No caminho para a fábrica, refleti sobre ele e seu estilo de vida. Silas era uma pessoa refinada, alguém realmente rico, bem diferente da minha mãe. Ela sempre teve uma vida simples e nunca almejou o tipo de luxo que meu pai parecia considerar normal. Esse contraste me fez pensar: será que isso não acabaria virando um problema? Silas, com toda a sua fortuna, podia oferecer uma vida de conforto e estabilidade, mas minha mãe nunca seria como Yves, essas socialites que vivem de aparências. Ela era uma mulher do interior, alguém que sempre valorizou o essencial. Por mais que estivessem vivendo um romance, eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, essas diferenças poderiam se tornar um obstáculo para eles.
Cheguei à fábrica naquela tarde e vi Bernardo concentrado no computador, trabalhando. Dei uma boa tarde formal e fui direto verificar os e-mails. Brenda havia me passado algumas solicitações de ajustes em pedidos de clientes, então me dediquei a resolver aquilo enquanto Bernardo continuava focado. De vez em quando, eu olhava na direção dele, e ele também me observava. Em alguns momentos, nossos olhares se cruzavam, criando uma tensão curiosa entre nós.
Mais tarde, Bernardo veio falar comigo:
– Chefe, boa tarde – disse ele num tom irônico.
– Não precisa me chamar de chefe, não precisa fazer cena, Bernardo – respondi, mantendo um tom sério.
– Tudo bem, priminho, então? – provocou ele.
– Pode ser – abri um sorriso e estiquei os braços – Então, diga lá, o que precisa?
– Finalizei um cronograma para as redes sociais da linha de queijos – ele começou. – Criei algumas postagens e conteúdos para tentar atrair mais atenção, mas acho que não é o suficiente. Nosso público não está tanto nas redes sociais; ele está nos mercados. Eu sei que degustação é algo comum e não é novidade, mas pensei em fazermos algo diferente. A ideia seria montar um display com uma frase tipo "Não olhe". Isso deixaria as pessoas curiosas, e quando elas olhassem, veriam “QUEIJOS DO ALTO: o melhor para o seu dia a dia!” Algo que fuja do comum, sabe? Só não sei como seria a aceitação dos supermercados, se eles topariam.
Eu sorri, genuinamente impressionado com a ideia.
– Bernardo, essa ideia é brilhante! – aplaudi, animado. – Vamos fazer o seguinte: desenvolva um orçamento para essa ação e verifique a viabilidade com alguns mercados parceiros. Vou te passar o contato do Matheus, um dos donos da rede Super Dois Irmãos. Você pode conversar com ele e ver se eles se interessam pela proposta. Parabéns pela criatividade!
Ele me devolveu o sorriso, visivelmente satisfeito com o reconhecimento.
Ao final do expediente, fiquei um pouco hesitante em passar o contato de Matheus para Bernardo. Matheus era aquele cliente com quem eu já tinha tido um encontro no motel, e sabia bem que ele poderia se interessar por Bernardo. Mas me forcei a deixar esses pensamentos de lado. Afinal, precisava aceitar que não havia mais nada entre mim e Bernardo, e que esse sentimento de posse sobre ele era algo que precisava superar. Comecei a repetir mentalmente, quase como um mantra: Bernardo não é meu, Bernardo é meu primo, eu não mando em Bernardo. Esse exercício de repetição parecia me ajudar a afastar a imagem que eu ainda guardava dele.
Mais tarde, Bernardo veio até mim, me pegando de surpresa:
– Será que você poderia me dar uma carona? – Ele explicou: – Vim de Uber, meu carro está na revisão.
– Claro, sem problema – respondi. – Só vou sair um pouco mais tarde, porque seu pai me pediu para conferir algumas quantidades e ver se batem com o estoque que ele está acessando.
– Sem problemas, eu espero – disse ele, dando um leve sorriso.
Fui terminar a tarefa que tio Alysson havia solicitado, e o tempo voou. Quando finalizei, já passava das 19h. Fui até a mesa de Bernardo, onde ele aguardava pacientemente, e disse:
– Vamos?
Enquanto dirigíamos, o silêncio tomou conta do carro, e a tensão parecia crescer a cada segundo. Resolvi quebrá-la de uma vez, indo direto ao ponto.
– E então... como tá o namoro com o Caio? Firme e forte? – perguntei, tentando soar casual.
Bernardo respondeu com calma, mas também com uma certa franqueza.
– Sim, estamos indo, um passo de cada vez. O Caio é muito intenso, e eu também – ele fez uma pausa e continuou, um pouco hesitante – Sempre gostei do Caio, sabe? Pode ser difícil de ouvir, mas... agi errado com ele no passado, e hoje vejo isso como uma nova oportunidade.
Tentei não deixar transparecer nenhum incômodo.
– Tudo bem, isso não dói em nada – respondi, tentando manter o tom leve, mas depois fiz uma pausa e fui mais direto: – Mas vocês brigaram recentemente?
– Não, quase não brigamos – ele respondeu, um pouco surpreso.
– Ah é? Que estranho – falei, com um toque de sarcasmo.
Ele me olhou desconfiado.
– Estranho por quê?
Soltei o que vinha guardando há um tempo.
– Algumas semanas atrás, fui à pegação lá na praia da Ponta, e, bem... vi você com dois caras.
Bernardo ficou em choque. Ele empalideceu e ficou sem palavras, o que me deu ainda mais vontade de continuar.
– Não é nada disso que você tá pensando... – ele balbuciou, claramente tentando se justificar.
– Ah, não? – rebati, ácido. – Olha, eu não tô pensando nada, não. Mas fiquei aqui me perguntando... você me cobrou fidelidade, me fez sentir culpado, me crucificou e deixou eu sofrer, enquanto, quem sabe, estava fazendo o mesmo comigo o até mesmo pior.
– Rafa, eu não quero ficar lavando roupa suja...
– Não desvia, Bernardo – insisti, firme. – A verdade é que você traiu o Caio, e quem garante que não fez o mesmo comigo? E quer saber? Nem me importo, porque eu também te traí. E não foi pouco.
Ele reagiu, ofendido.
– Você é um cretino!
Soltei uma risada amarga.
– Eu? Cretino? Bernardo, você tem noção de que eu vi você dando pra um cara e chupando outro cara? Sabendo que você namorava com o Caio, como você acha que isso é normal?
Aquelas palavras o atingiram em cheio. Bernardo começou a chorar, e eu, sem muita paciência, rebati:
– Ah, não adianta se fazer de vítima. Assume teus B.O.
Ele respirou fundo, tentando se explicar.
– Eu... eu não sei o que aconteceu. Só sei que… do nada eu estava lá.
Soltei uma risada incrédula.
– Nossa, Bernardo, nem pra inventar uma desculpa melhor? Francamente...
Antes que pudesse terminar, senti o toque quente das mãos de Bernardo em mim. Num impulso, ele avançou e me beijou. Meu corpo, quase automaticamente, correspondeu, e por um momento nos esquecemos de tudo. A intensidade do beijo foi interrompida apenas pelo som de uma buzina impaciente atrás do carro, nos trazendo de volta à realidade.
– Isso não é certo, Bernardo. Se quer viver como solteiro, termina com o Caio. É simples.
Ele suspirou e olhou para mim com um pedido nos olhos.
– Por favor, não comenta nada com ele... Eu juro que foi só essa vez – ele disse, deslizando a mão sobre minha coxa, num gesto que misturava súplica e provocação.
Fiquei em silêncio, refletindo por um instante.
– Eu não vou contar – respondi, tentando soar indiferente. – Não vou me meter no namoro de ninguém...
O sinal fechou, e antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Bernardo me puxou para outro beijo, mais intenso e cheio de desejo contido.
– Vamos esquecer tudo o que conversamos hoje… – sussurrou, a voz carregada de urgência. – Quero matar a saudade de você e do seu corpo.
Olhei para ele, surpreso, mas, no fundo, já tinha decidido. Resolvi largar todas as preocupações e me entregar ao momento, ciente de que poderia me arrepender depois – mas, por ora, queria apenas sentir.
Acelerei em direção à minha casa. Assim que chegamos, puxei Bernardo para um beijo, e, num ritmo que só aumentava, começamos a nos livrar das roupas. Cada peça parecia cair sem resistência, enquanto nossas mãos percorriam cada detalhe um do outro. A intensidade daquele momento reacendeu toda a paixão que eu ainda guardava, e o beijo de Bernardo, sempre cheio de uma familiaridade eletrizante, me fez perder qualquer noção de limite.
Na penumbra do quarto, nossos olhares se encontraram por um instante antes que Bernardo me puxasse para outro beijo, mais urgente e faminto. Nossas respirações se misturavam, e ele murmurou contra meus lábios, quase num sussurro:
– Como eu estava com saudade do seu beijo... do seu corpo... de você.
Essas palavras foram o bastante para reacender tudo que estava adormecido. Minhas mãos percorreram suas costas, seus ombros, enquanto ele puxava meu corpo para mais perto, como se quisesse apagar qualquer distância entre nós. Cada toque parecia incendiar a pele, e o quarto foi tomado por um calor irresistível, entre beijos, e sarros e o peso dos nossos corpos entrelaçados. Ele abocanhou meu pau e começou a chupar como se dependesse dele pra viver, o Bernardo sabia chupar um pau como ninguém, e era minha boca favorita, ele segurava firme meu pau e me olhava com um olhar de puta, e nossos sussurros preenchiam o espaço como se estivéssemos em nossa própria bolha, sem ninguém mais no mundo.
A noite avançava, mas o desejo não diminuía. o Bernardo sentou no meu pau, e começou a cavalgar, enquanto eu metia lentamente em seu cú, e aos poucos fui acelerando as metidas à medida em que ele relaxava mais, cada gemido dele me deixava com mais tesão, Então ouvimos o som de um celular – era o Caio, ligando. Bernardo hesitou, mas atendeu, ainda sentado no meu pau,
– Oi, Caio – disse ele, tentando soar natural enquanto permanecia ali, sentando em mim de leve. Eu observava, segurando um gemido e ele disfarçava ao responder ao namorado com respostas curtas.
– Foi bom o dia… Sim nada demais, acho que amanhã podemos nos ver… hoje tenho um trabalho na faculdade – fui ficando com raiva do cinismo de Bernardo e fui aumentando o ritmo da minha metida, e ele segurava para não gemer, devo admitir que tudo me dava um imenso tesão.
Assim que desligou, puxei para perto.
– Safado... – brinquei, dando um tapinha leve em seu rosto. Bernardo
Coloquei ele de quatro e meti madeira sem pena, não demorou e o Bernardo gozou, ao sentir seu cu mastigar meu pau, dei um urro e gozei dentro do Bernardo, após um breve silêncio, observei Bernardo se levantar e ir até o banheiro, onde tomou um banho. Normalmente, eu o teria acompanhado, mas dessa vez fiquei deitado na cama, refletindo. O que havia acontecido entre nós, foi intenso, cheio de química e desejo, mas parecia também carregado de algo não resolvido, uma mistura de arrependimento e confusão. Quando Bernardo voltou, já vestido, ele me lançou um sorriso que me deixou sem saber exatamente como me sentir.
– Preciso ir, vou pedir um Uber – disse enquanto ajeitava a roupa.
– Sem problemas – respondi, tentando manter o tom despreocupado.
Ele hesitou, parecendo incerto, antes de continuar:
– E, por favor, não comenta com ninguém.
– Relaxe – disse, forçando um sorriso. – É a sua vida, você faz o que quiser.
Assim que ele saiu, fui para o banheiro e tomei um longo banho, tentando limpar a mente junto com a pele. Quando saí, o apartamento estava silencioso; Bernardo já tinha ido embora. Parte de mim ficou aliviada por evitar mais despedidas ou troca de palavras que só trariam mais confusão, mas outra parte se sentia estranhamente vazia. Aquilo havia sido suficiente para bagunçar minha mente e despertar sentimentos que eu achava que estavam sob controle.