ATENÇÃO, A PARTIR DESSE CAPÍTULO VOLTA A SER NARRADO PELO PERSONAGEM MIGUEL.
Voltando àquele triste momento da minha vida, há mais de um ano, acordei no dia do meu aniversário de 19 anos em uma cama de hospital particular, um quarto só pra mim, o local era muito chique. No quarto tinha uma cama muito confortável, uma poltrona reclinável para o acompanhante, um armário, uma mesa baixa ao lado da cama e um banheiro. Com certeza minha família não estava pagando por aquilo.
André estava segurando minha mão. Assim que abri o olho ouvi meu irmão me chamando:
- Mi, Miguel. Olha pra mim. Você está bem? (Ouvir a voz dele me irritou profundamente.).
- Infelizmente estou vivo. (Minha voz quase não saia.).
- Não fala isso Mi por favor. Eu te amo tanto. Não posso te perder.
- Mas eu estando vivo ou morto você já me perdeu. Eu te odeio. Mesmo que eu nunca consiga morrer, eu nunca vou te perdoar. (Tentei levantar da cama, mas fiquei tonto.).
- Mas o que eu te fiz? A gente estava tão bem.
- A gente estava bem? Você estava me fazendo de idiota. (Tentei gritar, mas não consegui.).
- O que aconteceu? (André já estava chorando.).
- Eu ouvi sua conversa com aquele outro traíra. Em pensar que um dia eu já amei vocês. Vocês esconderam tudo de mim. Esconderam o namorico de vocês, esconderam a violência que sofri, me esconderam de mim. (Eu não tinha força pra falar.).
- Me perdoa! Por favor, me perdoa! Eu não queria... Achei que... Você mesmo apagou da sua memória, então... Tudo que eu mais queria era esquecer aquele homem... Não queria que você sofresse. (André chorava de soluçar.).
- Por favor me deixa em paz. Eu não confio em você.
Antes de André responder o médico entrou no quarto, já falando:
- Bom dia Miguel, bom dia André. Sou o doutor Daniel, o médico que vai acompanhar o caso. Como se sente? (Ele era jovem, não devia ter mais de 30 ou 35 anos, muito bonito.).
- Péssimo. (Respondi.).
- Sente alguma dor? (Doutor Daniel perguntou.).
- Só na alma.
- Vejo que está consciente. Vamos aos exames físicos. A consulta com a psicóloga é mais tarde. (Eu ainda teria psicóloga? Aquilo estava estranho, esses serviços não eram baratos.).
O médico começou a fazer uns testes em mim, testou praticamente todas as minhas funções, movimentos, reações, até me pediu pra comer a geleia e dizer o que sentia. Era um tratamento realmente VIP.
Antes dele sair ainda disse que eu faria alguns exames pra ver se tinha resíduo de alguma substância em meu organismo mesmo após a lavagem estomacal. E vários outros pra saber se algum órgão interno foi prejudicado.
Meu irmão ficou calado a maior parte da manhã, só me pedia desculpas uma vez ou outra. Mas eu olhava com raiva e ele abaixava a cabeça.
A manhã foi muito agitada, vários funcionários passaram pela sala, a maioria nem tinha o que fazer ali, só pareciam curiosos com minha reação, me fazendo perguntas sobre os motivos da minha tentativa de suicídio, até uma pessoa da limpeza me interrogou. Claro que eu não respondi ninguém, minha vida não era pública.
O almoço não foi horrível como imaginei, está até gostoso, com muitas opções. Na parte da tarde meus pais chegaram aos hospital junto de seu Carlos e Samuel. Mainha já foi logo me perguntando:
- Meu filho, o que te deu? Te falta alguma coisa? É só pedir que seu pai te dá. (Como sempre eles só pensavam no material.).
- O que me deu? A senhora bem sabe o que me deu! Aquele seu irmão que me deu, ou melhor, que me comeu. (Mainha começou a chorar muito nessa hora.).
- Não fale assim com sua mãe. Isso é coisa do passado. (Painho falou, brigando comigo.).
- Coisa do passado. O senhor acha que sou algum otário? Se fosse coisa do passado o senhor não pesaria que sou gay. Sexualidade não se trata apenas de sexo painho, sexualidade se trata de atração física e sentimental, se refere a quem eu desejo e não ao que eu desejo somente. Ser abusado não transforma ninguém em gay, ser gay é amar outro homem e não só querer foder.
- Eu estava zelando por seu nome seu ingrato, você não merece nada do que eu fiz por você desde o seu nascimento! (Meu pai se exaltou.).
- Calma Rui, não vale apena se estressar como o menino agora. Ele não está no seu juízo perfeito. (Seu Carlos falou, como se fosse o dono da razão.).
- E quem é você pra falar de juízo perfeito? (Perguntei revoltado.).
- Ele está pagando tudo isso aqui. Mais respeito com Seu Carlos.
- E com que dinheiro a gente vai pagar pra ele? Porque ele não vai me tudo isso aqui de presente de aniversário, ou vai? (O silêncio se instaurou no ambiente. Foi aí que percebi que havia algo errado no ar, mas fomos interrompidos pela presença da psicóloga).
- Com licença. Meu nome é Luciana, sou psicóloga do hospital. Eu posso conversar com meu paciente em particular? (Ela era linda, calma, agradável, falava sorrindo, mesmo com o clima bosta que estava no ar.).
- O menino não precisa de psicóloga. (Meu pai falou com raiva.).
- Olha Seu Rui, com todo respeito, eu nasci nessa cidade, então conheço toda história de vocês. Nunca achei certo vocês terem interrompido o tratamento de Miguel quando ele teve a Amnésia Dissociativa e esqueceu do que passou com o tio, porque pode até parecer bom na hora, mas era isso que estava fazendo o Miguel infeliz. Ele não lembrava conscientemente do ocorrido, porém seu subconsciente sabia de toda dor e isso o fez crescer triste e reprimido, sem interagir socialmente. O pior era que cérebro poderia trazer essas informações de volta a qualquer momento e a gente nunca sabe como a pessoa vai reagir a tanta informação que volta de vez. E Isso que aconteceu ontem com o Miguel. Eu te peço que me deixe fazer a coisa certa dessa vez. Deixa eu tratar do Miguel. Eu trabalho como professora do curso de psicologia e lá poderemos continuar o tratamento do Miguel de forma gratuita, só basta vocês quererem. Miguel já é maior de idade, mas se a família não apoiar o tratamento tudo se torna mais difícil pra ele.
- Tudo bem dotora. Mas que isso não saia dessa sala. Ninguém precisa saber que o menino tem problema de cabeça pra se consultar com médico de louco. (Meu pai falava ainda de forma preconceituosa.).
A conversa com a psicóloga foi breve, ela fez mais me ouvir que qualquer outra coisa. Mas falar foi bom, ter alguém que me ouviria sem me julgar foi muito bom. Marcamos consultas regulares em uma sala da faculdade, era nítido a empolgação dele em cuidar de mim e eu estava feliz com aquilo. Naquele primeiro encontro ainda não confiei nela o suficiente pra falar da parte sexual com meu irmão.
A noite o médico não quis me dar alta. Disse que eu precisava ficar em observação por um tempo. E alguém precisava passar a noite comigo. Meu irmão logo se ofereceu, eu não gostei, mas não tinha jeito. Painho precisava trabalhar e mainha estava muito abalada pra passar a noite me vigiando, porque eu me senti vigiado. Resolvi tirar algumas dúvidas com André aquela noite, já que não tinha jeito.
- André, já que você é o único que sabe de tudo, você pode tirar algumas dúvidas minhas? Mas respondendo somente o que eu perguntar, sem gracinhas.
- Certo. Vou tentar me comportar, mas ainda quero te explicar tudo uma hora e ter seu perdão. (Esse André submisso me irritava.).
- Aff! Quem me encontrou no bar? Quando eu estava desmaiando ouvi uma voz, mas não reconheci.
- Foi Beto, teu patrão. Ele também está internado aqui por causa dos problemas de saúde dele, por isso ele não veio te ver. Mas mandou vários recados de melhoras.
- Nunca entendi esses problemas dele. Mas ele é visivelmente triste, talvez tanto quanto eu. Outra coisa, como Seu Rui vai pagar Seu Carlos por isso aqui? É muito luxo André! Nem na nossa casa eu como a quantidade de frango que comi aqui hoje. Até pra você eles serviram almoço.
- Pois é, se não fosse a tua situação ia estar sendo bom ficar aqui. Essa poltrona é mais confortável que meu colchão.
- E essa cama então!
- Deixa eu deitar aí com você?
- Para de graça. Me fala qual foi o acordo de painho.
- Mi, ele disse que vai pagar da mesma forma de sempre, com muito trabalho e aos poucos.
- Estranho. Muito estranho. Ele vive devendo a Seu Carlos e não tem dinheiro pra colocar em casa, mas o pior é que quanto mais ele deve mais Seu Carlos confia nele e trata ele bem e mais coisas pra casa ele compra. (Nessa época a gente não sabia de nada, mas Seu Carlos é uma cobra cheia de veneno e que conseguia transferir todo esse veneno pra painho.).
- Eu que estou de perto lá no bar posso te dizer que esses dois tem um relacionamento estranho. Não sei se tu lembra, mas quem pagou o restante da dívida de painho com o banco foi Seu Carlos, depois que painho foi demito da fábrica por justa causa e perdeu até os direitos dos tempos que trabalhou, e painho paga essa dívida com ele até hoje. Se painho não fosse tão homofóbico ... (André não ousou terminar a frase, mas eu entendi.).
- Me responde só mais uma coisa: Algum dia você sentiu algo por mim? Ou foi somente pena? Foi somente coisa de irmão protetor? (Falei segurando as lágrimas.).
- Mi, eu te amo com todas as minhas forças, é um amor tão profundo que chega a doer. Eu te amo de todas as formas, te amo como irmão, te amo como homem, te amo como amigo, te amo como amante ... (Eu não deixei ele terminar.).
- E por que você não jogou limpo comigo? Por que precisava me esconder tudo? Tudo bem que as coisas com meu tio eu poderia não suportar sem ajuda médica, mas você me escondeu Andrea, você me escondeu Samuel, você me escondeu sua vida dupla. Você queria que eu me desse bem com o André cachaceiro, irresponsável, vagabundo, galinha e puto que eu conhecia antes de completar 18 anos? Esse André eu queria distância. Até hoje eu não tenho certeza sobre seus desejos sexuais, desconfio, deduzo, como tudo sobre você, eu apenas acho, nunca ouvi nada da sua boca. Isso machuca muito. (Eu falava chorando muito.).
- Desculpa. Eu quero te contar tudo. Deixa eu contar. Eu ficava com medo de você lembrar que eu fui um merda não te defendendo daquele maldito do nosso tio, ficava com medo de você me odiar ao lembrar que fui um fraco e pensei que se você soubesse de qualquer detalhe iria lembrar de tudo. (André também chorava. Precisei interromper.).
- Já chega. Não quero mais ouvir essa história.
Depois disso ficamos um pouco calados, cada um chorando no seu canto. Pra mim naquele momento era muito difícil entender André, eu não conhecia a história dele. Lembrava de algumas fugas dele de casa, de brigas com painho, mas não sabia os motivos. Era uma época que eu ouvia as brigas e ia dormir, não prestava atenção, não me metia. Eu não vivia na verdade. Então achava que painho estava apenas corrigindo um adolescente encrenqueiro, já que na época até fumar meu irmão fumava, sabe-se lá o que. A fase fumante não durou, mas a bebida e as tatuagens e as fugas de casa eram frequentes.
Depois de algumas horas, já na madrugada, senti André deitando na cama comigo e me abraçando, eu estava de costas pra ele e sentir o calor do corpo dele era muito bom. Então perguntei pra ele:
- O que significa isso?
- Tô com saudade do calor do seu corpo. Por favor não me expulsa. Eu fico aqui quietinho. (Me arrepiei todo e fiquei cheio de tesão na hora.).
Meu tesão resolveu deixar ele lá, digo meu tesão e não eu, pois com minha consciência daquela época eu teria batido em André, mas meu tesão estava incontrolável. Aos poucos fui sentindo André me prensando. Seu pau já estava colado na minha bunda. E falei:
- Não vou te dar o cu André, você não merece. (André pegou no meu pau, que já estava duro.).
- Então eu vou te dar. E você pode até continuar fingindo que não quer. Deixa que faço tudo.
Falando aquilo André me virou se barriga pra cima, tirou minha roupa e começou a me chupar. Nossa. Aquilo foi muito bom. Parecia que tinha séculos que eu não sentia aquela boca em meu pau. André percorria todo meu pau, dava beijinhos, chupava as bolas, engolia o máximo que conseguia, chupava a cabeça... Meu pau babava muito e André limpava como se aquilo fosse o melhor néctar do mundo.
Foder em um hospital, correndo o risco de ser pego por alguém era um intensificador do tesão. André tirou a própria roupa e foi sentando no meu pau. A cabeça do meu pau encontrou aquele cu que somente eu tinha visitado. Ele foi descendo aos poucos, gemendo de dor e prazer. Nossos gemidos eram incontroláveis. Gemiámos juntos, em um tesão incrível.
André começou a subir e descer em um ritmo frenético a cada movimento dele era um arrepio de prazer meu. Ele não parou nenhum segundo, quando cansava de subir e descer ele rebolava pra me dar prazer. Nossos gemidos eram intensos. A gente poderia ser ouvido a qualquer momento, por mais que o quarto fosse espaçoso.
André sentava no meu pau enquanto olhava no meu olho. As vezes ele passava a mão pelo meu peito e apertava. Ele falava coisas do tipo "Te dar prazer é meu maior prazer.", "Você gosta de foder né safado?", "Meu cu vai ser somente seu pelo resto da vida.", "Eu te amo, porra.", "Quero comer muito seu cu ainda.". A cada sentada ou rebolada era uma frase ou gemido diferente. Enquanto eu apenas gemia. Gozei dentro dele gemendo de prazer.
Quando terminei de gozar ele deitou sobre mim, me deu um selinho e levantou minhas pernas. Ele queria me comer também, mas eu não poderia deixar, não tão fácil. André tinha que sofrer um pouco, por isso eu falei:
- Eu não quero, para por favor! (Eu sei que vocês vão me odiar, eu me odeio até hoje por essa fase. Mas eu não sabia de nada.).
- Só uma metidinha, por favor. Eu quero, você quer... (Ele falou já chupando meu cu, se ele continuasse eu não resistiria, então precisei ser maldoso.).
- Você vai fazer comigo o mesmo que nosso tio fez? (Falei pra ferir ele com o que tinha de mais doloroso na nossa história, mas sabia que eram situações diferentes.).
Após eu dizer isso André me deixou em paz e finalmente foi dormir na poltrona. Pela manhã acordei com ele e Samuel no meu quarto.
- O que ele está fazendo aqui? Já basta ser obrigado a te aturar? Mas você é meu irmão e eu não posso fazer nada, afinal irmão também serve pra isso né? (Eu tinha decidido usar essa frase pra fazer meu irmão sofrer e parecia funcionar.).
- Eu chamei Samuel aqui pra gente te contar toda verdade juntos.
CONTINUA!!!
Comentem, por favor, o motivo para o patrão de Miguel ter tantos remédios. Qual será a história de vida dele e como será que essa história vai se cruzar com a história de nosso narrador? E as atitudes de Miguel, o que acham delas?
gostodafruta, a partir do próximo capítulo a gente vai começar a conhecer um pouco da história dos personagens mais velhos: Beto, Carlos, Rui e Ângela, e ver em quais pontos as histórias dos mais velhos vão se unindo à história dos irmãos.
villa, estou fazendo o possível. Mas escrever sem comprometer minha rotina é quase impossível. E se eu escrever muito rápido posso acabar deixando passar algum erro.
As revelações estão aparecendo aos poucos. E o tesão também. O que vem por aí?
Escreva logo e mata minha curiosidade em descobrir toda a estória.
vamps23, daqui por diante vai ser intenso.
passivo3020, obrigado. O próximo é na sexta-feira.
Estava tão ansioso por esse capítulo mas tô mais ainda pelo próximo, que sexta chegue logo.
Ansioso pelo de sábado