O Segurança da Sala de Bate Papo A proximidade do final das estações sempre despertava uma espécie de expectativa na personalidade do Paulo. Talvez até se pudesse chamar isso de ansiedade, ora positiva e, ora nem tanto. Com a eminência do término do verão esse sentimento estava particularmente exacerbado nestas últimas semanas, e ganhara uma aura um pouco melancólica. Mas desta vez ele não atribuía essa sensação tão somente ao final do verão, e sim, a sua chegada a terceira década de vida. Mergulhado em si mesmo, dispensou a companhia dos amigos e dos programas habituais naquela sexta-feira, de uma semana particularmente exaustiva no trabalho. Já era tarde quando Paulo se conectou a Internet e abriu sua caixa de mensagens, a qual não visitara há dois dias. Descartou a maioria delas, respondeu laconicamente as outras, e fez uma busca rápida sobre um tema que surgira casualmente durante uma reunião no trabalho. Estava se preparando para desligar o computador quando lhe ocorreu entrar num site de bate-papo. Não tinha o hábito de fazê-lo. Até tinha uma opinião controversa quanto ao assunto, especialmente naquele que acabara de acessar, mas achou que era cedo para ir dormir. Disposto a fazer uma concessão às suas convicções, adentrou uma sala de sexo destinada a homossexuais, característica de sua personalidade que ele vinha aceitando com mais naturalidade e menos conflitos de uns tempos para cá. Embora ainda se sentisse pouco à vontade quando via um estereótipo clássico do viado que desmunhecava, andava como uma libélula saltitante e gania feito uma gata no cio. Achava aquilo deplorável e se comportava segundo os padrões que seu sexo determinava, por julgar que nunca seria uma mulher de verdade e, portanto, não se justificava comporta-se como uma. Embora desde a adolescência, nunca mais um homem de figura máscula e viril lhe passasse despercebido. Sentia uma atração por eles, que não se limitava apenas ao aspecto físico, mas que lhe despertava emoções mais profundas e consistentes. Ele tinha a certeza que poderia vir a amar outro homem, sem que isso lhe atormentasse a consciência. Não valia à pena impor tarefas a seus neurônios àquela hora da noite a procura de um pseudônimo que transmitisse suas intenções, mesmo por que ele não tinha nenhuma. Queria apenas se distrair um pouco antes do sono chegar. Na tela reluziam verdadeiras pérolas. Os pseudônimos pareciam rótulos de gôndolas de supermercado, ou especificações de produtos em vitrines, ‘PassivoSafado’, ‘Virgem35’, ‘GarotinhoLiso’ e ‘ChupadordePau’ se contrapunham a ‘NegãoFudedor’, ‘MachãoPintudo’, MalhadoAtivo’ e ‘SaradoPauGrosso’. Definitivamente ele não se achava um produto, e não se classificaria como um, por isso um simples ‘PauloSP’ seria o suficiente. Ainda estaria no anonimato, mas estaria sendo ele mesmo. Assim que entrou na sala de bate-papo começaram a pipocar as abordagens, algumas diretas – ‘Quero te fuder’, e outras que nitidamente rondavam para se certificar das possibilidades – ‘Como você é, idade?’, ‘Ativo ou Passivo?’. Isso jamais pode dar certo, pensava enquanto respondia as abordagens; as pessoas estão tentando encontrar um produto, e não uma pessoa, remoía em seu íntimo. Depois de ter respondido sumariamente àqueles títulos bizarros, percebeu que alguns logo desistiram, por certo não era o que queriam, enquanto outros teclavam por mais tempo, sem que algo mais concreto se materializasse. Era definitivamente uma perda de tempo, e o sono veio muito antes do que ele previra. Estava para desligar o computador quando um ‘Homem37’ começou a teclar frases curtas, criativas, sem apelo e que não deixavam transparecer nenhuma urgência imediata de sexo a qualquer custo. A troca de pontos de vista e opiniões se intensificou na meia hora seguinte, levando consigo aqueles sinais de sono. Paulo agora estava bastante acordado e se interessava pelo que vinha do outro lado da tela. Era raro ele conversar com um desconhecido com tanta descontração, mesmo que pessoalmente. Não conversaram sobre nada de importância, ou que os comprometesse de alguma forma, eram assuntos triviais que, no entanto, se configuravam num colóquio suficientemente loquaz que fez as horas passarem levando consigo qualquer resquício de sono. Paulo descobriu que seu interlocutor vinha de uma cidadezinha do interior paulista, que ele próprio tivera oportunidade de conhecer; trabalhara como tratorista numa usina de cana de açúcar antes de se mudar para a capital. Agora era segurança numa empresa que prestava serviços na área de tecnologia da informação e, como trabalhava no turno da noite, amenizava as horas em claro nas salas de bate papo. Disse que se chamava Ramiro, o que de fato, não fazia nenhuma diferença para Paulo, uma vez que ele sabia, naquele ambiente, não faltarem inverdades e perfis muito distantes da realidade. Algumas sentenças tecladas vinham com palavras digitadas incorretamente, mas algo tão sutil, que só foi percebido depois de um bom tempo de conversa. Tratava-se, obviamente, de alguém com uma história de vida muito diversa da dele, mas nem por isso menos fértil de passagens, às quais ele dava uma conotação hilária, fazendo com que, de quando em quando, Paulo se visse rindo na solidão da madrugada. Paulo deu poucas informações de si próprio, mas se comprometeu em não mentir. Quando algum questionamento tomava ares de invadir sua privacidade, tratou de desconversar. E, se porventura, o outro insistia, ele cortesmente dizia que aquilo não era assunto para teclar na Internet. O que Ramiro dizia compreender e, com bom humor, dar novo rumo à conversa. Por fim, ele resolveu encerrar a troca de frases, sem deixar de prometer que voltaria a se conectar na noite seguinte com o mesmo pseudônimo, o que parece, deixou seu interlocutor satisfeito. E assim, honrando sua promessa, ambos voltaram a conversar nas noites que se seguiram. As conversas foram se tornando mais picantes, sem se transformarem em algo vulgar, mas instigando a curiosidade de um pelo outro. - Podemos conversar por telefone? – disse Ramiro, numa madrugada quase três semanas mais tarde. - Não acho conveniente. – respondeu Paulo abruptamente. - Quer dizer que você não tem a menor intenção de me conhecer pessoalmente, e vai me descartar daqui a um tempo! – concluiu Ramiro, com nítida frustração nas palavras. - Não é isso. Você sabe que é complicado trocar informações nestas salas. – retorquiu Paulo, temeroso de se ver envolvido numa situação embaraçosa. - Então anote aí, 3887-...... , e deixe de ser cagão, me ligue, estou te esperando! – exclamou Ramiro, mais confiante em si mesmo, talvez pela própria história de vida. - Esse número é da empresa onde você trabalha? Não vai haver problema eu ligar em plena madrugada? – titubeou Paulo, ainda cheio de receios. - Estou sozinho aqui, ninguém vai nos atrapalhar. Deixe de ser bundão! – ameaçou Ramiro, rindo da insegurança de Paulo. Ele pensou e pesou os prós e os contras que aquela atitude poderia acarretar, sempre mais racional do que espontâneo, mesmo sabendo que, era esse comportamento, que o fizera chegar aos trinta anos, quase incólume. Talvez fosse o momento de mudar, quem sabe sua vida também não se tornasse mais interessante, indagou aos seus próprios pensamentos. - Alô! Ramiro? – conseguiu dizer com a voz cautelosa. - Oi! Que bom que criou coragem. Estava louco para ouvir sua voz. – disse Ramiro, perceptivelmente contente com a ligação. - Pois é, criei! Tudo bem com você? – continuou Paulo, sem saber que rumo dar aquela conversa. - Muito melhor agora. Sua voz é linda, tomara que você seja tão bonito quanto ela. – elogiou lisonjeiro. - Não foi para levar uma cantada que eu liguei. – disse Paulo, intimamente contente com aquela abordagem. - Ah, não foi! Para que você ligou então? Para falar do tempo? – indagou Ramiro, rindo-se daquela timidez toda. - Bem, liguei para ouvir sua voz. – respondeu Paulo. - E gostou dela? Sabe que sou tarado por caras tímidos! – provocou Ramiro. - Imagino! Era isso que você estava caçando nas salas? – perguntou Paulo. - Estava caçando você! E, olha que demorou, para você entrar na minha armadilha, agora só falta cair nos meus braços! – disse Ramiro em êxtase, sentindo uma comichão na cabeça do caralho, que o obrigou a manipular o cacete dentro da calça. - Você está me saindo um tarado de primeira! – disse Paulo, agora mais relaxado, e deixando as palavras ditarem a sequência das frases. Aquele primeiro bate papo mais vívido durou horas. A luminosidade opaca do alvorecer trespassava as venezianas no quarto do Paulo, quando ele desligou o telefone, tomado de uma inquietude que inundava seu corpo seminu estendido sobre a cama. Foi fácil adormecer com a cabeça fervilhando no imaginário de como seria aquele Ramiro. Um sujeito que já não lhe era indiferente, embora nunca o tivesse visto, mas que aguçava seus sentidos e sua curiosidade. Começou então uma nova fase. Agora se falavam todas as noites até alta madrugada, isso dava novo alento a solidão do Ramiro, trancafiado entre aquelas paredes austeras que compunham seu ambiente de trabalho, e fizeram surgir um novo Paulo, sonolento, que os colegas de trabalho passaram a zoar devido ao fato dele estar parecendo flutuar nas nuvens. - São sintomas de paixonite! – disse uma colega, durante o almoço no restaurante, quando Paulo nem percebeu que o garçom lhe questionara pela quarta vez sobre seu pedido. Só voltando à realidade quando todos à mesa caíram num riso descontrolado. O sábado havia sido magnífico. Logo cedo os raios de sol lá fora começaram a dar contorno à mobília e aos objetos distribuídos em seu quarto, através de faixas luminosas que penetravam pelo postigo. Paulo se espreguiçou entre os lençóis e coçou os olhos antes de virar a cabeça em direção ao relógio na cabeceira a seu lado. Eram nove e trinta. Talvez uma caminhada pelas ruas arborizadas do bairro, em companhia de seu labrador, fizesse bem a ambos, pensou. Desceu e foi até a cozinha preparar um café, enquanto soltava o cachorro no quintal entre saltos e lambidas de alegria. Durante o passeio recebeu a ligação de uma amiga, convocando-o, sem desculpas, como ela fez questão de frisar, para um barzinho temático, lá pelas onze horas, com toda a galera. - Você passa aqui em casa. Eu e a Giovana estamos te esperando. Ainda não andei no seu carro novo e estou doida para testá-lo! – disse a amiga, com a empolgação de uma adolescente. - Só se você me encontrar no shopping. Tenho que comprar umas camisas e, a opinião de uma mulher em certas horas pode ser bem-vinda. – proclamou Paulo, zombando das convicções feministas da amiga. - Mesmo por que nós temos muito bom gosto! – retorquiu ela, desdenhando. - Há controvérsias! Em matéria de homens, vocês são um desastre! Basta ter calças que vocês já caem matando! – provocou impiedoso. - Na falta deles no mercado você queria o que? – respondeu ela, rindo-se da própria situação. Trato feito, trato cumprido. Embora ele estivesse cansado das noites mal dormidas e da carga excepcionalmente estafante no trabalho, levou as amigas ao barzinho onde se encontraram com o restante da galera. No entanto, ponderou que, se tivesse juízo, teria ido dormir cedo e colocado o sono em dia. Estar com aqueles amigos o deixava feliz, então deixou as preocupações de lado e tratou de aproveitar a companhia deles. Voltou tarde para casa, deixou o cachorro explorar o quintal por alguns instantes, quando o telefone começou a tocar. Ele já sabia de quem se tratava, só uma pessoa estaria acordada àquela hora da madrugada, e ansioso para conversar, Ramiro. - Pelo visto a gandaia foi boa! Isso são horas de chegar em casa? – a voz inconfundível do Ramiro trovejou do outro lado. - Desde quando o senhor está autorizado a controlar meus passos? – perguntou Paulo, com sarcasmo na voz sonolenta. - Estou com saudades! Liguei algumas vezes antes de você atender. – contornou, em tom carinhoso e conciliador. - Fui encontrar uns amigos e esqueci da hora. – disse, ao mesmo tempo em que ia se arrependendo de dar explicações de seus atos a um estranho, mas as palavras já haviam saído de sua boca. - Queria tê-lo ao meu lado neste momento. Há dias que não penso noutra coisa. – confessou de sopetão. - Você está tão meloso hoje, o que aconteceu? – estranhou Paulo - Nada em especial. Estamos conversando quase todas as noites há mais de dois meses e, eu acho que está na hora de nos conhecermos pessoalmente. Vem me ver? – ousou sem meias palavras. - Aí? No seu local de trabalho? Você ficou maluco? – questionou Paulo, espantado com a ousadia do Ramiro. - Sim, aqui. Estou sozinho, ninguém vem aqui a estas horas. Você só precisa passar pelo porteiro do edifício, que já está acostumado com um ou outro funcionário vindo de madrugada para dar suporte a algum cliente, quando os computadores travam ou algum problema afeta o sistema. – completou com a naturalidade de quem estava acostumado a transgredir. - É arriscado. Se alguém nos pega aí, que explicação vou dar? – retorquiu, cogitando na possibilidade de aceitar o convite. - Você é sempre tão medroso? Ou é uma desculpa para não me conhecer? – arriscou o outro, depois de perceber na voz do Paulo a possibilidade de ceder aos impulsos que lhe instigavam a curiosidade. - Não sou medroso! Sou sensato, é diferente. – retrucou num muxoxo. - Pois parece um bundão! Um menininho mimado. – provocou Ramiro. - Não sou um bundão. Tenho um bundão! – retorquiu numa risada sensual. - Ah! Safado, você só fala isso porque está longe do meu alcance. Caso contrário, eu ia te mostrar o que é que eu faço com um bundão gostoso. – sussurrou provocativo. - Vai se assanhando, vai. Propaganda enganosa é crime! – debochou em meio a um sorriso tentador. - Vai continuar enrolando ou vai aparecer aqui? – questionou peremptoriamente. - Vou! – disse em tom firme. Embora sentisse uma palpitação ganhando força em seu peito. - Estou te esperando. Mas agora, não adianta inventar desculpas. – retrucou Ramiro, deixando a euforia dominar-lhe os anseios. Depois de uma ducha que tanto serviu para revigorá-lo como para lhe dar tempo para pensar sobre a loucura que estava prestes a cometer e, de posse do endereço, saiu dirigindo pela noite de céu límpido e luar crescente. Precisou reunir todas as suas forças para encarar o porteiro e perguntar pelo Ramiro. A presteza e a cordialidade profissional do porteiro fizeram-no perceber que estava se preocupando em demasia. Ele fez questão de acompanhá-lo até o hall dos elevadores, onde a iluminação esparsa permitia distinguir a decoração suntuosa, e apertar o botão luminoso que se destacava no painel metálico. Segundos depois ele viu a porta do elevador se abrir no vigésimo quinto andar. Um sujeito enorme, com pelo menos 1,90 de altura e quase outro tanto de largura o esperava com um sorriso maroto, de dentes muito alvos, que se destacavam na pele curtida pelo sol. - Ramiro? – balbuciou inseguro. Suas mãos estavam molhadas e frias, e o ar parecia não querer entrar em seus pulmões. - Paulo? – retrucou o sujeito, não menos apreensivo diante da beleza daquele homem bem cuidado, cujos olhos azulados não conseguiam se desviar dele. - Oi! Tudo bem? Puxa, você é grandão. – Paulo conseguiu dizer depois de uns minutos embaraçosos. - Você é tão alto quanto eu, e lindo! – disse Ramiro, satisfeito com o que seus olhos viam e com a timidez cativante do recém-chegado. - Mas estou longe de ter essa montanha de músculos. – brincou, tentando disfarçar o nervosismo com aquela situação bizarra. Foram até uma sala ampla, que provavelmente servia para reuniões, grandes placas de vidro iam do teto ao chão numa das paredes, e deixavam entrar o contorno dos edifícios enfileirados ao longo das ruas ao redor. A vista alcançava uma área moderna da cidade. Ao longo do rio poluído, que àquela hora refletia os edifícios iluminados, se perfilando por duas avenidas largas, uma num sentido e outra em sentido contrário, por onde corriam fachos de luzes dos carros que ainda circulavam pela madrugada. Ramiro apoiou uma das pernas sobre a mesa, enquanto Paulo se sentou na cadeira que lhe fora colocada próxima das janelas. A única luz que banhava a sala era a que vinha de fora, mas eles podiam se contemplar naquele lusco-fusco. Paulo tinha as feições bem estruturadas, um nariz levemente arrebitado e uma boca pequena, mas sensual. Embora esguio, não era magro, e seus cabelos de um castanho claro brilhavam com a luminosidade que entrava pelas vidraças. Quando caminhou na frente do segurança, dos elevadores até a sala, este não desviou o olhar daquela bunda carnuda, que se parecia como se duas bolas de vôlei fossem comprimidas uma contra a outra, deixando entre elas um sulco profundo e misterioso, e das longas coxas que se moviam numa cadencia provocante e libidinosa. Ramiro tinha um rosto anguloso, que o cabelo muito curto realçava ainda mais. Seu andar era pesado, mantinha suas coxas grossas bastante abertas, como se estivesse marchando. Ele não usava uniforme. Dentro de um jeans apertado e uma camisa de mangas curtas, estufadas pelos bíceps musculosos, mal se escondiam seus 110 kg. Próximo ao colarinho e aos dois primeiros botões desabotoados da camisa emergiam grossos pelos negros e reluzentes, assim como nos braços roliços. A impressão que se tinha era a de que as roupas estavam pelo menos dois números menores do que aquele corpo exigia. Mas ele se movia com uma agilidade felina e máscula. Ambos sentiram o tesão se apoderando de seus sentidos enquanto trocavam, mais olhares do que palavras soltas e triviais. A sala estava quente, mantinha um odor característico de um ambiente ocupado por mais de uma pessoa, quando não se estabelece um cheiro pessoal, obrigando Paulo a se levantar e procurar por um canto mais fresco. Postou-se então diante dos janelões e apreciou a vista, ficando de costas para Ramiro. Ele admirou calado a silhueta perfumada do Paulo, a bunda polpuda indecentemente sensual e, as grossas coxas delineadas pelo jeans apertado que começaram a provocar movimentos involuntários em seu cacete avantajado, do qual a mulher, cuja existência Paulo ignoraria durante os próximos meses, se lamuriava mesmo depois de ter parido cinco filhos e ter sua buceta trespassada por aquela jeba descomunal inúmeras vezes. - Curioso como desta altura a cidade nos parece tão quieta e tranquila, ao contrário dos sons caóticos das ruas lá embaixo. As luzes das janelas dos prédios, mais parecem cristais engastados. Nunca havia visto a cidade por esta perspectiva. É um cenário deslumbrante! – exclamou Paulo, diante da beleza do skyline. - E põem deslumbrante nisso! – revidou Ramiro, sem sequer olhar para o horizonte, apenas para a silhueta parada a sua frente. - Não dá para falar sério com você. Eu ... – retorquiu Paulo, quando foi subitamente arrebatado pelos braços vorazes do Ramiro, e interrompido pelo beijo concupiscente que selou seus lábios. Ramiro apertou aquele corpo sedoso contra o seu com desmesurada força, sentindo sua sensualidade e, uma certa fragilidade, que o deixaram cheio de tesão. Ele era um homem rude. A força que empregava brutalizava seus movimentos. Não era intencional. Eram os resquícios de quem se criara na necessidade de realizar trabalhos braçais. Mas isso, ao que parece, não incomodou Paulo. Ele se sentiu refugiado e seguro naqueles braços, permitindo que sua boca fosse penetrada pela língua ávida do Ramiro. Os dois se beijaram demoradamente, suas silhuetas entrelaçadas na sala em penumbra. Foram se descobrindo no calor dos corpos, no cheiro da pele, e no sabor da saliva. Se conheceram mais profundamente do que por meio de quaisquer palavras que tivessem trocado, e se desejaram. O caralho do Ramiro mal cabia nas calças, inquietando-o num sufoco reprimido. Um impulso primitivo e selvagem percorreu a coluna do Paulo e assanhou seu cuzinho. Lentamente Ramiro fez com que Paulo se sentasse na cadeira que havia colocado em frente às janelas, e ficasse frente a frente com seu caralho avolumado e mal ajambrado sob o jeans. Desafivelou o cinto e abriu o zíper, fazendo a jeba saltar para fora e se empinar como um garanhão selvagem. A rola acompanhava o tamanho do dono na mesma proporcionalidade colossal. Era um cilindro vigorosamente grosso e reto, torneado com o mesmo aspecto bruto e poderoso do macho que carregava com inescrupuloso orgulho entre as grossas coxas peludas. Paulo se sentiu intimidado diante daquela verga indócil, mas o cheiro viril que ela emanava, e o melzinho que brotava do largo orifício uretral o seduziram, fazendo-o roçar seus lábios na glande saliente. O toque suave e morno da boca do Paulo fez com que a pica se distendesse por completo numa rigidez que o impedia de mover aquele mastro duro, para o prazer indescritível do Ramiro. Lambeu-o e sugou-o com esmerada meticulosidade e carinho, sorvendo o fluído viscoso que lhe era despejado na boca, enquanto brincava com as bolas consistentes que ingurgitavam o escroto massudo. A manipulação de sua genitália foi deixando o Ramiro com um tesão crescente, obrigando-o a um autocontrole torturante para não gozar naquela boca sedenta e acolhedora. Ele tirava o pinto da boca do Paulo tentando evitar uma ejaculação eminente, mas o desejo de ter seu membro envolto novamente por aquelas carícias úmidas, faziam-no recolocar o cacete, estocando-o até a garganta do parceiro submisso. A pica babava num tesão descontrolado e Paulo se sentia cada vez mais atraído pelo falo pródigo, voltando a abocanhá-lo e mordiscá-lo cada vez que este lhe escapava dos lábios famintos. Ramiro gemia de tesão e decidiu por fim àquela tortura que tolhia seus brios de macho, explodindo num gozo libertador jatos de porra que inundaram a boca do Paulo, que os engolia com desvelo e prazer, dirigindo seu olhar perscrutador para o rosto iluminado por um sorriso de satisfação realizada do Ramiro. Este ainda aparou com os dedos o esperma viscoso que circundava a boca lambuzada do Paulo, colocando-os entre seus lábios para serem chupados. Depois de lamber, e deixar o cacete limpinho, o hálito de porra fez com que Ramiro o beijasse com a sofreguidão voluptuosa de um amante que procurava alento para sua sanha hormonal. Sem dar tempo à tara que o movia, o caralhão não amoleceu e Ramiro debruçou Paulo sobre um dos cantos da mesa e arriou suas calças, expondo a alvura fresca das nádegas roliças, ao assanhamento de seus olhar predador. Abriu aquele reguinho sensual a procura do cuzinho rosado que se camuflava no seio daquelas nádegas tenras e mornas, cuja pele arrepiada, denunciava o desejo aflorado de ser degustada. Sentiu uma comichão se apoderando da cabeçorra da rola, num tesão incontido de metê-la naquelas preguinhas impolutas. Mordiscou e chupou as nádegas que ia amassando com a força de seus dedos tarados, antes de começar a lamber aquele cuzinho que lhe piscava tentador. A investida consistente e determinada daquele macho sobre seu introito anal, fizeram com que o Paulo gemesse como uma potranca no cio, enfunando o cacete que o cobiçava. Ramiro pincelou a jeba dentro do reguinho macio, sôfrego pelas preguinhas que guiariam seu membro pulsátil para aquela gruta de prazeres. Ao sentir o cuzinho do Paulo se contorcendo na iminência do coito, forçou a penetração de seu órgão glutão, dilacerando os esfíncteres que tentavam refrear aquela sanha desmanteladora. Um grito ecoou na amplitude da sala banhada pela luz tardia de um luar prateado, quando a pica se alojou entre as carnes trêmulas do Paulo. Ao sentir seu cacete firmemente agasalhado por aquela maciez servil, Ramiro deu vazão à sedenta necessidade lhe impunham os desejos de macho, atolando-o, em estocadas lentas, no sorvedouro que Paulo lhe entregava com afetuosa meiguice. Ao exercer a dominação varonil de que era dotado, deixou-se levar, sem bridas, pelos gemidos excitantes que Paulo emitia no ritmo das suas estocadas, até que ambos se sentissem tão fundidos, que um gozo simultâneo lhes permeasse o íntimo. Um tomado de espasmos que lhe retesavam os músculos, e o outro, despejando sua gala densa e cheirosa naquele casulo profícuo. A umidade que se alojou em seu cuzinho chegou a vazar, obrigando Paulo a travar suas coxas com a rola ainda rija cravada em suas entranhas. Foi então que ele teve a real dimensão daquele caralho, e da natureza indomada de seu desempenho, desejando que ele nunca se desalojasse dali. Contraiu seguidamente a musculatura da pélvis, massageando-o com a mucosa esfolada, o que prolongou o prazer de Ramiro. Quando se desvencilharam, a pica de Ramiro saiu com um movimento abrupto e gotejando esperma, fazendo Paulo dar um gritinho tímido, ao sentir suas preguinhas se distenderem para liberar a cabeçorra estufada. Ambos tinham a respiração acelerada e extenuada, mas por seus corpos circulava a seiva prazerosa do desejo realizado. Paulo suplicou por um banheiro para aplacar o que lhe escorria pelo cu arregaçado. E, tendo-o levado até lá, Ramiro assistiu extasiado os movimentos graciosos com que Paulo limpava seu reguinho esporrado e o filete de sangue que descia lento pela parte interna de uma das coxas. - Ai! Não precisava ser tão violento. – resmungou Paulo, vexado com o estado em que se encontrava. - Desculpe, não foi minha intenção te machucar. É que você foi tão receptivo e carinhoso, e meu tesão estava me matando, que não consegui me controlar. – disse Ramiro, sem sentir remorso pela atitude, pois em seu íntimo não acreditava que aquele homem refinado voltasse a se entregar à sua sanha, e queria ter a certeza de ter desfrutado ao máximo cada segundo que seu cacete foi arrefecido naquele oásis. Despediram-se com um demorado beijo. O corpo do Paulo ainda tremia quando Ramiro o segurou junto ao peito, e aquilo lhe deu a certeza de que se apoderara de alguém especial. Ao passar pelo porteiro, antes de deixar o edifício, Paulo caminhava com dificuldade e sentia a virilidade de Ramiro aderida em seu ser. O porteiro se despediu com um sorriso adulador e ficou admirando aquela bunda carnuda se mover cadenciadamente, num compasso que lhe instigou os genitais ociosos. Paulo mal havia saído da ducha, no recolhimento castiço de seu quarto, quando o telefone tocou. - Oi! Chegou bem em casa? – perguntou a voz grave do outro lado da linha. - Sim, cheguei. E que animação toda é essa? – retribuiu, passando a toalha suavemente sobre o reguinho traumatizado. - Estou de pau duro. Você precisava estar aqui para mais uma rodada. – disse, com um sorriso dengoso que Paulo apenas pode perceber. - Estou todo machucado. Acho que vou ficar uns três dias sem poder me sentar, seu cavalão! – protestou amuado. - Nunca senti um tesão tão forte, e quando você começou com aqueles gemidos e aquele dengo todo eu perdi a cabeça, ou melhor, meti a cabeça. – revidou malicioso. - Você podia ter maneirado, não estou acostumado a levar vara no cu, e muito menos sentir um cacetão desse tamanho dentro de mim. – continuou queixoso. - Foi isso que me deixou doido! Como pode um cara tão gostoso ter um cuzinho quase virginal? – inquiriu Ramiro, ciente da pouca experiência de Paulo. - Sou bastante seletivo. Acho que a entrega tem que valer à pena. – respondeu, com a sensatez que o levara a tanta precariedade nesse assunto. - E valeu? – perguntou curioso. - Muito! – respondeu Paulo, depois de uma pausa proposital. - Eu preciso repetir então! – proferiu Ramiro, em sua soberba máscula. - No momento só quero encostar a cabeça no travesseiro e me recuperar! – exclamou Paulo, com o recato que, sem saber, empinava o caralho do outro na solidão da sala onde extravasara sua libido. As conversas na madrugada continuaram e os encontros também. Estes aconteciam nas mais inusitadas circunstâncias e lugares. Ora no confinamento do carro do Paulo, ora no agito apressado de um banheiro de algum barzinho, e ora na vastidão glamorosa de uma cama de motel. Ramiro vivia um momento único em sua vida. Estava mais feliz do que no dia de seu casamento, mais feliz do que no dia em que segurou seu primeiro filho nos braços. Aquela relação representava a conquista mais cara de seus esforços. Sentia orgulho de si mesmo, de seu potencial, e isso o deixou cauteloso e preocupado. Cauteloso, por que sentia ciúme da vida que Paulo levava fora de seu controle. Preocupado, por que mentira ao dizer que era solteiro, livre e desimpedido. Paulo havia lhe dito que nunca se envolveria com um sujeito casado, pois achava desleal construir sua felicidade sobre o sofrimento de outrem, o que somava pontos a favor da retidão de seu caráter. Era preciso contar a verdade, mas o medo de perder o carinho de Paulo lhe inquietava e o sufocava. Chegou a brigar com a mulher que, de uns tempos para cá, resolvera implicar com tudo o que fazia e dizia. Haviam tido uma noite cheia. Ramiro mergulhara seu caralho no cuzinho de Paulo em tantas posições diferentes, que este já estava inchado e dolorido, embora Paulo continuasse mais e mais carinhoso entronando seu macho com a docilidade servil que simbolizava seu apreço. Enquanto Paulo mantinha sua cabeça sobre o peito peludo e, sua mão delicada na virilha de Ramiro, brincando com suas bolonas dentro do sacão peludo, e acariciando a pica amolecida que pendia sobre uma de suas coxas, o silêncio cumplice desses momentos, voltou a atormentar os pensamentos de Ramiro. - Preciso te contar uma coisa, mas estou com medo de te perder. – irrompeu num rompante de coragem. - Lá vem bomba! O que foi que você aprontou? – indagou Paulo, temeroso do que se escondia atrás aquele jeito taciturno do amante. - Sou casado! – proclamou de súbito. - Como assim? Você disse que era solteiro. – perguntou Paulo, surpreso com a revelação. - Menti. Não queria que você desistisse de mim antes de me conhecer pessoalmente. E, depois de você ter sido meu, eu tive medo de que você me abandonasse. – revelou inseguro. - E você achou que mentir seria a melhor maneira de conseguir o que queria? – perguntou Paulo, com um tom irritado na voz. - Pensei que você não fosse dar bola para um cara como eu, tão diferente de você. Que estivesse a fim de uma transa e depois me descartaria. – confessou tímido. - Vê-se que não me conhece! Eu nunca tentaria tirar proveito de alguém para depois descarta-lo! – protestou indignado. - Agora eu conheço, mas naquela época não. Fiquei inseguro e sei que errei, me perdoe, por favor! – suplicou Ramiro, com o coração constrito no peito. - Todos os momentos que estive com você, que curtimos juntos, foram roubados de alguém, da sua esposa que fica te esperando em casa sem saber por onde você anda. – disse Paulo, visivelmente magoado por estar fazendo mal a alguém que nem conhecia. - Você não está fazendo mal a ninguém, acredite. Nossa relação está por um fio há anos, mas foram aparecendo os filhos e fui adiando a decisão. – revelou Ramiro. - Filhos? Meu Deus, onde isso vai parar? Me sinto um crápula! – chocou-se Paulo, diante de mais essa novidade. - Sim, tenho cinco filhos. É por causa deles que não me separei. Ela foi engravidando justamente para não ouvir o que eu estou querendo dizer há tempos. – continuou Ramiro. - E você quer se separar, mas não para de enfiar esse caralhão na buceta dela, ou como você explica esses filhos? – vociferou Paulo - Eu sou de carne e osso. Uma mulher se esfregando em você pedindo para ser comida, não tem macho que resista. – declarou viril. - Isso por que você raciocina com esta cabeça, ao invés desta. – disse Paulo, apertando a cabeçorra do caralho que até então acariciava, e desferindo um tapinha na testa do Ramiro. - Ai!!! Isso dói! – protestou, enquanto levava a mão sobre a pica. Paulo deixou-o próximo a uma condução, recusando-se a leva-lo até onde sempre o deixava, nas cercanias da casa do Ramiro. Dirigiu em silêncio e não olhou para o lado, remoía a história que acabara de ouvir, e tudo que sentia no momento era uma raiva enorme a lhe atulhar as ideias. Ramiro permaneceu em silêncio, desde que viu Paulo se levantar da cama e se vestir apressadamente, para deixarem o motel e suas expectativas de mais folguedos sexuais. Sentia seus temores se concretizando, sentia que estava perdendo aquele que mais lhe dedicara cuidados e carinho na vida, e seus olhos se umedeceram na compaixão de si mesmo. - Tchau! – disse Paulo ao chegarem ao destino. - Vamos conversar. Não fique zangado comigo. Eu gosto de você e sinto que você sente o mesmo. Me perdoe! – implorou, segurando o braço do Paulo, na expectativa de não ser rechaçado. - Tchau Ramiro! Agora não, estou muito decepcionado. Não sei se vou te perdoar. – despediu-se, com a voz decidida e fria. Na noite seguinte Ramiro tentou ligar no horário habitual, procurando pelo perdão que lhe abreviaria a culpa, mas ninguém se dispôs a atender ao telefone. Continuou insistindo nas noites seguintes, e constatava desolado que a raiva ainda supria os sentimentos do Paulo. Pelo horário e pela insistência Paulo sabia de quem se tratava, e não havia se decidido com suas próprias convicções, que atitude tomar, por isso se recusava a atender ao telefone, pois sabia que a voz sedutora do outro lado tornaria tudo mais difícil. Um homem nem sempre consegue lidar com os fatos da vida com a mesma intempestuosidade dos instintos viris. É infinitamente mais fácil deflorar uma buceta, arregaçar um cuzinho, do que impor suas vontades aos outros. Isso é um fato. E todos somos mais ou menos preguiçosos em relação àquilo que mais trabalho nos vai dar, ou mais consequências nos vai acarretar. Esses pensamentos vinham amenizando o julgamento de Paulo sobre a atitude de Ramiro, e o tempo vinha amainando aquela raiva inicial, a ponto dele começar a sentir a falta que os braços musculosos e a boca sedenta do amante lhe faziam. - Oi! Puxa, até que enfim você me atende! – disse a voz cautelosa e saudosa do Ramiro. - O que você quer? – indagou secamente o Paulo sonolento que acordara com o toque do telefone. - Você! – devolveu meloso. - Não sei se estou a fim de ouvir suas mentiras e me deixar levar por elas. – declarou ressentido - Eu só menti nessa coisa, tudo o mais é verdade, juro! E só fiz isso por que queria você! – disse a voz chorosa, que já via as perspectivas de uma conciliação nas palavras meigas que delineavam o perdão almejado. - Vai ficar difícil acreditar em você de agora em diante! – enfatizou Paulo - Eu vou te conquistar de novo, você vai ver! Vou ser o macho que você quer e precisa! – prometeu triunfante, percebendo que o outro cedera, e seu bem precioso estava salvo. A conciliação se concretizou numa tarde ensolarada de domingo. Paulo foi buscá-lo no local de sempre e tomou a estrada sem rumo definido. Ramiro beijou-o com tesão e loucura quando entrou no carro, sem se importar com a bisbilhotice alheia, depois ficou passando a mão nas coxas que se insinuavam no jeans justo que ele trajava. Paulo lançava olhares furtivos, de soslaio, para a instigante fisionomia do companheiro enquanto dirigia. Desejava-o a despeito da relação concreta com a esposa, e via-se na posição de amante, a quem o destino reserva as delícias filtradas do amor. De um mirante desolado à beira da estrada ficaram aguardando o por do sol, que mergulhava entre a crista das montanhas ao redor. Começava a esfriar e Paulo sentiu a pele se arrepiando, encostou a cabeça no ombro de Ramiro e acariciou, por entre os botões da camisa, os pelos do peito que emanava ondas de calor. - Me chupa! – ordenou Ramiro, com a voz cálida de quem sabe ter seus anseios satisfeitos. Paulo abriu a braguilha e retirou o cacetão da calça. As veias começavam a se insuflar ao longo do trajeto sinuoso que desenhavam em torno da rola, empinando-a com a colaboração da boca macia que gulosamente se saciava do pré-gozo brotando da glande arroxeada. Ramiro se ajeitava sem jeito, seu corpanzil encurralado no banco, o tesão a instigá-lo, e a necessidade de foder aquele cuzinho idolatrado. Reclinou os bancos até que estavam quase deitados. Abriu a camisa do Paulo, e lambeu seus mamilos empinados, a doçura daquela pele o alucinava. Arrancou as calças e a cueca e abriu as pernas lisas que deixaram vulnerável o cuzinho guloso. Penetrou-o com volúpia insana. Ramiro sentia uma tara selvagem, obscena e primitiva por aquele corpo esguio e perfeito que se entregava submisso e acalentador às suas investidas e aos golpes dolorosos de seu cacete estocador, por aqueles olhos de um verde intenso que o fitavam com carinho e êxtase, em meio ao suplício que lhe rasgava as carnes. Aquilo mexeu com seus sentimentos e despertou nele a vontade de beijar aqueles lábios cujo contorno sensual deixava escapar gemidos lancinantes da cópula com seu membro descomunal. Paulo sentiu-o em suas entranhas, grande, indócil, bruto e quente. Ia anoitecendo enquanto os corpos engalfinhados se fundiam visceralmente. Mesclando seus fluídos através do beijo libertino e da porra que encharcava as entranhas laceradas. Ao longo dos dois anos seguintes a cumplicidade se alimentou de desejos satisfeitos, prazeres partilhados e ciúmes infundados. Paulo era um espírito solto, fiel, mas que precisava voar livre. Ramiro era controlador e estava longe de competir com os intencionados imaginários que ele criava, cujas posses, cultura e aparência sempre estavam acima de suas possibilidades. Não percebia que o carinho que Paulo lhe dedicava era único, embora soubesse que nem a mulher o acarinhava de maneira tão especial. Magoava-o com desconfianças, feria suas preguinhas para demarcar seu território, na tentativa de afastar supostos predadores. E, o outrora doce e prazenteiro campo de sabores libidinosos foi se transformando num suplício de dúvidas e, para Paulo, de cicatrizes físicas e morais. Era preciso acabar com aquilo. Paulo sabia que seria capaz de amar alguém que lhe desse não só a masculinidade cravada nas entranhas, mas o sentimento de cuidado e proteção que buscava num macho. Só então seus sentidos se abriram para o que o cercava, e foi percebendo que havia muitos sinais clamando por sua atenção, desejando amealhar todo aquele carinho que proliferava em sua pessoa. Um telefonema na madrugada bastou para encerrar aquela fase, mais fácil do que ele havia suposto. Foi um adeus pouco doloroso, apenas um sutil pesar. Nada havia sido em vão, ele aprendera a se descobrir. E estava pronto para uma entrega mais condizente com a realidade de seu status, não que isso fosse determinante, mas com certeza, menos conflitante.
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Esse personagem Paulo, é quase um travecão , desejando ser mulher...Bicha fresca é assim mesmo.
Gay de verdade não tem essas frescuras, desejos e anseios femininos.
Se eu achasse um Ramiro na vida, tava satisfeito e duvido que qualquer outro não tivesse.
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