Voltei a perder peso, veio à anemia, uma transfusão de sangue e altas doses de medicamentos. Quando pensei que estava melhorando tive alergia, parecia uma luta sem fim, a sorte que tinham ótimos profissionais me atendendo.
Passei natal e ano novo no hospital, longe de todas as pessoas que amava com exceção do Tiago e Juliano que embora não estivesse presente fisicamente, eu sabia que estava de coração. Ele me ligava diariamente e sempre me incentivava pra não me entregar ao sofrimento.
Recebi várias mensagens de apoio dos meus amigos. Aline também me mandou uma gravação pedindo perdão e dizendo que rezava diariamente por minha recuperação.
Em 02 de janeiro de 2013 recebi a confirmação, o meu transplante seria no dia 04 e o nervosismo tomou conta de mim, era tudo ou nada, procurava nem pensar na possibilidade de não dar certo, pois o risco havia, já que eram minhas próprias células e poderia ter algum resquício da doença.
No dia 04 de janeiro foi meu transplante, passei mal, muito enjoo e vômito. Tiago sempre ao meu lado usando roupa especial e máscara, mesmo assim, a equipe médica elogiou muito a minha reação, pois não tive nenhuma infecção, febre e nem mucosite.
Uma semana após o transplante ganhei minha liberdade condicional, digo isso, pois era a mesma coisa que uma prisão domiciliar, mas já era melhor que suportar aquele ambiente hospitalar.
Saímos do hospital no carro de Tiago. Decidimos que eu ficaria na casa do Juliano. Ao andar pelas ruas tive uma grande sensação de liberdade embora andasse de máscara.
- Você está bem mano? Está tão calado.
- Estou sim, é saudade do tempo que andava por essas ruas de ônibus, de moto, com os amigos... Tomara que logo eu possa retomar minha vida.
Não resisti à emoção e comecei a chorar, estava muito sensível, chorava por qualquer coisa. Não era um choro de tristeza e sim de felicidade. Eu me sentia uma criança que havia nascido novamente.
- Logo você voltará a ser como antes e é claro que a partir de agora terá que cuidar muito de sua saúde.
- Eu sei o médico me explicou.
- Tem que voltar ao hospital todo dia pra aumentar as defesas do organismo.
- Você vai pra casa?
- Acho que sim, você está bem e agora o Juliano está de férias.
- Ele foi incrível.
- Foi mesmo, espero que agora você tome juízo e saiba valorizar as pessoas como elas merecem.
- Do que você está falando?
- Do Juliano, analisa bem o que você vai fazer daqui pra frente.
- Ehh mano, sermão há essa hora?
-É apenas um lembrete pra hora que você retomar a vida ao normal, ou acha que só porque teve câncer deixará de ser paquerado?
- Aquele Sandro aventureiro não existe mais.
- Será que ele não está apenas preso ai dentro até surgir uma oportunidade?
- Agora eu só quero pensar na minha faculdade, minha carreira e no Juliano.
- Nada disso, agora você vai sossegar e ficar quietinho seguindo as recomendações médicas.
- Nem sonhar um pouquinho eu posso, está certo!
- E nada de extravagâncias, você está bem avisado.
Já estávamos quase chegando ao prédio em que Juliano morava, mas eu estava com tanta saudade da faculdade e da republica que interrompi o Tiago.
- Tiago, faça o retorno na outra via.
- Porque, nós estamos no apartamento do Juliano e o caminho está certo.
- Eu sei, mas quero matar a saudade de alguns lugares, me leva na faculdade, na republica e depois no meu apartamento.
- Eu posso passar em frente, mas nada de descer do carro.
- Você é chato, hein?
- Você acabou de sair do hospital, passou por momentos horríveis. Para um pouco e cuida de sua saúde.
- Faz quase um ano que não faço outra coisa.
- Eu sei mano, mas está perto do fim. Espera só mais um pouco.
- Pra você é fácil, eu já não suporto mais essa situação.
- E o que você quer então? Acabar com sua vida. – ele falou irritado e eu entendi que estava sendo infantil.
- Você está certo. Passamos em frente então.
- E o Juliano está esperando por você.
- Esse é o lado bom, estou com saudade dele.
Passamos em frente à faculdade, lembrei-me dos colegas, professores, trabalhos e a velha correria de sempre.
- Matou a saudade?
- Eu vou voltar em menos tempo que você imagina.
- Eu gosto de ver essa determinação, é bom, mas juízo.
Em seguida fomos pra republica, não desci do carro, mas pude cumprimentar meus amigos a distancia, Tiago os chamou do portão.
Foi rápido e logo Tiago rumou para o meu apartamento. Apenas passamos em frente ao prédio, já estava com saudades. Desde que fiquei doente não voltei mais pra casa, não pude nem curtir a liberdade de morar sozinho, pois logo fiquei doente.
- Satisfeito agora?
- Agora preciso matar a saudade do Juliano.
- Ainda bem que ele tem juízo.
- Está achando que eu não tenho também? – falei brincando com ele.
- Às vezes você esquece que está saindo de um pesadelo, não custa lembrar.
Chegamos ao apartamento ele já nos aguardava. Assim que abriu a porta, esqueci todas as recomendações do Tiago e até mesmo a vergonha, pois nunca beijei um cara na frente dele.
Não disse nada, apenas me guiei pela emoção do momento e beijei o Juliano. O beijo não durou muito, pois ele logo me afastou. Notei a felicidade em seus olhos, ele sorria e ao mesmo tempo balançava a cabeça reprovando meu ato e ao mesmo tempo tentando voltar do transe pela surpresa repentina.
Olhei para o Tiago que fingiu não ter visto, estava colocando as sacolas com roupas pra dentro do apartamento e eu voltei a abraçar o Juliano. Era tanta emoção que não sabia se o abraçava ou se falava tudo que eu tinha vontade.
- Eu voltei conforme prometido.
- Era o que faltava para que minhas férias ficassem completas.
- Cuidando de um doente?
- O melhor doente que eu já cuidei.
Ele estendeu a mão e me conduziu até o sofá, Tiago já tinha saído, estava no banheiro tomando banho.
Ele olhou pra mim e caiu na risada.
- Você não tem juízo, quebrou a regra do médico e desrespeitou seu irmão.
- Tiago não está nem ai pra nós, aposto que ficou mais preocupado com a consequência do nosso beijo.
- Não pode, eu sei que você sente falta de carinho, mas estamos no fim.
- Eu sei, foi só um beijo em comemoração ao meu retorno.
- Seja bem-vindo meu amor. – ele disse baixinho quase inaudível.
Tentei me conter, mas não consegui, esbocei um sorriso e ele também, logo Tiago apareceu e eu comecei a sorrir abertamente. Juliano apenas observava e o Tiago nos olhava desconfiado.
- Hei vocês, juízo hein!
- Fica tranquilo Tiago, é a emoção pela volta, não é Sandro?
- É sim, estou muito feliz por estar entre vocês.
Naquele mesmo dia Tiago voltou pra casa, já estava com saudade da Paula e dos negócios. Foram quase quatro meses de hospital e ele sempre ao meu lado.
Depois que Tiago saiu, aproveitei que Juliano foi ao mercado e deitei. Peguei no sono e só acordei quando o ouvi me chamando da porta do quarto.
- Oi amor, peguei no sono, estava com saudade dessa cama.
- Pensei que não fosse acordar mocinho, você dorme feito uma pedra!
- É que você demorou.
- É mesmo? - Disse ele rindo e aproximando da cama.
- Não foi?
- Faz mais de três horas que eu retornei, está preguiçoso, hein?
- Deve ser efeito do remédio, amor.
- Preparei um lanche pra você, vamos comer?
-Oba!
- Mais é guloso.
Ele me estendeu a mão e fomos lanchar. Chegamos à sala, o som estava ligado, tocava uma canção que eu desconhecia, mas achei legal.
- Que canção é essa?
- Guns N’ Roses, mas se você não gosta, eu posso trocar.
Ele já ia levantando pra mudar e eu o interrompi.
Não... É linda.
- Eu gosto, essa canção me acalma e já me ajudou a superar algumas coisas do passado.
- O Augusto?
- Porque você sempre volta nele?
- Desculpe, não foi por nada é que você falou no passado.
- Eu estava falando de você.
- E o que você superou?
- Aprendi a lidar com você, não sei se acertei, mas estou tentando.
- Desculpa se eu fiz você sofrer e também por viver falando nele.
- Falaremos do futuro, gostou da canção?
- Adorei! Que canção é essa?
- Patience.
- Agora eu entendi o que você quis dizer.
- Coma o seu lanche.
- Você acha que eu dou muito trabalho?
- Não, mas é muito impulsivo. – disse rindo e eu concordei, ele tinha razão.
O lanche era simples pão torrado, margarina já dosada pra eu não exagerar e um copo de suco de laranja.
- Você vai lanchar o mesmo que eu?
- E porque não, se o lanche é gostoso?
- Parece tão sem graça, lanche de doente.
- É saudável, você precisa comer coisas leves e eu estou muito gordo?
Caímos na risada, foi engraçado porque ele não era gordo, mas queria me animar.
Depois do lanche, ele foi lavar a louca, quis ajudá-lo, mas fui impedido. Então fui até a janela do apartamento e fiquei observando o movimento na rua. Tudo parecia tão diferente daquele ritmo louco que eu vivia e pensava se algum dia minha vida voltaria a ser como antes.
Saí da janela e fui ao encontro dele. Da porta podia observá-lo lavando a louça do lanche, ele estava de costas, então me lembrei das palavras do Tiago. Juliano cuidou de mim como irmão, mais que isso, marido. Que palavra estranha, eu nunca me vi casado com alguém, nem quando morava com o João. O que o Juliano esperava de mim?
Passei alguns minutos o observando e desisti de entender. Fui até ele, o abracei e comecei a distribuir beijos em seu ombro. Ele apenas sorria. Encostei meu rosto em suas costas fechei os olhos e respirei fundo, enchendo os pulmões do cheirinho de sabonete que emanava de seu corpo.
- O que houve amor? - ele perguntou, virando-se para mim.
- Apenas quis constatar que sou um cara de sorte.
- Você está estranho depois do transplante. – disse ele rindo.
- Vem comigo.
Peguei em sua mão e o conduzi até a sala, fui até o aparelho de som e coloquei a mesma canção de antes, enquanto isso ele apenas me olhava.
Fui até ele e estendi a mão.
- Dança comigo?
- Ficou louco?
- Vamos, antes que eu fique com vergonha.
- Eu já disse que isso não existe entre nós. - disse ele pegando a minha mão e me acompanhou até o meio da sala.
Começamos a dançar, ele dançava bem, foi me conduzindo e eu o acompanhei.
- Lembra-se daquele dia que nos encontramos na boate?
- Como esquecer se foi naquela noite que você me deu o primeiro beijo e foi espontâneo.
- E logo depois a gente fez amor pela primeira vez.
- Eu embarquei na sua onda, mas eu estava tão obcecado por você que não pensei em nada, uma verdadeira loucura.
- Loucura gostosa.
- A mais deliciosa de todas as loucuras que fizemos até hoje, esse é o lado bom da sua impulsividade.
- Então não é tão ruim ser impulsivo?
- Tem o lado bom.
- Naquela noite você me disse que me queria e agora é minha vez, eu quero você pra mim.
- Eu também quero muito, mas agora não é o momento, temos que focar em sua saúde.
- Então dança comigo, bem agarradinho como naquela noite.
Ele me abraçou forte, deitei a cabeça em seu ombro e seguimos dançando, já nem lembrava mais qual era a musica, pois rodava em sequencia, era uma seleção. Juliano colocou uma mão em minha cintura e com a outra ficou alisando minhas costas, fechei os olhos e apenas curti o momento, sem pensar em nada.
Dançamos abraçados até o fim da seleção das musicas e quando paramos já estava cansado.
- Agora chega você não pode abusar, vamos dormir.
Fomos para o quarto e enquanto ele arrumou a cama eu tomei banho. Quando saí do banheiro o observei saindo do quarto com o travesseiro e um lençol embaixo do braço.
- Aonde você vai?
- Dormir no outro quarto, você ainda está se recuperando.
- Fica comigo, não quero dormir sozinho.
- Acho melhor eu dormir no outro quarto, você sabe que não pode abusar.
- Vou me comportar, prometo.
- Então eu fico, mas é para dormir.
- Eu entendi e não precisa me tratar como cria***.
- Agora você é uma , nasceu de novo e tem que valorizar essa oportunidade.
Deitamos e ele ficou bem na pontinha da cama.
- Ju?
- Oi!
- Eu estou bem, deita aqui pertinho.
Ele deitou de costas pra mim e eu o abracei.
- Agora vamos dormir.
Ficamos um pouco em silêncio, mas eu não estava com sono, tinha dormido bastante no período da tarde.
- Ju?
- O que foi agora?
- Obrigado por não ter me abandonado.
- Eu jamais te abandonaria, mesmo que não fosse meu namorado.
- Você é lindo.
- Você também e agora vê se dorme.
- Estou sem sono.
- Mesmo assim tem que dormir, amanhã você tem que ir ao hospital seu menino mimado.
Ele me fez um carinho na cabeça e depois disso fiquei quieto pra ver se o sono vinha, mas quanto mais eu pensava em dormir, mais eu demorava a pegar no sono.
Acordei no dia seguinte Juliano já não estava mais no quarto. Levantei, fui até a cozinha e o encontrei com uma bela mesa de café da manhã.
- Bom dia amor, dormiu bem.
- Demorei a pegar no sono, mas depois dormi bem.
- Você fica plugado em tudo, por isso não sente sono.
- Eu só dormia enquanto estava no hospital.
- E aqui também não pode ser diferente, você ainda não está liberado pelo médico.
- Me sinto um presidiário, mas já estou me conformando.
- Então vamos comer porque depois você precisa ir ao hospital.
- Poxa vida, eu nem lembrava mais dessa chatice.
- Você vai fazer o tratamento direitinho, sem reclamar.
- Eu sei, não tenho outra saída mesmo.
Diariamente teria que ir ao hospital fazer a aplicação de granolukine, ela é feita na região abdominal, perto do umbigo. Só de lembrar hoje me causa arrepios, mas na época eu já estava acostumado e nem sentia dor, era tudo meio automático no meu psicológico.
Após o tratamento com granolukine fui liberado pra sair de casa onde não tivesse muita aglomeração de pessoas, mas pra quem passou três meses internado, enfrentando as piores situações, já era uma grande conquista. Mesmo assim, semanalmente eu tinha que ir ao médico e ver como estava reagindo.
Em fevereiro de 2013 recebi à notícia mais esperada, eu estava livre da doença, embora ainda tivesse que seguir minha vida tomando os devidos cuidados com minha saúde, ou seja, teria que voltar aos poucos e nunca forçar meu organismo, pois havia passado por um período de extrema transformação.
Meus cabelos já estavam nascendo, podia receber visitas e também sair para passear, mas nada em exagero, a cada dia era uma nova conquista.
Eu já não tomava mais remédios, essa era a parte boa do tratamento, mas em compensação não poderia procurar trabalho e nem voltar à faculdade, mesmo assim voltei a escrever para o jornalzinho do amigo do Juliano.
Juliano havia voltado às aulas e eu ficava em casa ocioso e ao mesmo tempo enchendo minha mente de planos e já sonhava em fazer o Enem em outubro.
Mesmo com todo esse avanço, optei por ficar mais um mês em repouso, queria estar forte para receber meus amigos porque a zoeira seria grande.
Enquanto me recuperava recebi uma visita esperada há muito tempo, pois foi à pessoa que mais me ajudou na descoberta da doença.
- Rafael meu brother!
- Dá aqui um abraço que eu estou com saudade de você mano.
O abracei e choramos juntos.
- Como você se sente agora? – disse ele enquanto limpava as lágrimas com os dedos.
- Graças a Deus bem.
- Você nos deu um susto enorme.
- Foi tudo meio automático, uma coisa foi levando à outra e quando eu vi já não me comandava mais.
- E esse lance com Juliano? Seja sincero comigo, vocês estão casados?
- Não, mas é quase como um casamento, ele tem sido muito legal comigo.
- Ele sempre arrastou um trem por você, era visível.
- Acho que por ele já estaríamos casados, mas não sei se é isso que eu quero.
- Você vai precisar de muito tato para não magoá-lo.
- Eu gosto muito dele, mas quero viver no meu apartamento, sem compromisso de casamento.
- Eu não sei se é certo o que vou te falar, mas estaria sendo desonesto comigo mesmo se não falasse.
- Como assim?
- O que eu tenho a dizer pode confundir você e Juliano pode não gostar.
- Fala logo Rafael.
Roger acompanhou todo o seu tratamento à distância, me ligava diariamente pra saber notícias.
- Estava tão interessado que nunca me procurou.
- Em respeito ao Juliano e pra não te prejudicar já que ele está cuidando de você.
- O Roger não é homem de fazer isso, não pode ser.
- Desculpa, se eu baguncei sua cabeça, mas eu presenciei de perto a angustia dele principalmente quando você teve que passar pelo transplante.
- Foi ele que pediu pra você me dizer isso?
- Ele nem sabe que eu vim aqui.
- Não estou acreditando no que estou ouvindo, o Roger é homem de ação, quando ele quer algo vai em frente não importa o que vá acontecer e nem mesmo se vai ferir alguém.
- Desculpa Sandrinho, eu não era pra ter falado isso.
- Não... Você agiu certo.
- Não vá fazer loucura que depois venha a se arrepender.
- Fica tranquilo Rafael, eu não sou tão maluco assim.
Ele ficou comigo até a hora que Juliano chegou da faculdade, me contou como estava à galera da republica, passamos uma tarde agradável embora ele estivesse com drama de consciência por ter me contado sobre o Roger.
Rafael, que surpresa! Hoje o Sandro tem insônia.
- Por quê? – disse Rafael rindo.
- Porque a saudade dos amigos é tanta que ele não fala outra coisa desde que saiu do hospital.
- Então hoje ele matou a saudade, mas agora eu preciso ir, estava só esperando você chegar pra sair.
- Janta conosco.
- Eu tenho aula daqui a pouco e final de curso os professores capricham nas cobranças.
- É verdade e na medicina eles capricham.
- Quando você termina?
- Em dezembro deste ano, depois tem a residência, e você?
- Termino no ano que vem.
- E pensar que eu poderia terminar a faculdade com o Rafael?
- O importante é que você está na luta e vai conseguir, não importa o tempo.
- Rafael tem razão, se você ainda não conseguiu é porque teve outras metas a cumprir.
- Apesar de tudo eu não posso reclamar da sorte.
- É isso aí maninho, agora eu preciso ir à obrigação me chama.
- Vai, meu futuro dentista.
- Já tenho um cliente garantido. – disse ele rindo.
Você está com uma carinha feliz.
- Descobri que existem pessoas especiais que embora passem pela vida da gente, jamais deixam de ser importantes.
- É verdade, mas quem é essa pessoa em especial?
-O Roger. – falei na maior inocência.
- O quê? – disse ele com cara de decepção.
- Você nem me deixou falar, não sabe o que tenho a dizer.
- E nem quero saber. Se for pra esse cara ficar entre a gente, eu estou fora, te ajudo como amigo e só isso.
- Eu nem cheguei a falar o que estava pensando, porque o nervosismo?
- Eu não quero fazer o papel de imbecil mais uma vez.
- Eu disse que ia voltar para o Roger, por acaso?
- E porque ele é especial?
- Porque eu fiquei sabendo que ele procurou saber notícias a meu respeito mesmo a distância.
- E agora você vai correndo atrás dele.
- Que mal tem se eu falar com ele? Por acaso eu te dei motivos pra desconfiar de alguma coisa?
- Não, mas é assim que começa.
- Então você quer dizer que ele não pode ser meu amigo?
- Você gostaria que eu fosse amigo dos meus ex-namorados?
- Não estou falando em viver de papinho pra cima e pra baixo, mas um cumprimento quando se encontra eu não vejo mal nenhum.
- Então faça o que você quiser, só não reclama depois, porque eu também tenho direito.
- Você está se achando meu dono?
- Seu dono eu não sou, mas sou o seu companheiro e acho que mereço respeito.
Ju, por favor, não vamos brigar, nós estávamos tão bem.
- Qual namorado vai ficar feliz em saber que seu companheiro quase casado vai sair pra se encontrar com um ex? – disse ele mais calmo.
- Eu só quero agradecer.
- Agradecer o quê? Você passou meses enfrentando uma doença perigosa e esse cara nunca pegou o telefone pra perguntar como estava?
- Em respeito a você, mas se isso te chateia eu não vou procurá-lo.
- Você é livre pra fazer o que quiser, não coloca a responsabilidade em cima de mim.
Ele saiu furioso, foi para o quarto e depois só escutei o barulho do chuveiro. Era a primeira briga depois que voltamos.
Deitei no sofá e comecei a pensar em tudo, se fosse ele que procurasse o Augusto eu não ia gostar, só de pensar nessa ideia me dava nojo, então ele tinha razão.
Levantei e fui até ele que estava assistindo TV no quarto, peguei o controle que estava em suas mãos e deitei ao seu lado.
- Me desculpa você tem razão.
- Não quero me meter nas suas decisões, você é livre para fazê-las como quiser.
- Eu te amo e nada vai mudar isso.
- Eu sei que você tem gratidão por tudo que fiz, mas eu não quero que fique comigo só porque eu te ajudei.
- E quem disse que estou com você por gratidão?
- Só estou deixando o caminho livre pra você decidir.
- Eu já me decidi há muito tempo.
Fui até ele e o beijei levemente.
- Eu quero fazer amor com você.
- Essa não é a solução para resolvermos os problemas.
- Que problemas? Deixa de ser inseguro, eu te amo e é por isso que estou aqui, senão estaria em meu apartamento.
- Às vezes você vem com umas idéias loucas que me deixa puto, eu não vou...
Nem deixei terminar, me aproximei dele e comecei a beijá-lo, mas logo ele me afastou.
- Você está aqui porque quer mesmo?
- Eu me sinto bem com você, mesmo que às vezes tenho que enfrentar seu mau humor.
- Porque você me provoca? – disse ele beijando meu rosto.
- Eu gosto de testar o seu humor. – disse rindo.
Ele me virou na cama, ficou por cima de mim e dessa vez foi ele que me beijou. Logo nosso beijo foi se tornando mais quente, ele foi tirando minha roupa e começou a acariciar toda extensão do meu abdômen enquanto beijava meu queixo, meu pescoço e voltava para os lábios.
- Você se sente bem?
- Vou passar a me sentir mal se você não continuar.
Ele sorriu e dessa vez me deu um beijo mais prolongado, um beijo de língua como há muito tempo não trocávamos.
- Eu Já estava esquecendo como isso é bom.
- Pode ser melhor, vamos tentar?
Mordi os lábios e logo Juliano começou a chupar meus mamilos, beijava meu pescoço, meus braços, a região em volta do meu umbigo, já estava delirando com aquilo até que ele parou e voltamos a nos encarar olhos nos olhos loucos de desejos.
- Hoje eu quero ser seu por completo, me sinto bem e nada melhor do que este momento pra começar.
- Vou cuidar bem de você, fica tranquilo.
Sorrimos, ele já estava sem camiseta estava calor, então fui tirando sua bermuda.
Voltamos a nos beijar e ele voltou com sua mão a percorrer o caminho do prazer, fazia muito tempo que eu não fazia sexo com penetração, Juliano sempre muito tranquilo pra essas coisas, tinha toda paciência do mundo.
Beijou-me deliciosamente e começou a mordiscar levemente meu pescoço, passando a língua em meu peito e descendo até minha virilha. Eu sentia calafrios, meu corpo estava sensível. Soltei um gemido e ele foi massageando meu pau numa leve punheta.
Fechei os olhos e me entreguei a ele que foi chupando com toda calma e uma sensação muito gostosa foi me tomando conta do corpo.
Ele me virou de bruços e começou a me provocar com sua barba rala. Roçava meu pescoço e deslizava vagarosamente pelas costas. Eu gemia a cada carinho que ele fazia, passou sua barba em minhas nádegas, abriu-as e foi circundando sua língua. Estava entregue e adorando todo prazer que ele estava me proporcionando.
Passou a sarrar seu membro em minha bunda deitou por cima de mim e foi até meu ouvido.
- Você ainda quer?
- Mais do que nunca, mas vai com calma.
- Confia em mim. – disse ele beijando meu rosto.
Colocou a camisinha, passou um gel anestésico e com toda calma foi me penetrando lentamente, senti um pouco de dor, ele percebeu e parou. Foi beijando meu corpo e aos poucos forçando até que entrou tudo.
Começou a se movimentar devagar, sempre preocupado em não me machucar, ele gemia, me apertava contra a cama e mordiscava meu pescoço.
- Está doendo amor?
- Um pouco, vai mais devagar.
- Desculpe, eu me empolguei você não disse nada.
Ele foi mais devagar podia senti-lo rebolando dentro de mim, passava a mão pelo meu peito forçando ainda mais meu corpo contra o dele.
- Melhorou agora?
- Sim, está gostoso.
Ele seguiu naquela posição, mas logo pediu pra trocar. Fiquei de frente e ele deitou por cima de mim e continuou me penetrando, trocávamos beijos e depois de algum tempo gozamos. Depois do ato ele permaneceu por cima de mim apoiando os joelhos na cama, eu ainda estava fraco e aquele homão em cima de mim quase me desmontava, rsrs mentira, ele era um cara normal eu que estava um fracote e não podia com o peso dele.
- Está tudo bem amor?
- Um pouco dolorido, mas vou melhorar.
- Machuquei você?
- Acho que não, é porque faz tempo que não praticava.
- Eu também fazia tempo que não praticava. Você me deu um suador.
Começamos a rir da nossa falta de prática, fazia quase um ano que estávamos na punheta e nos amassos e não era sempre que isso acontecia, aliás, foram poucas vezes, pois nem sempre eu estava disposto, isso sem contar os meses em que fiquei hospitalizado.
- Eu te amo muito. - ele falou me abraçando contra seus braços.
- Não quero ver você inseguro como agora a pouco, não sou bom com palavras, mas eu te amo também e não duvide.
Ele me deu um beijo, mas logo se afastou.
- Vamos tomar banho e limpar esse quarto? – disse enquanto fazia carinho em meu rosto.
- Vamos! Eu tomo o banho e você limpa. – disse rindo e fugindo para o banheiro.
Liguei o chuveiro e deixei a água cair pelo corpo, me sentia feliz e em paz com a vida. Eu estava distraído lavando meus poucos cabelos que haviam nascido quando Juliano entrou no Box e me abraçou por trás.
- Fujão!
- Limpou tudo?
- Limpei chefe.
- Isso é bom, a partir de hoje você é meu escravo.
- Dizem que os escravos têm sangue bom. – disse rindo.
- É bom saber por que eu posso usar e abusar.
- Ou sair abusado.
Caímos na risada... Após o banho ele me fez comer alguma coisa, depois deitamos e juntos passamos uma noite tranquila.
CONTINUA…
To viciado... rsrsrs