GAROTO, EU ODEIO AMAR VOCÊ ~ [29] ~ ÚLTIMO DIA DE CARNAVAL
No outro dia acordamos com aquela ressaca. A Chanel continuava a dormir, e eu me levantei. O Carlos me deu bom dia, e então fomos tomar um banho. Como não tínhamos levado roupas nem nada, tivemos que improvisar, inclusive escovamos a boca com o dedo, o que foi engraçado. Então ele me puxou para um beijo, pressionando meu corpo na pia gelada do banheiro. Eu correspondi. Ficamos mais alguns minutos ali, e então procuramos alguma coisa pra vestir, e achamos uns shorts que podiam ser do Luke ou da Chanel, e ficamos sem camisa. Ela acordou, resmungou algumas coisas e voltou a dormir. Saímos do quarto e fomos catar nossas roupas e coisas, e demos de cara com o Yan e o Isaac. — Bom dia, olha só quem acordou, e pelo visto tiveram uma noite e tanto, hein? — falou o Yan me puxando para um abraço. — Preciso achar minhas coisas, e meu celular — falei meio sem graça. — A Chanel tá dormindo ainda? — perguntou Isaac. — Sim, ela resmungou umas coisas e voltou a dormir — respondeu o Carlos. Então fomos para a varanda. O Luke estava acordado, nos olhou, mas disse um bom dia simples. A gente se olhou, aquele olhar que dizia tudo e nada ao mesmo tempo. Ele estava com os gêmeos e a Taty tomando café. Nos juntamos a eles, e ficamos todos conversando, até que o Carlos falou: — Último dia de carnaval, topam um passeio de lancha? — falou o Carlos. — Com certeza — falou a Taty animada. — Estamos em quantos aqui? — perguntou o Carlos. — Eu, você, Lucas, Taty, Karla, Yan, Isaac, Sérgio, Chanel, Thomas e Theo, Marcos... 12 eu acho — falou o Luke pela primeira vez olhando diretamente pro Carlos. — Fechou então, a lancha do meu pai cabe até 15 pessoas, podemos ir aos parrachos? Afinal amanhã já voltamos nossa rotina de aula, e hoje não podemos exagerar, fazemos um churrasco, e bebemos de leve. — disse o Carlos. — Por mim tudo ok — disse o Yan. — A gente também — disseram os gêmeos ao mesmo tempo. — Vou acordar o restante do pessoal — disse o Isaac. — Vou ligar pro meu pai, pra ele falar com o marinheiro. Espero que ele não tenha inventado de pescar hoje, porque se não vocês me matam, que prometi algo e não deu certo — falou o Carlos sorrindo. — Se não der certo, relaxa — falou o Luke. Era estranho ver o Luke e o Carlos conversando como duas pessoas normais, devido a toda a guerra que existia entre eles. Não sei o que se passava na cabeça do Luke, mas eu acreditava que tudo estava correndo bem. Carlos conseguiu falar com o seu pai, e ficou tudo certo. Tínhamos que estar prontos às 11h pra pegar a maré cheia e poder sair, e então foi uma correria pra gente acordar todos e nos arrumar. Quando deu 10:30, estávamos todos no iate clube prontos para o último dia do carnaval, que prometia ser o mais calmo de todos. Chegamos ao iate clube e meus olhos imediatamente captaram a lancha do pai do Carlos ancorada no píer principal. Era realmente impressionante - um modelo esportivo de pelo menos 45 pés, com linhas aerodinâmicas e um acabamento em azul-marinho e detalhes em cromado que refletiam o sol da manhã. A embarcação tinha dois níveis: o deck principal com uma área aberta de convés na parte traseira, com sofás em forma de U revestidos em couro branco náutico, e uma plataforma de mergulho rebaixada. Na lateral direita estava uma churrasqueira embutida de inox que parecia nova em folha. Na parte superior, um flybridge com mais assentos e a estação de comando com equipamentos que pareciam de última geração. — Caralho, Carlos, isso não é uma lancha... é praticamente um iate! — exclamou o Yan, boquiaberto. — Meu pai gosta dessas coisas, ele quase não usa, na verdade — respondeu Carlos com um sorriso meio sem graça. Estávamos todos admirando a embarcação quando ouvimos um barulho de salto batendo no deck de madeira do píer. Era a Chanel, chegando atrasada como sempre, mas fazendo uma entrada triunfal. Ela usava um maiô preto inteiro com detalhes em paetês dourados que brilhavam intensamente sob o sol, um chapéu de palha gigante com uma fita vermelha, óculos escuros enormes e vários braceletes dourados em ambos os braços. Parecia uma estrela de cinema dos anos 50. — CHEGOU QUEM FALTAVA, AMORES! — ela anunciou, girando para mostrar o look completo. — Meu Deus, Chanel, onde você consegue essas coisas todas? — perguntou Taty, ajustando seus próprios óculos escuros bem mais simples. — Querida, metade do meu guarda-roupa é emprestado do closet da mãe do Luke! — respondeu Chanel, jogando uma piscadela para Luke. — Ela tem um gosto IMPECÁVEL. Todo mundo caiu na risada, inclusive o Luke, que balançou a cabeça em desistência. — Minha mãe vai te matar quando descobrir — ele disse, mas estava sorrindo. O marinheiro, um jovem de pele bronzeada que se apresentou como Zé, nos ajudou a subir a bordo. A lancha era ainda mais impressionante por dentro. A cabine tinha paredes em madeira nobre, uma pequena cozinha toda equipada, um banheiro surpreendentemente espaçoso com chuveiro e até mesmo uma cama de casal num pequeno quarto. O sistema de som era de alta qualidade, com alto-falantes distribuídos por toda a embarcação. — Meu Deus, Carlos, sua família é tipo... milionária? — sussurrou Isaac, quando estávamos explorando a cabine. — Acho que sim — Carlos respondeu discretamente, parecendo um pouco desconfortável com o assunto. Logo Zé deu a partida nos motores, que rugiram potentes, e começamos a nos afastar lentamente do píer. Assim que saímos da área de navegação restrita, ele acelerou, e a proa da lancha subiu enquanto ganhávamos velocidade. — AAAAAAAAAAAAAH! — gritou Chanel, segurando o chapéu com uma mão e levantando a outra no ar como se estivesse em uma montanha-russa. — ISSO É VIDAAAA! A lancha cortava as ondas com facilidade, fazendo todos nós saltarmos levemente a cada impacto maior com a água. Era uma sensação incrível de liberdade. O vento batia no rosto, o spray do mar refrescava a pele, e a vista da costa se tornava cada vez mais distante e bonita. Depois de uns vinte minutos navegando, chegamos aos parrachos – uma área rasa com piscinas naturais formadas por recifes de corais, onde várias outras lanchas já estavam ancoradas. Pessoas nadavam, bebiam e ouviam música, criando uma atmosfera de festa contínua. Zé ancorou a lancha em um local estratégico, nem muito perto nem muito longe das outras embarcações. Carlos reuniu todo mundo no deck principal. — Pessoal, temos comida, bebida e música. Sintam-se à vontade! Quem quiser nadar, tem coletes salva-vidas e snorkels na cabine. Só não se afastem muito da lancha, ok? Logo a música começou a tocar e as bebidas a circular. Para minha surpresa, vi Carlos e Luke indo juntos para a área da churrasqueira. — Vamos preparar algo pra galera comer? — ouvi Carlos perguntar a Luke. — Claro, eu sei como fazer um bom churrasco — Luke respondeu, e os dois começaram a mexer no equipamento de inox, tirando carnes de um cooler e discutindo como prepará-las. Eu observava a cena completamente confuso. Como assim eles estavam agindo como se fossem amigos de longa data? Como se nunca tivesse existido toda aquela rivalidade, todos os problemas, todas as brigas por minha causa? — Eita, Lucas, seu ex e seu atual são amigos agora? — Taty apareceu ao meu lado, com um drinque colorido na mão e um sorriso malicioso nos lábios. — Eu... eu não sei o que está acontecendo — respondi sinceramente, ainda observando os dois. — Atual? O Lucas e o Carlos estão juntos? — perguntou um dos gêmeos, que eu não conseguia diferenciar. Senti meu rosto esquentar de vergonha. Não sabia o que responder. Afinal, o que éramos eu e Carlos? Duas pessoas que se pegaram no carnaval? Algo mais? — A gente... a gente não tá junto — acabei gaguejando. — Ah, tá — disse Taty, com um tom que deixava claro que não acreditava em mim. O churrasco ficou pronto e todos se reuniram para comer. A comida estava realmente boa, e a conversa fluía naturalmente entre risadas e histórias do carnaval. Carlos e Luke voltaram do improviso de chefs de churrasco e cada um foi para um lado – Luke foi se juntar aos gêmeos, e Carlos veio se sentar ao meu lado. Foi quando notei a Chanel sussurrando algo no ouvido de Carlos, com aquele sorriso que eu já conhecia muito bem. Ele concordou com a cabeça, sorriu, e os dois se levantaram discretamente, dirigindo-se para a cabine da lancha. — Olha só onde vai o casal do momento — disse Karla alto o suficiente para todos ouvirem. Risadas e assobios ecoaram pelo convés. Senti vários olhares sobre mim, incluindo o de Luke, que parecia genuinamente confuso. Nossos olhos se encontraram por um momento, e pude ver claramente a pergunta silenciosa em seu olhar: "O que está acontecendo?" Desviei o olhar, fingindo estar muito interessado na minha bebida. A situação era bizarra demais para eu conseguir processar. Luke com os gêmeos, Carlos com a Chanel, e eu ali, no meio, sem entender mais nada. O carnaval estava definitivamente virando minha vida de cabeça para baixo. Passamos o resto da tarde comendo, bebendo e conversando. Algum tempo depois, a Chanel volta toda descabelada e com um grande sorriso no rosto. Todos tiram onda com ela, e ela se faz de sonsa, o que tornava tudo muito cômico. Eu e Carlos nos olhamos com aquele olhar de cumplicidade, mas apesar do clima entre a gente, eu evitava ficar perto dele e seus toques. Eu não queria que o Luke pensasse que eu estava dando o troco nele. Eu queria sim dar uns beijos no Carlos, mas sabia que aquilo poderia atrapalhar o momento, então optei por ficar na minha, apesar do Luke não ter tido esse mesmo pensamento - ele estava sempre aos beijos e agarros com um dos gêmeos, o que me deixava triste por dentro. O sol começou a se pôr no horizonte, criando um espetáculo de cores sobre o mar. O céu, antes azul, agora exibia tons alaranjados e rosados que se refletiam na água como se fosse um espelho gigantesco. As nuvens pareciam tingidas de ouro e púrpura, flutuando suavemente acima de nós. O sol, uma esfera perfeita de fogo, descia lentamente, tocando a linha do horizonte e transformando os parrachos num cenário quase mágico. A água cristalina refletia todas aquelas cores, e as outras lanchas ao nosso redor criavam silhuetas escuras contra aquele fundo vibrante. Era daqueles momentos que faz todo mundo parar de falar por alguns segundos, apenas para contemplar a natureza. Até a Chanel ficou em silêncio por um momento, algo raro de se ver. Depois do pôr do sol, voltamos para a casa do Luke. Quando chegamos, o Carlos iria voltar para o seu apartamento e me perguntou se eu ia junto. Eu disse que não, e ele ficou meio triste e foi embora, dando carona para algumas pessoas. Os gêmeos também acabaram indo embora de carona com a Karla. Ficamos somente meus amigos: eu, Yan, Isaac, Taty, Chanel e o Luke! Depois de todos terem tomado banho, estávamos todos no quarto do Luke. Yan e Isaac estavam deitados na cama do Luke, eu estava numa cadeira e a Chanel no meu colo, como se fosse algo mais natural possível. O Luke estava num colchão no chão, e a Taty em outro. Estávamos todos conversando sobre o carnaval, contando histórias, e a Chanel sempre animada. E então o Isaac fala: — E vocês dois, hein? Vão namorar? — falou Isaac se referindo a mim e à Chanel que estava no meu colo. — Claro que não, meu amor. Estou aproveitando meus últimos momentos desse carnaval bafônico. O Lucas é meu amigo e sabe lá Deus quando vou sentar nesse homem de novo — respondeu Chanel escandalosa como sempre. — Você pode sentar quando quiser, amorzinho — falei beijando seu ombro. — Mas quer saber? Eu acho que hoje vou aproveitar a noite com o casal. Ainda não beijei eles. E então a Chanel saiu do meu colo e se deitou no meio de Yan e Isaac. — Vocês não têm respeito com a única mulher no grupo? — falou Taty. — EI, RACHA SAFADA, EU SOU MULHER TAMBÉM, RESPEITA MINHA HISTÓRIA! — disse Chanel saindo do cobertor que agora dividia com o Yan e Isaac. — Vocês todos se pegam, isso é nojento — falou Taty rindo. — Meu amor, quem manda você não ter uma banana aí no meio das pernas, ninguém quer esse moranguinho aí, se manca — falou a Chanel, arrancando risos de todos. Ficamos rindo por algum tempo, a Taty falando e a Chanel devolvendo cada resposta, fazendo a gente morrer de rir. Então decidi mandar uma mensagem para o Carlos: "Desculpa qualquer coisa, preferi evitar ficar com você pro Luke não achar que estou fazendo isso de pirraça, e pra você também não pensar que eu estou te usando. Foi tudo muito bom o que fizemos, não estou arrependido de nada. Dorme bem, cabeção." Mandei a mensagem porque senti que era o certo a se fazer. Não queria que o Carlos pensasse que eu estava usando ele ou coisa do tipo, e era melhor não ficar com ele na frente do Luke. Então, depois de enviar, eu e o Luke nos olhamos e só tinha o colchão. Ele me chamou para deitar com ele, e eu fui. Ele me abraçou, ficou me olhando e disse: — Tá tudo bem? — falou ele tentando me beijar, e eu evitei. — Luke, por favor, né? — Ué, qual o problema? — a gente falava baixinho de uma forma que só eu e ele conseguíamos ouvir. — A gente não tá mais junto, você escolheu seus gêmeos. — Lucas, eu te amo, aquilo foi só diversão. — Diversão que a gente poderia ter combinado, Luke. Olha, a gente não dá certo, precisamos de um tempo. — Lucas, você é meu, entenda isso. — Não, não, Luke. A gente só se fere um ao outro, e sei lá, tudo foi intenso. Eu errei muito, assumo, e não tenho moral pra te cobrar nada, mas sei lá, sinto que a gente não vai dar mais certo. — Lucas, esquece o que passou! — Não, Luke, eu não vou esquecer. E, bom, vou ser sincero com você: fiquei com o Carlos esses dias, e foi muito bom. Eu poderia ter ficado com ele na sua frente, mas sabe o que eu fiz? Eu evitei porque não queria te machucar, porque eu sabia que ficar com o Carlos faz você ficar mal. Então não fiquei, por respeito a você, diferente de você que não escondeu seu romance com o Theo ou Thomas, sei lá quem é quem. — Lucas, aconteceu. — Sim, com o Carlos também aconteceu — respondi. — Não gosto de você com o Carlos. Ele mentiu pra mim, ele me roubou de você, é isso que ele quer. — Luke... estou sendo sincero com você. Eu poderia mentir, mas não, vou fazer a coisa certa. Eu gostei de ficar com o Carlos, pela primeira vez senti algo bom aqui dentro. — Você ama o Carlos? — falou o Luke me interrompendo. — Não, Luke, não estou dizendo isso. Só que foi diferente, e eu estou aqui fazendo a coisa certa, falando com você, abrindo meus sentimentos e te preparando, diferente do que você fez comigo. Você simplesmente me largou e ficou com seus gêmeos, não conversou, não disse nada, me acusou, jogou coisas na minha cara, me largou pra dormir com eles, e agora, depois de todos os shows no carnaval, você acha que é simplesmente deitar aqui do lado, falar que me ama, que eu vou me jogar pra você? O Luke ficou em silêncio e disse: — Você tem razão, desculpa. E então se virou de costas para mim e afastou nossos corpos. Eu fiquei deitado olhando para o teto enquanto o Luke olhava para a parede. Eu sabia que estava ferindo o Luke, mas eu estava dizendo a verdade. Mas enfim, eu sei que eu sou um idiota, e eu amava o Luke. Então fiquei com pena, não sei se era drama, então abracei ele por trás, beijei seu ombro e seu pescoço e eu disse: — Luke, a gente não vai dar certo HOJE, entenda. Vamos cada um tentar seguir a sua vida, e vamos nos afastar. Acho que vai ser o melhor. Eu fui tóxico com você, e acho que essa é a melhor solução. Eu quero o bem pra nossa amizade, pra nossa relação. Vamos agir como pessoas maduras, isso é o certo. Falei e ele não disse nada, ficou em silêncio. E então, com todo o silêncio do quarto, a gente adormeceu.
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