Macho fisga cuzinho durante pescaria

Macho fisga cuzinho durante pescaria
Férias em vista e eu me questionava o que fazer. Estava um pouco entediado da mesmice, sol, praia e aglomerações; ou então aeroporto, alfândega, país estrangeiro, visitas relâmpago a pontos turísticos e excursionistas histéricos; queria algo que me pusesse em contato com experiências novas.
- Faça uma excursão de esportes radicais, tipo saltar de paraquedas, fazer rafting, escalar montanhas. – sugeriu uma amiga durante o almoço com os colegas de trabalho.
- Teria que ter feito um curso nestas modalidades para não pagar mico ou pior, me ferrar por não ter noção alguma de como se faz estes esportes. ... Não. Nada tão extremo, mas também nada que fosse muito modorrento.
- Vai pescar no Mato Grosso. – sugeriu outro amigo do grupo.
- Nunca pesquei na vida. – afirmei categórico
- Ora isso se aprende rápido. Além do mais lá tem suporte de quem entende e vai te ajudar. Já participei de uma pescaria assim e até que foi divertido. – continuou
- Será que levo jeito para algo tão inusitado, pelo menos para mim? – questionei, enquanto em pensamento já me imaginava retirando um peixe da água. A semente estava lançada ao solo, ou melhor, na minha mente ávida por experiências marcantes.
Naquela mesma noite, após o jantar, comecei a pesquisar sobre o assunto na Internet. Como não entendia absolutamente nada sobre pescarias e, as inúmeras opções que despontavam na tela me deixam cada vez mais confuso, decidi que optaria pela pousada mais bonita. Mais alguns cliques no mouse e, animado com as imagens espetaculares da fauna amazônica num lugar incrustado na selva, à beira de um afluente do rio Teles Pires no município de Alta Floresta no norte de Mato Grosso foi materializando minhas expectativas. Entre os primeiros bocejos do adiantado da hora daquela noite fiz meu pedido de reserva para um pacote de oito dias, que incluía traslados, hospedagem, uma infinidade de facilidades e, o mais importante para um incauto como eu, guias especializados para as pescarias.
No dia seguinte contei a novidade e a ousadia para os colegas de trabalho. Alguns me incentivaram enquanto outros me tacharam de maluco, mas eu estava decidido e, naquele mesmo dia concluí a compra do pacote daquelas férias. Um enigma que mexeu com meu imaginário durante os dias que se seguiram até minha partida.
Quando cheguei à pousada era final de tarde. Bandos de araras e papagaios barulhentos cruzavam o céu, que iluminado pelos últimos raios dourados de um sol poente tardio, se coloria com nuances que iam do amarelo intenso, passando pelo alaranjado e vermelho, terminando num marrom quase escuro que pousava sobre as copas das árvores. Resolvidos os trâmites do check-in, a recepcionista fez um sinal discreto e, segundos depois, um garoto no final da adolescência, se materializou ao meu lado. O corpo ágil e fogoso já era de um homem, mas o rosto ainda guardava nos olhos castanhos e perspicazes, e nas espinhas, consequência do turbilhão de hormônios que inundam a circulação sanguínea, a ingenuidade da infância.
- Boa tarde! Sou o João e vou acompanhá-lo a seu bangalô. – disse com o rosto iluminado por um sorriso curioso, enquanto se apressava em pegar minha bagagem.
- Obrigado João! Sou o Eduardo e agradeço pela ajuda. Acho que trouxe mais coisas do que o necessário. – respondi, ao olhar para minhas tralhas e, me dando conta de ter exagerado ao fazer as malas.
Enquanto caminhávamos por um deque de madeira ligeiramente suspenso por palafitas da sede da pousada em direção a uma fileira de uma dúzia de pequenos chalés que formavam um ‘C’ ao redor de um açude, o João foi me mostrando onde ficava cada uma das facilidades da pousada.
- Atrás daquelas sebes fica a piscina, na construção à direita estão os vestiários e a sauna e, na da esquerda um spa onde o senhor pode solicitar os serviços de massagista, barbeiro, cabeleireiro e tal. O píer com a garagem e a saída dos barcos fica no final deste deque à beira do rio, e no topo da colina naquela construção circular fica o restaurante e é lá também que servimos o café da manhã, se o senhor não quiser tomá-lo no bangalô. - orientou solícito e, com a desenvoltura de quem já dera estas explicações centenas de vezes.
- O lugar é lindo e estes jardins então, parecem ter nascido com a exuberância da natureza ao redor. Mas vamos deixar claro uma coisa João, não me chame de senhor, pois talvez eu nem tenha dez anos mais do que você, a menos que queira me chamar de velho! – exclamei sorrindo para ele.
- Não, jamais! Você não tem nada de velho, ao contrário! É o hábito, me desculpe! – retrucou desconsertado, culpando-se intimamente por não conseguir conter seu nervosismo, coisa que ele não queria fazer, especialmente com aquele hóspede. Arrependeu-se de não conseguir controlar seu entusiasmo e meter os pés pelas mãos.
- Também não é para tanto! – amenizei, ampliando meu sorriso e passando meu braço em seu pescoço, numa espécie de abraço desengonçado, com o objetivo de quebrar o gelo daquela situação. O que o fez ficar ainda mais encabulado.
- Bem, é isso. Se precisar de alguma coisa é só ligar para a recepção ou me chamar, pois estou sempre circulando por aí. – concluiu, após ter colocado minha bagagem sobre um aparador, aberto as janelas, me explicado como funcionavam a ducha e o ar condicionado, além de uma parafernalha de teclas próximas à cabeceira da cama.
- Obrigado João! Certamente vou pedir para você me dar umas dicas sobre tudo o que há na pousada. – respondi, enquanto vasculhava pela minha carteira numa das mochilas, procurando pela gorjeta.
- Isso não é necessário. Não somos um hotel convencional e nossos hóspedes devem se sentir membros de uma família, é o lema da pousada. – retrucou veemente com uma expressão ofendida, sem fazer a menor menção de aceitar as notas que eu ia tentando camuflar entre os dedos enquanto ele falava, embaraçado por perceber a inconveniência do meu gesto.
A noite estava carregada de um mormaço denso e quente que vinha da floresta ao redor, junto com coaxares, chilreares, rugidos e sibilos formando uma sinfonia peculiar dos animais camuflados entre a folhagem imóvel e escura. Uma miríade de estrelas pontuava o céu agora negro como breu. Procurei pela lua e não a encontrei. O calor me instigou a uns mergulhos na piscina antes do jantar, talvez o frescor da água fizesse meus músculos, retesados pela viagem, relaxarem abrindo meu apetite e tirando aquela sensação de cansaço das horas passadas no avião e no veículo 4x4 que sacolejou pelos últimos quilômetros na estrada que conduzia até a pousada. Estava só na piscina iluminada de água límpida e convidativa. Mergulhei cruzando a piscina algumas vezes de um lado para o outro. A água não estava tão fresca quanto eu supunha, aquecida pelo tórrido sol que a fustigou durante todo o dia. Após alguns instantes uma inquietação começou a ganhar consistência, olhei ao redor do espaço completamente vazio, pois podia jurar que alguém me observava sem, contudo, conseguir avistar ninguém.
O dia seguinte amanheceu ensolarado e cheio de sons que vinham da mata ao redor da pousada, das águas do rio e do ar que trazia os cantos e sons de inúmeros pássaros. Já fazia calor novamente, embora mal o sol houvesse se erguido no horizonte. Tomei uma ducha e caminhei em direção ao restaurante. O amplo salão com forro de madeira e decorado rusticamente, já tinha algumas mesas ocupadas com hóspedes falantes e um alvoroço de funcionários tentando dar contar de atender aos pedidos das mesas. Percebi que quase todos eram homens corpulentos, em sua maioria, bem mais velhos do que eu, cinquentões trajando vestimentas típicas de pescadores esportistas. A exceção ficava por conta de três mesas. Em duas havia mulheres, provavelmente esposas acompanhando as façanhas dos maridos e, numa próxima da minha, junto aos janelões que descortinavam a curva que o rio fazia lá em baixo, um cara trintão e massudo, que parecia um tanto quanto deslocado entre os demais de sua mesa e, que desviava disfarçadamente seu olhar em minha direção. Naquele momento achei que a ideia de vir pescar não fora tão boa assim. Não restava dúvida de que eu não sabia nada sobre aquele mundo e, sozinho, estava como um peixe fora da água. Por isso, o rosto familiar do João caminhando em direção a minha mesa com um sorriso amistoso e íntimo, me reconfortou e afastou aqueles pensamentos.
- Bom dia! Dormiu bem? – saudou cheio de vitalidade.
- Bom dia João! Mais ou menos, estranhei o calor. – respondi, feliz por ter com quem conversar.
- Então vá se acostumando, pois durante o dia ele vai aumentar bastante. – explicou
- Você não quer tomar café comigo e me fazer companhia? Se isso não for proibido aos funcionários. Assim você me diz o que posso fazer hoje que temos o dia de folga, pois a pescaria nos barcos só começa amanhã. – perguntei.
- Claro! Não sou um funcionário convencional, meu pai tem parte da pousada e do serviço de barcos. Quem sabe você não quer dar uma cavalgada até a cachoeira? Posso te levar lá. – prontificou-se, enquanto tomava assento e fazia sinal para outro funcionário trazer um bule de café fumegante.
- Me perdoe, estou dando um fora atrás do outro com você. Um banho de cachoeira seria ótimo, mas uma cavalgada está fora de cogitação. Gosto de cavalos, no entanto, tenho pavor de subir num deles. – esclareci, intimamente me penitenciando por não avaliar corretamente o papel daquele jovem no rol de funcionários da pousada e, estranhando aquela euforia por eu haver aceitado o passeio até a cachoeira.
- Podemos ir caminhando, não é tão longe assim, e a água gelada vai ser a compensação pelo esforço. – sugeriu, cada vez mais empolgado com a possibilidade de me acompanhar.
Saímos pouco depois do almoço, que era servido bastante cedo para os meus padrões habituais, mas muito conveniente naquela situação, uma vez que teríamos mais tempo para usufruir do passeio. Passamos por campos abertos, alguns charcos onde nas margens jacarés se espreguiçavam em busca do calor do sol, até chegarmos a uma trilha rochosa que ia serpenteando enquanto escalava uma elevação, em cujas aberturas na mata, se vislumbrava a enorme extensão da fazenda que abrigava a pousada. À medida que subíamos o barulho da água despencando se intensificava e comecei a imaginar o tamanho da queda d’água que nos esperava. Ao final da trilha a visão compensava o esforço da escalada; por entre as pedras, de uns 30 metros de altura, caía um ensurdecedor volume de água que se desfazia numa espuma branca dentro de uma espécie de fosso, causando um redemoinho que depois seguia seu rumo por entre as rochas morro abaixo. No descampado ao lado da queda d´água, havia uma construção que abrigava as instalações de uma pequena hidrelétrica que fornecia energia para a fazenda e a pousada.
- Toda energia que consumimos vem daqui. – explicou João, acompanhando com grata satisfação meu olhar embasbacado para aquela maravilha toda.
- O lugar é fantástico e esta água não dá para resistir! – afirmei, tirando minha bermuda e camiseta, ao entrar na água fria com a sunga que trazia por baixo.
Ele acompanhou com vivo interesse enquanto eu tirava a roupa, escrutinando cada parte do meu corpo e fixando seu olhar na minha bunda carnuda e exagerada, depois despiu-se também e, me estendeu a mão para me ajudar a descer pelas pedras escorregadias. Ficamos um bom tempo nadando e sendo levados pelo redemoinho das águas, antes de eu me deitar sobre uma das rochas aquecidas pelo sol. O João ficou na água por mais algum tempo, com uma cara estranha, e depois subiu pelas pedras desaparecendo atrás do galpão que abrigava a hidrelétrica. Mesmo disfarçando, tive a nítida impressão de ver sua sunga armada como uma tenda. Como ele estivesse demorando a retornar, resolvi seguir até onde o vi contornando o galpão. Distraído com o que estava fazendo ele nem percebeu a minha presença. Encostado numa das paredes da construção, com a sunga pela metade das grossas coxas, ele segurava uma jeba avantajada numa das mãos e se punhetava num ímpeto frenético. Continuei atocaiado em silêncio, com receio dele notar a minha presença, admirando a sensualidade da cena. Enquanto ele distendia ritmicamente o cacete, seu sacão chacoalhava feito um pêndulo entre as coxas, e gemidos contidos assomavam a seus lábios; até que um urro repentino ecoou abafado pelo som da cacheira, e fartos jatos de porra jorraram feito um gêiser, a uma longa distância. Aos poucos ele foi se refazendo, como que retornando de um transe. Ajeitou a rola na sunga e, antes que começasse a andar em minha direção, corri até onde ele havia me visto pela última vez.
- Essa água fria sempre me faz mijar. – declarou bem humorado, e com um ar de satisfação no rosto.
- Está fria mesmo. Sente-se aqui, ao sol, que está uma delícia! – comentei, sem conseguir desviar o olhar daquele volume que teimava em não diminuir dentro de sua sunga.
Dormi pouco aquela noite, mesmo com o ar condicionado ligado, o calor não saia do meu corpo. Revia em sonho a cena da cachoeira e me virava agitado entre os lençóis.
A manhã do dia seguinte ainda guardava no ar a umidade da chuva torrencial que despencara durante boa parte da noite, iluminada e cheia de vida com os sons que se espalhavam com a brisa. O alvoroço e o burburinho no restaurante durante o café da manhã girava em torno das atividades e preparativos para o primeiro dia de pesca a bordo dos barcos que estavam sendo carregados no píer, lá embaixo, na margem do rio. Eu era o único a não ter companhia. Os barcos foram pensados para uma dupla ou quatro pessoas mais o piloto, que também fazia as tarefas de guia e auxiliar de pesca. Já embarcado, vi que o João vinha correndo fazendo ranger as taboas do píer e, saltando com a agilidade de um gatuno para dentro do meu barco.
- Perdi a hora! – exclamou, com cara de quem ainda estava meio sonado.
- Ainda bem que você apareceu. Achei que fosse passar o dia sem companhia, isto é, além da sua Arnaldo. – retruquei, dirigindo um sorriso de desculpas ao piloto do barco.
Assim que chegamos ao local de destino, pouco mais de hora e meia, acima da confluência entre o afluente que margeava a pousada e o rio Teles Pires, numa extensa curva que as águas faziam contornando de um lado, um maciço de pedras e, do outro, uma praia de areias amarronzadas, percebi o quão despreparado eu estava para aquela aventura. O Arnaldo desligou o motor de popa e em companhia do João começou a montar as varas que iam sendo fixadas em caixilhos nas amuradas do barco. Carretilhas e molinetes fixados nas varas, passagem da linha pelas argolas, fixação do líder, feitura de nós para montagem da bóia flutuadora, do chicote e chumbadas, fixação do snap e do anzol enfim, um mundo novo e desconhecido que, embora empenhado, eu tentava configurar sem nenhuma habilidade, parecendo que havia nascido com duas mãos esquerdas. Meus dois acompanhantes se desdobravam para me mostrar o que fazer e continham o riso ante minha falta de destreza. Não apenas eles, dos barcos ao redor vinham olhares sagazes acompanhados de observações caçoistas. Um, em especial, não desgrudava os olhos e acompanhava com um meneio da cabeça as minhas tentativas de prender um mussum ao anzol, o trintão deslocado que me parecia não perder sequer um movimento que eu fazia.
- Aposto como você nunca segurou uma minhoca deste tamanho nas mãos! Exclamou com um risinho malicioso.
- Ah! E você lá sabe como fazer isso? – retruquei
- Certamente! Seguro numa muito mais grossa do que esta todos os dias. – continuou, agora fazendo cara de sério.
- Não entendi! – exclamei ingenuamente
- Imagino que não. – concluiu, voltando a adquirir a fisionomia zombeteira de antes.
- Vejo que tirar uma com a minha cara está se transformando no seu passatempo predileto. – sentenciei desconsertado. Pois desde que cheguei à pousada ele fazia insinuações e piadas cujo sentido eu nem sempre compreendia. Mas, por serem engraçadas e inteligentes tornavam o ambiente descontraído.
- Desculpe, estava me sentindo um peixe fora da água, mas depois de presenciar sua ‘habilidade’ com esse equipamento, me acho um expert. – troçou sem piedade. Em seguida, pediu que o barqueiro que conduzia o barco donde ele estava se aproximasse do meu, saltando para dentro, e fazendo a embarcação quase emborcar.
- Maluco! Quer nos jogar na água? – devolvi, enquanto me reequilibrava sobre o barco.
Sem a menor cerimonia ele foi se instalando e me ajudando a lançar as iscas e fixar as varas ao redor do barco, enquanto falava como se fossemos velhos amigos. Notei uma súbita mudança de expressão no rosto do João, um olhar de desaprovação e frustração ia se moldando em sua face, fazendo desaparecer o riso de há pouco e rareando as falas, que se tornaram quase monossilábicas.
Sentados ali tão próximos pela primeira vez, pude notar sua vasta cabeleira escura e rosto hirsuto, que o faziam parecer mais jovem do que eu esperava. Também era mais alto, com os ombros mais largos e braços mais musculosos do que eu imaginava, tudo numa escala maior, incluindo a mão que montava habilmente o equipamento de pesca. Mesmo debaixo de um sol que ia ganhando força, pude sentir o calor que emanava daquele corpanzil. Não era apenas calor, era pura energia transbordando numa aura. Ele se apresentou formalmente, pois já havíamos nos cumprimentado na pousada, e me disse que seu nome é Roberto.
Ora de um, ora de outro barco iam surgindo gritos eufóricos quando um peixe fisgava a isca e esticava a linha sulcando a água e desenhando um ‘V’ invertido na superfície. Começava a batalha para trazer o peixe e, quando este era finalmente retirado da água, era erguido pelo pescador como um troféu, sob as menções elogiosas de alguns e desdém de outros. Tudo culminando em risos e brincadeiras. Também tive minha chance, nem eu mesmo acreditei quando, numa das varas próximas donde me achava sentado, o molinete zuniu e a ponta da vara vergou quase tocando a superfície da água, enquanto o peixe nadava numa carreira para longe do barco.
- Remova a vara do caixilho e segure-a com força – disse o Arnaldo, vindo ao meu socorro. Mas, sendo interceptado pelo Roberto antes de me alcançar.
- Nossa, como esse bicho tem força! – exclamei extasiado. Segui as orientações que o Roberto me passava até conseguir embarcar uma pirarara de 28 quilos.
- Sorte de principiante! – gritaram dos barcos ao redor, invejosos do resultado da minha pesca e cheios de observações a respeito da dificuldade de conseguir capturar um peixe como aquele. O maior capturado naquele dia, que já ia fazendo o sol declinar por trás do arvoredo que margeava o rio e cobria a superfície da água de um dourado cintilante.
O assunto durante todo o jantar foi o peixe que fisguei. As mesas foram unidas formando um grande corredor e, o pessoal já mais enturmado, ia se soltando e rindo contando pormenores do dia. Fui lançado no meio daquelas pessoas e já não me achava tão incapaz assim de me divertir naquele lugar. O papo rolou até tarde, quando um a um foi se recolhendo ao seu bangalô. Eu estava entre os primeiros a debandarem, cansado e com os ouvidos retinindo da conversa alvoroçada ao redor da mesa do jantar. Antes de chegar ao deque que levava aos bangalôs, fui alcançado pelo Roberto que caminhava a passos largos no meu encalço.
- Noite abafada aqui fora, não acha? – começou, meio acanhado.
- Nunca estive num lugar tão quente. Tenho a impressão de não estar seco nunca. – retruquei, cismado que essa aproximação fortuita.
- Podíamos dar um mergulho na piscina. – sugeriu convidativo.
- Não sei, acho que está tarde. Amanhã partimos cedo para um ponto de pescaria mais distante do que o de hoje. E, estou bem cansado. – retruquei sensato, mas curiosamente não querendo interromper a promessa de continuidade de sua presença.
- Apenas alguns mergulhos. Só para espantar o calor e relaxar o esqueleto. – continuou suplicante, fazendo a covinha de seu queixo se acentuar e os lábios delinearem um sorriso tímido.
- Está bem. Vou colocar uma sunga e volto em seguida, nos encontramos na piscina. – cedi, tocado pela ansiedade do pedido.
Pouco depois encontrei-o, já dentro da água, cruzando a piscina com braçadas largas e a desenvoltura de um nadador experiente. Não pude deixar de admirar o quão musculoso ele era. Embora tivéssemos mais ou menos a mesma altura, ele parecia ser duas vezes maior do que eu. Gostei de observar aquele corpo bem delineado, os pelos formando dois redemoinhos sobre o peito e as coxas grossas e peludas se movimentando dentro da água. A princípio distraído, descobrindo os pormenores de seu corpo, nem me dei conta de que ele me devorava com os olhos. Nadando em direção à borda em que eu estava, ele parecia um garanhão correndo de encontro a uma potranca no cio. Encabulado, mergulhei na água tépida emergindo a pouca distância dele.
- Você parece um peixe, tanta naturalidade ao deslizar dentro da água. – exclamou sem desviar os olhos do meu corpo.
- Só dei um mergulho, como você pode afirmar isso tão categoricamente? – perguntei, diante daquela afirmação contundente.
Flagrado por ter revelado demais, ele tentou mudar o rumo da conversa, e eu tive a certeza dele já ter me observado na piscina anteriormente. Repentinamente senti certo lisonjeio nessa constatação, e ele me pareceu ainda mais interessante. Um homem que sabia esperar e lançava sutilmente suas armas para a conquista.
Não percebi o tempo passar nem que ele me acompanhou até meu bangalô, encontrando-se agora no meio da sala, prestes a tirar a sunga, e se dirigir até o banheiro, numa ousadia tão natural que não encontrei palavras para demovê-lo de seu intento. Fingi não perceber quando ele se despiu, deixando balançar livremente, no ritmo de seus passos firmes, um cacete avantajado e um sacão desconcertantemente atulhado. Pouco depois ele deixava o banheiro enrolado apenas numa toalha, com os cabelos desgrenhados e ainda molhados. Apanhou o controle remoto da televisão e num clique encheu o ambiente com o som estrondoso de um filme de ação. Enquanto deixava a água da ducha escorrer pelas costas, vasculhava minha mente atrás das palavras certas para fazê-lo voltar a seu bangalô, sem criar melindres.
Encontrei-o à meia luz, recostado nos travesseiros da única cama dupla que mobiliava o quarto, ainda de toalha, pernas bem abertas que deixavam entrever a cabeçorra da sua jeba, e olhar fixo na tela da TV. A minha entrada o desconcentrou imediatamente. Seus olhos se fixaram vorazmente em mim e ele engoliu em seco.
- Você é um tesão! Esse corpão branquinho só de cueca é de virar a cabeça de qualquer um! – exclamou sem pudor.
- É muita folga! Refestelado na minha cama, tirando uma com a minha cara a essa hora da noite, só pode ser folgado. – respondi, me sentindo mais nu do que realmente estava.
- De repente fiquei sem sono, acho que foram os mergulhos. Sente aqui, o filme está demais! – retorquiu, sem que minhas palavras encontrassem eco em sua convicção.
Havia uma eletricidade entre nós, uma sensação de descoberta e, ao mesmo tempo, de uma familiaridade profunda. Em poucas horas de convívio, ele tinha o poder de me fazer ceder e, estranhamente, eu não me incomodava com isso. Obedeci sem mais questionamentos e me acomodei a seu lado, fingindo um interesse repentino pelo filme. De soslaio pude notar a expressão de seu rosto ganhando confiança e um discreto sorriso moldando seus lábios. Ele inspirou fundo e se acomodou melhor.
- Um tesão deliciosamente cheiroso! Hummm ... bom, muito bom! – comentou satisfeito. Não é a toa que tem franguinho se empertigando por sua causa. – concluiu, depois de alguns segundos.
- Como assim, não entendi essa sua observação? – questionei surpreso.
- Vai me dizer que você não notou que o João está se contorcendo para ficar a seu lado, e talvez, ter uma chance com você? – indagou sereno.
Como os raios do sol que atravessam o vão de uma janela e iluminam um ambiente, algumas atitudes do João quando estava do meu lado começaram a fazer sentido. O interesse em me levar até a cachoeira, a ereção e a punheta atrás da hidrelétrica, a solicitude durante a pescaria, antes do Roberto entrar no barco, tudo começava a se aclarar em meus pensamentos. Ele estava me cortejando, simples assim.
- Não. Juro que não! – respondi, engolindo as palavras. Subitamente enrubesci.
- Depois daquele passeio até a cachoeira achei que ele tinha conseguido seu objetivo. Inicialmente fiquei desapontado, depois com ciúmes. – completou, noutra revelação que me pegou de surpresa.
- Você me seguiu até a cachoeira? Desapontado? Ciúmes? Acho que meu raciocínio está lento hoje! – fui dizendo, numa enxurrada de palavras desconexas.
- Não, eu apenas vi que vocês tomaram o rumo da cachoeira. E, a julgar pela cara de felicidade do João quando voltaram horas depois, achei que tivesse rolado alguma coisa entre vocês. E me senti estranho – esclareceu, de maneira sincera e aberta.
- Eu não tive nada com ele. Fui apenas dar um passeio. E, por que você estaria desapontado ou com ciúmes de mim? – perguntei.
- Porque estou a fim de você! – exclamou, me encarando, ao passar um braço em torno da minha cintura e me puxar de encontro a seu peito.
Senti a minha pele se arrepiando quando meu tronco tocou aquele peito peludo, e o ar morno da respiração do Roberto deslizar pelo meu rosto. Coloquei minha mão sobre um dos seus bíceps e prendi-o com os dedos. Os lábios dele já dançavam próximos dos meus e os roçavam sutilmente; enquanto se moviam para acomodar os dele num beijo macio, que foi ganhando intensidade, se umedecendo e se consumando com a língua dele dentro da minha boca e o sabor de sua saliva se mesclando com a minha. As mãos dele deslizavam pelas minhas costas, desciam até a cintura e voltavam para cima, me trazendo para mais junto dele. Sem que nossos lábios se desprendessem, a mão dele ganhava minhas nádegas sob a cueca, apertando-as e descobrindo-as. O calor dele me embaralhava o pensamento, enquanto um tesão indizível e único se materializava em mim pela primeira vez.
O ar estava parado e carregado de umidade, ondas quentes emanavam do solo subindo quão vapores que se dissipam de uma panela de água fervente. Ao longe uma trovoada rolava célere em direção à pousada e um ribombar surdo vinha se fazendo mais audível a cada instante. Nossos lábios quase não haviam se distanciado desde um longo tempo. A toalha que enleava a cintura do Roberto jazia aberta sobre a cama e não cobria mais nada. Minha cueca circundava meus joelhos, minha bunda nua estava na mão dele, e ele dedava meu cuzinho freneticamente arrancando gemidos contidos de mim. Quando meu olhar pousou sobre os olhos brilhantes e castanhos dele, por uns segundos, o mundo parecia haver estagnado. Nesse instante um ímpeto de querer aninhá-lo dentro do meu íntimo se apoderou de mim. Minha mente disparou, meus pensamentos desconjuntados e nebulosos e, ainda assim, estranhamente claros. Soltei-o e me inclinei lenta e languidamente sobre o colchão, ficando quase que de bruços, com as nádegas voltadas para ele. O Roberto me abraçou por trás e se inclinou sobre mim. Pude sentir o arfar dele na minha nuca entre as lambidas e mordiscadas que ele me dava. A rola dura dele roçava minhas coxas quando ele começou a acariciar minhas costas, fazendo ambas as mãos deslizarem em direção a minha bunda toda branca, indecentemente carnuda, lisa, macia e provocantemente sensual. Ele afastou minhas nádegas para se deleitar com a visão do meu cuzinho rosado circundado de pequenas pregas que partiam do minúsculo orifício central e se espalhavam a partir dele como os raios do sol. Libidinoso, ele se lançou sobre meu cu, inicialmente mordiscando as nádegas, depois lambendo meu reguinho e, gulosamente, metendo a ponta da língua úmida no meu introito anal. Eu arfava profundamente, como um animal após uma carreira, com o desejo a aflorar pelos poros, enquanto ele procurava se esfregar em mim o mais que podia. Subitamente ficou de joelhos e agarrou minha cabeça, aproximando-a de sua pica em riste. Uma ordem curta e objetiva de chupa, me fez ceder mais uma vez, e obedecendo-a, comecei a lamber suavemente toda a extensão da jeba que se distendia cada vez mais com a ação de minha língua sobre as grossas veias que circundavam a grossa rola. A pica pendia sobre minha cara e eu explorava cada milímetro daquela carne quente e pulsátil. Quando a glande arroxeada começou a ficar úmida e lustrosa, passei delicadamente a ponta da minha língua sobre o orifício uretral, donde minava fartamente o primeiro suco prostático, com cheiro e sabor de amêndoas, que eu saborosamente deliciei. Ele tentava controlar os gemidos de prazer que aquilo lhe proporcionava.
- Lambe o melzinho tesão! – murmurou entre dentes.
Fiquei um bom tempo brincando com aquela tora maçuda e irrequieta. Ora mordiscando-a, ora lambendo a cabeçorra e, ora me perdendo entre os pentelhos densos e grossos para chupar seu sacão e colocar uma de suas bolas na boca. Percebi que o estava tirando do estado racional, que apenas seus instintos primitivos dominavam seu comportamento. E, nesse estado, foi que ele investiu sobre minha bunda. Segurando a jeba numa das mãos, dedava meu cuzinho apertado com a outra, tentando laceá-lo sem muito sucesso. Pincelou a pica ao longo do meu reguinho à procura das preguinhas que guiavam diretamente para dentro do meu cu. Foi somente após umas cinco tentativas frustradas que ele conseguiu meter o cacete naquele orificiozinho molhado de pré-gozo. A carne se distendeu estirando meu esfíncter anal e a jeba se alojou impune nas minhas entranhas. Gemi desesperado enquanto tentava, com uma das mãos, conter o avanço daquele macho insuflado pela voracidade do tesão carnal. Mas meus gemidos submissos, de quem acabara de ser dominado, apenas serviram para atiçá-lo mais. Tive que implorar por sua paciência e cuidado, enquanto me acostumava lentamente àquela rola massiva dilacerando meu cu. Ele sabia esperar para poder aproveitar tudo àquilo que eu nem sabia poder proporcionar. Impávido, com a pica a dar pinotes, ele aguardou até sentir que minha resistência se desvanecia e, que ele podia me usar como quisesse. Aos poucos foi metendo o cacete mais profundamente naquele aconchego aveludado e morno, que se apertava firmemente ao redor do calibre avantajado dele, até sentir que apenas suas bolas haviam ficado de fora, comprimidas entre o rego carnudo. Eu não conseguia para de gemer, ora a dor era tanta que eu pensava desistir, ora o prazer me fazia acalentar a jeba daquele macho viril. Quando ele tomado de tesão me bombou o cuzinho, urrando guturalmente de tanto prazer, eu sentia ele me estocar a próstata e uma dor absurda se irradiar pelo baixo ventre e, como ato reflexo, eu travava o cuzinho ao redor daquele cacete bruto. Ele estava banhado de suor e me molhava. Seu corpo cheirava a madeira recém-cortada. Minha pele parecia inebriá-lo, e uma felicidade enorme se apossou de mim quando constatei que o estava satisfazendo sem reservas. Deixei que ele me usasse até sentir que a pica se avolumava nas minhas entranhas, os movimentos de vai-e-vem começavam a perder o ritmo acelerado de antes e, ele enfiava a pica profundamente em mim deixando escapar um suspiro que vinha do fundo de seu peito enfunado. Uma umidade crescente fluía entre as minhas coxas e, eu soube então que ele gozava no meu cuzinho. Não consegui impedir que uma lágrima rolasse do canto de cada um dos meus olhos, e tive a certeza de ser o ente mais feliz desse mundo. Ele foi deslizando aos poucos sobre o meu corpo, até me sentir completamente debaixo dele. A rola dele não fazia a menor menção de amolecer e ele a mantinha dentro de mim.
- Não me lembro de ter gozado tanto de uma só vez! Que rabo tesudo do caralho! Quero de fuder todinho! – ele murmurava, enquanto eu acariciava seus braços envoltos em meu torso e beijava seu bíceps com doçura.
- Obrigado por me fazer tão feliz! Te adoro! – exclamei em transe.
Nos perdemos no tempo. A chuva fustigava o telhado do bangalô e o farfalhar das folhagens das árvores, movidas pelo vento, eram abafadas pelos trovões. Ele soltou a respiração, como se estivesse juntando forças para se levantar, o que fez em seguida, sentando-se vagarosamente e olhando em volta do quarto, antes de olhar para mim com uma expressão de satisfação. Extasiado, observei-o se levantar, a pica à meia bomba, e caminhar pelas sombras até o banheiro onde ele se postou diante do vaso e liberou um forte jato de mijo fazendo a água do fundo do vaso borbulhar, depois abriu a torneira da pia, lavou o caralho e jogou água no rosto. Seu corpo me pareceu mais musculoso, e embora seus movimentos fossem calmos e compassados, dava para perceber sua agilidade e virilidade. Vi que ele pegou uma toalha pendurada sobre a bancada da pia, enxugou seu rosto com ela, e então lenta e metodicamente a colocou debaixo da água e a torceu dentro da pia. Voltou para junto da cama e pressionou aquela peça fria sobre a minha testa e o meu rosto, afastou minhas coxas, e esfregando a toalha entre elas limpou as manchas de sangue que vinham do meu reguinho. Fiquei tenso e encabulado, no entanto, ele continuou seu trabalho com olhar concentrado e cuidadoso, até encaixar a toalha entre as minhas nádegas. Sem poder fazer nada, me reclinei e me forcei a relaxar e deixar que ele terminasse seu trabalho eficiente e delicado. Eu até mudei meu peso de lugar para facilitar o acesso dele ao meu cuzinho ferido, e então, notei uma mancha vermelha no lençol debaixo de mim. Com passadas longas e vagarosas ele insinuava a toalha entre as preguinhas com a ponta dos dedos.
- Não se preocupe. Vai ficar tudo bem. – me acalmou com seu tom de voz decidido.
Senti os cantos da minha boca se curvarem num sorriso, me sentindo ao mesmo tempo aliviado, impressionado e protegido, mas jovem demais para ter noção da importância daquele gesto. Quando me sentei só quis abraçá-lo e beijei-o seguidamente no pescoço abaixo do queixo, sentindo sua barba dura espetar meus lábios e o prazer que aquilo lhe causava.
Perdemos a hora na manhã seguinte. Acordei assustado com o peso dele nas minhas costas e um de seus braços me agarrando pela cintura. Ainda estava nu. Alguém batia ruidosamente com os nós dos dedos na porta do bangalô. Fiz um esforço para me livrar do peso do Roberto, rapidamente coloquei um short e fui abrir a porta.
- Você está atrasado. O barco está pronto e todos estão em seus barcos prontos para partirmos. – disse o João, espreitando por entre a fresta da porta que eu segurava firmemente entreaberta atrás de mim.
- Não me dei conta de já estar tão tarde. Acho que perdi a hora! – exclamei sonolento.
- Não é tarde, ficamos de sair mais cedo hoje, pois o local da pescaria é mais distante que o de ontem. Apresse-se que dá tempo! – retrucou, sem se demover da ideia de bisbilhotar o interior do bangalô.
- Creio de não vou. Estou um pouco indisposto. Peça desculpas ao pessoal por mim. – disse finalmente, tentando abreviar aquela situação embaraçosa.
- Precisa de alguma coisa? Quer que eu te faça companhia? – continuou solicito e, ainda mais desconfiado de que eu escondia alguma coisa e, principalmente, alguém.
- Não obrigado! Vou voltar para a cama, talvez dentro de algumas horas já esteja melhor. – respondi.
Quando consegui me desvencilhar dele, trancar a porta e voltar para o quarto, o Roberto já havia acordado e me lançava um riso malicioso.
- É seu outro pretendente? Tem garra o rapaz, não desiste facilmente! – disse, me estendendo os braços para que eu o fosse acarinhar.
- Que ideia absurda é essa? Não tenho pretendentes. – respondi com cara de zangado, o que o fez se divertir ainda mais com a situação.
- É bom mesmo. Depois de ontem você tem dono. E, que não gosta de dividir nada com ninguém! – concluiu, antes de me apertar contra seu peito e me beijar sem pressa, com a malevolência e voracidade de um conquistador.
Deixamos o bangalô próximo da hora do almoço. A ausência dos demais hóspedes fez com que o restaurante parecesse maior. Mesmo assim, fomos atendidos com a cordialidade de sempre. Meu apetite havia redobrado e achei que a comida estava mais gostosa que de costume. O Roberto devorou praticamente sozinho um grande tucunaré assado e, zombeteiro, disse que precisava repor as energias.
No dia seguinte voltamos a nos juntar as pescarias em companhia dos outros hóspedes e, embora o Roberto passasse a dormir no meu bangalô todas as noites, deixando seus companheiros curiosos até contar-lhes o motivo dessa mudança, o que me deixou muito embaraçado num primeiro momento, ele próprio agiu naturalmente, como se ninguém estivesse em condições de questionar seu comportamento. Eu o admirei ainda mais por isso. Gostava como ele se mostrava convicto em suas escolhas, e me sentia seguro a seu lado.
- Não devo explicações dos meus atos a quem quer que seja. Eles são amigos que conheci através de um primo, que desta vez não nos acompanhou. E, aposto que se soubessem, como é gostoso meter num cuzinho como o seu não se contentariam apenas com mulheres. – disse me olhando com a certeza de quem sabe fazer boas escolhas.
No dia da nossa partida perguntei diversas vezes pelo João. Vira-o raras vezes nos últimos dias, e nosso contato se restringiu apenas a cumprimentos de bom dia, olá e boa noite. Ele estava visivelmente zangado comigo e eu não quis que ele guardasse essa impressão a meu respeito. Afinal, havia sido uma excelente companhia. Fui encontrá-lo sentado numa extremidade do píer, acompanhado dos dois weimaraners que o seguiam por todos os cantos, com o olhar perdido no horizonte e os pés mergulhados no rio.
- Finalmente o encontro! Achei que estivesse fugindo de mim. Vim me despedir, o comboio sai em meia hora. Queria agradecer sua hospitalidade e sua companhia. – disparei com um sorriso amistoso.
- Boa viagem! Espero que tenha gostado da sua estadia. – retrucou, não se voltando para mim e, com uma expressão que ele queria tentar fazer distante e fria.
- Adorei! Foi uma experiência ímpar, e devo muito disso a você. Obrigadão! – continuei, pousando levemente a mão em seu ombro.
- Tenho a certeza que tive pouco haver com o prazer que você teve aqui. – resmungou baixinho.
- Sinto que você está zangado, e não gostaria que você ficasse magoado comigo. Você é um cara incrível, é capaz de fazer qualquer pessoa se apaixonar por você, e principalmente, satisfazê-la completamente. Mas, você sabe que esse dia chegaria e eu teria que voltar para minha casa, meu trabalho, minha vida rotineira. – afirmei, focando na saliência alongada que acompanhava sua coxa esquerda sob a bermuda. Dando a entender que sabia de suas expectativas quanto a mim.
- Pena que outro tenha levado o troféu! – exclamou desconsolado.
- Não diga isso. Nem sei se vou voltar a ver o Roberto depois que sair daqui, apesar de morarmos na mesma cidade. Vem cá, me dá um abraço! – convidei solícito, abrindo meus braços num gesto reconciliador.
- OK! Cuide-se. Foi bom conhecer você! – respondeu levantando-se e, me apertando em seus braços, que subitamente me pareceram mais viris, e disfarçadamente me dando um beijo no canto da boca, após olhar ao redor se certificando de não estarmos sendo observados.
- Você também! E obrigado, mais uma vez! – concluí, sentindo sua mão agarrar e apertar minha nádega, e constatando que sua verga enrijecia embaixo da bermuda.
Na primeira happy hour das sextas-feiras, após meu regresso ao trabalho, o assunto dominante ainda era a minha cara de satisfação depois daquela pescaria. Embora eu já houvesse explicado uma centena de vezes que o fato de conseguido pescar e, especialmente, de ter conseguido capturar o maior peixe do grupo era a razão da minha alegria, restavam perguntas e comentários afirmando que algo mais devia ter acontecido nestas férias. E, as tentativas de arrancar a verdade não paravam. A imaginação fértil dos colegas de trabalho fazia surgir as mais estapafúrdias suposições. Entre uma e outra das minhas negativas a cada suposição verbalizada, senti alguém colocando a mão sobre meu ombro e uma expressão de curiosidade se moldar na cara de cada um na mesa.
- Olá! Você me disse que costumava frequentar esse barzinho às sextas-feiras na happy hour com os amigos, resolvi conferir! – disse a voz grave que eu reconheci imediatamente e, que fez um arrepio percorrer minha espinha.
- Oi! Que surpresa boa. Jamais imaginei encontrá-lo aqui. – saudei com contido entusiasmo, o coração palpitando no peito e uma alegria quase eufórica.
-Este é o Roberto. Um amigo que fiz durante as férias. – disse enrubescendo, e encarando os rostos maliciosos que nos fitavam perplexos.
Desde então não deixamos mais de nos encontrar, cada vez mais assiduamente. Esta tarde, depois de almoçarmos num badalado restaurante e darmos umas voltas sem rumo pela cidade, viemos parar na casa do Roberto e, diferentemente das outras vezes em que cheguei aqui, hoje havia uma faixa sobre a porta de entrada com os dizeres BEM-VINDO escritos em negrito e ladeados por uma estampa com o rosto do Roberto e a cara brejeira de seu boxer com a língua de fora.
- Quem você está esperando? Vai haver alguma festa? – perguntei, sem compreender o significado daquilo.
- Estou esperando você! Se aceitar morar comigo meu coração vai estar em festa todos os dias da minha vida! – exclamou, com aquele sorriso cauteloso que acentuava a covinha do seu queixo e o olhar iluminado.
As lágrimas rolaram pelo meu rosto antes de eu conseguir vencer o trajeto de dois passos que me separava dele, e envolvê-lo num abraço amoroso e um beijo sôfrego.


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Comentários


foto perfil usuario mamadorcentrorj

mamadorcentrorj Comentou em 11/09/2018

Nossa, pena que não existam "Roberto's" na vida real!! :-( Seus contos são fantásticos e com a pitada certa de romantismo, que me faz viajar e querer estar no lugar do personagem.

foto perfil usuario papapica

papapica Comentou em 25/05/2014

Perfeito!




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Ficha do conto

Foto Perfil kherr
kherr

Nome do conto:
Macho fisga cuzinho durante pescaria

Codigo do conto:
46993

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
13/05/2014

Quant.de Votos:
21

Quant.de Fotos:
0