Penso, logo existe - Aprendendo a ser versátil - Cap 8

Daniel estava novamente no meio da floresta, a mesma floresta que ele esteve quando faltava uma semana para ele conhecer Rodolfo. Mas, dessa vez, assim que Daniel pisou seus pés na floresta, ele perdeu a visão, passando apenas a ouvir as vozes conhecidas que falavam com ele.

- Dani, eu não acredito que você se afastou de mim. Logo eu que sempre fiz de tudo por você? Eu me entreguei para você de corpo e alma, aceitei nos tornarmos amigos, te ajudei a se esconder da sociedade quando você namorava com homens, sempre estive ao seu lado em cada decisão, fui a única que te incentivou a cursar Letras, mesmo quando todos disseram que você ficaria pobre, fui a única que passou dias ao seu lado durante sua depressão pós término com Ricardo... Sempre que Kamila ia pra casa ou ia trabalhar eu que estava ao seu lado, te acolhendo. Você não tinha o direito de se afastar de mim assim e tudo por culpa daquele ser desprezível, mas ele vai ter o que merece, eu vou acabar com a vida dele de uma vez por todas! - Clara falou cheia de ódio.

- Clara, você acabou com a vida de Ricardo, tirou tudo dele, tirou a família, tirou a casa, tirou o conforto, quase Ricardo perde a vida... - Daniel falou.

- Não era o que eu queria. Só queria que ele se afastasse de você, queria te proteger dele, ele é uma praga na sua vida. Tudo o que te acontece de ruim é culpa dele. E outra, agora ele está bem melhor, morando em uma mansão, tendo o amor de mãe de tia Maria e com você apaixonado por ele novamente, igual um imbecil. Eu vou te livrar daquele garoto, você ainda vai me agradecer por tirar ele da sua vida. - Clara falou.

- Deixa de falar besteira, você está me assustando. Você não é assassina. Clara, Clara, fala comigo, cadê você? - Daniel gritava, mas só ouvia o balançar das árvores e o canto dos pássaros.

- Amigo, estou decepcionada com você, você ganhou tanto dinheiro e a única coisa que fez de bom foi patrocinar o projeto social do traidor do Hélio, ainda vai ter retorno positivo para sua empresa. Esperava mais, esperava o jovem que sonhava em mudar o mundo. - Kamila falou e Daniel se dava conta de que era verdade.

- É verdade amiga, vou corrigir isso. Eu tenho o suficiente pra ajudar mais pessoas. - Daniel disse.

- Não liga pra ela, isso é inveja. Quanto mais dinheiro você tiver mais você vai poder ajudar as pessoas no futuro, se doar todo seu dinheiro agora vai ajudar com pouco, mas se aumentar seu patrimônio vai poder ajudar muito mais depois. - Sara falou, Daniel sentia verdade nas palavras dela, mas não na teoria, ele sabia que poderia ajudar mais pessoas e não tinha feito nada até o momento.

- Meu filho, quanta decepção! Não foi assim que te criei. - Disse Dona Maria.

- O que eu fiz mãe? Me ajuda! Todos os meus amigos estão contra mim e eu nem sei o motivo. - Daniel implorava quase chorando.

- Não sabe o motivo? Você é lerdo, mas não é idiota. Todos nós ficamos decepcionados com a sua falta de amor com Ricardo. Daniel, te conheço a quatro anos e nunca imaginei que você fosse abandonar alguém dessa forma por causa de dinheiro. Se você fizesse isso comigo já seria ruim, pois me considero um dos seus melhores amigos, mas você fez com o cara que você diz que é o amor da sua vida. Isso foi muito vacilo. - Geovani falou, fazendo Daniel chorar.

- Ei, te digo mais, se você não começar a lutar pelo seu amor com as cartas corretas, eu vou lutar e tenho grandes chances de vencer, pois eu sei o que Ricardo precisa. Ele precisa de carinho e de atenção, de alguém que esteja ao lado dele para todos os momentos. Eu posso ser essa pessoa. - Alberto falou.

- Ricardo é meu! Você não vai roubar ele de mim. - Daniel gritou, ouvindo a voz de Alberto, mas sem poder ver de onde saia aquela voz.

- Me roubar de você? É muita prepotência mesmo! Posso não estar aberto para novos relacionamentos, mas não sou de ninguém, se eu quiser me envolver com Alberto eu me envolvo, pois sou livre. Você teve sua chance e não soube me valorizar. - Ricardo falou, fazendo Daniel voltar a chorar.

- Meu amor! Não faz isso comigo! Eu não sei mais o que fazer! Aceito tudo o que você quiser... Só quero ficar com você. - Daniel falou tentando segurar as lágrimas.

- Eu só queria um coisa de você. - Ricardo falou.

- Me diz o que é e eu faço, seja o que for. Rick, meu amor, fala comigo. Eu sei que isso é um sonho, mas eu preciso te ouvir. - Daniel falava.

- Sonho? Você não aprendeu nada mesmo! Isso é um tipo de revelação, é dessa forma que a Luz Azul nos prepara para o que vai acontecer. Mas como eu previa, você não está preparado para receber esses poderes. Esqueça esse amor idiota que você sente por Ricardo para que seus poderes surjam com todas as forças e engravide a minha filha para continuarmos tendo algum vínculo! - Rodolfo falou.

- Filha? Você tem uma filha? Quem é sua filha? - Daniel pergunta, mas não ouve resposta.

- Você não consegue enxergar nada! Nem o que acontece bem ao lado de sua casa! Eu estava confiante que você seria perfeito. A guerra está chegando e você ainda não domina os poderes. - Thiago falou.

- Mas eu ainda não recebi os poderes. - Daniel disse.

- Teoricamente recebeu, só não consegue usar. Você precisa pedir perdão, só assim a Luz Azul vai te considerar digno de usar os poderes. - Thiago falou.

- Thiago, o que está acontecendo? Pedir perdão pra quem? Eu não consigo enxergar ninguém. Tem um capuz na minha cabeça. - Daniel falou aflito.

Mal Daniel falou aquilo e ele começou a ouvir tiros, sentiu fortes dores pelo corpo, dores nunca antes sentidas. Daniel gritava, implorava para alguém ajudar ele, ele estava quase perdendo a consciência de tanta dor. As dores duraram algum tempo até que alguém chegou e levou Daniel para um lugar diferente. Tiraram o capuz da cabeça dele, mas Daniel foi acordado antes de conseguir ver onde estava.

- Filho! Você teve um pesadelo, mas está tudo bem. - Dona Maria vendo Daniel abrir os olhos.

- Mãe, foi horrível! Eu ouvi tiros, ainda sinto as dores. Fica comigo. - Daniel falou chorando como uma criança.

Ainda era madrugada, por isso Dona Maria resolveu dormir ali na cama do filho, como fez por meses depois que o pai de Daniel faleceu sendo Daniel ainda criança.

*** *** ***

Pela manhã Daniel acordou sem a mãe do lado, mas tinha um bilhete que dizia: "Estou na cozinha, dispensei a cozinheira e preciso correr para preparar o almoço de domingo. Qualquer coisa me liga que eu vou correndo te ver." Daniel achou engraçado receber aquele bilhete da mãe, pois era o mesmo tipo de mensagem que Dona Maria deixava para ele quando precisava trabalhar.

Ele levantou, mas não sentia direito as pernas. O sonho ainda mexia com ele. Quando Daniel olhou na direção da varanda do seu quarto viu Thiago observando a vista da piscina.

- Não entendo essa fixação dos humanos pela água, é bonito de se ver, mas acho um exagero. Vocês são gerados em uma bolsa com água, tem bastante líquido na composição do corpo, tomam banhos diariamente, bebem água, possuem mares, cachoeiras, rios, tem chuva... E ainda fazem piscina em casa. Posso viver trilhões de anos que não vou compreender. - Thiago dizia reflexivo.

- No seu planeta não tem água? - Daniel perguntou curioso.

- Tem, pouca, mas tem. Lá não chove, por exemplo, pois não tem nuvens. Não temos líquido na composição do nosso corpo, por isso não precisamos beber água. Temos uma versão do que vocês chamam de mar, mas nada tão profundo nem extenso como na terra. Utilizamos a água apenas para construções. Nossa limpeza é feita com um pano, tanto a limpeza do nosso corpo físico quanto a limpeza dos nossos pertences. - Thiago falou, deixando Daniel ainda mais curioso, pois nunca imaginou um planeta que não precisasse tanto de água para sobreviver.

- Nossa! Isso tudo é muito interessante, quero aprender mais sobre o planeta de vocês. - Daniel falou.

- Você terá oportunidades! Farei questão de te mostrar tudo em Dradon e te ensinar toda nossa cultura. Mas agora preciso saber como você se sente, já sente os poderes? - Thiago perguntou curioso.

- Como assim poderes? - Daniel perguntou.

- A Luz Azul já está toda sobre você, somente sobre você, e visando seu histórico acredito que você desbloqueará todos os poderes de uma forma nunca antes vista por nós. Vamos testar com coisas pequenas. Seus poderes funcionam conforme a força do seu pensamento. Pense em levitar objetos, os terranos piram com essa! - Thiago falava empolgado.

Daniel tentava pensar, olhava para os objetos, mas nada acontecia. Era como se ele não tivesse poderes.

- O que está acontecendo? Ou melhor: por que não está acontecendo? O assassino do Rodolfo conseguiu parar o tempo na primeira tentativa, sem nem conhecer os poderes. Você tem um histórico impecável e não consegue mover objetos? A guerra está chegando e você é nossa única esperança de vitória. - Thiago dizia com medo.

- Eu também não estou entendendo. Não sei como isso funciona. - Daniel falou impaciente.

Nesse momento Ricardo bate na porta e fala:

- Tia Maria me pediu pra te chamar, mas vejo que está ocupado. Convide seu novo amigo para almoçar conosco. - Ricardo falou com uma ponta de ciúmes, mas saiu rapidamente, não dando tempo para Daniel responder.

- Rick, Rick, espera! - Daniel tentou ir atrás do amado, mas Thiago o segurou pelo braço.

- Quem é este aí? - Thiago perguntou, já imaginando a resposta.

- É o amor da minha vida, mas aparentemente eu fiz uma merda que não tem perdão. - Daniel falou.

- Bobagem. Para tudo existe uma solução, até para morte. Mas agora compreendo o bloqueio dos seus poderes e te digo que não será fácil te desbloquear. - Thiago.

- Como assim? - Daniel perguntou.

- A Luz Azul é maravilhosa, perfeita mesmo, mas tem um problema: ela costuma limitar os poderes dos seus portadores caso eles não sejam boas pessoas, ou eles tenham feito o grande amor da própria vida sofrer de alguma forma. Se você ama esse tal de Rick e mesmo assim fez ele sofrer, ou aumentou o sofrimento dele, de forma intencional ou consciente, os poderes simplesmente não funcionam, te restando apenas a proteção que te impede de perder a vida. - Thiago falou decepcionado.

- Como eu faço para reverter essa situação? Eu fiz ele sofrer, mas ele não quer nem me ouvir. - Daniel falou.

- Pelo pouco que entendo de relacionamentos terranos, o ideal é saber exatamente onde errou para poder consertar. Mas para poder usar seus poderes você tem duas opções: Na opção 1, você esquece o que sente por ele e tenta viver sua vida, quando os dois superarem essa situação os poderes são desbloqueados, mas corre o risco de um dos dois nunca superar e seus poderes ficarem bloqueados para sempre. Na opção 2, você reconquista o amor de Rick e vive bem com ele. Dependendo da gravidade do problema a opção 1 é mais fácil, basta fazer Rick se apaixonar por outra pessoa e você focar em esquecer desse amor, pode demorar um pouco, mas é mais garantido. - Thiago falou torcendo para que Daniel escolhesse a opção um.

- Eu amo Ricardo! Não quero esquecer ele. - Daniel disse.

- Então me conta a besteira que você fez e vamos pensar juntos em soluções. - Thiago disse.

- Rick foi expulso de casa por ser gay, apanhou do pai e foi humilhado pelos pais no domingo passado, poucos minutos depois que os pais de Rick tinham acabado de humilha-lo eu vim ter minha reunião com Rodolfo, mas ele mesmo mandou eu vir e se eu não viesse não saberia quem ele é, não teria ganho o dinheiro... Olha só a casa que estou, você mesmo estava aí admirando a vista do meu quarto. - Daniel disse.

- Daniel, você é um monstro! Um monstro insensível! Olha, eu não compreendo muitos dos sentimentos amorosos de vocês terranos, mas isso vai muito além de sentimentalismo terrano. Isso faz parte do código de companheirismo: Nunca abandone um companheiro de batalha, mesmo que isso te leve a derrota! - Thiago falou, mas antes que ele pudesse continuar Dona Maria aparece na porta do quarto.

- Belas palavras, belíssima metáfora! Meu nome é Maria, sou a mãe desse monstrinho, a senhora monstro. Como é seu nome? Não ti vi entrando. - Dona Maria disse.

- Desculpa chamar seu filho de monstro, sei que mães não costumam gostar disso, mas tenho abertura para isso. Meu nome para os terranos é Thiago Terra, bem sugestivo, não? Sou conselheiro de Dradon, designado para aconselhar seu filho. Cheguei aqui por meio de tele transporte. - Thiago disse deixando Daniel apavorado.

- Thiago, minha mãe não estava preparada para saber... - Daniel começou a falar, mas foi interrompido pela mãe.

- Você falou Dradon? - Dona Maria perguntou curiosa.

- Isso mesmo! Eu sei que a senhora já ouviu falar. - Thiago falou.

- Meu avô contava histórias desse reino, ele jurava que existe e que tinha alguém da terra portando poderes concedidos por esse reino. Mas papai acabou nos convencendo de que era tudo loucura da cabeça de nosso avô. - Dona Maria disse lembrando da sua infância.

- Seu avô estava velho e a história sofreu mudanças as longo do tempo, mas 60% do que ele falava realmente aconteceu. A gente precisava vigiar seu avô de perto. Seu pai prometeu nunca revelar nada sobre nosso reino, é perigoso que essa informação caia em mãos de pessoas que queiram nos dominar, vocês terranos tem uma grande potência quando se trata de tramar o mal. - Thiago disse.

- Como assim? Meu bisavô era um guardião dos poderes? - Daniel perguntou.

- Não. A tataravó da sua mãe era uma guardiã, gerações antes da sua, em Portugal, mas a história foi passando geração após geração. Ela foi umas das melhores, ajudou muita gente sem nem entender os próprios poderes. Mas precisou fugir de Portugal assim que a Luz Azul se retirou dela, você deve imaginar que alguém querendo fazer o bem irritava os poderosos da época. - Thiago falou.

- Eu nunca soube o motivo para minha família negar a ancestralidade portuguesa. E agora meu filho tem esses poderes? - Dona Maria quis saber.

- A senhora está equivocada nas duas questões. Primeiro que cinquenta anos depois que sua tataravó saiu de Portugal ninguém mais lembrava dela, vocês não iam a Portugal porque seu avô fez umas besteiras por lá e acabou sendo deportado, ele achava que tinha sangue português, mas para o povo de lá não tinha provas de que vocês tivessem qualquer ligação com o povo de Portugal, já que sua tataravó apagou os rastros quando chegou ao Brasil. Segundo que Daniel não está podendo usar os poderes, por ter machucado o coração desse tal de Rick Ricardo, então não sei se é correto afirmar que Daniel tem esses poderes. - Thiago disse.

- Mãe, como a senhora está levando essa história tão de boa? - Daniel perguntou chocado.

- Meu filho, meu avô me contava tantas histórias sobre Dradon que sinto que já conheço Thiago. - Dona Maria falou.

- E conhece um pouco. Eu sou o guerreiro atrapalhado que seu avô contava, mas metade da história é exagero e a outra metade não existe mais, pois amadureci, tanto que fui designado para cuidar do seu filho. Só não esperava uma burrice envolvendo amor. - Thiago respondeu.

- Você era um dos meus personagens favoritos nas histórias de vovô. Mas então era sobre essa burrice que envolve amor que você estava falando quando chamou meu filho de monstro? - Dona Maria perguntou.

- Eu não sou personagem, mas era esse motivo sim. Daniel errou feio em machucar o amor da vida dele. - Thiago falou.

- Concordo com você! Eu não criei meu filho assim, esse fato me dói profundamente. Daniel aparenta amar Ricardo, mas Rick tem razão em seu sofrimento, me sinto dividida. - Dona Maria falou.

- Me ajudem a reconquistar Ricardo. Eu não sei o que fazer. - Daniel falou.

- Meu filho, ele está magoado com você, peça perdão, só isso. Thiago, almoça conosco? - Dona Maria falou.

- Não como a mesma comida que vocês, meu alimento é o que você chamam de pedra vulcânica, sei que vocês acham estranho assim como eu acho estranho vocês comerem produtos vindo da terra e animais que possuem o material genético tão parecido com o de vocês. Mas posso observar. - Thiago disse.

- Não acho uma boa ideia. Rodolfo foi convidado para o almoço. - Daniel disse.

- Aquele assassino! Ridrusdudon!!!! Perdão pela palavra feia, mas vocês não compreendem essa língua mesmo. Eu não acredito que você está tão íntimo dele. - Thiago falou cheio de raiva.

- Você mesmo me aconselhou... - Daniel começou a falar, mas foi interrompido por Thiago.

- Desculpe, estou agitado, pois hoje aconteceu um memorial e lembramos de algumas vítimas de massacre, inclusive do conselheiro assassinado por Rodolfo. Mas é verdade, eu que te aconselhei a manter seus inimigos a sua vista. Mas agora você não precisa mais disso. - Thiago disse.

- Como assim Rodolfo é um assassino? Tem um assassino na sala da minha casa? - Dona Maria indagou e saiu correndo em direção a sala.

*** *** ***

Ricardo entra no próprio quarto para acordar os pombinhos, Geovani e Lucas. O casal dormiu no quarto de Ricardo, enquanto Ricardo dormiu em outro quarto da casa.

- Com licença. Se estiverem nus não precisam se cobrir porque eu já vi tudo. - Ricardo falou brincando, mas os meninos já estavam vestidos.

- Para seu azar a gente já tomou banho, usamos seu shampoo, pegamos uma toalha limpa no closet e já estamos vestidos. - Geovani falou expressando sua felicidade pelo tom de voz.

- Bom ver vocês assim, felizes, leves, com a pele linda! Sinal de que minha ideia funcionou. - Ricardo falou.

- Funcionou muito amigo. Lucas se revelou um grande comedor de cu. - Geovani falou.

- Que delícia! Hahaha - Ricardo falou rindo.

- O ruim é que a gente não tem um vibrador desse a nossa disposição. - Lucas disse na intenção de Ricardo presentear os dois.

- Não seja por isso! Esse aí é de vocês. Usem e abusem! Sejam felizes. O importante é que vocês se amam. - Ricardo disse.

- Que bom, porque eu não queria devolver nunca mais. Lucas ganhou um fogo depois do vibrador que meu cu sofreu. - Geovani disse.

- Mas eu ainda prefiro seu pedaço de carne no meu cu. - Lucas falou.

- Não se preocupe, já me entendi como versátil. - Geovani falou e beijou Lucas.

- Ok, casal! Tudo lindo, tudo certo, todo mundo come, todo mundo dá, eu também sou versátil com orgulho... Mas respeitem o solteiro aqui. E Dona Maria está esperando a gente para o almoço. Hoje parece que temos um amiguinho novo de Daniel presente. - Ricardo falou.

- Isso foi ciúmes? - Geovani perguntou.

- Foi! Ele não merece, mas eu ainda amo aquela praga! - Ricardo falou e foi se dirigindo para sala.

Poucos passos antes de chegar na sala Ricardo ouvia os gritos de Dona Maria expulsando Rodolfo de sua casa.

- Fora daqui! Você não é bem-vindo na minha casa! Não merece comer da comida que eu cozinhei com tanto amor. - Dona Maria falou, se dirigindo a Rodolfo.

- Foi esse ser que te disse que eu não presto? A senhora sabe quem é ele? O povo dele vive em guerra, lá eles não matam, mas aprisionam por milênios. - Rodolfo falou irritado com a presença de Thiago na sala.

- Não quero saber de assassinos na minha casa. Mario, Mario, por favor retire esse senhor da minha casa. - Dona Maria disse chamando um dos segurança.

- Não precisa! Francamente. Esperava mais de vocês. - Rodolfo disse se retirando, mas fazendo um sinal para Sara ficar.

- Tia, o que foi isso? - Ricardo perguntou espantado.

- Nada que vocês precisem saber. Vamos esperar a Kamila chegar para almoçarmos. - Dona Maria disse.

- E quem é esse homem que está... - Ricardo ia perguntar sobre Thiago, mas Thiago já tinha voltado para seu planeta.

- Cadê o homem que estava aqui agora? Não vi ele sair. - Lucas falou.

- Ele estava com pressa, já voltou para casa. Alguém tem notícias de Kamila? Sara, nos perdoe por essa cena? - Daniel falou tentando desviar a conversa.

- Não se preocupe meu anjo, fiquei confusa, mas não é o momento. - Sara disse tentando fingir simpatia.

Após aquele momento épico, não demorou para que Kamila chegasse, acompanhada de Hélio. O almoço foi tranquilo, Dona Maria cozinha muito bem. A sobremesa foi sorvete, Dona Maria não teve tempo para preparar algo e preferiu comprar um bom sorvete que não teria erro. Após mais alguns momentos de conversa, Kamila foi induzida a mostrar sua belíssima voz, pois seu namorado e Sara ainda não tinham ouvido Kamila cantar.

*** *** ***

Lá pelas três da tarde Sara quis retornar para sua casa, ela estava enjoada de se fazer de boa moça, aquilo era pior que as festas na casa dela. Daniel acompanhou Sara até a porta da casa dela.

- Eu não entendi o que aconteceu e não é da minha conta, mas acho interessante você ir falar com Rodolfo. Afinal, ele está te ajudando tanto, ele poderia simplesmente te entregar os prêmios e voltar para casa dele, mas ele preferiu ficar um tempo por aqui te aconselhando e ajudando inclusive juridicamente com a história do processo. - Sara falou tentando defender o próprio pai.

- É verdade Sara, você tem toda razão. A briga entre o senhor Rodolfo e Thiago é algo antigo, mas Rodolfo me garantiu que foi sem querer... Enfim, vou lá falar com ele. - Daniel falou e foi até a casa de Rodolfo.

Assim que a funcionária de Rodolfo abriu a porta Daniel viu Rodolfo descendo as escadas com dificuldade.

- O que te aconteceu? Por que está andando dessa forma? - Daniel perguntou.

- Eu não sou jovem, apesar de gostar de ser tratado como um. Os poderes se foram e as dores da idade apareceram. Bom te ver aqui. Pensei que aquele conselheiro de merda tinha feito sua cabeça contra mim. - Rodolfo falou animado.

- Não, não fez. Eu compreendo ele te odiar, mas acredito quando você diz que foi um assassinato sem querer. Não sou ninguém para te julgar. Mas minha mãe é diferente, ela não lida bem com assassinos, mesmo que a pessoa em questão tenha matado sem querer. - Daniel disse.

- Compreendo ela, mas espero ter a chance de me aproximar mais dela. Mudando de assunto, você já testou seus poderes? - Rodolfo disse, sabendo que Daniel não teria uso completo dos poderes, devido ao que Sara tinha contado.

- Não. Infelizmente eles estão bloqueado. Eu preciso do perdão de Ricardo para desbloquear. - Daniel falou triste.

- Não precisa não. Desculpe me intrometer nessa sua questão, mas eu acho que essa sua história com Ricardo já deu o que tinha que dá. Sabe OLX? Desapega. Seus poderes vão se desbloquear muito mais fácil dessa forma. Eu investiria em Sara, casaria com ela e teria muitos filhos. Afinal, Sara é perfeita para você, como bom bissexual que você é... - Rodolfo falava, mas Daniel se lembrou do sonho e interrompeu ele.

- Sara é sua filha? - Daniel perguntou olhando nos olhos dele.

- De onde você tirou isso? - Rodolfo perguntou sem responder a pergunta de Daniel.

- Dos meus sonhos! Me responde, é sua filha ou não é? - Daniel voltou a perguntar.

- Vejo que seus sonhos são mais claros que os meus, deve ser para compensar a falta dos poderes. Sara é minha filha sim, mas diga se não vale apena casar com uma mulher linda daquele jeito? - Rodolfo disse.

- Eu não acredito que você estão tentando me manipular esse tempo todo! Thiago estava certo, você não pode contra a minha vida, mas pode tentar me corromper. Pois fique sabendo que a partir de hoje eu não dirijo mais a palavra nem a você e muito menos a farsa que é sua filha. - Daniel falou alterado de raiva e saiu da casa de Rodolfo.

Aquele era o fim completo das farsas de Rodolfo, mas não era a última cartada dele.

*** *** ***

Debora resolveu ir à igreja naquele domingo, afinal ela estava muito abalada com tudo o que aconteceu com ela no dia anterior e precisava ouvir uma palavra de conforto. Debora amava ouvir as pregações, apesar de não gostar das regras religiosas da igreja. Nesse domingo o louvor estava especialmente emocional, todas as músicas faziam ela chorar. Mas o que mexeu com as emoções dela foi quando o pastor chamou ao altar o pregador da noite. Era o infeliz que tinha abusado dela na noite anterior. Além de ter amizade com a polícia, o safado ainda era evangélico e pregador.

Aquilo acabou com a noite de Debora, ela saiu da igreja correndo e chorando muito, mas na porta da igreja ela encontrou os mesmo policiais da noite anterior.

- Ei moça! A gente bem que sabia que você daria problema hoje. Estamos aqui para duas coisas, a primeira é reforçar seu silêncio. E a segunda é para te convidar a participar de uma brincadeirinha sexual hoje a noite. Você é perfeita para atender uns árabes que estão na cidade. - Um dos policiais falou.

- Eu não sou prostituta. - Debora falou com medo.

- Claro que não é! Prostituta cobra e você vai fazer de graça. Se os árabes gostarem eles podem até pagar, mas aí fica pela sorte. - O outro policial falou.

- Eu tenho escolha? - Debora perguntou.

- Não! Vamos te ajudar a passar na sua casa, para você tomar um banho, retocar a maquiagem e colocar uma roupa mais adequada para ocasião, a gente sabe que você tem. - Um dos policiais falou.

Debora não tinha escolha, ela bem sabia a fama daqueles dois policiais. Eles já tinham sido denunciados para corregedoria antes, mas nada adiantou e logo eles estavam de volta às ruas. Debora obedeceu, se produziu, se maquiou e foi atender o árabes. No fim da noite ela agradou bastante aqueles homens, mas não recebeu nenhum centavo. Assim que ela chegou em casa não conteve as lágrimas, afinal ela nunca quis aquele estilo de vida, ela gosta de estar no controle e sendo prostituta naquelas condições quem controla é o cliente. Mas uma vez ela lembrou das coisas que desejou ao irmão, mas seu sentimento era de que o irmão mereceria passar por aquilo, por ser gay, e ela não merecia.

*** *** ***

Um mês se passa!!!

*** *** ***

Durante esse mês muitas coisas aconteceram: Daniel e Geovani finalmente concluíram o curso de Letras, só faltava pegar o diploma. Dona Maria adotou alguns cachorros, 5 para ser mais exato. Ela sempre amou ter animais, mas depois que o último faleceu por envenenamento ela acabou desistindo de criar.

Debora seguiu sendo "prostituta", a contra gosto, com medo de perder a vida. As vezes ela recebia algum pagamento, as vezes não ganhava nem o dinheiro para voltar para casa e tinha que voltar a pé. Todas as noites ela chorava e a cada dia ela sentia mais ódio do irmão. Na cabeça problemática dela, a culpa para ela estar passando pelo que estava passando era de Geovani, pois ela desejou que algo parecido acontecesse com ele e na verdade começou a acontecer com ela. Esse sofrimento que ela estava passando promoveu nela ainda mais raiva do mundo. Fazendo com que ela intensificasse as postagens homofóbicas e racistas nos perfis falsos que ela mantinha. Postar os absurdos nesses perfis era a forma que ela tinha para se vingar do irmão e da sociedade. Não que o sofrimento tivesse motivado, pois ela já postava antes, mas agora ela pegava ainda mais pesado, liberando toda sua raiva em desconhecidos.

Clara passou fazer terapia e acompanhamento com psiquiatra, mas a raiz do problema dela era a obsessão que ela sentia por Daniel. Durante a primeira sessão de terapia ela falou o nome de Daniel por volta de 50 vezes e o de Ricardo umas 15. Clara não se culpava pelo que aconteceu com Ricardo, ela se sentia mal por saber que ninguém iria aceitar e entender o que ela fez. A ressaca moral dela era produzida por um sentimento de tristeza em ser responsável pelo afastamento dos amigos. A psicóloga tentou trabalhar com Clara nesse sentido, mas o ódio que ela nutria por Ricardo era maior que qualquer reflexão que a psicóloga tentasse provocar nela.

Falando em Daniel e Ricardo, as coisas continuavam iguais. Daniel não tinha entendido que precisava pedir desculpas para Ricardo, enquanto Dona Maria e Thiago acreditavam que ele já tinha pedido desculpa e Ricardo não tinha perdoado. Durante esse mês Daniel fez serenatas, disse que amava Ricardo, fez declarações públicas de amor, fez até campanha na internet pedindo para Ricardo voltar para ele. Muitas das coisas feitas por Daniel comoveram o coração de Ricardo, mas sempre que Ricardo dava uma abertura para Daniel falar ouvia coisas do tipo: "vamos esquecer o passado", ou "eu não fiquei ao seu lado naquele dia, mas hoje estou aqui" ou então "um dia você vai me entender e vai ver que meu amor por você vai além da presença física", eram declarações bonitas, mas faltava o pedido de desculpas, sem justificativas, apenas reconhecendo o erro. Para Ricardo era imprescindível que Daniel pedisse desculpas e reconhecesse seu erro, pois somente dessa forma ele se permitiria voltar a confiar em Daniel.   

Enquanto Daniel não agia corretamente, Alberto ganhava espaço na vida de Ricardo. Durante esse mês os dois se aproximaram bastante. No início Alberto dava atenção a Ricardo apenas profissionalmente, pois Ricardo era novato e não compreendia muito sobre eletrônicos. Mas quando Daniel notou a aproximação exagerada dos dois fez questão de trocar Ricardo de setor, colocando ele no setor de vendas de móveis, tendo uma mulher como supervisora e poucos homens como colegas.

Essa interferência de Daniel não afastou os dois, só facilitou a aproximação, pois agora eles teriam motivo para sair sem estarem na condição de chefe e empregado. Aquela sexta-feira era a terceira vez que Ricardo iria sair com Alberto, mas era a primeira vez que eles sairiam sozinhos, sem outros colegas de trabalho.

A noite foi interessante, Ricardo e Alberto riram muito das diferenças entre setores e da condução agressiva que a supervisora de móveis dava seus supervisionados. Nessa noite Ricardo se permitiu beber mais e falar mais abertamente sobre sua vida. Alberto também falou mais dele, dos sonhos, das motivações, dos gostos. Os dois descobriram que têm muitos gostos em comum. Em determinado momento da noite Alberto sentiu confiança para beijar Ricardo. Ele chegou perto, olhou nos olhos de Ricardo, colocou uma mão em sua nuca e foi puxando-o para mais perto. Quando estavam quase se beijando Ricardo empurrou Alberto e disse:

- Não! Por favor, não. Eu não posso fazer isso com você, não é justo te iludir. Meu coração pertence a Daniel e eu não estou pronto para me envolver com outra pessoa. Dani pode não saber ser companheiro, leal, amigo, acolhedor e atencioso, como você é, mas eu não mando no meu coração. Queria muito te amar e desfrutar mais da pessoa maravilhosa que você é comigo, mas nosso chefe roubou meu coração e estou refém dele até eu conseguir roubar meu coração de volta e dá para alguém que saiba amar. - Ricardo falou.

- Tudo bem! Eu te entendo. Sei que nessa história eu sou o outro, eu que entrei de gaiato em um romance que já estava em andamento. Espero poder continuar sendo seu amigo e rindo das loucuras de sua supervisora. - Alberto disse conformado.

Após esse quase beijo, Alberto levou Ricardo para casa e se despediu dele com um abraço apertado. Daniel observava a chegada de Ricardo, sem ser visto pelos dois, e não gostou daquela aproximação. Assim que Ricardo entrou Daniel disse:

- Já estão namorando? - O tom de voz de Daniel era irônico.

- Ainda não. Eu amo um idiota que não sabe amar. Mas isso logo se resolve. - Ricardo respondeu seguindo o tom de Daniel.

- Se você me ama o que falta para ficar comigo? Estou com saudade de você, dos seus beijos, do seu corpo. - Daniel falava aquilo enquanto se aproximava de Ricardo.

- Para, por favor! Eu não vou cair nos seus encantos. - Ricardo falou com uma manhosa.

Daniel se aproximou ainda mais e começou a beijar o pescoço de Ricardo e o rosto, por fim os dois se beijaram por um longo tempo. Um beijo apaixonado, romântico, porém cheio de desejo. Os dois sentiam seus corpos conversarem e responderem ao desejo um do outro. Seus paus já se tocavam, duríssimos. Até que Ricardo se deu conta de que não poderia fazer aquilo ainda, afastou Daniel e disse:

- Não! Eu não vou te perdoar sem antes você pedir meu perdão. Seus beijos não cobrem minhas noites sem paz, não sabendo se posso confiar no homem que eu amo para todas as coisas. - Ricardo falou ainda eufórico por causa do beijo.

- Claro que pode confiar. Eu te amo. - Daniel disse e tentou se aproximar de Ricardo novamente.

- Não se aproxima de mim. Você não tem esse direito. - Ricardo falou.

- Então aquele tal de Alberto tem o direito de se aproximar de você e eu não? - Daniel falou nervoso.

- Ele é mil vezes melhor que você, ele é atencioso, é corajoso, é respeitoso, se importa comigo, se preocupa comigo. - Ricardo falou aos gritos.

- Duvido que ele te ame como eu te amo. - Daniel disse.

- Pode não amar, mas também não me machuca. Daniel, vou te pedir um favor: se afasta de mim. Me deixa em paz! - Ricardo falou e foi para seu quarto.

*** *** ***

Para Kamila aquele mês não foi bom, pois seu namoro esfriou logo após a segunda semana e ela não compreendia o motivo. Hélio já não a procurava mais para transar, não postava fotos com ela nas redes e nem repostava as fotos que ela postava. Pouco Hélio respondia as mensagens de Kamila e quando respondia era sempre de forma fria, tratando sobre algo do projeto ou algo relacionado a Daniel e algum outro patrocinador do projeto. Eles não conversavam mais sobre o relacionamento deles. Naquela sexta-feira Kamila resolveu saber o motivo para tanta frieza e afastamento. Já era tarde da noite e eles estavam organizando o local que seria sede do projeto social. Kamila olhou para Hélio e falou:

- Hélio, o que está acontecendo? A gente não conversa mais, não namora, não se diverte, não fazemos nada juntos... Sempre que eu tento falar com você... - Kamila começou a falar, mas foi interrompida por Hélio.

- Kamila, você é uma mulher inteligente. Ainda não percebeu que eu perdi o interesse por você? - Hélio falou e voltou a limpar a sala que ele estava limpando, como se não tivesse falado nada.

- Você perdeu o interesse por mim? O que isso significa? Isso é o fim? Você quer terminar? Preciso de palavras. - Kamila perguntou segurando as lágrimas.

- Olha, eu sou imensamente grato a tudo o que vivi com você, a tudo o que você me proporcionou nesses poucos dias que estamos juntos... - Hélio começou a falar.

- Mas... - Kamila completou.

- Mas... A verdade é que nosso relacionamento a distância era uma coisa e presencial é outra. Eu detesto grude, detesto ter que dar satisfação de tudo, detesto precisar responder rápido. Poxa! Quando você tinha a vida agitada era perfeito. A gente se falava na medida certa, a saudade apimentava o tesão... - Hélio falou.

- Então o problema é que estamos passando muito tempo juntos? Eu estou te ajudando a organizar o projeto... Mas, por que você não falou que não queria essa aproximação? Eu não teria perdido meu tempo com você. - Kamila falou.

- Eu não sabia que seria assim. Simplesmente aconteceu. Quando a gente não morava na mesma cidade eu ficava louco pra te ver, mas te vendo eu só quero manter distância. Você é chata demais! E eu detesto DR. - Hélio falou e foi saindo.

- Calma aí! Onde você vai? - Kamila falou.

- Achei que isso era o fim. Estou saindo, preciso dormir. Amanhã cedo tenho que vir receber alguns móveis. - Hélio falou como se não estivesse falando nada.

- Eu não estou acreditando que você está me dispensando dessa forma tão fria. Cadê sua responsabilidade afetiva? - Kamila perguntou.

- Eu não queria terminar com essa conversa fria, mas você não me deu tempo para pensar em palavras bonitas, me pegou de surpresa. E você é adulta, vai superar! - Hélio falou e saiu.

Kamila estava desolada, sentou no chão e começou a chorar. Aquele relacionamento era perfeito para ela, alguém com a mesma formação acadêmica e a mesma vontade de mudar o mundo. Ela só esqueceu de avaliar os sentimentos e intenções de ambos antes de se relacionar.

Depois de chorar um pouco, ela se deu conta de que poderia não estar sozinha, pois alguns outros voluntários do projeto estavam ajudando na limpeza e nos últimos reparos simples, alguns deles devem ter ouvido a conversa. Quando Kamila saiu da sala em que estava deu de frente com Nivaldo, o segurança que ajudou Dona Maria a recuperar os pertences de Ricardo.

- Oi. Nivaldo né? Tudo bem por aqui? - Kamila falou enxugando as lágrimas, morrendo de vergonha.

- Tudo certo Dona Kamila. E a senhora, precisa de ajuda? - Nivaldo mal falou e Kamila caiu no choro.

Nivaldo se comoveu com a situação de Kamila e foi abraça-la. Eles ficaram um bom tempo abraçados em silêncio, até Kamila se acalmar novamente.

- Obrigada! Me desculpe por desabar dessa forma na sua frente? - Kamila falou enquanto secava as lágrimas.

- Chorar é sempre bom. E se a senhora chorou na minha frente significa que eu te passei segurança pra isso, e só por isso eu ganhei minha noite. - Nivaldo falou tentando melhorar o clima.

- Obrigada. Realmente eu não costumo mostrar minhas vulnerabilidades na frente das pessoas, mas não me sinto tímida em mostrar para você. - Kamila falou.

- Não me leve a mal, a senhora é muito linda, inteligente, tem um coração enorme, mas eu não quero me aproveitar do seu momento e ver suas vulnerabilades não. Acho que isso seria até errado da minha parte, em outro momento, se a senhora continuar querendo, depois de um café... Seria um prazer enorme. - Nivaldo falou, visivelmente confundindo vulnerabilidade com algo sexual, o que fez Kamila segurar o riso.

- Vulnerabilidade, significa fraqueza. Me sinto à vontade em mostrar minhas fraquezas na sua frente. - Kamila falou, deixando Nivaldo morrendo de vergonha.

- Nossa Senhora! Que mico! Me perdoe Dona Kamila, por favor. Confundi as palavras e acabei sendo indelicado. Isso que dá querer tirar onda de intelectual na frente de quem realmente é intelectual. - Nivaldo não parava de falar.

- Não se preocupe, entendi que foi um equívoco de sua parte e que não foi por mal. Aceito tomar esse café qualquer dia, ou uma cervejinha se o senhor preferir, sem compromisso, apenas para agradecer sua gentileza. Conversar com você me deixou muito melhor. E não precisa ficar me chamando de Dona, devo ser mais nova que você. - Kamila falou, já se sentindo melhor.

- Olha só! Ganhei uma cervejinha com uma mulher linda. Hoje eu não durmo! Realmente eu devo ser alguns poucos anos mais velho que a senhora, tenho 41 anos. - Nivaldo disse empolgado.

- Sim, poucos anos mais velho. Você não é mais segurança? Te vi na porta da casa de Dani algumas vezes e esses dias estou te vendo aqui, ajudando em tudo. Desculpa a curiosidade. - Kamila quis saber.

- Na verdade eu não sou segurança. Sou ex lutador de Jiu-jitsu e tenho porte de arma. Eu só estava fazendo um favor para o prefeito, já que não tinham muitos seguranças para revezar na casa de Dona Maria. - Nivaldo falou.

- Entendi. Olha, estou de saída e estou de carro. Quer uma carona? - Kamila perguntou.

- Será que é adequado? Hoje eu já confundi as coisas, mascamos para tomar uma... - Nivaldo perguntou.

- Deixa de besteira. Eu te deixo em casa e combinamos melhor esse encontro. - Kamila convidou sem segundas intenções.

Nivaldo aceitou a carona e eles foram conversando até chegar na porta da casa de Nivaldo. Kamila mal passou por um término complicado e já vislumbrava um possível novo relacionamento.

*** *** ***

No sábado pela manhã, bem cedo, o advogado Matheus procurou Daniel para informar o que tinha descoberto e as atitudes que já tinha tomado. Eles foram para o escritório de Daniel, se sentaram e Matheus já começou a falar:

- O senhor não vai acreditar nas coisas que descobri...

- Eu peço que o senhor seja breve, não estou muito bem hoje. Acordei com uma sensação ruim no peito, uma vontade de ficar na cama e não quero perder tempo. - Daniel falou com seriedade.

- Vamos aos fatos então: a jovem Debora está se prostituindo e de graça. Um outro cliente meu já desfrutou do corpo dela e disse que ela é boa de cama. - Matheus falou.

- Isso pra mim não é novidade, eu mesmo já comi Debora algumas vezes e posso atestar que ela é boa na cama, fora que não é crime ser prostituta, eu preciso de algo para incriminar e não de fofocas. - Daniel falou impaciente.

- Calma! Ela não é prostituta por que quer, ela está sendo forçada... - O senhor Matheus começou a falar, mas foi interrompido novamente.

- Ótimo! Agora ao invés de incriminar eu vou defender? - Daniel falou irritado.

- Não precisa defender, aquela puta merece. - Seu Matheus disse.

- Essa não é minha criação. Ofereça minha proteção a ela, se ela aceitar contrate seguranças e incrimine as pessoas envolvidas... - Daniel disse chateado.

- Se esse é o seu desejo... - Seu Matheus falou.

- Nem Debora merece ser forçada a se deitar com outros homens, isso é muito pesado. Era só isso? - Daniel perguntou, já se levantando.

- Estou só começando. Debora possui três perfis falsos, perfis que propagam mensagem de ódio. Essa não é minha especialidade, mas tem um colega que entende de crimes de internet e pode me ajudar, se o senhor contrata-lo também. - Seu Matheus falou.

- Isso vai me sair muito mais caro do que eu pensava. Mas você tem minha autorização, essa história pode realmente dar cadeia? - Daniel perguntou.

- No Brasil é difícil alguma coisa dá cadeia para brancos e ricos, ainda mais que ela não tem antecedentes, mas ela vai ser condenada, isso meu colega advogado garantiu. - Seu Matheus falou.

- Pelo menos isso. Ajudei-a no caso da prostituição forçada e incrimine nesse caso dos fakes, já é um começo interessante. Mas e os pais de Ricardo? - Daniel falou ansioso.

- O senhor Túlio está vai ser preso a qualquer momento, já entrei com a denúncia e a representação legal. Assim como já o denunciei e apresentei as provas para os sócios dele. Ganhei mais um caso por conta disso, os sócios de Túlio também me contrataram. Ele sonega impostos, desvia dinheiro da empresa... um monte de sujeira financeira. Mas o melhor é que ele não é primário. Túlio já foi condenado por assedio faz 5 anos, e tem um processo de roubo de carro rolando no nome dele, ele alega que pegou o carro por engano, que entrou no carro errado, mas parece que o carro era de modelo diferente do dele, de cor diferente e ele arrombou o carro com um pé de cabra. - Matheus falava empolgado.

- Excelente! Pelo menos um a gente derruba com gosto. Se puder também agilizar esse processo do carro eu agradeço, quero esse desgraçado pagando pelo que fez com Ricardo. - Daniel falou cheio de ódio.

- Desculpe a intromissão, mas não achei que o senhor se importasse tanto com Ricardo, já que naquele domingo estava se divertindo com aqueles dois no carro. O senhor se arrependeu? - O advogado perguntou.

- Isso não é da sua conta! Atenha-se a seu trabalho e não me faça lembrar daquele domingo de merda! Mas, para seu governo, me arrependi sim. Se pudesse voltar no tempo nunca teria entrado naquele carro. Foi o pior erro da minha vida e está me custando o amor da minha vida, meus amigos, minha mãe e até meus poderes, estou na merda por conta daquilo. Mas volte ao assunto, tem algo contra Dona Ana? - Daniel falou nervoso e mudou de assunto.

- Desculpe! Tem sim. Uma fofoca grave. A missionária Ana sofreu vários processos por estelionatário, por prometer curas e milagres em troca de dinheiro, alguns ela ganhou, alguns estão arquivados e alguns ela perdeu. Aqui na cidade parece que ninguém sabe, são processos em outros estados e um na Argentina. - Seu Matheus falou.

- Não me surpreende, mas algo que possamos usar contra ela atualmente? - Daniel perguntou.

- Tem sim, não é muito, mas tem. Ela é laranja em um esquema grande, coisa ligada a políticos poderosos, mas tenho muitas provas do esquema. Também tem um esquema de rachadinha envolvendo valores altos. Já denunciei legalmente e mandei para um grande jornalista hoje, me empolguei e não esperei sua autorização. - Senhor Matheus disse.

- Fez bem. Quanto antes eles caírem melhor vai ser. Se é só isso eu vou me retirar. Parabéns pelo excelente trabalho. Vou transferir mais dez mil para sua conta pelos trabalhos de hoje e mais uns 15 mil para você resolver tudo com o outro advogado e encerrar logo esse caso. Vá me atualizando sobre a defesa de Debora no caso da prostituição também e me mantendo informado sobre novos valores. Não precisa jogar tudo na honestidade, pode utilizar-se do dinheiro para pular etapas. - Daniel falou e foi se levantando.

- Muito obrigado! Achei que o senhor já tinha me pago tudo. Afinal eu nem atuei como seu advogado, fiz mais papel de investigador e de cidadão denunciando as irregularidades no meu próprio nome. - Senhor Matheus falou.

- Encare como um bônus pelo bom trabalho em tão pouco tempo. Mas fique atento que a qualquer momento poderei entrar em contato com o senhor para resolver outras questões. - Daniel falou e retornou para seu quarto.

*** *** ****

Durante aquele sábado Daniel praticamente não saiu do quarto, ele não estava com disposição nem para levantar da cama. Dona Maria também estava com um aperto no peito, ela passou o dia rezando, mas sem saber o motivo. Nesse dia os seguranças Mario e Sergio também estavam sentindo que algo diferente estava para acontecer, então os dois foram trabalhar, ignorando a contratação deles que diziam que o trabalho era em dias alternados e só trabalhariam os dois em dias de festas.

Quando era por volta das seis da tarde Daniel recebeu uma mensagem de Sara, pedindo para encontrar com ele. Algo dentro de Daniel dizia para não ir, dizia que o correto era ficar dentro de casa, protegido. Mas Daniel não se conteve e resolveu ir até a casa de Sara para ouvir as justificativas para ela ter enganado ele por tanto tempo. Antes de sair Dona Maria ainda pediu para Daniel não ir, mas Daniel disse que precisava ouvir o que Sara tinha a dizer, mesmo que já tivesse se passado um mês. Os seguranças ouviram a conversa e decidiram seguir Daniel, sem que ele visse.

Assim que Daniel picou na casa de Sara deu de cara com cinco capangas, Sara e Rodolfo. Daniel se assustou e perguntou:

- O que está acontecendo aqui Sara? Pensei que você quisesse conversar.

Daniel sentiu o que iria acontecer e ficou extremante nervoso. Ele tentou voltar para casa, mas os seguranças o impediram de voltar.

- Nós cansamos de conversar, cansamos de jogar limpo. Sabe o que levou a matar aquele conselheiro? Ele queria as coisas do jeito dele, nada poderia me agradar, eu não poderia me beneficiar dos meus poderes, meus poderes teriam que servir a um propósito maior. O ato foi um acidente, mas foi o melhor acidente da fase da terra. Se passasse mais um dia com aquele ser do meu lado eu o teria matado sem pena e veria ele se desfazendo igual poeira. Você sabia que o povo de Dradon quando morre vira poeira instantaneamente? Bizarro não? Mas não se preocupe, você vai virar poeira também, mas vai demorar um pouco mais. Digamos que você vai sofrer por exatos 40 anos e espero que seus poderes estejam tão fracos que você sinta cada dor. - Rodolfo falava em um tom doentio.

Nesse momento dois capangas seguraram Daniel e Sara colocou um capuz na cabeça dele.

- Nada pessoal meu anjo, eu queria mesmo era casar com você, mas já que não é possível... O jeito é te torturar até você desfalecer. Meu pai vai acabar falecendo antes, infelizmente, mas eu estarei aqui para continuar o legado dele. - Sara falou e se dirigiu para o carro que esperava por ela e Rodolfo na frente da casa.

Daniel começou a ser arrastado para dentro de outro carro, que estava na garagem da casa de Sara, um carro estilo Fiorino. Daniel seria transportado no fundo da Fiorino. Ele se debatia, gritava, xingava Rodolfo de tudo quanto era nome, mas continuava sendo arrastado para o carro. Os seguranças arrastavam ele bem lentamente, de propósito, aumentando o nervosismo e medo de Daniel.

Mario e Sergio ouviram os gritos de Daniel quando ele estava sendo colocado no fundo do carro. Mario logo gritou:

- Parado aí senão eu atiro. - Mario gritou aquilo e mostrou a arma que portava.

- Não adianta tentar impedir, estamos em maior número. - Gritou um dos capangas de Rodolfo.

- Vocês são cinco, mas nós estamos dispostos a dar nossas vidas. - Mario voltou a falar.

- Então foi você que pediu. - Outro capanga falou.

Três capangas começaram a trocar tiros com Mario e Sergio, enquanto outros dois colocaram Daniel no fundo da Fiorino. A troca de tiros foi intensa. Mario foi atingido na perna, no braço e no peito e logo caiu no chão, sofrendo de dor. Sergio conseguiu atingir um dos capangas na mão, impedindo que ele atirasse, e também atingiu outro capanga no peito, o que fez com que esse capanga caísse no chão, quase morto. Mas o terceiro capanga atingiu o peito de Sergio. Os seguranças do condomínio e de outros moradores vieram ajudar na ação e conseguiram render o terceiro capanga. Fazendo parar com aqueles tiros.

Mas nada foi capaz de deter a Fiorino de sair do condomínio. O porteiro da guarita até tentou impedir que o carro saísse, mas quando teve uma arma apontada para sua cabeça ele preferiu liberar a passagem para os carros. Deixando os dois carros seguirem viagem livres, tanto o carro que levava Rodolfo e Sara, quanto o carro que levava Daniel e os dois capangas.

A ambulância logo foi acionada e como se tratava de um condomínio de luxo não houve demora. Sergio, Mario e um dos capangas baleados foram levados para o hospital em estado grave, correndo risco de perder a vida. O outro capanga que foi baleado na mão também foi levado para o hospital, mas não corria risco de perder a vida. Todos os quatro que foram baleados tiveram acompanhamento de um policial na ambulância. E o terceiro capanga foi levado direto para a delegacia, para prestar esclarecimentos, a fim de tentar indicar o paradeiro de Daniel. Mas eles realmente não sabiam onde Daniel poderia estar, pois os capangas foram contratados com o único objetivo de jogar Daniel no fundo do carro. Só quem sabia o destino dos carros era o motorista do carro que levava Rodolfo e o próprio Rodolfo.

*** *** ***

Assim que a notícia chegou aos ouvidos de Dona Maria e Ricardo o choro de ambos foi inevitável e incontrolável.

- A última frase que ele ouviu de mim foi para ele se afastar. Meu Deus! Eu nunca vou me perdoar se não tiver outra oportunidade de ficar com ele. Daniel me machucou muito, mas continua sendo o homem que eu amo. - Ricardo falava enquanto chorava e abraçava Dona Maria.

- Você não tem que se culpar de nada! Meu filho mereceu o tratamento que você deu a ele. Eu que nunca fui capaz de compreender meu próprio filho, ele sempre me disse que era bissexual e eu sempre negava isso. Nunca fui capaz de aceitar meu filho 100%. Mas tenho fé que ainda terei meu filho ao lado para dar uns bons cascudos quando ele errar. - Dona Maria falava chorando também.

- A gente tá sendo muito pessimista. Daniel vai ser encontrado e ainda vamos poder brigar muito com ele quando ele fizer merda. E a senhora é uma mãe incrível, a melhor mãe que eu conheço. Ninguém é obrigado a saber de tudo e a senhora faz o melhor que pode com o que sabe. - Ricardo disse.

- Verdade meu filho. Vamos manter a fé. Quer rezar comigo? - Dona Maria disse.

- Quero sim. Vamos rezar enquanto o delegado não nos dá uma notícia. - Ricardo falou.

Eles começaram a rezar de joelhos e de mãos dadas, na frente do altar que Dona Maria construiu na casa de Daniel.

*** *** ***

Em um local afastado do centro da cidade, dentro de uma casa abandonada que fica localizada em uma fazenda da cidade, Daniel estava amarrado, amordaçado e com o capuz na cabeça. Sem ter um pingo de noção de onde estava, pois o carro ficou horas dando voltas na própria fazenda que Daniel estava. Apesar de não ver, nem conseguir falar, Daniel ouvia a conversa entre Rodolfo, Sara e os capangas.

- Pai, o senhor não tem mais os poderes, vai acabar sendo preso. - Sara falou preocupada.

- Minha filha, seja mais inteligente. Onde você já viu um trilionário ser preso? Ainda mais neste país? Não temos antecedentes criminais, nesse país basta pagar as autoridades que tudo se resolve. - Rodolfo falou em tom de deboche.

- E nós patrão? - Perguntou o motorista.

- Olhem as contas bancárias de vocês, já tem 200 mil em cada, 100 mil de pagamento e 100 mil para vocês sumirem do país hoje ainda, levando toda a família. Podem sair, mas deixem uma arma carregada e algumas munições extras, eu pago pela arma. - Rodolfo disse.

- Quer arma pra quê? - Sara perguntou.

- Testar se Daniel resiste a dor de um tiro. - Rodolfo falou friamente.

- Claro que resiste, o senhor nunca sentiu uma dor enquanto estava com os poderes. - Sara falou achando que tinha razão.

- Acontece que Daniel não está com os poderes ativos... Tenho a teoria que ele não morre, mas sente dor. Preciso testar essa teoria. - Rodolfo falou e pegou a arma para testar.

- Eu não preciso ver isso, vou dormir no carro. - Sara falou e se retirou.

- Não acesse a internet, podem te rastrear. - Rodolfo gritou para Sara ouvir.

Assim que Sara saiu, Rodolfo retirou o capuz da cabeça e a mordaça da boca de Daniel, e deu um tapa forte em seu rosto.

- Ai! Porra! Doeu. Por que você está fazendo isso comigo? - Daniel perguntou, sentindo seu rosto arder.

- Já ouviu falar em vingança? Você me custou muito esforço e dinheiro, e não me deu nenhum retorno. Agora vou dedicar meus últimos dias integralmente a você, te fazendo sofrer. - Rodolfo falou e deu outro tapa na cara de Daniel. Dessa vez ficou vermelho e Daniel sentiu arder.

- Vamos entrar em um acordo. Me ajuda a recuperar meus poderes que eu te ajudo no que você quiser, um acordo bom para nós dois. - Daniel falou e recebeu o terceiro tapa, dessa vez com mais raiva. O nariz de Daniel chegou a sangrar com a força do tapa.

- Olha só, está sangrando. Isso significa que você sente dor. Mas será que pode morrer? - Rodolfo falou, ignorando a proposta de Daniel.

- Rodolfo, você é um homem inteligente, me ouve. Vamos entrar em acordo. - Daniel falou e recebeu um murro no estomago como resposta.

- Não sou idiota. Assim que você conseguir dominar seus poderes eu vou receber um pé na bunda gigante e ter minha memória apagada. Eu mesmo fiz isso com o antigo guardião dos poderes quando tive a oportunidade. O coitado não sabia falar nem seu próprio nome. O concelho do reino de Dradon precisou levar ele para Dradon e fazer um tratamento com ele, para recuperar algumas memórias. Comigo vai ser diferente, eu não vou perder. - Rodolfo falou vendo Daniel tentar recuperar o ar depois do soco.

- Eu te dou minha palavra... - Daniel tentou falar, mas foi interrompido por Rodolfo.

- Será que seu pé volta ao normal? - Rodolfo falou atirando no pé de Daniel.

- Ai! - Daniel gritou e viu seu pé sangrar. A dor era muito forte.

- Nem deve doer tanto assim. A Luz Azul deve te proteger. - Rodolfo falou ironicamente.

- Mas está doendo. Para, por favor. - Daniel suplicava, morrendo de dor.

- Parar? Estou começando... Ainda tenho umas dez balas aqui para atirar em você. Mas não se preocupe, essas dez são apenas para essa noite. Amanhã compro mais. - Rodolfo falou, segurou a mão de Daniel e atirou bem no meio da mão dele, fazendo a bala atravessar. Daniel sofreu por alguns minutos e falou:

- O que eu fiz para merecer isso? - Daniel quase não conseguia falar de tanta dor.

- Quer que eu liste? Vamos lá: Você não pediu perdão ao amor da sua vida. Você é muito idiota. Era tudo muito simples para que seu poderes funcionassem perfeitamente, bastava você pedir perdão para esse tal de Ricardo. - Rodolfo falou ironicamente.

- Mas eu pedi perdão. - Daniel falou tentando gritar, mas sua voz saiu fraca.

- Não me faça rir. Se você tivesse pedido perdão não estaria aqui. Seu poderes não me permitiria chegar perto de você. Alguma coisa faltou nesse pedido. - Rodolfo falou e cutucou o buraco que a bala fez na mão de Daniel, provocando uma dor enorme nele.

- Se o problema é o pedido de perdão, me deixa voltar lá e pedir perdão direito. Já pensou nas possibilidades que podemos ter se eu desbloquear todos os poderes? - Daniel juntou forças para poder falar.

- Não me faça rir. Você nunca vai ter seus poderes. - Rodolfo falou e atirou no ombro de Daniel.

Dessa vez Daniel não resistiu a dor e desmaiou. Rodolfo foi até uma pia enferrujada que tinha na cozinha, encheu um balde velho com água, voltou e jogou a água na cara de Daniel, fazendo a vítima despertar.

- Vamos continuar. Você não pode morrer rápido, mas se morrer eu vou atrás de sua mãe, de Ricardo, de seus amigos, opções para torturar sua memória não faltam. - Rodolfo falou e começou a tocar nos ferimentos de Daniel.

*** *** ***

Geovani e Lucas estavam na casa de Geovani, a casa que ele alugou na mão de Dona Maria. Os dois ainda não sabiam sobre o sequestro de Daniel, pois desligaram seus celulares e resolveram tirar aquela noite de sábado para o casal. Eles fizeram suco de maracujá, pipoca e brigadeiro para comer enquanto assistiam a um filme de romance escolhido por Lucas. Os dois passaram horas abraçadinhos no sofá.

O casal apaixonado estava tendo muito sucesso também na sua vida profissional, ambos estavam se saindo muito bem em seus cargos na empresa de Daniel. Geovani, mal tinha acabado a graduação em Letra Vernáculas, já estava matriculado em uma pós graduação na área de Coordenação e Gestão escolar.

Enquanto Lucas tinha se matriculado em um cursinho pré-vestibular para se preparar para ingressar em uma faculdade de Gestão de Recursos Humanos.

A vida religiosa deles também tinha mudado, pois Lucas foi exposto por Clara na frente de todos os jovens presentes na igreja. O padre não chegou a expulsar Lucas, nem o chamou para conversar, nem nada do tipo, mas Lucas não se sentiu a vontade de continuar sendo catequista, pois o assunto sexualidade surgiria e ele não poderia ensinar da forma que gostaria. Ele pediu para deixar de ser catequista, coisa que o padre acatou sem maiores conversas, e também parou de frequentar o grupo jovem, mas ainda frequentava alguma missa de domingo.

Geovani, por sua vez, cortou totalmente os laços com a igreja evangélica. Ele não falou com o pastor, não informou a ninguém a sua decisão, simplesmente parou de ir à igreja e saiu de todos os grupos religiosos de WhatsApp que participava. Ele mantinha sua espiritualidade falando com Deus, em sua casa, e isso já o bastava.

Durante esse mês a vida sexual deles estava maravilhosa. Geovani gostava cada vez mais de ser ativo e ver Lucas gemer sentindo seu pau entrar. E Lucas estava se acostumando a ser ativo também, mas ainda dependia de ter um estimulo anal para manter a ereção. O fato de Geovani ter uma casa própria ajudou a apimentar a relação, não que na casa de Lucas eles não tivessem uma relação sexual intensa, mas agora eles transavam em todos os cômodos e locais possíveis da casa, não estavam mais limitados ao quarto. Eles descobriram que adoram transar na mesa da cozinha, a altura era perfeita para um deitar na mesa e o outro meter estando de pé, claro que Lucas preferia estar deitado recebendo o delicioso pau de Geovani no cu.

Após assistirem ao filme, Lucas começou a beijar Geovani e disse:

- Amor, prefiro mil vezes nosso romance do que o desse casal do filme. - A voz de Lucas estava manhosa.

- Ah é? Por que? - Geovani disse querendo ouvir a resposta de Lucas.

- Porque nosso romance começou de uma forma linda, limpa e verdadeira. A gente se conectou desde o primeiro olhar, aqui nessa casa. Eu dancei pra você, quis te beijar... Depois descobrimos nossos gostos em comum, Sandy tem muita responsabilidade pelo nosso primeiro beijo, foi graças ao sucesso dela que você aceitou ir até minha casa e me beijar. - Lucas falou enquanto alisava o corpo do namorado.

- Te amo muito. Agradeço a Deus por ter colocado você no meu caminho. Em pensar que eu só estava interessado em dá meu cu para Daniel e agora estou aqui louco para comer o cu do amor da minha vida. - Geovani falou para perturbar Lucas.

- Então você queria dá pra Daniel? - Lucas perguntou e deu um tapa de leve no braça de Geovani.

- Au! Você sabe que sim, eu era uma louca dadeira antes de te amar. - Geovani falou persistindo na brincadeira.

- Então você quer dá pra mim? - Lucas perguntou.

- Sempre, todos os dias, todas as horas, todos os segundos, de todas as formas, em todos os locais... - Geovani respondeu beijando Lucas.

- Está esperando o que? Vai pegar a camisinha e vem correndo quicar no meu pau. - Lucas falou e deu um tapinha na bunda de Geovani quando ele levantou.

- Onde está o vibrador? - Geovani perguntou do quarto.

- Vamos fazer sem hoje. Vai ser apenas nossos paus, nossos cus e as camisinhas, não precisa de mais nada. - Lucas falou e Geovani voltou correndo para dar um beijão no amado, depois retornou ao quarto para pegar as camisinhas e o lubrificante.

Quando Geovani retornou para sala o pau de Lucas já estava a mostra e completamente duro. Geovani não perdeu tempo, ajoelhou na frente do sofá e começou a chupar o pau de Lucas. Quem visse a fome de pau que Geovani demonstrava naquelas chupadas intensas iria achar que ele estava a anos sem ver uma pica dura na sua frente, mas a verdade é que essa fome era natural em Geovani. Quanto mais ele chupava mais ele tinha vontade de chupar. Lucas apenas gemia e se deliciava, sentado no sofá, com a cabeça jogada para trás e recebendo a chupada do amado. Geovani sabia todos os pontos fracos de Lucas, aqueles que mais arrancavam gemidos do amado, por isso ele se dedicava mais a eles, passava o maior tempo chupando as bolas de Lucas e dando pequenas linguadas na cabeça daquele pau.

Enquanto realizava aquele boquete, Geovani foi tirando a própria roupa. Assim que terminou de se despir, ele colocou a camisinha no pau de Lucas e sentou, descendo de vez. O gemido dos dois foi longo e intenso, cheio de tesão, demonstrando o quanto eles adoravam fazer amor e sexo. Geovani começou a beijar Lucas, enquanto subia e descia, cavalgando devagar no pau do amado. Não demorou para Geovani estar subindo e descendo freneticamente sobre o caralho de Lucas, produzindo um barulho delicioso de corpos se chocando, que ficava ainda mais excitando quando se misturava aos gemidos deles.

Lucas estava adorando ver o amor da sua vida engolindo seu pau, mas ele queria meter, ele queria ter a experiência de foder o namorado sem precisar ter um vibrador no cu. Então ele levantou, ainda com o pau preso ao cu de Geovani e andou com ele até a mesa. Ao chegar na mesa Lucas colocou Geovani deitado com a barriga pra cima e a bunda saindo um pouco do limite da mesa, com as pernas arreganhadas em V. Nessa hora, devido a tantos movimentos, o pau de Lucas já tinha escapado do cu de Geovani. Então Lucas precisou colocar novamente, e fez isso de uma vez, arrancando mais gemidos de prazer de ambos.

Lucas começou a meter muito rápido, vendo seu pau entrar e sair em um ritmo intenso. Ao mesmo tempo que Geovani começou a se masturbar de tanto prazer que sentia.

- Eu vou gozar amor, eu vou gozar.

- Goza no meu cu, eu também estou quase.

- Vamos gozar juntos.

- Ok. Mas não para de meter, mete forte.

Geovani gozou fartamente, se masturbando, e ao gozar pressionou tanto o pau de Lucas que ele também gozou. Caindo sobre o peito do amado.

- Amor! Eu consegui. Gozei te comendo, sem precisar do vibrador. E foi maravilhoso. Eu senti tanto prazer. - Lucas falou beijando o peito do namorado.

- Amor, eu ainda tô com tesão. Você ter gozado dessa forma só me deixa ainda mais louco. Deixa eu te comer? - Geovani perguntou.

- Claro. Gostei de ser ativo, mas adoro um pau no meu cu ainda. - Lucas disse e já se levantou.

- Vamos fazer um meia nove no chão? - Geovani convidou.

Lucas nem respondeu, pegou outra camisinha, retirou a camisinha usada e já foi deitando no chão. Geovani se deitou por cima dele e começou a chupar o pau de Lucas, que ainda tinha o gosto do esperma que tinha acabado de sair. Lucas também começou a se deliciar com aquele caralho que em alguns instantes invadiria seu cu. Ainda enquanto faziam o meia nove, Geovani começou a introduzir seus dedos no cu de Lucas, arrancando mais suspiros do namorado.

Em determinado momento Geovani se esticou mais para chupar o cu de Lucas, fazendo-lhe um cunete maravilho para preparar o caminho. Lucas gemia e tinha dificuldade para manter o boquete em Geovani devido a tanto prazer que sentia.

Vendo o cu de Lucas piscas, Geovani decidiu não perder mais tempo e meter a rola no amado. Ele colocou a camisinha e posicionou o namorado de quatro sobre o chão, passando a meter com toda intensidade naquele cu que conhecia tão bem seu pau. Lucas adorava receber um pau no pau, por isso incentivava o amado a meter dando gemidos altos e falando:

- Me fode amor... sou todo seu... mete nesse cu vai... mais forte... mais rápido... te amo... amo seu pau... amo essa metida...

Essas palavras de Lucas davam um gás enorme em Geovani, que queria meter cada vez mais fundo, como se pudesse se unir ao amado por meio do sexo. Foi metendo nessa posição e ouvindo as palavras de incentivo de Lucas que Geovani gozou pela segunda vez naquela noite. Como Lucas ainda não tinha gozado e estava com o pau duro, Geovani chupou o namorado até ele gozar. Lucas gozou na boca de Geovani, que engoliu tudo, sem desperdiçar nem uma gota.   

*** *** ***

Depois de algumas horas sendo torturado, Daniel finalmente se lembrou de pedir a ajuda de Thiago, pois Thiago poderia aparecer em qualquer lugar. Daniel pensou em Thiago e o mesmo apareceu instantaneamente, mas não apareceu sozinho. Junto ao conselheiro particular de Daniel apareceram outros 40 conselheiros. Thiago já chegou falando:

- Pensei que não iria me chamar nunca.

*** *** ***

Espero que gostem desse capitulo. Escrevi com muito carinho.
É possível que eu atrase um pouco a escrita do próximo capitulo, pois preciso finalizar algumas coisas importantes em meu TCC, mas darei meu melhor.


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Comentários


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trovao69 Comentou em 08/12/2021

eu amo os seus contos, quero logo a continuaçãoo

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danlopes2017 Comentou em 23/11/2021

Obrigado RenanCachorro. As vezes eu fico triste sim, mas eu já esperava não ter muita gente lendo e comentando. Desde meu primeiro conto postado eu falei que não sou um bom escritor, escrevo por amor, mas sei que não agrado. E nesse eu sabia q seria pior, até escrevi isso no prólogo.

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renancachorro Comentou em 22/11/2021

Porra! Eu adoro tanto esse conto e o povo não vota, nem comenta. É triste. Isso deve deixar Daniel Lopes triste.




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Ficha do conto

Foto Perfil Conto Erotico danlopes2017

Nome do conto:
Penso, logo existe - Aprendendo a ser versátil - Cap 8

Codigo do conto:
190251

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
18/11/2021

Quant.de Votos:
7

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0