Parabéns Sandro, você merece! – disse Pedro com um tapinha nas costas.
- Eu concordo, desde que ninguém leve a namorada, disse Giovane, parabéns Sandro!
- Isso não quer dizer que eu não posso arranjar um garçom bem gostoso, disse Lucas e todos caíram na risada, ele me deu os parabéns e me abraçou como os demais.
- Então o rodízio de pizza está de pé? – perguntou Marcelo.
- Com uma condição, falei.
- Qual?
- Qual é Pedrão deixa de ser curioso.
- Não enche Giovane.
- Se acalmem meninos posso explicar.
- Então explica o curioso do Pedro, tudo ele quer saber.
- Eu quero convidar o Juliano, ele que me ajudou, é justo, vocês não acham?
- Por mim não tem problema o Juliano pode ir e quanto à namorada, estou precisando de uma folga da minha, disse Marcelo.
- Estou pagando pra ver, disse Pedro rindo dele.
- Qual é Pedrão está duvidando do poder de convencimento?
- Essa eu pago pra ver também disse Lucas.
- Pois eu vou mostrar pra vocês que vou à pizzaria e ela não vai se importar, disse Marcelo.
Depois que combinamos o rodízio de pizza, fomos dormir. No dia seguinte após o almoço fui conversar com o Breno.
Ao entrar na academia tive a impressão que ia desmaiar, senti um tremor pelo corpo e a insegurança tomou conta de mim.
Assim que entrei Breno veio ao meu encontro.
- Você é o Sandro?
- Sim, ainda lembra de mim?
- Não estava lembrado, mas assim que você entrou me lembrei. Vamos conversar no escritório?
- Vamos sim, desculpe estou um pouco nervoso.
- Fique tranquilo e o que vou dizer a você, digo a todas as pessoas que vêm trabalhar comigo.
Subimos uma escada e depois seguimos um corredor até o final onde tinha uma sala, entramos e ele me convidou a sentar.
- Aceita uma água? Falou que está nervoso – disse ele me encarando de cima a baixo como se tivesse me examinando e eu fiquei mais tenso ainda.
- Aceito.
Breno foi até um frigobar e pegou uma garrafa de água pra mim e outra pra ele e me entregou.
- Pode tomar assim mesmo, sou um cara simples e gosto que as pessoas que trabalham comigo sejam como eu.
- Obrigado! – respondi com a voz entrecortada.
- O que fez você pensar na minha academia pra trabalhar?
- Estou precisando do emprego, não tenho experiência no ramo, mas tenho curiosidade.
- Gostei da sua sinceridade, você estuda?
- Estou terminando o ensino médio, estudo pela manhã.
- Mora com a família?
Moro numa republica com cinco rapazes, por isso a necessidade de trabalhar, além do fato que pretendo fazer faculdade.
- De educação física?
- No momento educação física não está nos meus planos, pretendo fazer arquitetura.
- Muito bem Sandro, o Juliano já havia me falado tudo isso e você me provou que realmente merece minha confiança. Como disse, sou um cara simples e ao mesmo tempo chato em algumas coisas, está me entendendo?
Ele me olhava nos olhos, era firme e em determinados momentos chegava a intimidar.
- Sim, entendi!
- Têm coisas que não tolero, como formação de grupinhos, risadinhas sem sentido, tristeza demais, cara amarrada e uma série de coisas que possam prejudicar o andamento da academia.
- Quanto a isso pode ficar tranquilo, meu pai tem um estabelecimento e mais ou menos conheço as regras.
- Muito bom saber disso, cuide pra que sua amizade com Juliano não prejudique seu trabalho aqui, não tem nada a ver a amizade de vocês fora daqui, também sou amigo dele, mas aqui dentro é ambiente de respeito onde mantemos um clima amigável entre as pessoas que trabalham e os que frequentam.
Entendi.
- Preciso que você trabalhe de 2ª a 6ª das quatro da tarde até às dez da noite, é problema pra você?
- Nenhum, é bom porque fica flexível para estudar.
- Não se preocupe por não saber nada de educação física, o seu trabalho aqui será na recepção, dando informações e fazendo novas inscrições.
- Está ótimo.
- Eu pago oitocentos reais, mas tem o desconto do INSS, está bom pra você?
- Não posso reclamar, seria pior se estivesse desempregado.
- Durante seu horário, se não tiver movimento você pode frequentar os aparelhos e a ginástica, porém no momento que entrar alguém para atendimento, largue tudo e vá atender a pessoa e também não é proibido fazer ginástica fora do horário, se quiser fazer fique a vontade, não costumo cobrar dos funcionários.
- Obrigado!
Agora você vai nesse endereço, é o escritório do meu contador, vai até lá que eles vão te dar o encaminhamento para fazer sua admissão, depois de tudo pronto você pode começar. A vaga já está aberta faz uma semana, deu sorte porque a menina que ocupava essa função mudou pra outra cidade.
- Pode ficar tranquilo quanto ao meu trabalho, farei de tudo para fazer da melhor forma possível.
- Eu tenho certeza que sim, não costumo errar em minhas apostas.
- Quero muito essa oportunidade e vou me dedicar ao máximo.
- Espero que até segunda esteja tudo certo para começar, você vai gostar de trabalhar conosco, disse ele me estendendo a mão.
- E eu agradeço mais uma vez, cumprimentei-o.
Quando eu saí daquela sala já estava mais tranquilo, mesmo assim passei por momentos de sufoco. Naquele mesmo dia fui ao escritório que ficava próximo a academia, depois fui fazer o exame admissional, impressionante que o médico apenas me perguntou se eu não sentia nenhuma dor e se estava bem de saúde, minha consulta durou menos de cinco minutos e já estava apto para trabalhar.
No dia seguinte levei toda a minha documentação e fiquei certo de começar na segunda-feira.
Saí da academia e voltei pra casa, ao me aproximar do portão notei que o carro de Roger estava estacionado em frente à república, não era possível que ele nunca ia me deixar em paz, depois de tudo que fiz não era nem pra ele olhar mais na minha cara e, no entanto estava lá em pé ao lado do carro.
- O que faz aqui?
- Calma, já vem me atacando, vim conversar com você.
- Não temos nada pra conversar.
- Porque você devolveu o meu presente?
- Estou namorando o Juliano e não ficaria bem aceitar um presente seu, porque você é casado e tem que dar presentes a sua esposa e se eu ficar citando os motivos aqui corro risco de me perder de tantas hipóteses.
- Eu quis dar aquele presente pra você, é seu.
- Mais eu não quero.
- Onde você estava?
- Não te interessa Roger, me deixa seguir minha vida, o que houve entre nós acabou.
- Acabou pra você pra mim não e você ainda vai se arrepender do que está fazendo porque eu posso te surpreender.
- Me dá licença eu preciso entrar.
- Entra, mas não esquece que se ama uma vez só na vida.
Equivoco seu, estou gostando muito do Juliano e ele tem sido pra mim o que você nunca foi.
- Você não sabe o que eu passei e ainda passo.
- E nem quero saber, Tchau!
Entrei e fechei o portão de forma que ele não podia entrar, era daqueles que só abria por dentro.
Mal entrei em casa e fui tomar um banho para esfriar a cabeça, depois liguei para o Juliano, contei a ele que na segunda-feira já começaria no trabalho e também combinamos nosso encontro do dia seguinte.
Lembrei que eu tinha tarefas da escola pra fazer, sentei na minha cama e comecei a estudar, cerca de uma hora depois fui alertado quando ouvi o barulho da tv ligada, segui estudando, mas tinha algo estranho, ouvi algumas risadas e gemidos que não poderia ser da televisão, fui até a cozinha e encontrei Marcelo com a namorada aos amassos e em beijos pra lá de excitante, ela estava sentada nas pernas dele e os dois já estavam a ponto de partir para o ataque.
- Olá, falei e eles levaram um susto.
- Sandro você está aí? Perguntou assustado, seu rosto estava vermelho. A garota apenas abaixou a cabeça e não disse nada.
- Estava estudando, ouvi um barulho e resolvi ver o que era.
- Poxa cara, desculpa eu pensei que você não estava em casa.
- Fui à academia levar meus documentos, mas não demorei.
A garota saiu das pernas dele e ele desajeitado começou a arrumar a calça, procurei não olhar, mas com certeza estava aberta.
- Desculpe, vou voltar para o meu quarto.
Fiquei sem jeito, na verdade não sabia o que fazer diante da situação. Voltei para o quarto e liguei meu ipod, coloquei os fones de ouvido e segui fazendo minhas tarefas escolares.
Quando acabei, liguei para o meu pai e conversamos bastante, falei que tinha conseguido trabalho e ele ficou muito feliz, depois conversei com Tiago e até dispensei sua ajuda, mesmo assim disse que qualquer coisa que precisasse era só ligar para ele.
Depois que desliguei o telefone fui até a cozinha, não encontrei mais o Marcelo e a namorada, já anoitecia e nada da galera chegar estava um tédio, deitei no sofá e fiquei assistindo a novela das sete, naquele horário não tinha nada de interessante na tv, nessas horas eu sentia falta de casa onde tinha a tv por assinatura.
A novela estava quase terminando quando Lucas chegou já brincando comigo.
- Virou noveleiro agora?
- Não tem nada pra fazer nessa casa.
- Você precisa de um computador com acesso a internet.
- Semana que vem começo a trabalhar, mesmo assim você tem razão.
- Ou então faz como eu, saí para namorar, disse rindo.
- E desde quando você namora?
- Eu não namoro, mas vivo a vida de forma intensa ao contrario de você que fica nesse joguinho entre o Juliano e o Roger.
- Somos diferentes, mas a minha história com Roger acabou.
- Acabou mesmo?
- Embora ele siga me procurando quase que diariamente, posso te afirmar que não tenho mais nada com ele.
- Me engana que eu gosto, disse ele rindo.
E você nesse rolo com Bruno e a Patrícia, pensa que me engana?
- O Bruno é todo machão, o interesse dele é ter várias mulheres dividindo sua cama.
- Senti um pouquinho de rancor nessa conclusão, porque será?
- Porque eu gosto daquele idiota, mas ele não me dá à mínima.
- Imaginei uma coisa totalmente diferente de vocês.
- O que você imaginou?
- Que vocês se relacionavam entre si.
- Quem me dera se o Bruno desse a mínima pra mim.
- Então porque vocês andam juntos pra cima e pra baixo?
- Porque nós comemos a Patrícia e outras garotas que ele leva no apartamento e também é uma maneira de vê-lo em ação.
- Você não presta mesmo e como fica o seu outro lado.
- Quando surge uma oportunidade estou dentro.
- E surge bastante?
- Sempre surge, é algo de momento, mas eu queria mesmo era o Bruno.
Saí dessa Lucas, esse Bruno é igual ao Roger e o Maurício.
- Os gostosos estão em baixa, mas como não sou de ficar malhando em água de poço estou de olho num professor.
- Professor da faculdade?
- Do meu curso, sou fissurado num cara maduro, são mais responsáveis.
- Esse é o Lucas que conheço, disse rindo.
- Não sou de ficar chorando pelo impossível, em primeiro lugar eu me amo, mas se tiver uma oportunidade com Bruno, estou dentro.
- Hoje eu conheci a namorada do Marcelo.
- Onde?
- Estavam aqui em casa.
- Aqui?
- Neste sofá.
- Eles não estavam transando, né?
- É claro que não, estavam apenas namorando.
- E o que você fez?
- Nada, deixei os dois aqui e fui para o meu quarto.
Não quis dizer a ele que os dois estavam quase transando, não ia dar uma de fofoqueiro logo na primeira semana de convivência.
E o que você achou da namorada dele?
- O que eu ia achar? Você sabe que a minha praia não é mulher.
- Bonita, feia, chata, arrogante?
- Não sei Lucas eu mal tive contato com a garota, pra ser sincero nem o nome dela fiquei sabendo.
- Você é desligado demais, vou tomar um banho, disse ele já tirando a camiseta e a calça ali mesmo.
- Eiii! Não sabe onde é o quarto ou o banheiro?
- Tudo o que eu tenho aqui você já viu e se quiser tem mais.
- Muito obrigado já tenho o meu e nada de tirar cueca na minha frente.
- Tem medo de encarar novamente? – disse ele rindo.
- Tenho namorado e devo respeito a ele.
- Minha moral está baixa mesmo, o Juliano está operando milagres, disse ele saindo e deixando a roupa espalhada pelo chão.
- Lucas!
- O que é mamãe?
- Sua roupa, leva para o quarto.
- Ah, obrigado por lembrar.
- Abusado.
Ele catou a roupa e saiu fazendo umas caretas, era um palhaço.
Logo depois chegaram o Giovane e Pedro, conversamos um pouco e foram jantar com Lucas. Eu fiz um lanche, peguei um pão de queijo com um copo de leite e segui assistindo tv. Logo em seguida o Marcelo chegou e veio conversar comigo.
- Podemos falar Sandro?
- Claro, não vai jantar com os meninos?
- Estou sem fome, podemos conversar no seu quarto ou no meu?
- Vamos para o meu, o Rafael vai demorar a chegar.
Fomos para o meu quarto e ele estava sem jeito, parecia nervoso, apesar de que não via motivos para tanto.
- Pode falar Marcelo.
- Foi mal por hoje à tarde, quero pedir desculpas mais uma vez.
- Por mim tudo bem, já passou.
- Eu errei cara, mas você deve saber como é quando a gente está no clima.
- Sei, é difícil se segurar, esqueça o que aconteceu.
- Você é um cara muito legal, obrigado mesmo.
- Da próxima vez vai num motel.
- Você tem razão, disse ele rindo de cabeça baixa.
- Fica tranquilo, não vou falar pra ninguém.
- Fico te devendo uma.
No dia seguinte cheguei cedo à aula, logo em seguida chegou o Christian e sentou na cadeira que ficava atrás da minha.
- Bom dia Sandro!
- Bom dia!
- Precisamos marcar de nos encontrar para fazer o trabalho de história, é para semana que vem.
- A partir da semana que vem começo a trabalhar das quatro da tarde até a noite.
- E agora como vamos fazer?
- Podemos nos reunir após o almoço na sua casa, tem algum problema?
- Por mim pode ser, temos que ver com a Adriana.
Não demorou muito e ela chegou.
- Adri, precisamos falar sobre o trabalho de história, disse Christian.
- Tinha até esquecido essa chatice, disse ela.
- Combinei com Christian de fazermos esse trabalho na casa dele, que tal?
- Quando?
- Pode ser na segunda à uma da tarde?
- Tão cedo?
- A partir das quatro tenho que trabalhar, consegui emprego numa academia.
- Então não temos escolha.
E porque não marcamos amanhã à tarde? - sugeriu Christian.
- Amanhã é sábado, falei desanimado.
- Assim é bom porque não precisamos nos reunir mais de uma vez.
- Então está fechado, vamos nos reunir amanhã à tarde a partir das duas horas na sua casa.
Em seguida chegou o professor e a aula transcorreu normal, os engraçadinhos da primeira aula estavam calmos, apesar de que eu sentia que eles estavam aprontando algo, andavam sempre em grupinhos e o líder deles era o João Pedro.
Na hora do intervalo fui ao banheiro, tive a nítida impressão de estar sendo seguido, mas eu não ia me acovardar para eles, embora estivesse louco de medo.
Entrei no reservado fiz xixi e quando saí dei de cara com ele, estava na pia lavando as mãos e como eu também precisava lavar as minhas usei a torneira ao lado da dele que estava vaga. No banheiro tinha outro menino, mas ele nem deu importância e falou comigo.
E aí bichinha não pense que esqueci o primeiro dia de aula.
- O que você quer?
- Quero que suma da minha frente, odeio viado.
- Pois eu acho que você gosta, quer experimentar?
- Não me enfrente viadinho ou eu acabo com sua raça.
- Você é metido a valentão, mas não é de nada, quer se tornar um homem de verdade, então encare a vida de frente.
- Do que você está falando seu idiota, ele veio pra cima de mim e me segurou pela camisa do uniforme e o outro menino se mandou do banheiro.
- Que você é um enrustido, no fundo gosta da fruta, mas não admite, e agora me solta porque não é assim que se conquista um cara.
Meti minhas mãos nele, o empurrei contra a parede e saí do banheiro.
- Você me paga seu viado nojento, gritou quando já ia saindo, segui em frente não ia dar ibope pra ele.