IDAS E VOLTAS [40] ~ E o passado volta!

Fomos almoçar na casa da tia Joana, ela estava nos esperando, Juliano já estava numa boa, agiu normalmente. Fernanda pediu para ficar no apartamento, disse que não se sentia bem e seria péssima companhia. Tiago estava com o rosto inchado devido à briga com Roger.

Assim que nos viu papai perguntou o que aconteceu, Tiago mentiu, disse que um engraçadinho tinha se metido a besta com Paula e acabou brigando, ouviu um sermão do papai e do tio Carlos.

Após o almoço papai me convidou para dar uma volta pelo condomínio, senti que ele queria conversar comigo longe dos demais.

- Convidei você para dar esse passeio, mas na verdade quero te fazer um pedido.

- Que pedido, pai?

- Você ainda está magoado com sua irmã?

- Porque isso agora?

- Responde pra mim meu filho.

- Eu não sei.

- Não deixe que a mágoa e o ressentimento tome conta de sua vida.

- Ela bagunçou minha vida.

- Sua irmã é tão desnorteada da vida que não sabe distinguir o certo do errado.

- Ela sabe e se faz de vítima, sempre foi assim.

- É muito triste para um pai ver os filhos em conflito.

- Foi Aline que pediu para o senhor falar comigo?

- Não, ela não está nem aí para o que eu penso, sua mãe e eu os criamos com muito carinho, nunca diferenciamos um ao outro, enquanto estiveram sob nosso controle sempre se manterem unidos e depois de adultos vivem como desconhecidos.

Sentamos numa pracinha e ele começou a chorar e falar da mamãe.

- Pai não fica assim, eu não gosto de ver o senhor triste.

- O orgulho que tanto nos gabamos não nos leva a nada.

- Porque o senhor diz isso?

- Sua mãe era uma mulher bonita, cheia de vida, sempre se orgulhou da família e da beleza que possuía e, no entanto, já vai fazer um ano que ela nos deixou.

- Pai, por favor.

- Me deixe terminar. Ontem eu falei com Aline e hoje estamos aqui jogando aberto um com outro, tirem o exemplo de sua mãe e apliquem na vida de vocês, depois que morremos não levamos nada.

- A mamãe era diferente e ela não nos deixou, eu sinto isso.

- Então se você sente, pense em mim que estou vivo e fico triste em ver que depois da partida de sua mãe nossa família nunca mais foi à mesma.

- O Senhor está me pressionando a perdoar Aline!

- Você se sente bem com essa raiva de sua irmã?

- Na verdade eu só quero distância dela.

- Você sabe como é a vida dela?

- Rodeada de gente da pior espécie a começar pela sogra que é uma cobra.

- Você disse uma coisa certa, sua irmã não é feliz.

- Deve ser, é a vida que ela escolheu.

- Não fale assim meu filho, você não sabe a metade do que acontece com sua irmã.

- Eu sei que o Roger a trai e não é pouco.

- Não é só isso.

- Eu não gosto de falar sobre isso, me leva a reviver um passado que estou batalhando para esquecer e além de tudo me faz mal.

- Ontem sua irmã estava com o rosto cheio de hematomas.

- Hematomas? De que?

- Ela não queria nos contar, mas depois seu irmão a pressionou e acabou contando.

- O que Aline inventou para vocês?

- Ela disse que tentou impedir o Roger de sair e ele perdeu o controle e acabou batendo nela.

- Difícil acreditar nisso, o Roger é capaz de tudo menos bater em alguém.

- Ela me disse que não foi à primeira vez e sempre que isso acontece os pais dele interferem e eles se acertam novamente.

- Eu não acredito, Aline está mentindo.

- Você prefere acreditar num estranho ou a sua irmã?

- Aline não é essa santa que aparenta ser, ela me disse coisas que um irmão verdadeiro não diz ou faz a outro. O senhor me desculpe, mas eu não acredito nela.

- Meu filho você é inteligente para saber separar as coisas, tenta entender sua irmã e perdoá-la.

- Perdoar eu até posso, mas entendê-la, jamais.

- Você sabe lidar com a adversidade melhor que eu que sou seu pai.

- Nem sempre eu sei lidar com adversidade, às vezes eu me dou mal e a Aline de todas as pessoas que conheço foi a que mais me deu rasteira na vida.

- Nunca me meti na sua vida, sempre respeitei sua opção sexual apesar de não entender muito,vou te fazer uma pergunta e quero que seja sincero comigo. Você gosta desse rapaz, o Juliano?

- Pode não parecer, mas eu gosto dele.

- Eu sinto que alguma coisa está te impedindo de ser feliz.

- Eu sou feliz.

- Sou bem mais velho que você, mas não sou bobo e vocês adolescentes pensam que nos enganam.

Pai, não se preocupe comigo, estou muito feliz.

- Tenta pelo menos conversar com sua irmã?

- A pedido do senhor, eu vou falar com ela porque essa história do Roger bater nela está muito estranha.

- Obrigado meu filho.

- Curtiu bastante a minha afilhada?

- Ela está linda, achei-a parecida com sua mãe.

- Menos pai, não exagera.

- Não é exagero filho, assim como Aline tem seus traços a Sabrina tem os de Silvia.

- Está bom pai, vovô coruja é assim mesmo. E como está sua convivência com Paula e Tiago?

- A Paula me trata como um pai.

- Que bom, espero não me decepcionar com ela.

- Vamos voltar?

- Vamos.

- Promete que vai pensar com carinho no que eu pedi?

- Prometo, mas que fique bem claro é pelo senhor que vou fazer isso.

- Obrigado filho.

Enquanto voltava pra casa com papai, fiquei pensando em suas palavras e tentando entender o que aconteceu à noite, só tinha uma explicação para o Tiago ter brigado com Roger, ele tomou as dores da Aline, mas será que ela estava falando a verdade?

À tarde Tiago foi embora, antes me deixou no apartamento do Juliano e pegou a Fernanda.

- Acho que agora o apartamento é todo nosso, disse me aproximando dele e beijamo-nos.

- Estou chateado com você.

- Só porque eu não gosto desse papo de casamento.

- Você não gosta porque se decepcionou quando Roger casou com sua irmã, é por isso não é?

- Vira e mexe a você põe o Roger entre a gente.

Fiquei chateado, perdi a paciência com ele e falei quase gritando.

- Não sou eu, é você que vive com ele na cabeça.

- Se eu soubesse que nosso assunto seria esse nem teria ficado aqui, perdi a carona do meu irmão e a oportunidade de ir pra casa descansar.

- Às vezes tenho a impressão que estou fazendo papel de bobo, tem horas que você não dá a mínima pra mim.

- É meu jeito de ser.

- Hoje mesmo, você nem se quer me dirigiu a palavra, que namorado é esse?

- Estava com minha família, sinto saudade deles, não tenho culpa se a sua não dá a mínima pra você.

- Você é muito egoísta.

- Desculpa, me desculpa, eu não quis desdenhar sua família, estou nervoso com tudo que aconteceu.

- Vou tomar um banho pra esfriar a cabeça.

Era visível que ele estava chateado, fui até ele e o abracei.

- Não quero brigar com você, me desculpa.

- Você me trata como uma vassoura velha.

- Vassoura velha que eu aprendi a gostar, me perdoa pela minha grosseria.

- Tem horas que esse seu gênio me cansa e me deixa muito chateado.

- Vamos tomar banho juntos? – fiz o convite e dei um beijo no rosto dele que tentou se esquivar, mas puxei-o em minha direção e beijei seus lábios.

- Isso é jogo baixo.

Mal ele falou e beijei-o novamente, em seguida fomos para o quarto e comecei a tirar sua camisa.

- A academia está te fazendo bem.

Ele apenas sorriu, passei a mão em seus braços, chegando até sua clavícula beijei novamente sua pele lisinha até que cheguei a sua nuca. Puxei-o em minha direção e o beijei, mas ele não movimentou seus lábios.

Afastei-me dele e fiz cócegas em seu abdômen o fazendo rir e novamente o puxei ao meu encontro, dessa vez ele correspondeu e passou a comandar o beijo com um toque selvagem, mas muito gostoso.

Ele retirou minha camisa e com um rápido movimento se livrou da minha calça. Aproveitei que ele retirava a sua e para provocá-lo fui para o banheiro.

Embaixo do chuveiro e comecei o meu banho até que ele veio até a porta do box e ficou me observando.

- Está me olhando porque? Perguntei rindo.

- Estou olhando o meu amor. Não posso? Ele respondeu em um tom sério.

- Mesmo eu sendo frio e insensível?

- Mesmo assim.

- As vezes eu ajo assim porque tenho receio que a gente não dê certo, mas eu gosto muito de você.

- Você tem medo de sofrer comigo o que já sofreu com quem não merecia.

- Entra aqui e me faz companhia, puxei-o pela mão e nos beijamos com a água caindo sobre nossos corpos nus.

Saímos do banho e fomos pra cama, ele deitou e coloquei minha cabeça em seu peito enquanto acariciava meus cabelos.

- Não gosto de brigar com você.

- Nem eu, me sinto mal.

- Essa paz no apartamento é tão boa.

- Tivemos uma noite atípica.

- Faz amor comigo?

Ele sorriu e ficou por cima de mim, nos beijamos de forma romântica e suave até que Juliano foi comandando os beijos e passou a me beijar freneticamente, logo fiquei excitado e ele deu sorriso safado.

- Está animadinho?

- Acho que você fez o que não devia.

Sorrimos e em poucos segundos sua boca já envolvia meu membro, sensação maravilhosa, soltei um gemido alto de prazer. Sua boca quente, seus lábios macios e carnudos saborearam meu pau. Meus gemidos faziam com que ele aumentasse a intensidade do boquete. Segurei em seus cabelos com as mãos e ele forçou para que meu pau entrasse em sua boca, me deixando louco de prazer. Aos poucos foi liberando e passou a chupar a glande, em seguida forçou novamente senti, o contato com sua garganta, foi difícil segurar o tesão.

- Assim eu vou gozar, disse tentando puxá-lo para um beijo.

Ele olhou pra mim com um sorriso malicioso e voltou a me beijar, depois deitou ao meu lado e comecei a acariciar meu corpo e massagear seu pau com a mão.

Trocamos um beijo e em seguida comecei a chupá-lo, primeiro pela glande que já estava bem lubrificada e depois o engolindo lentamente, ele soltou um gemido acariciava seus mamilos. A cada lambida seu pau ficava mais grosso e duro. Passei a chupar seu saco e após descer com a língua pelo seu pau até chegar a sua entrada de prazer, salivei com a língua lentamente e depois coloquei um dedo e fui massageando enquanto o chupava. Ele gemia alto e passava as mãos sobre o abdômen.

Pedi para ficar de joelhos na cama, e devagar fui beijando sua bunda até seu orifício anal. Passei a pressionar minha língua com força e ele gemendo alto de prazer pedindo que não parasse, Continuei a meter a língua mais forte ainda por um bom tempo chupando e massageando a região o deixando louco de prazer.

Ele abriu a gaveta e me entregou uma camisinha. Comecei devagar e depois aumentei o ritmo dos movimentos, mudamos para a posição de frango assado, passava a mão em seu saco e seu pênis e ao mesmo tempo sentia seu corpo junto ao meu. Ele gemia de prazer e começou a se masturbar até que deu um gemido alto e saltou esperma em seu abdômen. Em seguida eu gozei.

Deitamos abraçados e ele ficou mexendo em seu pau que logo ficou excitado novamente.

- Quero mais, ele disse baixinho ao meu ouvido.

- Que pique hein?

- Não te comi ainda e só fico satisfeito depois que provar esse corpinho gostoso.

Voltamos a nos beijar, em seguida ele lambeu minha orelha, senti um arrepio pelo corpo, passou a língua em meu pescoço, senti cócegas. Mordeu levemente meus mamilos passando a língua em meu abdômen e depois minha virilha, senti um calafrio no corpo, uma sensação muito gostosa, ele sabia me deixar doido de prazer.

Ele segurou meu pau com a mão e massageou bem, beijou a cabecinha e uma magistral lambida no saco, sua língua macia e seus lábios estavam me deixando doido. Sua língua percorreu meu saco e foi descendo lentamente até chegar ao meu orifício. Ele rodeava com sua língua me deixando com muito tesão, me segurava ao lençol da cama louco que ele me possuísse. Fechei os olhos ao sentir seu indicador me invadindo. Gemi mais ainda, no momento em que começou os momentos e sua língua trabalhava meu saco, estava muito bom, mordia levemente meus lábios a cada investida que seu dedo fazia, até que tirou me deu uma palmada na bunda.

Juliano colocou a camisinha mais que depressa introduziu seu pau e começou a se movimentar. Logo nossos gemidos ecoavam pelo quarto. Mudamos de posição, ele me pôs de ladinho e foi acariciando meu pau à medida que se movimentava. Eu só gemia a cada estocada, então pedi para deitar de frente para ele e no ritmo de seus movimentos nos beijávamos até que ele gozou em mim e depois me fez gozar. Estávamos exaustos, ficamos na cama abraçados e adormecemos.

Acordei já estava anoitecendo, levantei e fui para o banheiro tomar banho. Quando estava me vestindo Juliano acordou.

- Acordou e não me chamou?

- Você estava dormindo tão tranquilamente que eu fiquei com dó de te acordar.

- E você ia pra casa de ônibus?

- Está cedo ainda.

- Que bom, disse ele vindo ao meu encontro e me beijou.

- Pensou que eu já estava indo embora?

- É que às vezes você é meio intempestivo.

Fui até ele e o abracei.

- Você é muito especial pra mim.

- Amanhã já é segunda, começa tudo novamente e vou te ver só alguns minutinhos.

- É melhor que antes quando você me via uma vez por semana ou a cada quinze dias.

- Ou meses disse ele rindo.

- Vai tomar banho agora?

- Vou né? Você se antecipou.

- Ah, mas é chorão e chantagista.

- Tenho que apelar, vai que cola, disse rindo.

- É difícil isso acontecer comigo.

- Prepara algo pra gente comer, estou louco de fome.

- Não demora, vou preparar um lanche enquanto você toma banho.

Dei um beijo nele e fui para a cozinha, preparei torradas com suco e já serviria como jantar para nós dois.

Quando estava terminando de preparar o lanche, ele chegou e me deu uma palmada na bunda.

- Que mania você tem de bater na minha bunda, vou reclamar para o meu pai.

Ele caiu na risada e me abraçou.

- Tapinha de amor não dói.

- O que será que o meu pai ia fazer com você, hein?

- Ele ia dizer que você merece, por falar nisso, eu percebi que vocês saíram para conversar e deixaram todos na maior expectativa.

- Não foi nada demais, ele quer que eu volte a me aproximar de Aline.

- E porque ela não te procura?

- Foi o que eu disse a ele.

- Não sei se você deve fazer isso, quem se afastou foi ela.

- Ele chorou quando me fez esse pedido.

- Eu entendo sua preocupação com seu pai, mas você procurando Aline vai resolver alguma coisa?

- Prometi a ele que ia procurá-la, mas na verdade não tenho a mínima vontade.

- Quer que eu vá com você?

- Não, quero fazer isso sozinho.

Ele ficou pensativo e distante, só então percebi o receio do Juliano.

- Estou com você, isso não te diz alguma coisa?

- Toda vez que você se reaproxima do Roger nós brigamos.

- Porque você precisa tirar esse medo que te cerca e não permite que veja as coisas com clareza.

- Você mudou bastante e está provando que merece um voto de confiança.

- Então me abraça e tira essas coisas da cabeça.

- Eu nunca fui tão vulnerável a alguém como sou com você.

Fui até ele abracei-o e beijei seus lábios com ternura tentando passar-lhe o máximo de segurança.

- Você me deixa em casa?

- Já está na hora?

- É tarde, quero descansar.

Entrei em casa e a primeira pessoa que encontro foi o Pedro.

- E aí Pedrão, como foi o final de semana?

- Tranquilo, passei com minha família.

- E a namorada foi?

- Foi nada, ela não aceitou o convite.

- Que chato.

- E o seu fim de semana como foi?

- Tranquilo, vi minha família, não poderia ter sido melhor.

- Cadê a galera? Cheguei e não encontrei ninguém em casa.

- Passei o dia fora de casa, mas devem estar aproveitando o domingo.

- Você estava com Juliano?

- Almocei na minha tia e depois fui pra casa dele.

- Ele é seu melhor amigo, acho isso bonito.

Que papo estranho, tratei de mudar o rumo da conversa.

- Você já jantou?

- Comi um lanche na rua.

- Eu também já jantei.

- O Show deve ter sido maravilhoso?

- Foi bom, mas aconteceram algumas coisas chatas.

- O que houve?

- Meu irmão brigou com meu cunhado e o Rafael terminou com a Fernanda.

- Nossa quanta coisa que eu perdi.

- Vou para o meu quarto, quero dormir e descansar um pouco.

- Eu vou ficar assistindo tv, bom descanso.

- Obrigado!

Na segunda-feira cheguei ao colégio e já encontrei Adriana logo na entrada.

- Me conta como foi o show, disse ela assim que me viu.

- Maravilhoso, se você fosse ia adorar, tinha muita gente.

- Nem diga isso, só de pensar já fico triste.

- Bom dia galera, como foi o final de semana de vocês? O meu foi maravilhoso e tenho uma novidade, disse Christian.

- Arranjou uma namorada? Disse Adriana.

- Quem me dera.

- Então conta qual é a novidade?

- Fiquei sabendo que o João Pedro está hospitalizado.

- Nós preocupados querendo saber dele e ninguém nos avisou que estava hospitalizado, disse Adriana.

- Como você soube?

- Na sexta à tarde eu vim ao colégio para jogar com os colegas e o professor de educação física nos falou que ele estava no hospital.

- O que será que houve?

- Ninguém diz nada. Na sexta-feira depois do jogo nós fomos ao hospital, mas não nos deixaram entrar porque éramos muitos, somente o Alex entrou e quando retornou disse que enquanto ficou no quarto ele dormia, mas estava bem.

- Aposto que é droga, disse Adriana.

- Não desejo mal a ninguém, mas ele mereceu isso.

- Eu digo o mesmo, disse Adriana.

- Pois eu acho que vocês estão sendo radicais demais.

- Bom, eu já falei ao Sandro o que penso dele, disse Adriana.

- Comigo ele sempre foi arrogante.

- Apesar de ele ser meio arredio, não tenho nada contra o cara, disse Christian.

- Você sabe em que hospital ele está?

- No Fhemig.

- Porque você quer saber? Questionou Adriana.

- Apenas curiosidade.

- Você não está pensando em procurá-lo?

- Não sei ainda.

- Você só pode ser maluco se procurar esse cara.

- Vamos pra aula já deu o sinal.

Depois da aula saí em direção a casa. No caminho fiquei pensando na forma como estava tratando o Juliano, apesar de tudo que aconteceu, nosso final de semana foi muito legal, ele sempre tão carinhoso comigo, fiquei com vontade de almoçar com ele, mas já deveria estar almoçando, mesmo assim resolvi ligar.

- Oi, o que aconteceu?

- Nada, me deu saudade.

- Foi tudo bem na aula?

- Foi sim, que barulho é esse?

- É o barulho do restaurante, mas pode falar estou te ouvindo.

- Você já está almoçando?

- Estou na fila, por quê?

- Quer almoçar comigo?

- Onde?

- Na republica ou em outro lugar.

- Eu tenho aula daqui a pouco e na republica vai demorar.

- Tem um restaurante legal aqui perto de casa e não é tão caro.

- Onde você está?

- Na rua, mas é pertinho.

- Me passa o endereço.

Passei o endereço pra ele, desligamos o telefone e segui andando.

Cheguei ao restaurante estava cheio, como não era caro e a comida razoável o pessoal sempre procura.

Escolhi um lugar e fiquei aguardando por ele que não demorou muito.

- Que surpresa boa, disse ele assim que chegou à mesa.

- Quando me lembrei de fazer o convite achei que não daria mais tempo, que você já estivesse almoçando.

- Já estava na fila com alguns colegas tive que arranjar uma desculpa para deixá-los.

- Aposto que se arriaram em você.

- Ficaram perguntando se era carne nova no pedaço.

- Carne nova, é?

- E gostosa, disse rindo.

- Bobinho!

- Fiquei tão surpreso quando você me convidou. Quase não acreditei.

- Ontem nosso final de tarde foi tão gostoso que me deu vontade de estar com você.

- Eu também gostei e muito disse rindo.

- Não estou falando só do sexo, você tem me mostrado uma forma diferente de encarar a vida e isso está me fazendo muito feliz.

- Mais realista?

- Exatamente, eu era muito sonhador, fantasiava muitas coisas e a vida não é assim.

- Isso se chama amadurecimento.

- Tenho uma novidade pra te contar sobre o colégio.

- Então conta, eu quero saber tudo que se passa com você.

- Sabe aquele cara que me bateu?

- O que tem ele? Não me diga que te bateu novamente?

- Não, ele está hospitalizado.

- O que ele tem?

- Ninguém sabe, ele ficou uma semana sem ir a aula até que ficamos sabendo que estava no hospital.

- Provavelmente brigou com alguém.

- Às vezes eu penso que ele é carente de atenção e por isso age assim.

- Dependendo da situação até pode ser, mesmo assim tem que ter cuidado com ele.

- E como foi a sua aula, também quero saber tudo que se passa com você.

- Foi boa, hoje pela manhã tive a teoria e agora à tarde tenho laboratório, ele disse a disciplina, mas agora não lembro.

Fiquei admirado vendo o quanto Juliano gostava do curso.

- O que foi?

- Vou ter que me aproximar mais dessa faculdade, só em falar seus olhos brilham.

Ele apenas sorriu e ficou me encarando por longos segundos.

- Vamos nos servir?

- Vamos, senão eu me atraso.

Fomos para o Bufê, nos servimos e para beber pegamos suco de laranja.

- A comida daqui é gostosa, disse ele assim que provou uma garfada.

- O Lucas e o Bruno que descobriram esse restaurante.

- Você teve sorte, os meninos da republica são legais.

- O único que ficou meio estranho comigo foi o Marcelo, mas foi por causa da namorada que é homofóbica.

- Ele te falou alguma coisa?

- Ficou alguns dias sem falar comigo.

- Eu lembro que você me falou por alto e também vi o comportamento estranho dela naquele dia da pizzaria.

- Depois ele veio falar comigo e perguntou se eu era gay.

- E você?

- Falei a verdade, não tenho nada a esconder, ah e ele também perguntou se você era gay.

Ele deu um sorriso e tomou um gole de suco.

E o que você disse?

- Disse pra ele te perguntar.

Ele sorriu novamente e seguiu almoçando.

- Você foi muito esperto e se saiu bem, será que ele vem falar comigo?

- Duvido, ele vai é tirar suas próprias conclusões.

- Desde que ele não nos atrapalhe não tem problema.

- Ele foi muito legal comigo, disse que não tinha nada contra e a nossa amizade não ia mudar em nada, pediu desculpas pelo afastamento e que ficou com vergonha da forma que agiu.

- O novo sempre espanta, mas depois acostuma.

- Ontem quando cheguei, o Pedro perguntou se eu estava com você.

- Ele sabe de você também?

- Por enquanto não, mas fica jogando indiretas.

- Em que sentido?

- Às vezes penso que ele desconfia, até agora eu fugi do assunto.

- Ele que não se meta a besta.

- Você acha que ele pode estar interessado em mim?

- E porque não?

- Não, o Pedro é hétero.

- Assim como eu sou, fica de olho.

- Mesmo que ele não seja hétero, quem disse que eu quero trocar?

- Não quer trocar sua vassoura velha, disse rindo.

- Não, ela varre bem melhor que uma nova.

- Gracinha, queria um beijo agora, mas aqui é impossível.

- Depois do almoço podemos passar lá em casa e resolver esse problema.

- Não posso demorar e... Deve ter alguém em casa?

- O único que pode aparecer ou estar em casa é o Marcelo.

- Embora você disse que ele é legal, eu gosto de respeitar.

Depois do almoço fomos pra republica, tinha meia hora até reiniciar a aula do Juliano.

- Vou aproveitar e escovar os dentes aqui. Tem algum problema?

- Aproveita e já sai pronto para aula.

Ele pegou uma mochila no carro e entramos, a casa estava vazia.

- Vem comigo, peguei-o pela mão e fomos até o quarto, assim que entramos, ele já notou a diferença.

- Houve mudanças nesse quarto, está diferente da última vez que vim aqui.

- O Rafael e eu mudamos algumas coisas.

- Ficou legal essa bancada.

- A ideia foi do Rafael, compramos em conjunto. Não tinha comentado, mas logo que Rafael e eu dividimos o mesmo quarto compramos uma bancada que dava para guardar pertences e estudar sem ocupar muito espaço.

Ele largou a mochila em cima da bancada, tirou de dentro a escova de dente e antes de ir para o banheiro o interceptei e puxei para um beijo.

- Era assim que você queria?

- Melhor que imaginava, quero outro.

Voltamos a nos beijar, alguém mexeu no portão, Juliano levou um susto e quis se afastar, mas segurei-o para não interromper o beijo que estava gostoso, naquela casa não tinha nenhum santo.

- Tem alguém aí, ficou maluco, disse ele interrompendo o beijo.

- Ainda não, falei baixinho e beijei-o novamente dessa vez foi um beijo rápido.

- Você é doido e eu sou mais.

- Vá escovar os dentes senão você vai se atrasar.

Ele saiu do quarto e foi para o banheiro com a escova na mão.

Alguns minutos depois retornou assustado e disse baixinho.

- O Marcelo está aí.

- E daí, qual o problema?

Não me contive e comecei a sorrir baixinho, ele estava nervoso, a cena era engraçada.

- Como vou sair desse quarto?

- Pela porta.

- Ele vai me ver e achar que estávamos transando.

- Vem comigo e deixe-o pensar o que quiser.

Saímos do quarto e demos de cara com Marcelo deitado no sofá.

- Opa Juliano! Tudo bem?

- Tudo bem e você?

A voz mal saiu, ele estava nervoso e eu estava me segurando para não cair na risada ao ver a cara de paisagem dos dois.

- Tive uma aula cansativa pela manhã estou descansando um pouco, disse Marcelo nos encarando da cabeça aos pés.

- Preciso ir tenho aula agora, disse Juliano querendo se livrar dos olhares curiosos de Marcelo.

- Boa aula, disse ele com seu olhar inquiridor.

Fui com Juliano até o carro, o rosto dele estava vermelho e eu comecei a rir da cena.

- Você parece um pimentão.

- Ele desconfiou da gente.

- O Marcelo é legal, fica tranquilo.

- Ele vai imaginar que estávamos transando.

- Você viu a cara de assustado que ele fez ao nos ver?

- Fiquei desconcertado, parece que estava me analisando e a gente não fez nada demais.

- Relaxa, deixa o Marcelo que eu resolvo as coisas com ele.

- Tenho que ir agora, a gente se vê mais tarde na academia.

- Espera!

Olhei para os lados, não vi ninguém e dei um selinho nele que saiu rindo.

Ao entrar na sala encontrei Marcelo falando ao telefone, na verdade quase gritando, era a Carla. Antes de ir para o quarto ouvi claramente ele pedir para não procurá-lo mais, depois fechou a porta e não ouvi mais nada.

Aproveitei a folga que tinha até o horário da academia para estudar um pouco, depois tomei um banho e quando estava me vestindo para sair Marcelo invadiu o quarto, a sorte que já estava vestido e faltava apenas calçar o tênis.

- Atrapalho?

- Por enquanto não, mas depois tenho que sair.

- Eu vim te pedir desculpas.

- Desculpas por quê?

- A Carla fica me cercando, liga toda hora e sem querer mais uma vez me excedi.

- Marcelo, a vida é sua e ela é tua namorada.

- Aí que está o problema.

- Cara se você gosta dela, porque não volta com garota?

- Eu gosto dela, mas não gosto da forma como ela age.

- Não pensa em como ela é, isso não interessa, o que importa é o que ela representa pra você.

- Talvez você tenha razão, mas vou deixá-la de molho mais um pouquinho.

- Você não tem jeito.

- Ah, o namorado está aprovado.

- Está imaginando coisas.

- Tenho dois olhos e enxergam longe e também não sou bobo.

- Só o Lucas e o Rafael sabem, é segredo nosso.

- Quem diria o Juliano, hein?

- O que tem ele?

- Nada demais e fica tranquilo quanto ao nosso segredo.

- Obrigado Marcelo, não poderia esperar outra reação sua.

- Já está no horário, não vai se atrasar.

Estava na parada esperando o ônibus quando um carro já conhecido estacionou a minha frente e abriu o vidro do carona.

- Aceita uma carona?

- Não, obrigado!

- Entra ai Sandro, deixe de besteira.

- Meu ônibus já está chegando e não quero carona.

- Entra logo, vou levar uma multa aqui e você será o culpado.

- Problema é seu Roger, eu não vou entrar.

Ele deu partida no carro, entrou na próxima esquina e não o avistei mais. Era o que eu pensava, pois logo senti uma mão segurando meu ombro. Na hora levei um susto achei que fosse um assalto.

- De um jeito ou de outro você vai ter que me ouvir.

- Não tenho nada pra falar com você.

- Pois eu tenho muito que falar.

- É mesmo, vai me contar o que aconteceu entre você e Aline?

- Como você soube?

- Meu pai me contou.

- E o que você achou?

- Que só um canalha bate em mulher.

- De que você está falando?

- Não se faça de desentendido, já estou sabendo que você agrediu Aline.

- Foi isso que te contaram?

- Não importa o que me contaram, quero distância de vocês.

Meu ônibus chegou à parada entrei e achei que fosse me livrar dele, mas ele entrou e sentou ao meu lado.

- Você me conheceu intimamente, acha que teria capacidade de bater em alguém?

Algumas pessoas olharam em nossa direção e outras nos encaravam, o rosto dele ficou vermelho, tive a impressão que fosse chorar, mas logo se recompôs e voltou a falar baixo.

- Você e Aline não me surpreendem mais.

- Aline se jogou pra cima de mim como um animal raivoso, me machucou com um alicate de unha, mordeu meus braços, tive que me defender então a empurrei. Na queda ela caiu e bateu o rosto em alguma coisa. Ela estava irada, como não conseguiu me atacar da forma que desejava, disse que ia se matar e começou a se bater e jogar a cabeça contra o chão, parede, tudo que encontrasse pela frente e só parou quando a imobilizei.

- Não sei se acredito em você.

- Então olha isso, ele puxou a manga da camisa estava todo machucado e no outro braço tinha uma bandagem.

- Difícil imaginar que minha irmã fez isso.

- Está duvidando, pergunta pra empregada lá de casa.

- Não quero saber nada que venha de vocês.

- Se eu pudesse voltar atrás faria tudo diferente.

- Para o seu azar o tempo não volta.

- Tenho direito de refazer minha vida.

- Tem com toda certeza, mas porque está me dizendo isso?

- Na sexta-feira passada eu me separei de Aline, foi por isso que ela enlouqueceu.

- Separou o que? Se casamento de vocês sempre foi uma farsa.

- Minha filha apesar de vir por um descuido não foi uma farsa.

- Tem certeza que foi descuido?

- Porque você está dizendo isso?

- Não sei se vale a pena voltar nesse assunto que pra mim já deu há muito tempo.

- O que você sabe que eu não sei? Quero saber.

- Numa de nossas brigas, Aline me disse que planejou tudo.

- Planejou a gravidez?

- Foi o que ela me disse.

- E porque você nunca me falou?

- Pra que? Se vocês já estavam casados, a Sabrina já tinha nascido e mesmo que eu contasse, não faria diferença nenhuma pra você.

- Então ela me enganou e usou a gravidez como protesto.

- Pra você ver como não é tão esperto como pensa.

- Aline é uma pessoa extremamente difícil de lidar, ela nunca cumpriu nosso trato, se aproveitava da minha fragilidade e me chantageava com minha família. Tentei me separar várias vezes, mas ela enlouquecia e conseguia me manter preso ao casamento, porém agora chega não aguento mais.

- Que ironia, logo você um cara tão forte. Qual poder Aline tem que te deixa tão vulnerável?

- No início ela prometeu uma coisa e aos poucos se tornou outra pessoa totalmente irreconhecível pra mim.

- Vocês se merecem, só não entendo porque veio me procurar?

- Queria que você soubesse o que está acontecendo comigo e dizer que estou morando na academia.

- Te desejo sorte.

Vou lutar por tudo que deixei pra trás.

- Existem coisas que se quebram no meio do caminho e não tem volta.

- Vou juntar os cacos e a minha casa tem as portas abertas para você em qualquer ocasião.

- Não sei se você lembra que um dia me jogou pra escanteio, me tratou como qualquer um e nunca me respeitou, uma lágrima se formou em meus olhos só em lembrar o passado, mas logo a contive.

- Você tem razão eu errei, mas ainda tenho tempo de corrigir os erros.

- Preciso descer, está na minha parada.

- Queria conversar com você num lugar mais calmo.

- Não quero, estou com Juliano e não vou magoá-lo.

Desci do ônibus e ele veio atrás.

- Tenho que trabalhar agora e não gostaria de ser seguido.

- Pensa bem em tudo que falei, vou voltar de taxi e pegar meu carro.

- Só me diz uma coisa, a briga com Tiago foi por qual motivo?

- Ele não me deu chances de falar e partiu logo pra agressão. Imaginei que fosse por causa da separação, por quê?

- Ele não me disse nada, agora eu tenho que ir.

Saí em direção à academia e deixei-o na parada de ônibus, nem olhei para trás, pra mim o passado estava morto e enterrado.


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Ficha do conto

Foto Perfil contosdelukas
contosdelukas

Nome do conto:
IDAS E VOLTAS [40] ~ E o passado volta!

Codigo do conto:
217554

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
06/08/2024

Quant.de Votos:
5

Quant.de Fotos:
0