Entrou na sala de aula. Olhares zombeteiros da turma metido a “machos” do fundão zoava com tudo e com todos. Ele, o estranho, não escapava a pilheria. Suspirou. Não ligou. Já estava acostumado a ser chamado de bichinha, veadinho, vadia. Apesar de não ser afeminado, mas todos naquela turma sabiam que ele era gay, não fazia questão de desmentir. Procurava ser o mais invisível possível. Só tinha medo da agressão. Sentou em sua carteira, sempre ficava ali, perto dele sentava outro colega. Este também fazia parte do grupo da “turma do fundão”, mas diferente um pouco dos outros rapazes, este, não implicava, tratava-o de forma um pouco mais humana. Naquele dia, iguais a tantos, a algazarra estava pior. O professor ministrava sua aula sem conseguir direito acalmar a agitação.
- Olha essa reunião, aí!
Nada acalmava aquela turma. Marcio, o garoto que entrara por último e permanecia sentado, temia pelo pior. Já estava se preparando para uma brincadeira de mau gosto qualquer. Olhou para o quadro, mas a concentração era difícil
- Ei! Me empresta uma lapiseira?
- Oi?
- Lapiseira. – dissera o colega do lado. – Me empresta, por favor.
Era tão raro aquele rapaz falar com ele e ainda mais pedir um favor. Emprestou. Olhou o colega, seu pescoço; um pescoço que pedia beijo, cheiro e fungadas. De todos os arruaceiros daquela turma inóspita, o colega do lado era o que ele, Marcio, sentia uma atração, mas não se empolgava. A voz do professor preenchia o espaço da sala. Balburdia. Risos e bolotinha de papel atravessando o ar. Marcio olhava aquele pescoço do colega, curvado sobre o caderno. Era um pescoço de macho. Imaginou-se percorrendo os lábios sobre o pescoço do rapaz e descendo todo aquele torso másculo, que possuía uma suavidade de pele clara e limpa, imaginava umas costas amplas, se contorcendo sob suas caricias e até chegar aquele par de nádegas, que deveria estar se rebolando sob o jugo prazeroso de sua boca. Tudo isto imaginava, perdido em sua imaginação. Era bom sonhar e seu pau por debaixo de suas calças, despertava e dava sinais de vida...
A campainha soou estridente e autoritária para trazer a realidade o aluno imaginativo.
Entre uma aula e outra a demora para começar outra aula, era uma espera terrível. Marcio não percebeu que um dos lideres da bagunça se aproximara de uma colega e escreveu algo em uma folha de caderno e fez uma alça com uma fita adesiva.
Aproximou-se de Marcio com um forte abraço e cinicamente...
- E aí Marcinho! Já fez muitas idas ao banheiro hoje? – colou a folha escrita na mochila que já estava às costas. – Baitolão!
- Cuida da tua vida. Palhaço! – dissera Marcio e logo em seguida sofria uma rasteira que levaria ao chão quase machucando o rosto.
A turma saiu às gargalhadas, no papel estava escrito: SOU BICHA.
Era a cruel brincadeira de achar que sempre haveria um aluno ou pessoas que seria vitima da zombaria e perseguição por uns estúpidos que sempre se considerariam superiores. O rapaz teve uma vontade enorme de chorar, mas engoliu a vontade, já que sempre se engole a goela abaixo a sobremesa que nem sempre era saborosa. Foi quando viu diante de si, uma mão que se estendia para ajudá-lo levantar. Era o colega a quem emprestara a lapiseira.
- Levanta aí. – ato contínuo, tirou a folha escrita e ajudou a levantar. Houve uma rápida troca de olhar entre susto, agradecimento e piedade.
- Obrigado – agradeceu quase baixo.
E o colega saiu. Com um andar meio marrento se juntou com os outros arruaceiros não sem antes de receber os protestos, por que retirara a folha escrita.
O turno de aula acabara. Marcio saiu da escola e a noite caia. Fria. Quase não havia pessoas na rua. Era melhor andar e fez, aquele trecho daquela grande escola e antiga era soturno, mas de repente, sentiu que alguém lhe chamava. Olhou para trás. Era o colega que o ajudara a levantar-se.
- E aí frutinha?
Marcio olhou com um divertido e debochado ar de riso.
- Que foi... Adam?
Adam. Este era o nome do boy de pescoço convidativo que lhe ajudara
- Vadia – insultou Adam – Viadinho.
Marcio olhou com espanto. Tinha uma suspeita com o colega agressivo.
- Que foi? Pirou? Me deixa em paz! Já não basta vocês fazerem da minha vida um inferno e agora vens tu?
- Eu vi você me olhando o tempo todo hoje. Ta brincando comigo, viadinho? – perguntou Adam segurando Marcio pela gola do casaco e sacudindo-o. Estava agressivo, seu corpo tremia com uma espécie de ódio contido, respirava pesado e quase encostando o rosto com rosto. Marcio olhava-o espantado.
- Você me viu olhando para você? Ok! Vai me dar porrada? Agora faz favor? Me solta.
Adam largou como se estivesse se dando conta da situação e largou o rapaz.
- Agora me presta atenção. - continuou Marcio ajeitando o pescoço e o capuz do casaco- Por que você não assume que tu: És gay. Eu sou gay e assumo! Sai do armário que é melhor. Conheço bem esse teu tipo encubado, machudo, mas quando tem uma oportunidade, na primeira de copa ta se agarrando com algum boyzinho no escuro.
- Me respeita viado. – disse o oponente de Marcio trincando os dentes. – Queres pegar porrada?
- Me respeite você! – respondeu Marcio se afastando apressado – Ah! Obrigado pela ajuda lá na sala – gritou de longe e seguiu seu caminho apressado. Sabia que poderia levar uma surra, pois fora muito ousado em desafiar um dos atletas da escola e, estava cansado de lidar todos os dias com o preconceito, o escárnio da sociedade lhe oprimia, mas ninguém iria lhe tirar o direito de ser quem era. Foi quando ouviu passos apressado atrás de si. O susto veio a lhe gelar a alma quando sentiu duas mãos abruptas a lhe agarrar novamente a gola do casaco e virar seu corpo. Então, assustado, viu um rapaz atlético, com rosto convulsionado de ódio, rancor, uma espécie de choro e corpo todo tremendo. Era Adam. E este mesmo Adam repentinamente lhe beijou. Um beijo agoniado, agressivo, vasculhador, não dando tempo de Marcio sequer atinar com o que estava acontecendo naquele instante. Então: aqueles dois jovens em frente à escola, rua deserta e iluminada apenas pela luz pálida dos postes elétricos se entregaram naquele beijo onde só dois homens podiam sentir e avaliar a libertação de seus desejos. Marcio sentia o ardor do outro a esquentar seu corpo. Adam exprimia naquele beijo voraz um choro agoniado, uma rendição que há tempos lhe corroia a alma, desejos por homem e aquele “moleque” franzino era o responsável.
- Pára! – balbuciava debilmente Marcio, coisa que nem ele mesmo queria e afagou seu nariz naquele pescoço acolhedor e másculo.
Afastaram-se momentaneamente se olhando com espanto para recuperar o fôlego.
- Vem – dissera Adam e quase arrastando Marcio.
- Meu Deus! O que é isso? Sou um rapaz de família! – tentou brincar o rapazinho do Marcio.
- Pára de frescura e vem!
E se esconderam entre umas arvores que existiam perto do grande gradil da escola. Alem de arbusto, as arvores faziam sombras de tal forma que quase nenhuma iluminação penetrava ali. E, encostado naquelas arvores. Marcio se encostou enquanto Adam masculamente jogava seu corpanzil sob o outro beijando longamente, se cheiravam e se descobriam mãos nervosas exploravam os corpos. As calças de ambos já tinham ganhado os arriamentos. A pica dura de Adam nas mãos de Marcio se fazia mostrar de tamanho grande, grosso, nenhum pêlo existia naquele órgão que empinava bem para cima de tanta excitação.
- Me chupa!...Vai! Engole toda essa piroca. – e sentiu uma boca macia e morna a dar-lhe beijos e engolir todos os seus colhões que eram grandes. As mãos de Marcio exploravam as grossas e lisas coxas masculinas a sua frente, não conseguia acreditar no que estava acontecendo ao pegar também naquela polpuda bunda. Era uma pele macia, sem nenhum tipo de pêlo. Apertava-os enquanto Adam olhava-o para baixo e vendo todo aquele movimento da boca do companheiro entrar e sair e parar bem na base do seu pênis. Era uma pica majestosa que Marcio chupava e quem nas melhores masturbações solitárias imaginou. Era o delírio. Uma mão esquerda de Adam puxava o cabelo do amigo agachado para que a pica fosse até o fundo da garganta e outra mão balançasse aquele nervo duro na cara do guloso.
- Isso, putinha! Chupa, vai! Chupa tudo, tudinho...
- Não me chama de putinha. Eu não gosto! Não sou fêmea de ninguém.
E levantou-se aborrecido suspendendo as calças para ir embora.
- Desculpa! Vai não. Fica. Foi só o modo de dizer. Fica!
E novamente se agarraram com desespero e de novo, aquela boca engoliu aquela “estrovenga” que parecia dançar ao ar de tão dura e “babona” que estava. Adam, suspendendo mais a camisa para que ficasse presa um pouco a mais a altura da cintura se encostou a arvore e ofereceu aquela suculenta bunda para que o companheirinho agachado ali, o chupasse. Marcio não podia ver todos os detalhes, pois que a claridade era quase nula, mas percebia que era uma bunda de macho como jamais tinha visto em todas as suas aventuras. Os jogos de papeis de ativos e passivos se invertiam. Adam se oferecia empinando sua bunda e entreabria com uma das mãos o seu “anel”. Empinava aquela suculência todo para que o outrozinho o chupasse e assim foi feito. Com a ponta da língua, deu rápidas lambidas e com ambas as mãos, pegou com vontade e arreganhou para que enfiasse o mais profundo que pudesse sua boca, língua e sugar tudo. Dava pequenas mordidas naquelas nádegas de pele meio clara e acetinadas, arrancava gemidos baixos de Adam que se contorcia tipo uma serpente, no caso em questão, era sua bunda que serpenteava na boca daquele magrelo colega de sala. Marcio não raciocinava mais, aquele cheiro de macho no cio lhe inebriava e sentia uma das mãos do rapaz a lhe pegar por trás da nuca e empurrar para mais perto aquela boca vasculhadora. Adam jamais sentira seu cu ser chupado, lambido e mordido daquela maneira. Era um prazer que incitava a fazer o que mais tinha vontade e em um sussurro rouco proferiu:
- Come meu cu... – gemia Adam batendo com uma das mãos naquela árvore perdida em vastos arbustos e o gradil de ferro naquela escola – come moleque!Antes que eu me arrependa e te trace.
E com uma cusparada naquele cuzinho sem pêlos, Marcio pegou o dedo indicador e meteu naquele buraco chamativo, conseguiu achar uma camisinha e encapou o seu pau que era de pele clara e esfolando a cabeça que era redonda e grande, destoando do resto da sua pica, cutuco o cu de Adam.
- Cospe mais e vai devagar – disse Adam – Vai.
E antes que qualquer coisa contrariasse a vontade de Adam, Marcio nervosamente introduziu sua pica naquela bunda grande de macho arrebitada. As sensações variadas corriam eletricamente em ambos; Adam sentia aquele membro fino, mas de cabeça rombuda a lhe destroçar todo o interior de seu corpo. Seu corpo correspondia com todos os poros da pele arrepiada e numa cadencia de corpos conjugada ambos se fundiam. O tão perseguido e “baitolinha” da sala que era Márcia, socava com certa violenta naquele corpo e acoplando por todo aquele corpanzil do parceiro atlético,Marcio atacou o pescoço de Adam que tanto lhe atraiam e afagou, aspirando um suave perfume daqueles cabelos meios castanho, não falavam, só gemiam e as mãos se apertavam. Não pensavam. Marcio movia sua cintura com rapidez para comer aquela bunda, o gozo se fazia imperioso, seu pau endurecia cada vez mais e batia uma ao mesmo tempo para o parceiro.
- Caralho porra!...Soca esse caralho que eu vou gozar com teu pau enfiado no meu cu!
Marcio tentou tapar a boca do colega para que não gritasse e nem se fizesse ouvir para o caso de algum transeunte passasse por ali. Mas o indomável rapaz não obedecia nenhum comando, tentava voltar à cabeça sempre para trás e passar umas das mãos por baixo para pegar naquela pica que entrava e saia destruindo o seu cuzinho quase virgem e finalmente com uma arremetida violenta, Marcio descarregou toda sua gala naquela bundinha...
- To gozando no teu cu! – gemia o rapazote do Marcio se estremecendo todo e arriando todo o seu corpo nas costa de Adam que acelerava na punheta e contraia toda sua musculatura da bunda no pau do parceirinho que ainda permanecia dura e dentro. Resfolegante, Marcio só ouvia e sentia aquele corpanzil de Adam se sacudir todo. Seu pau soltava jatos de gala na arvore e balbuciando frases desconexas como se fosse um choro, sua cabeça balançava para trás. – To gozando, viadinho... Olha só que tu me fizeste?To gozando. - e se encostou na arvore,exausto, respiração acelerada e ambos num abandono depois do orgasmos se recostaram no corpo de um e outro. Não havia nada falar e nem pensar, só esperar que o corpo de ambos voltasse à respiração normal, agacharam-se aos pés daquela se escondendo cada vez mais nos arbusto que circundavam. Marcio procurou dentro de sua mochila algo para se limparem e foi quando repentinamente viu Adam, encostado e agachado e desnudo da cintura para baixo se explodir num choro, onde seu peitoral arfava e lágrimas inudavam todo o seu rosto. Era um choro contido, um som estrangulado. Assustado com aquela atitude, Marcio aproximou-se com uma das mãos para perguntar o que havia, ou, quem sabe,teria machucado o parceiro, mas tudo que recebeu foi um safanão leve em sua mão em sinal para que não o tocassem.
- Sai - dissera - Me deixa em paz.
Depois. Tudo passou, o choro cessara. Adam levantou-se e limpando o rosto e sua bunda, se recompôs. Não se trocaram uma palavra, com cuidados e constrangidos, ambos saíram com cuidado e ganharam a rua. Nem um “foi legal” ou “não diz nada para ninguém”. Só o silencio. À noite, rua deserta e caminhos diferentes. Marcio ainda impactado com que tinha acabado de acontecer, pensou desgostoso na parada de ônibus que ainda lhe esperava para retornar ao seu lar.
E de repente ouviu:
- Te levo pra casa. To de carro.
CINCO ANOS DEPOIS
Depois daquele dia, nunca mais Marcio soubera de Adam. E numa tarde depois do expediente, entrou em um café. Formara-se, trabalhava, mas naquela hora resolveu entrar numa acolhedora cafeteria. Ambiente calmo e alguém gritara seu nome.
- Marcio!
Olhou para a direção da voz e viu com surpresa.
- Adam! – e sentou-se a mesa. E viu um homem radiante, com olhar feliz e seguro. Era agora um charmoso homem. – Eu não te vi mais depois que nos beijamos.
- Transamos – emendou Adam.
- Você saiu da escola – falou Marcio – Para onde você foi? Ou andou?
- Vamos dizer que tive de escapar das mentiras que eu estava vivendo. Troquei de escola e depois viajei. Fui estudar fora.
- Eu imaginei – respondeu Marcio e numa hesitação perguntou – Por que você chorou naquele dia? Eu sempre pensei nisto.
Adam tomou um gole de café e olhando um pouco sorridente lhe respondeu;
- Disfória-pós-sexo. Eu estava mal. Muito mal e você foi responsável em acionar a tecla da saída do armário. – num silencio onde ambos experimentavam a emoção de se reencontrarem depois de tantos anos. Ali estavam.
- Então? – disse Adam quebrando o silencio – Você quer marcar qualquer dia para sairmos e tomar um café? Que diz?
E num suave gesto, Marcio se aproximou com os seus dedos e entrelaçou com dedos de Adam e as mãos se apertaram.
- Eu não sei se você prestou atenção, Adam. Mas nós já estamos num café! – riram.
Acabaram ambos nus e abraçados na cobertura de um prédio onde Adam morava assistindo o cair da tarde sobre a cidade.